segunda-feira, 15 de abril de 2024

Death to All repassa toda discografia da banda de Chuck Schuldiner em SP



Death to All repassa toda discografia da banda de Chuck Schuldiner em SP





O show do Death to All se aproximava da reta final quando o dono da noite em cima do palco, Steve Di Giorgio, fez um solo de baixo e começou a próxima música em seu instrumento. Bastou iniciar a singela melodia de guitarra para a pista quase lotada do Carioca Club acompanhar cantando a introdução de “Lack of Comprehension”, faixa de “Human”, disco seminal lançado em 1991 para quebrar paradigmas do death metal.



Por mais de uma hora e meia, com volume bem alto, em frente a apenas um pano de fundo com o logo do projeto-tributo e sob iluminação até simplória, foram executadas faixas de toda a discografia do Death. O respeito ao legado de Chuck Schuldiner ficou evidenciado na reprodução cuidadosa dos arranjos originais.




Assim como a sonoridade da banda homenageada, o show do Death to All não repete os estereótipos de um show de metal extremo. Rodas são pontuais. O público, muitas vezes, acompanha embasbacado o apuro técnico dos instrumentistas — principalmente de Di Giorgio no baixo — ou as labirínticas composições. E canta junto as melodias e os refrãos.

Muitas vezes, parece mais um show de prog. Mas nunca deixa de ser death metal.Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox
Death to All e o legado de Chuck Schuldiner



Quando Chuck Schuldiner morreu, em 13 de dezembro de 2001, a associação dos dois subgêneros mencionados ainda engatinhava e estava longe de ser tão natural como é hoje em dia. Não à toa, o guitarrista se sentia limitado e criou uma nova banda, o Control Denied, para dar vazão à musicalidade que então julgava incompatível ao esperado pelos fãs do Death.



Não que “Symbolic”, álbum de 1995 no qual Schuldiner se sentiu no limite da identidade do Death, tenha sido mal recebido por imprensa e fãs. O último trabalho da banda, “The Sound of Perseverance” (1998), também aclamado, veio como parte de um acordo com a gravadora Nuclear Blast por mais um disco dos ícones do death metal antes de dar suporte ao Control Denied. Ninguém, além do falecido músico, desejava o fim do grupo.



Mais de vinte anos após a morte de Schuldiner, seu já reconhecido legado só ganhou importância e admiradores. Parte considerável do público que encheu o Carioca Club no fim de tarde de sábado mal balbuciava palavras ao final de 2001. Dificilmente algum presente conseguiu ver o Death ao vivo — o mais próximo que a banda esteve do Brasil foi em uma apresentação no Chile em novembro de 1998.Foto: Gustavo Diakov / @xchicanox



Em 2012, coube ao ex-empresário e curador do legado musical do Death, Eric Greif, organizar alguns shows cheios de convidados e ex-membros para homenagear Schuldiner. No ano seguinte, colocou o projeto na estrada capitaneado pelo baixista Steve Di Giorgio, mais longevo parceiro do falecido compositor, ao lado de Paul Masvidal e Sean Reinert, dupla do Cynic que gravou o citado “Human” — cujo guitarrista de apoio, Max Phelps, foi o escolhido para completar o time também assumindo vocais. Um achado.



É possível dizer que, sem Phelps, o Death to All não vingaria. A semelhança física com Schuldiner salta aos olhos e vem acompanhada da capacidade técnica de reproduzir tanto seu apuro instrumental quanto os vocais do falecido músico. Se houve variação inicial de ex-membros do Death acompanhando o baixista Steve Di Giorgio nas turnês realizadas pelo projeto, Phelps foi uma constante. Assim como o foco do projeto em representar toda a carreira do grupo.

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