sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Resenha: Alice In Chains – Rainier Fog (2018)


Uma frase que ouvi de um colega de trabalho que eu acabei concordando, é que o Alice In Chains nunca decepciona. E eu não podia concordar mais. Desde “Black Gives Way to Blue” (2009), a banda tem se afastado daquele Grunge dos anos 90 e se aproximado do Heavy Metal, e me arrisco a dizer que também do Doom Metal. Quem não nota influências do Black Sabbath em composições da banda? A melodia arrastada, riffs de afinação baixa, solos melódicos e por aí vai.

Depois do excelente “The Devil Put The Dinossours Here” (2013) — muito tempo por sinal, afinal 5 anos de um álbum para o outro pra mim é muito — a banda retorna com “Rainier Fog“, gravado em Los Angeles e na cidade natal da banda, Seattle. Nick Raskulinecz foi mais uma vez o produtor, o que é ótimo pois nos álbuns antecessores ele fez um ótimo trabalho.


Rainier Fog” é pesado, direto e também arrastado, melódico, tem tudo o que o Alice In Chains sabe fazer com maestria. Abrindo com a certeira “The One You Know“, com aquele riff confuso, sujo e linda do seu início, joga na cara um refrão melódico e bem feito, como de costume da era DuVall. Perfeita pra abrir os trabalhos.


A faixa título é mais direta, com ótimas linhas de baixo. O riff principal remete aos clássicos de Jerry Cantrell e carrega muita energia, que deve funcionar muito bem na turnê.


“Red Giant” começa sombria, com harmonias vocais muito bem construídas que deixam a faixa muito melancólica. As vozes de DuVall e Cantrell juntas criam um contraste magnífico que funciona perfeitamente. Talvez até melhor aqui do que nos álbuns anteriores.



Um acompanhamento acústico em “Fly” é interessante, mas a faixa em si não é tão cativante como as primeira trinca. Só não parece haver tanto feeling aqui, mas isso não a torna uma faixa ruim.


“Drone” remete bem ao que eu comentei sobre a banda se aproximar do Doom Metal, seu riff inicial lembra bastante composições do Down e do Black Sabbath, juntamente com seu refrão melódico. Cantrell ainda entrega um solo perfeito e com muito feeling. O que faltou na faixa anterior, aqui tem de sobra.



Em “Deaf Ears Blind Eyes“, Cantrell nos faz não só ouvir, mas também sentir seus vocais, você literalmente se arrepia ouvindo a faixa. Ela é melodramática e conta com os elementos sombrios e assombrosos pelos quais a banda é conhecida. Dê uma enfase na faixa durante e audição.


“Maybe” tem o tom mais acústico, lembrando “Jar Of Flies” onde a banda apostou mais na simplicidade dos violões do que na distorção pesada. Mais uma vez o trabalho vocal de Cantrell merece destaque juntamente com o ótimo trabalho nas linhas de baixo de Mike Inez.



 

Em seguida temos os outros dois singles do álbum, “So Far Under” e “Never Fade“. A primeira é um dos grandes momentos de William DuVall no tempo em que está na banda, o feeling do seu vocal chega a ser perturbador de tão bom e a faixa soa clássica, deve funcionar muito bem nos shows. Já a segunda soa mais moderna, Sean Kinney ganha o primeiro destaque por aqui por conduzir tão bem a faixa. Seu refrão é forte e contagiante, um dos melhores do disco e foi uma boa escolha para single.


Fechando o álbum, temos a balada épica chamada “All I Am“, com uma letra forte e interpretativa. É fácil entender que a letra pode estar falando de Layne Staley ou até mesmo de outros amigos da banda, como Chris Cornell, por exemplo. Mas, como disse, é tudo interpretativo. O tom sombrio e melódico da faixa é excelente pra fechar o disco, arriscado até se fosse uma outra banda, mas para o Alice In Chains fechar com uma balada não pesa, então posso dizer que foi uma ótima escolha, pois a faixa é muito marcante.


Com uma produção e mixagem cristalinas, o som sujo da banda está muito claro aqui, você consegue ouvir bem a distorção e ao mesmo tempo as passagens acústicas, juntamente com a cozinha muito bem construída em praticamente todas as faixas.


Como parte da gravação do álbum foi na cidade natal da banda, isso pode ter dado uma inspiração a mais para o quarteto, pois o álbum ficou maravilhoso, ele é cru, pesado, melódico e melancólico de um modo que só o Alice In Chains poderia fazer. Fãs antigos irão adorar, enquanto os fãs mais novos vão se perguntar o porque de não ter conhecido a banda antes.
                                





                   
Ótimo ver outra banda clássica e consolidada fazer um álbum tão bom e inspirado como esse nos dias de hoje. É clichê dizer isso, mas já está na lista de melhores do ano.





             
Formação:

Jarry Cantrell (vocais, guitarras);

William DuVall (vocais, guitarras);

Mike Inez (baixo);

Sean Kinney (bateria).


Faixas:

01. The One You Know

02. Rainier Fog

03. Red Giant

04. Fly

05. Drone

06. Deaf Ears Blind Eyes

07. Maybe

08. So Far Under

09. Never Fade

10. All I Am



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