Kreator - Gods of Violence (2017) (CD/DVD)
(Shinigami Records/Nuclear Blast - Nacional)
CD
01. Apocalypticon
02. World War Now
03. Satan Is Real
04. Totalitarian Terror
05. Gods Of Violence
06. Army Of Storms
07. Hail To The Hordes
08. Lion With Eagle Wings
09. Fallen Brother
10. Side By Side
11. Death Becomes My Light
12. Earth Under The Sword (bonus track)
DVD - Live at Wacken 2014
01. Mars Mantra
02. Phantom Antichrist
03. From Flood Into Fire
04. Warcurse
05. Endless Pain
06. Pleasure To Kill
07. Hordes Of Chaos
08. Phobia
09. Enemy Of God
10. Civilization Collapse
11. The Patriarch
12. Violent Revolution
13. United In Hate
14. Flag Of Hate / Tormentor
No auge da explosão do Thrash Metal alemão, mesmo diante de grandes nomes como Sodom, Destruction e Tankard, o poder de fogo do Kreator era indiscutível. Simplesmente enfileiraram 5 clássicos do estilo em 6 anos, Endless Pain (85), Pleasure to Kill (86), Terrible Certainty (87), Extreme Agression (89) e Coma of Souls (90). Esses álbuns não só marcaram seu nome na história da música pesada, como também influenciaram bandas em todos os cantos do mundo. Indiscutivelmente, uma verdadeira instituição do Metal germânico e mundial.
Mas o Kreator também se notabilizou por sempre fazer o que quis, musicalmente falando. Na sua primeira fase, não teve problema em seguir uma linha mais técnica em Extreme Agressions e Coma of Souls, assim como na década de 90, um período de crise para o Metal, agregaram influências de Industrial e Gótico em sua música, resultando em ao menos um trabalho clássico, Renewal (92), e outros 3 que dividem opiniões, o bom Cause for Conflict (95), o insosso Outcast (97) e Endorama (99), que se tivesse sido lançado como um trabalho solo de Mille, certamente seria mais reconhecido, pois é um ótimo álbum de Gothic Metal.
Em 2001, nova virada na carreira, com o ótimo Violent Revolution, onde a banda retornou ao Thrash veloz, agressivo e muito, muito pesado. Era nítido também certa influência de Death Metal Melódico na sonoridade da banda, algo que veio a ter desdobramentos futuros em sua música. De lá para cá, essa fórmula veio sendo aprimorada nos 3 álbuns seguintes, Enemy of God (05), Hordes of Chaos (09) e Phantom Antichrist (12), com uma abordagem melódica cada vez maior, mas, ao mesmo tempo, começando a soar cada vez mais desgastada. Dentro desse panorama, era inevitável perguntar qual seria o próximo passo do Kreator. Manter a sonoridade que, apesar de tudo, vem rendendo bons resultados, ou mais uma vez dar uma guinada e renovar tudo? Gods of Violence é a resposta.
Desde seu lançamento em 27 de janeiro, já se passaram 2 meses e nesse tempo, pude escutar o 14º trabalho de estúdio dos alemães por dias a fio, fazer considerações, dar um tempo nas audições e finalmente, retornar a mesma, para reafirmar ou não minhas impressões iniciais. Ao final, esse tempo acaba sendo benéfico, pois quando se é fã, a tendência é sempre ter uma reação mais apaixonada em um primeiro momento. Sem dúvida, Gods of Violence é o trabalho mais melódico do Kreator em seus mais de 30 anos de carreira. A influência de Metal Tradicional se faz fortíssima, diminuindo até mesmo em parte, a selvageria característica da banda. Claro, o peso e a agressividade sempre se fazem presentes, a voz de Petrozza continua tão boa quanto era no início da carreira, Jürgen “Ventor” Reil se mostra tão raivoso como sempre por trás de seu kit de bateria, fazendo uma bela dupla com Christian "Speesy" Giesler, e o trabalho de Mille e Sami Yli-Sirniö é excelente, com as guitarras despejando ótimos riffs, mas essa queda cada vez maior para a melodia certamente vai incomodar alguns.
“Apocalypticon” é uma introdução orquestrada, que prepara o terreno para o que está por vir. Vale dizer que os arranjos orquestrais presentes no trabalho foram obra da dupla Francesco Ferrini e Francesco Paoli, ambos do Fleshgod Apocalypse. Então surge “World War Now”, que obstantes algumas melodias, é uma verdadeira pedrada Thrash. Veloz, agressiva, com riffs verdadeiramente furiosos e refrão forte. “Satan Is Real” surge em seguida, com uma pegada mais cadenciada, bons riffs e melodias mais evidentes, graças às claras influências de Metal Tradicional. O refrão é um dos mais marcantes de todo trabalho e vale destacar o ótimo solo. O Thrash Metal volta ao centro das atenções com “Totalitarian Terror”, faixa veloz e que vai te remeter aos bons momentos do Kreator nos anos 80. Ainda assim, a melodia se faz presente, mas de forma muito positiva. Não se assuste, é uma harpa que você está escutando na introdução de “Gods of Violence” (tocada por Tekla-Li Wadensten, de apenas 12 anos), e que funcionou muito bem, com suas melodias orientais. Daí pra frente, é peso, agressividade e um ótimo trabalho das guitarras, além de melodias marcantes, em uma das melhores músicas de todo o trabalho. Encerrando a primeira metade do álbum, “Army Of Storms” surge com forte influência de Metal Tradicional e alguns riffs que poderiam estar em um trabalho do Iron Maiden. Ainda assim, o Thrash está lá presente, firme e forte, como deve ser.
Ainda de bônus na versão nacional, temos o DVD com a apresentação da banda no Wacken de 2014. O Kreator no palco não tem erro, e sempre faz um show bom de se assistir. Com o público nas mãos, um repertório que uniu clássicos como “Endless Pain”, “Pleasure To Kill” e “Flag Of Hate”, com faixas da fase mais atual e contando com uma bela produção, fizeram a alegria de todos os presentes.
Gravado, produzido e mixado pelo onipresente Jens Bogren e com a masterização feita por Tony Lindgren (Angra, Enslaved, Sepultura, Katatonia, Soilwork), Gods of Violence tem uma qualidade altíssima, já que tudo aqui é claro e cristalino, mas ainda assim, pesado e agressivo. A belíssima capa foi obra de Jan Meininghaus (Bolt Thrower, Lost Society, Orphaned Land) e embala o belíssimo digipack no qual a Shinigami lançou o material no Brasil. Por todo pacote envolvido, é uma aquisição que certamente vale a pena.
Indo ainda mais fundo na abordagem melódica adotada nos últimos 15 anos, Gods of Violence certamente agrada, até porque é um belo trabalho, mas fica evidente que essa fórmula se desgastou, dando talvez aqui seus últimos suspiros. Se não fosse a qualidade de Mille como compositor além do peso e a energia que transborda por todos os poros aqui, certamente não estaríamos diante de um trabalho tão bom. Se fosse 2 meses atrás, certamente a nota seria maior, mas agora, com a adrenalina em níveis normais, o que resta é um trabalho de melodias intensas, cativantes, com riffs afiadíssimos e que mantém a sequência positiva dos últimos anos, mesmo estando um pouco abaixo de seus antecessores. Mas chegou a hora de mudar, isso é evidente.
- Mille Petrozza (vocal/guitarra);
- Sami Yli-Sirniö (guitarra);
- Christian "Speesy" Giesler (baixo);
- Ventor (bateria).
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