terça-feira, 7 de setembro de 2021

AMANTIKIR –ENTREVISTA







Dos vales mais remotos e obscuros em terras paulistas eis que surge em 2012 o Amantikir que em tupi-guarani significa “montanhas que choram”, com temas obscuros do nosso folclore, contos que não estão em livros, guerras de nossas historia brasileira e misantropia vamos falar um pouco com Vinicius Necro e sua excelente proposta de som.

Fale-me um pouco do que é o Amantikir?

Vinicius Necro – O Amantikir Nasceu em 2012 quando voltei para a minha Cidade Natal, Cruzeiro no interior de São Paulo. Com meu retorno quis resgatar minhas raízes, que sempre foi tocar Black Metal. A princípio chamei meu antigo Parceiro de banda Leonardo “Aesir” onde integrava nossa antiga e extinta banda “Faust” como baterista, porém o mesmo não mostrou o comprometimento que eu desejava, então decidi continuar esse novo projeto sozinho, e desde então assim estou, como único integrante do Amantikir.





2. A temática do Amantikir aborda temas de guerras como no ep “Vale das Ruínas” e temas macabros de nosso folclore brasileiro, fale um pouco de suas temáticas?

Vinicius Necro – A temática por trás da banda se resume a minha experiência com o ambiente onde vivo.
Tento fazer isso da maneira mais épica e poética possível.

Moro em um lugar cercado de belas paisagens, montanhas e rios de água cristalina. É inevitável, não ter a natureza, a história e o folclore como fonte principal da minha inspiração.
Sobre meu primeiro EP “Vale das Ruínas” usei uma experiência pessoal como inspiração. Quando era adolescente, fiz uma trilha saindo de Cruzeiro, estado de São Paulo até Passa Quatro, no Estado de Minas Gerais. O caminho era muito inspirador, passando por bosques subindo a serra, passando por rios e mata fechada e até enfim chegar ao túnel da Mantiqueira, lembro que comigo tinha um discman onde escutava basicamente Mayhem e Satyricon, ao atravessar esse túnel, tive uma experiência que não é possível descrever, era a união da música e contemplação, criei uma conexão mágica com aquele lugar. Que tem um passado histórico fascinante, sendo um dos principais palcos da Revolução de 32, esse sentimento perdura até os dias de hoje, a partir dai, sabia que um dia iria usar esse tema.
Sobre o Folclore, tento transcrever estórias contadas pelos mais antigos, histórias que atravessam décadas, histórias que não estão nos livros, contadas de boca a boca, dos mais velhos pros mais novos, porém o desencanto por essas fábulas estão cada dia mais frequentes, as histórias do velho mundo estão sendo apagadas de uma vez por todas, uma lamentável consequência dos tempos modernos.

3. Quais as suas principais influencias musicais e temáticas?

Vinicius Necro – Minhas Influências para o Amantikir são diversas, mas musicalmente uso Black metal e Heavy Metal pra me inspirar. Em síntese minha principal influência é o Darkthrone e Bathory, pra mim é uma referência que norteia minha musica e estilo de vida. São mais que bandas, são entidades da música extrema.

4. O ep “Pro Patria Amantikir” (ep que se encontra como bônus no álbum “Maldito”) tem uma bela produção soando diferente do anterior, o que muda nesses dois trabalhos?

Vinicius Necro – O EP Pro Patria Amantikir foi gravado de forma muito alternativa, posso dizer de uma maneira nada convencional de capitação sonora (risos) basicamente usei uma imitação do microfone Shure SM 57, e um Amplificador Meteoro Nitrous de guitarra de 15 w. Dessa forma gravei as guitarras e baixo, a voz e violões, gravei num estúdio local aqui da cidade. posteriormente Niko gravou as baterias e cuidou da produção do EP. Sempre quis fazer essa experiência, e apesar de parecer absurdo essa forma primitiva de captação sonora pros moldes atuais, consegui alcançar um resultado satisfatório.




5. E por falar em produção… O debut álbum intitulado “Maldito” teve uma produção impecável, como foi o processo de trabalho desse álbum?

Vinicius Necro – O Álbum Maldito foi gravado durante dois momentos diferentes, a princípio gravei duas músicas, que iriam para uma coletânea de bandas de Metal Extremo da região. Depois de assinar com o Selo Black Seal para o lançamento do álbum “Maldito” decidi usar essas duas faixas e gravar mais outras 4 músicas inéditas para compor o álbum. Esse trabalho tem a produção assinada novamente por Niko Teixeira, e masterização de Daniel Sousa (Outlaw) ambos fizeram um excelente trabalho, fiquei muito feliz como resultado final.

6. No Álbum “Maldito” teve a produção do Niko Teixeira que também toca bateria no álbum, como chegou ate esse excelente produtor e músico?

Vinicius Necro – Eu já conhecia o trabalho do Niko como baterista, quando estava compondo meu segundo EP “Pro Patria Amantikir” Eu estava procurando um baterista que fosse técnico e sério pra desenvolver as linhas de bateria, um amigo em comum me passou o contato do Niko, fiz contato, passei alguns riffs e o Niko prontamente se interessou em assumir a gravação da bateria, posteriormente soube do seu trabalho como produtor e isso logo me chamou a atenção, a produção veio em consequência dessa amizade e parceria. O Niko é um grande Baterista e produtor ter ele como parceiro é fantástico.

7. Alem de Niko também tem a participação de Douglas Couto na faixa “Ignis Fatuus”, no teclado “Peterson Ribeiro” e no Baixo “Thiago Animal” como chegou ate esses músicos?

Vinicius Necro – Desde o começo sempre quis ter participações no meu projeto, quando compus a música Ignis Fatuus, logo me veio o vocal do Doug a cabeça, sou um grande fã do seu trabalho com o Head Krusher, a participação dele funcionou perfeitamente como eu imaginava.
Peterson Ribeiro é um tecladista talentosíssimo, meu conterrâneo. quando estava compondo o álbum Maldito, pensei em arranjos de teclado pra dar um clima a mais no álbum, essa parceria funcionou perfeitamente.
Thiago Animal é um baixista conhecido na região, figura em diversas bandas do cenário extremo do Vale do Paraíba. Assim como Doug, gosto do seu estilo de tocar e quis chama-lo para participar do álbum, ele e Niko tocam a muito tempo juntos, então eles têm um entrosamento muito bom. Mais uma vez essa cozinha deu certo.




8. O Amantikir pode ser considerado uma “one man band”? , já que todas as composições e criações são suas, apesar dos músicos de estúdios.

Vinicicus Necro – A banda é One Man Band, basicamente por questões geográficas, onde vivo não há um cenário underground, músicos muito menos, então prefiro continuar solo, além de que isso me da mais autonomia criativa.

9. Como chegou ate a Black Seal Prod. e parceiros para os trabalhos do álbum “Maldito”?

Vinicius Necro – A Black Seal foi uma grata surpresa, recebi uma mensagem via internet, de Alan Luvarth, a princípio mal pude acreditar, mas por uma grande ajuda de um amigo, Luiz Corozon que fez esse intermédio e apresentou meu trabalho ao Alan, ele fez esse contato e aqui estamos. Eu só tenho a agradecer ao Luiz e Alan por essa Parceria.

10. Na faixa “Lamentos das sombras”, tem uma poema de Augusto dos Anjos, fale um pouco desse poeta?

Vinicius Necro – Lamentos de uma Sombra é um Fragmento do Poema “Monólogo de uma Sombra” de Augusto dos Anjos.
Augusto dos Anjos é um dos poetas mais fascinantes que temos, seus poemas carregados de melancolia, pessimismo e tristeza, trazem o clima certo pro interlúdio que introduz a música Sétimo Filho, quando li essas palavras, achei que se encaixaria perfeitamente nessa intro. Não poderia deixar de prestar essa homenagem a um dos nossos maiores Poetas.

11. Como descreveria o estilo musical do Amantikir em poucas palavras?

Vinicicus Necro – Blackned Heavy Metal, essa nomenclatura foi dada no Site Encyclopaedia Metallum, achei perfeito pro que eu busco pro Amantikir, então aderi a essa definição. Black metal mais Heavy metal.

12. Como analisa o underground em tempos atuais?

Vinicicus Necro – Essa é uma boa pergunta (risos) sobre o Underground, vejo ótimas bandas nascendo, nacionais e estrangeiras, porém sobre o comportamento do Headbanger fico muito decepcionado, acho que as plataformas de streaming chegaram e ao mesmo tempo que facilitaram o compartilhamento da musica, essa nova conjuntura trouxe um certo imediatismo compulsivo que tornou tudo mais razo e superficial, hoje em dia percebo que se perdeu muito da conexão do fã com a banda, vejo que até fãs mais antigos, já não consomem mais material físico, acho isso uma enorme tristeza, pois na internet o que se tem da banda é muito pouco comparado ao que se tem num cd ou num vinil. Se perde muito da arte, nesse novo modo de ouvir música, quem escuta música na internet está se dividindo a atenção em mil outras coisas, antes escutar um álbum era algo especial, hoje em dia tem bangers que nem mesmo escutam mais álbuns inteiros, preferem escutar playlists, Isso é lamentável!




13. 5 melhores álbum de todos os tempo em sua opinião?

Vinicius Necro – mais uma pergunta difícil, são tantos álbuns relevantes pra mim, que é difícil escolher só 5, mas vamos lá.

Bathory – Twilight of the Gods
Darkthrone – Under a Funeral Moon
Ulver – Bergtatt
W.A.S.P – Last Command
Sisters of Mercy – First, Last and Aways






Nenhum comentário:

Postar um comentário