quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Shadowside Entrevista



Por Alex Martins

A banda Shadowside vem em uma crescente muito grande desde o lançamento de seu último álbum de estúdio, chamado Inner Monster Out lançado em 2011. Após algumas mudanças na formação da banda, incluindo a entrada do sueco Magnus Rosén (ex-Hammerfall) de forma efetiva na banda, a Shadowside se prepara para lançar seu mais novo álbum de inéditas, chamado Shades of Humanity. Confiram uma entrevista com  Fabio Buitvidas a respeito da carreira e deste mais novo trabalho.

1 - Como é para o Shadowside voltar a ser destaque no mercado asiático depois ter ter alcançado a 26ª posição entre os álbum mais vendidos no Japão com o antecessor “Inner Monster Out”?



Fabio Buitvidas: É consequência do trabalho. A cada lançamento tentamos subir mais um degrau, seja em relação à nossa própria evolução enquanto músicos como também enquanto grupo. Isso resulta numa maior exposição nos mercados que apreciam nossa música. Também há que se destacar o envolvimento de nossa gravadora nipônica, Spiritual Beast, que nos divulga por lá e ficamos muito satisfeitos que os fãs japoneses tenham apreciado nosso trabalho. Esperamos poder fazer uma tour asiática o mais rápido o possível e assim ampliar nossa base de fãs por lá.







2 - Como está sendo a distribuição do álbum? A banda está trabalhando com as gravadoras Spiritual Beast (Japão), EMP que pertence a David Ellefson (Megadeath) e aqui no Brasil pela Furia Music Records/Die Hard?



Fabio: Exato, são essas gravadoras que estão nos dando suporte de distribuição para o “Shades of Humanity”. Além do CD físico, você encontra o álbum disponível no mundo todo pelas plataformas tradicionais de distribuição online. Pode ouvir nosso trabalho também no Spotify e, se gostar, pode comprar o CD físico na Die Hard, em São Paulo, ou online mesmo. É importante que os fãs ouçam o trabalho por plataformas como Spotify porque é assim que se afere o alcance da banda, o que é muito importante para identificarmos a aceitação do trabalho e assim podermos criar demanda para turnês. Hoje, a indústria fonográfica tem um modelo de negócio muito diferente de anos atrás, é muito importante que tenhamos consciência de que a música também é um trabalho e custa para ser criada.





3 - O álbum foi produzido na Suécia sob a direção de Fredrik Nordstrom (Arch Enemy, Hammerfall, Evergrey) e Henrik Udd (Architects, Arch Enemy). A banda já havia trabalhado no álbum “Inner Monster Out” com Fredrik , como foi trabalhar com ele novamente?



Fabio: Aprendemos muito nos dois primeiros álbuns, no “Dare to Dream” a produção ficou aquém do que esperávamos, mas nos ajudou a encontrar nosso som e a definir o que queríamos. Com o “Inner Monster Out” encontramos nosso som e tudo o que pensávamos em termos de produção o Fredrik e Henrik nos entregaram, portanto foi natural querer repetir a parceria. Na primeira vez fomos pisando em ovos, estávamos gravando com o cara que criou um estilo e é um dos maiores no que faz, mas na segunda vez já tínhamos intimidade suficiente, além da amizade, para desenvolver o trabalho em outro nível, já estávamos familiarizados com a forma de trabalho, com o estúdio e isso facilita muito, pois dá tranquilidade e então nosso objetivo era conseguir ao menos repetir o nível de produção que tivemos no trabalho anterior, mas sinto que conseguimos ultrapassar essa expectativa.






4 - A cada álbum que a banda lança vemos uma grande evolução em termos de composição, arranjos e a banda sempre zelou em trazer um material de qualidade aos ouvintes. Como a banda trabalha nas suas composições nos dias de hoje ?



Fabio: Tudo mudou quando o Raphael entrou. Ainda no “Dare to Dream” não tínhamos conseguido nos entrosar o suficiente. Com o “Inner Monster Out” estabelecemos naturalmente um processo que funcionou muito bem e que se tornou nosso padrão. Cada um apresenta uma demo com suas ideias e nos reunimos em meu estúdio para discutir alterações, mexemos nas estruturas e gravamos aquilo que surge. Depois todos voltam a trabalhar em casa e aí começam a me mandar por email para que eu possa gravar a bateria e então continuamos a nos reunir para refinar. Nada surge ensaiando, tudo é pensado e escrito mesmo. Depois de termos uma estrutura básica começamos os arranjos e aí a coisa vai tomando a forma definitiva. Assim que a Dani termina as letras gravamos uma demo final com as vozes e mandamos pro Fredrik que nos devolve com suas opiniões. Nesse último trabalho ele praticamente só opinou mesmo quando havia alguma divergência entre nós e precisávamos de uma figura de fora pra bater o martelo.



Posso te dizer que trabalhamos bastante pra equilibrar o que gostaríamos de tocar com o que gostaríamos de ouvir, tirar os excessos, tocar para a música e criar algo que signifique algo para nós.






5 - Porque a banda escolheu a musica “Alive” para o clip oficial? O que ela transmite e qual a historia por de trás dessa excelente musica?



Fabio: Não escolhemos, o Daniel escolheu! Havia uma certa inclinação a usar esta música pelos arranjos grandiosos e “clima” de trilha sonora de filme, mas foi o Daniel, diretor do vídeo, que cravou. Ele criou a história, de superação, utilizando uma metáfora com os quatro elementos, água, terra, ar e fogo. Cada um de nós representou um elemento e a história mostra cada um de nós tentando sair de alguma situação crítica, de sobrevivência... não mostra o que levou àquilo, mas sim nossa superação de algo adverso. Ao final nos encontramos todos, sãos e salvos, e seguimos juntos. É uma ótima música e uma ótima história, foi uma experiência incrível fazer este trabalho pois fomos “atores”, dirigidos por um diretor experiente e que conseguiu extrair de nós algo que não pensávamos que íamos conseguir realizar.



Também foi muito legal estar nesse ambiente, as locações foram nos EUA, na Flórida, em Orlando e Cabo Canaveral. Tivemos de tudo, um cara com um rifle apontado para os jacarés no lago que gravei minha parte, tubarões nadando à nossa volta na praia que gravei também minhas partes... trinquei uma costela, sofri uma queimadura nos olhos e no braço, de segundo grau, que fez com que tivesse de gravar as cenas de camisa de manga comprida, e preta, sob um sol de 35º e sofrendo dores terríveis, imagine a areia da praia, a água salgada e o sol... tudo raspando na pele queimada... com bolhas enormes... e isso é só minha parte! Mas tudo isso contribuiu para o vídeo ficar como ficou e eu faria tudo de novo, da mesma forma. O clipe está disponível em 






6 – Por que a banda resolveu trabalhar com o produtor Daniel Stilling (CRIMINAL MINDS, PERDIDO EM MARTE)?



Fabio: O Daniel é meu amigo de longa data, o conheço desde final dos anos 90. Ele tocava no Avalon, é dinamarquês, mas vivia no Brasil. Também produziu a demo de uma banda em que eu tocava à época, o Acid Storm. Éramos do mesmo grupo de amigos. Depois ele retornou à Dinamarca e passei uns dias lá onde me recebeu em sua casa e me ajudou bastante. Acabou por se tornar um competente diretor em Hollywood e já havíamos conversado sobre ele produzir algo conosco. Quando íamos fazer o novo vídeo entrei em contato com ele, pra saber se estaria no Brasil assim poderíamos trabalhar. No final a coisa evoluiu de tal forma que fomos para os EUA e tivemos ele e sua equipe a trabalhar conosco em altíssimo nível. A gratidão que temos por ele ter se disposto a nos dirigir é algo que não tem como colocar em palavras. Sua competência, e de sua equipe, e o cuidado e entusiasmo foram fatores dominantes para o trabalho ser o que é.





7 - O Shadowside teve um hiato de alguns anos, porque a banda demorou para lançar o novo álbum?



Fabio: Em análise, são vários os motivos, mas não foi algo planejado. Tivemos a tour com o Helloween em 2013 e planejávamos gravar logo, mas uma série de fatores extra banda foram empurrando a gravação pra frente. Problemas pessoais de todos, o tempo que passa rápido, uma certa dificuldade em se concentrar pra criar material novo, a necessidade de juntar o dinheiro necessário para bancar a gravação, tudo isso pode ser colocado num mesmo saco e o resultado disso foi a demora.




8 - As letras do “Shades of Humanity” passam por diversos temas como depressão, superação, valores morais da humanidade e até o desastre de Mariana. Porque a banda optou por esses temas para o álbum?



Fabio: A Dani é a letrista da banda, nada planejado, mas ela tem mais facilidade que nós para criar aquilo que vai interpretar. São situações que todos passamos ou que nos atingem de alguma forma. Assuntos que nos interessam e que temos de nos interessar por eles. Não temos afinidade com temas fantasiosos, nada contra, mas não saberíamos como escrever sobre espadas e dragões. Não sei, pode ser que num futuro trabalho seja tudo diferente, mas estou contente com a parte lírica como está. É fruto da evolução também, no início penso que tínhamos letras mais fantasiosas, mas o tempo passa, você amadurece e com isso os assuntos que te interessam. É engraçado ver que há pessoas que julgam a parte lírica deste trabalho algo muito sombrio e pesado. Há até quem nos critique por isso. Mas acho que há espaço pra tudo, temos quem fale de vikings, diabo, dragões, mulheres, história... nós falamos de coisas mais mundanas, refletindo nosso estado de espírito e aquilo que estamos vendo acontecer. Não queremos ser os donos da verdade ou porta-vozes do apocalipse, só estamos dando voz a algo que nos fez sentir necessidade de nos expressarmos.



9 - Como que o Magnus Rosén (ex-Hammerfall) chegou até o Shadowside e como está sua adaptação junto à banda?



Fabio: Nós chegamos a ele. Nos conhecemos em Gotemburgo quando estávamos em turnê com Helloween e Gamma Ray. Quando surgiu a situação de termos que encontrar um novo baixista pensamos em alguém na Suécia apenas para gravar o álbum, tivemos inclusive outro nome, de uma banda grande não sueca, que queria gravar conosco, mas a resposta do Magnus foi tão boa e ele queria ser parte da banda, não apenas gravar. Ele é uma pessoa muito fácil de lidar, entende este mundo melhor que nós, tem experiência e toca muito... portanto não foi difícil ter uma decisão. Temos uma amizade e muita afinidade, o trato diário é dos melhores, ele compreende bem o que significa estar em uma banda e veste a camisa, não podíamos estar melhor.





10 - “Shades of Humanity” é um álbum maduro com belas músicas, riffs matadores e os vocais de Dani Nolden estão destruidores seja nas partes agressivas ou limpas. A banda acha que conseguiu colocar tudo o que estava guardado nesses anos após o lançamento de “Inner Monster Out”?



Fabio: Não sei se havia algo “guardado”. Nós simplesmente começamos a criar algo e tudo é fruto do momento, tudo influi, o que estamos ouvindo naquele momento, o que estamos tocando em nossos trabalhos paralelos, tudo vai entrando no caldeirão e, quando nos juntamos, naturalmente a coisa vai saindo desta forma. Acho que temos uma certa identidade, nosso som é este. Se não pararmos pra fazer algo específico, o resultado vai ser este.



É uma evoulção do Inner, a experiência de todos esses anos, as turnês, o entrosamento... tudo isso contribui de alguma forma. Estamos satisfeitos com o resultado, no início não tínhamos a menor ideia do que ia sair porque não pensamos em fazer algo direcionado a A ou B, não tomamos nada como exemplo. Vão surgindo coisas como, “queria começar uma música com um solo” ou algo do tipo mas depois tudo vai mudando e se ajeitando no resultado final. Chegamos ao estúdio com tudo praticamente terminado, tanto que o Fredrik não mudou nenhuma linha de bateria por exemplo, ele focou mais na atuação. E assim foi com todos nós, exceção a alguma dúvida que tivéssemos ele dava o voto de minerva.







11 - Obrigado pela entrevista. Somos grandes fãs do Shadowside e estávamos ansiosos pelo o novo álbum. Deixem um recado para os apreciadores do HELLMETALROCK:



Fabio: É muito gratificante você fazer música que as outras pessoas também gostam, é até um pouco surreal você ouvir alguém dizer que gosta de algo que você criou, não sei dizer o porquê, mas há essa sensação. O que mais podemos fazer senão ser extremamente gratos pelo retorno que temos, pelos elogios e críticas que recebemos, pelas pessoas que nos abordam, querem uma foto... é mais do que podíamos imaginar ter um dia por isso, mais uma vez, obrigado a todos!




https://www.facebook.com/shadowsideband/

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