Gravado entre os meses de janeiro e julho de 1975, nos famosos estúdios Abbey Road, em Londres/Inglaterra, o nono álbum do Pink Floyd ‘Whish You Were Here’ veio ao mundo no dia 12 de setembro do mesmo ano e foi lançado pela Harvest/EMI e Columbia/CBS. Atingindo bons resultados, inclusive nos EUA, e estima-se que tenha vendido mais de 13 milhões de cópias ao todo. Gostando ou não de Pink Floyd, o leitor precisa concordar que esta é uma banda que todos devem ao menos conhecer superficialmente, pois mesmo que esse fato soe maçante, é sim um dos nomes de maior importância na história da Música Pesada.
Nos anos 70 as coisas aconteciam rápido no mundo musical e em oito anos de atividades, o Pink Floyd já contabilizava 09 trabalhos de estúdio e começava a adentrar a segunda metade da década com mais um aclamado clássico em sua luxuriante discografia. Se logo de cara, a arte de capa criada pela conceituada empresa gráfica britânica Hipgnosis – que de 1968 a 1982, produziu dezenas de artes para dezenas de bandas conhecidíssimas, como o próprio Pink Floyd, Wishbone Ash, Led Zeppelin, AC/DC, Nazareth, Def Leppard entre muitas outras mais – onde supostos dois “homens de negócios” trocam um aperto de mãos, sendo que um deles está literalmente pegando fogo! É claro, que combinou perfeitamente com a sonoridade trabalhada e viajante da banda.
Sucedendo o estouro comercial de ‘The Dark Side of the Moon’ e de certa forma ainda sentindo com a saída/demissão de um dos fundadores Syd Barret, os músicos Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright não poderiam se intimidar àquela altura do campeonato e mais uma vez deram tudo de si. Ora, os pouco mais de 44 minutos do play – divididos em cinco composições de muita qualidade – dizem por si só. E ainda resta alguma dúvida?
Como dito acima, sobre a banda de certa forma ainda sentir a saída de Syd em 1968, o fato os levou a compor uma espécie de homenagem a ele (ou chame você do que quiser): a complexa “Shine on You Crazy Diamond”, que inicia e termina o trabalho e sendo dividida entre si em nove partes (a primeira de I a V e a segunda de VI a IX) e somando as duas juntas, totalizam cerca de 25 minutos. Com instrumental predominante – que dispensa elogios – um dos pontos altos da música (a que abre o disco) é o incrível solo de saxofone de Dick Parry, que também participou de “Money”, presente no citado álbum anterior. Curiosamente, o próprio “homenageado” (fisicamente bastante mudado) inesperadamente deu as caras no estúdio, no momento em que a banda a estava executando, gerando uma espécie de situação constrangedora, afinal de contas as duas partes não se viam há vários anos. De fato, a composição nos passa uma carga emocional bem intensa e duvido que ao menos a melodia do refrão não grude na sua cabeça.
Dando seqüência, “Welcome to Machine” nos brinda com a maior parte das atenções voltadas aos teclados, sintetizadores e efeitos, ainda mantendo um discreto clima de melancolia em suas melodias e no vocal de David Gilmour. “Have a Cigar” é outra que conta com uma historinha não menos curiosa, já que os vocais foram registrados pelo prolífico músico inglês e amigo da banda, Roy Harper. O motivo? Resumindo: Roger Waters havia se excedido nas gravações de “Shine…” e não atingindo o resultado desejado, optou por não arriscar, enquanto que David Gilmour não a quis cantar. Como Roy estava gravando seu álbum ‘HQ’ (1975) no Estúdio 2 e o Pink Floyd no 3 (do Abbey Road), e acompanhando o tal dilema, ele prontamente se ofereceu para cantar, a banda aceitou e fim de papo. Musicalmente, é uma das que mais gosto no álbum, com sua levada sensivelmente grooveada e viajante, que também não abre mão das diversas nuances rítmicas e melodiosas, sem contar que Roy se saiu muito bem. Sendo uma das mais “curtas”, a faixa título “Wish You Were Here” começa a conduzir o ouvinte aos momentos finais do álbum, com bastantes arranjos de violão e com mais uma interessante letra. Particularmente falando, é uma ótima canção, mas nunca me desceu muito bem.
Finalizando em grande estilo o espetáculo, temos “Shine on Your Crazy Diamond” (Partes VI-IX), explicitando mais uma vez a desenvoltura instrumental, técnica e de composição de cada um dos quatro lendários músicos (apenas Nick Mason não assinou alguma composição), que nunca abriram mão dos positivos experimentalismos.
A história não mente e os anos foram generosos mais uma vez com o inigualável Pink Floyd, e ‘Wish You Were Here’ figura entre um dos clássicos da banda e do Rock em si. Mas, sua trajetória ainda seria marcada por outras conquistas e sucessos, bem como diversos outros acontecimentos e perdas… Que você, caro leitor, continuará acompanhando ao longo dos dias. Enquanto isso, descubra, ouça de novo e prestigie a arte musical bem feita, desses ingleses!
Banda:
Roger Waters (vocais, baixo, guitarra, VCS3, efeitos);
David Gilmour (vocais, guitarra, guitarra havaiana, EMS Synthi AKS, teclados, efeitos);
Nick Mason (bateria, percussão, efeitos);
Richard Wright (teclados, VCS3, clavinete, backing vocals)
Músicos Convidados:
Dick Parry (saxofone em “Shine On You Crazy Diamond”);
Roy Harper (vocais em “Have a Cigar”);
Venetta Fields & Carlena Williams (backing vocals)
Faixas:
01. Shine on You Crazy Diamond (Parts I-V)
02. Welcome to the Machine
03. Have a Cigar
04. Wish You Were Here
05. Shine on You Crazy Diamond (Parts VI-IX).
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