quinta-feira, 9 de novembro de 2017

DORSAL ATLÂNTICA terá “Antes do Fim” relançado em vinil na Europa



Em comemoração aos 10 anos do selo grego Black Vomit Records, o LP “Antes do Fim” da DORSAL ATLÂNTICA é lançado em vinil pela primeira vez na Europa. Com a capa original de 1986, letras em português e fotos coloridas, o lançamento contém o áudio mais fiel possível ao original. Após 26 anos, os dois rolos originais do álbum retornaram às mãos de Carlos Lopes, fundador da banda, que pôde digitalizar as fitas em setembro de 2012.

O disco está disponível no Brasil na página oficial da banda:

facebook.com/dorsalatlantica/app/206803572685797

A banda também divulgou algumas curiosidades sobre o “Antes do Fim”:

1 – O selo paulistano que contratou a banda para gravar o álbum, prometeu vários dias de gravação que na hora foram substituídas por apenas 18 horas. O disco foi gravado ao vivo pela falta de tempo, tendo como acréscimos uma dobra de guitarra e as vozes, tudo em 12 horas. A mixagem foi realizada em mais 6 horas.

2 – A caveira com os olhos esbugalhados tornou-se a capa porque no último dia de estadia dos donos do selo paulistano no Rio, eles não aceitaram a capa proposta pela banda, uma foto de três cadáveres. Alegaram que era anticomercial, apesar de os mortos expressarem o conteúdo político do álbum e a agressividade da música. “Ou a capa aparece agora ou vamos decidir por nós mesmos em São Paulo!”, foi dada a sentença. A solução foi fotografar uma camiseta pintada à mão, a partir de um cartaz de um filme de terror da produtora inglesa Hammer. Por não terem posicionado a camiseta corretamente, o logotipo da Dorsal está torto.

3 – A caveira da capa representa um torturado político pela ditadura.

4 – O Antes do Fim é o primeiro disco latino americano a somar Hardcore, Punk e Metal.

As composições do “Antes do Fim”, considerado um dos mais importantes discos de todos os tempos, falam sobre a segunda guerra mundial, política e relações humanas. Em entrevista à edição de Dezembro de 2016 da revista Roadie Crew, Carlos Lopes fala sobre cada uma das faixas.

“Caçador da Noite”: A letra fala sobre um latino estuprador que assustava Los Angeles em 1985. Richard Ramirez era fã de metal, na verdade de AC/DC e Judas Priest. Escrevi sobre minorias raciais e a má interpretação da música em mentes distorcidas. Era uma evolução incrível em relação ao “Ultimatum” gravado apenas um ano antes.

“HTLV-3”: Na época, os primeiros sintomas do que viria a ser conhecido como AIDS estavam sendo catalogados como HTLV. Escrevi sobre abandono e preconceito. Sempre me senti diferente e a música fala sobre isso. A intro de baixo foi inspirada nos discos de hardcore. A mudança para um ritmo cadenciado, no meio de músicas muito rápidas como essa, tornou-se uma característica da banda. Essa quebra (“paradinha” no popular) deixava o pessoal mais louco ainda, parecia que o mundo ia acabar.

“Álcool”: Eu bebia (vodca e cerveja) e uma noite minha namorada me carregou no ombro para casa porque eu não conseguia ficar em pé. Foi uma longa caminhada. Há um solo melódico, outra marca da banda, desde “Princesa do Prazer”. A batida tribal do início é uma chamada hipnótica para o combate.

“Depressão Suicida”: A depressão me acompanhava. O resto é fácil entender. O riff é bem difícil de tocar, outras das características do hardcore “complexo” que desenvolvi.

“Vorkuta”: Li sobre Mengele, “O anjo da morte” e Stalin, os dois Josephs. O ditador russo enviava seus desafetos para campos de concentração. Lá trabalhavam para o Estado extraindo carvão. Era uma analogia à ditadura brasileira. O riff é dificílimo de tocar.

“Joseph Menguele”: O riff é matador, ainda mais com o solo melódico inspirado em “Highway Star” do Deep Purple. Ao vivo, a cada novo presidente (ou ditador) eu mudava o refrão de Joseph Mengele para José Sarney, Fernando Henrique, etc.

“Guerrilha”: Essa era da época do Ultimatum e não lembro porque não foi incluída no disco. Um verdadeiro clássico político sobre a guerrilha do Araguaia: “Guerrilha por Liberdade, Guerrilha em busca da Verdade”.

“Inveja”: Assim que alguns fãs tiveram suas próprias bandas, eles passaram a nos malhar, isso em um período bastante curto, tipo uns seis meses após o lançamento do “Ultimatum” em 85. A coisa fluía bastante rápido nessa época. A melhor banda seria aquela que tocasse mais rápido. O resto era besteira, inclusive “inúteis” letras com profundidade. Uns diziam que éramos hippies. O negócio era ser nazista e anti-Deus, sem saberem o porquê. As nuances e os ritmos diferentes dessa música refletem os sentimentos que temos ao nos confrontar com esse tipo de coisa: surpresa, horror, desprezo, raiva, até a vitória final sobre o inimigo. Por fim a paz é selada com o perdão do “hippie vencedor e grande-pai do movimento”.

“Morte Aos Falsos”: Essa última faixa é da época do “Ultimatum”, que não havia sido gravada. É uma sequência do tema de Inveja. Isso era bem “progressivo”, dividir a mesma ideia em faixas diferentes. Quis escrever a música mais rápida possível, a mais brutal, com mais raiva para fechar o disco. Essa faixa é o Alfa e o Ômega de todo o disco. A criação e a destruição. Decretar a morte aos falsos é decretar o próprio genocídio da humanidade.

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