quarta-feira, 16 de março de 2022

Marcus D’Angelo, do Claustrofobia, faz faixa-a-faixa do novo álbum da banda, ‘Unleeched’




No último dia 11, a banda brasileira Claustrofobia lançou o álbum Unleeched, primeiro trabalho completamente em inglês da carreira, lançado pela Metal Assault Records e com distribuição no Brasil pelo selo Wikimetal Music.

Gravado durante a pandemia, em Los Angeles, nos Estados Unidos, o disco teve a produção assinada por Adair Daufembach, que já trabalhou com bandas como Hangar e Project46, em conjunto com a própria banda.

Com exclusividade aqui no Wikimetal, o vocalista e guitarrista Marcus D’Angelo fez uma faixa-a-faixa da novidade, explicando o conceito por trás de cada uma das nove canções, além de contar algumas curiosidades sobre o trabalho. Leia o faixa-a-faixa na íntegra logo abaixo!
01) Stronger Than Faith

Marcus D’Angelo: Sem dúvida a música mais poderosa do álbum. Os riffs são muito influenciados pelo thrash/death metal tradicional, mas com aquele jeito brasileiro de se tocar, principalmente quando a bateria ataca a música em conexão com o baixo. Foi a primeira vez que usamos guitarras de sete cordas, e o fato curioso é que a sequência dos riffs foram compostos com a guitarra de seis cordas na nossa afinação padrão e depois transportamos para sete cordas soando mais brutal e contemporâneo.

Tínhamos uma sequência pronta, mas ainda faltava algo, foi então que o Yamada [Rafael Yamada, baixista do grupo] trouxe o riff do refrão que caiu como uma luva na composição. Um dos riffs mais poderosos do álbum sem dúvidas. O refrão marcante e letra forte também são ponto alto. Não adianta apenas ter fé, tem que lutar sem reclamar, ter devoção ao sacrifico, ser voluntario na batalha para conquistar, domar os próprios demônios que nos perseguem como se fosse o culto mais sinistro do século, enfim encarar tudo isso de frente por mais cruel que seja. Foi uma escolha unânime dentro da banda para abrir o disco.
02) The Encrypted

Marcus D’Angelo: Essa música soa como uma máquina, palhetadas simples e cheia de segredos, muita interação entre os três instrumentos, me arrisco a dizer que talvez seja a música mais pesada do disco. Letra interessantíssima, algo sobre o choque de ambiguidade, prosperidade por meio da decadência, aquele quebra cabeça que é a personalidade de cada indivíduo; jamais ninguém vai entender o que se passa dentro da sua mente e você nunca escapará de si mesmo. O coro de vozes do refrão com a melodia tribal em cima de um groove 100% brasileiro convoca a movimentação.
03) Neuro Massacre

Marcus D’Angelo: Esse foi o primeiro single lançado, uma composição clássica do Claustrofobia. O riffs são rápidos, quebrados e perturbados conduzindo a trilha para uma letra que expõe um pensamento autodestrutivo, impaciente e colérico, que na verdade representa um mecanismo de defesa. Curiosidade: esse riff saiu de uma jam que fizemos no dia que o Brasil perdeu de 7×1 pra Alemanha (risos). Sem mais.
04) Psychosapiens

Marcus D’Angelo: Essa é a minha favorita do álbum, um hip hop com death metal monstruoso. Minha melhor performance vocal, letra destruindo na responsa a espécie humana e o refrão possuído de fúria com os backing vocals do Yamada interagindo com meu vocal. A bateria de “malako” do Caio [D’Angelo, baterista] junto com o baixo dita o groove perfeito. Drenagem de cérebros psicóticos estuprando a terra com as mãos sujas de sangue. A confiança joga sujo as escondidas…
05) Corrupted Self

Marcus D’Angelo: Segundo single lançado, um death/doom/industrial extremo com influência de Hellhammer que contém a participação do Marc Rizzo que fez um solo épico. Ele se ofereceu para participar e criamos aquela base hardcore/death metal especialmente para ele representar com suas habilidades. O riff perturbador e as linhas de bateria são um massacre. As nuances do baixo dessa música são incríveis e fazem toda a diferença na atmosfera. Letra sobre ser nascido e criado no Brasil, o berço da corrupção, onde ser corrupto se tornou um ato de sobrevivência e também expressamos todo nosso desprezo aos pseudo revolucionários hipócritas que com seus discursos supérfluo se vangloriam em atacar os coitados doentes, mas não tem coragem de atacar a doença.
06) Unleeched

Marcus D’Angelo: Música que leva o nome do disco. Todos os riffs foram criados pelo Caio e eu apenas aperfeiçoei na minha pegada. Ficamos pirando no ensaio fazendo todas as variações possíveis até chegar num consenso. Uma música 100% Claustrofobia com aquelas mudanças drásticas de tempo, que poderia facilmente integrar álbuns como Thrasher ou Peste. Tem samba, tem sample do mestre Alborgheti etc. Estamos “dessanguessugados”, estamos unidos e juntos começamos uma revolução em nossos pensamentos removendo tudo que possa vir nos acorrentar. Existem tratamentos que usam os sanguessugas para cura, e as vezes temos que ser sugados para entender o valor da liberdade e das nossas convicções. Expostos a essa raça pestilenta desenvolvemos anticorpos para o progresso. Essa vai destruir no mosh pit.
07) Snake Head

Marcus D’Angelo: Esses riffs nasceram no mesmo dia da “Neuro Massacre” quando o Brasil perdeu de 7×1 pra Alemanha (risos). A letra quem fez foi um talentoso e grande amigo nosso, chamado Ivan Goetschi, ele nos dá assistência em todas as letras, mas quando ele ouviu essa música em primeira mão ele me respondeu com essa letra magistral. Ele sentiu o clima da serpente. Essa era única faixa que não estava pronta quando entramos em estúdio, finalizamos durante as gravações e se tornou a faixa mais misteriosas do álbum.
08) Crawling Back to Yourself

Marcus D’Angelo: Música poderosíssima que optamos por deixar mais para o final para não perder a potência do disco. Levada contagiante e letra pesada, a ideia da letra veio do Yamada e eu adaptei para encaixar as vozes. Tem bastante nuances de vocais que são elementos que temos agregado aos poucos nos últimos anos. Começa o momento de redenção no álbum, quando se entende que você precisa ser 100% você mesmo, mas a partir dessa escolha definitiva você percebe que esse caminho de volta, de desapego será muito difícil, por este motivo, vai até o inferno e retorna a si mesmo, rastejando e buscando se restabelecer.
09) 2020 (March to Glory)

Marcus D’angelo: Sem dúvidas foi a música mais diferente que já compusemos, tenho muitos riffs e melodias diferentes que toco aleatoriamente no violão que nunca pensamos que encaixaria no Claustro, porém no último minuto o Caio nos encorajou a fazermos essa que se tornou a “2020 (March to Glory)”. Pela primeira vez eu gravei vozes limpas como principal elemento. Foi um desafio que tive que encarar com a ajuda dos meus irmãos de banda.

O ano de 2020 nos provocou muitas reflexões e foi muito pertinente falar sobre isso, mas optamos por abordar de um ponto de vista mais orgânico e de questionamentos interior, sem acusações ou julgamentos. Eu fiz essa letra em parceria com meu grande amigo Ivan Goetschi (mencionado acima).

A música é bem emocionante e o coro de vozes limpas do refrão transmite muito bem o resumo de tudo isso. Que seria algo como: “Somos todos guerreiros anônimos e ordinários, vagando e sonhando alto pela terra desde o ventre até o túmulo, mas que certamente de alguma forma, estamos unidos em busca da glória, da luz, cada um em seu grau de consciência” Tenho muito orgulho dessa música.

Vale ressaltar a importância do produtor Adair Daufembach na caracterização e a grandeza do som do álbum. Um mestre. O álbum termina de uma forma muito emotiva e bonita. Foi feito para ser apreciado do começo ao fim, como nos velhos tempos, e isso nos dá aquela sensação de primeiro disco.

Unleeched representa a cura, o progresso e a libertação.




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