terça-feira, 28 de março de 2017

BREAK THE ICE – OS PRIMÓRDIOS DO STRATOVARIUS





stamos falando de quatro discos que antecederam os clássicos “Episode” e “Visions”"

por Leonardo Correia

Não há dúvidas que o Stratovarius conquistou o mundo na segunda metade da década de 90. Seu Power Metal repleto de refrões marcantes e sua sonoridade extremamente melódica definiu um novo padrão do gênero, sendo seguido por muitas bandas posteriormente. Embora esta fase de ouro da banda seja sempre relembrada, seus trabalhos iniciais muitas vezes passam despercebidos. Estamos falando de quatro discos que antecederam os clássicos “Episode” (1996) e “Visions” (1997) e é sobre esta fase um tanto oculta da banda que abordaremos neste texto.

“Black Water” (1984-1985)

Em Agosto de 1984, na cidade de Helsinki (Finlândia), a banda é formada sob o nome de Black Water. Sua formação inicial era composta por Tuomo Lassila (Bateria e Vocais), Staffan Stråhlman (Guitarrista) e John Vihervhä (Baixo). Porém em pouco tempo optam a mudança do nome para Stratovarius (sugestão de Lassila), uma junção dos nomes Stratocaster (modelo de guitarra) e Stradivarius (modelo de violino). No fim deste ano o baixista John Vihervhä deixa a banda e Jyrki Lentonen assume seu posto.

Pouco se sabe sobre este início da banda pois nunca foi divulgado nenhum registro desta época. Há relatos de que duas demos foram gravadas e que eram fortemente influenciados por Black Sabbath e Ozzy Osbourne, além da inclusão de elementos da música erudita (trazidos pelo guitarrista Staffan Stråhlman). É interessante notar a dupla função de Lassila, algo semelhante ao da banda Exciter (Seriam eles mais uma influência?).




No final do ano seguinte, Stråhlman resolve deixar a banda uma semana antes de um show em Aalborg (Dinamarca). Sem querer abrir mão do concerto, Lassila telefona para Timo Tolkki (que já havia tocado em uma banda junto com Lentonen) pedindo para se juntar ao grupo e acaba se tornando um membro definitivo. Tolkki traz suas influências de Ritchie Blackmore e música barroca, deixando sua sonoridade mais melódica.

Devido ao alcance vocal de Lassila ser um tanto limitado e da dificuldade de encontrarem um vocalista, Tolkki passa a assumir também os vocais da banda. No ano de 1987, é gravada mais uma demo com as músicas Future Shock, Fright Night e Night Screamer.

O primeiro disco

Após enviarem suas demos para diversas gravadoras, eles assinam um contrato com a CBS da Finlândia no ano de 1988. Contando com a presença de Antti Ikonen, que é convidado para incluir umas linhas de teclado nas gravações, a banda dá início à gravação de seu primeiro áalbum e lança seu primeiro single Future Shock/Whitch Hunt. Além do single, a música Future Shock também ganha o primeiro videoclipe da banda.
Já no começo do ano seguinte é lançado o single “Black Night/Night Screamer”, que já serve de aperitivo para o debut, intitulado “Fright Night”, que sairia em Maio do mesmo ano.




Gravado no Finnvox Studios e produzido pela própria banda, o disco traz músicas extremamente rápidas, agressivas (bastante diferente da sonoridade que todos conhecem) e com passagens um tanto virtuosas. O álbum segue os moldes das bandas de Heavy Metal dos anos 80, mas também definindo o que viria a ser o Power Metal. Suas letras trazem a temática obscura e fantasiosa que já é bem conhecida no gênero. Vale destacar a veloz faixa de abertura Future Shock, a criatividade na composição de False Messiah e a instrumental Fire Dance.

Após vários shows no Verão e Outono de 1989, o baixista Jyrki Lentonen resolve deixar a banda. No início do ano seguinte, Tolkki e Lassila já se preparam para gravar o sucessor de “Fright Night” porém a CBS não se mostra muito interessada em lançar algum material novo. Além disso, o contrato exigia que a banda arcasse com todos os custo de gravação, fazendo com que abandonem o selo. Depois de muita insistência, a banda consegue entrar em estúdio com Tolkki gravando as linhas de baixo. Isto acontece porque Jari Behm, que entra na vaga de novo baixista, tem um estilo de tocar que não se encaixa bem nas músicas. No início de 1992 é lançado “Stratovarius II” pela Bluelight Records.




O disco foi gravado no Millbrook Studios (Helsinki) e novamente produzido pela banda. Agora, com o tecladista Antti Ikonen como membro oficial, os teclados se mostram mais presentes (não servindo só como fundo como na maior parte do álbum anterior). Neste trabalho encontramos uma banda mais segura, que abriu um pouco do peso para apostar nas fortes melodias. Podemos destacar o Hard Rock de Break The Ice, os belos refrões de The Hands Of Time e Out Of The Shadows, além da pegada progressiva da instrumental Metal Frenzy. A temática das letras continua semelhante à já feita no álbum anterior.

Para chamar a atenção para o novo disco, é lançado o single Break The Ice/Lead Us Into The Light no mesmo ano. Apesar do apoio dado pela Bluelight Records, os seus discos eram lançados somente na Finlândia. Na busca de alcançar o mercado exterior, a banda torna a enviar fitas para diversas gravadoras e a Shark Records se interessa após ouvir a música The Hands Of Time. Devido à falta de compatibilidade com o grupo, Jari Behm é dispensado.

Rumo ao exterior

Em outubro de 1992 a banda lança “Stratovarius II” na Europa sob o título de “Twilight Time”. O disco fica cinco meses no Top 10 de discos importados no Japão, o que leva a um contrato com a JVC Victor Entertainment e o lançamento do disco no país em Julho de 1993. Ainda no mesmo ano, a banda se reúne para compor e gravar seu próximo álbum. O baixista Jari Kainulainen se junta ao grupo, mesmo com a maior parte do disco já pronto. Porém Tuomo Lassila sofre uma grave lesão de estresse em suas mãos, tendo que se afastar das baquetas por 8 meses. Cabendo à Sami Kuoppamäki (baterista do Kingston Wall) terminar o disco.

Gravado e mixado no Soundtrack Studios, sob o selo T&T Records, o terceiro álbum “Dreamspace” foi lançado mundialmente em fevereiro e março de 1994. Ele foi altamente elogiado entre os críticos e levou a popularidade da banda para um nível diferente. As músicas soam mais bem trabalhadas, com ritmos mais variados (as vezes tendendo um pouco para o Metal Progressivo) e se aproximando da sonoridade que elevaria a banda ao seu patamar mais alto. Vale à pena conferir a forte melodia de Chasing Shadows, Hold On To Your Dream e We Are The Future. A triste balada Tears Of Ice e a forte influência progressiva da introdução de Dreamscape.



Em junho, a banda vai para o Japão em sua primeira turnê e toca em Tóquio, Osaka e Nagoya, vendo os fãs japoneses cara a cara pela primeira vez. Neste momento, Tolkki se encontra no seu limite e decide que a banda deve buscar um bom vocalista para o posto. Após uma audição, Timo Kotipelto se torna o novo vocalista, cabendo à Tolkki somente o posto de guitarrista. Ainda sob o mesmo selo, a banda lança em Abril de 1995, seu quarto album “Fourth Dimension”.

Tempos de mudanças

Gravado novamente no Soundtrack Studios, a banda abre mão de algumas elementos dos trabalhos anteriores e inicia uma nova sonoridade que marcaria sua fase de ouro. Desta vez as linhas de voz parecem soar um tanto mais livres, devido ao Kotipelto exercer somente a função de vocalista. Dentre as faixas podemos destacar Distant Skies, a instrumental Stratovarius e a clássica We Hold The Key.




Pode se dizer que este disco serve como porta de entrada para o mundo da fama para o Stratovarius. A banda faz grandes shows em toda a Alemanha, Suíça, Holanda, Finlândia, Grécia e Japão. Com o fim da turnê, Tuomo Lassila e Antti Ikonen, membros de longa data, são convidados a deixar a banda. Havia muitas razões para essa mudança de linha, as mais importantes eram a química pessoal e as diferenças musicais. Principalmente porque Timo Tolkki não acreditava que tivessem habilidade técnica para tocar o novo material que ele estava imaginando.

Em Outubro do mesmo ano, a banda retorna ao Finnvox Studios para gravar o sucessor de “Fourth Dimension”. Agora contando com o alemão Jörg Michael (Bateria) e o sueco Jens Johansson (Tecladista), é formado o line-up clássico da banda . O quinto álbum “Episode”, lembrado até hoje como um clássico absoluto, começa a ser composto. Porém, esta história todo mundo já conhece.

*Este texto foi elaborado por um hell  e não necessariamente representa as opiniões dos autores do site.

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