segunda-feira, 29 de abril de 2024

Mercyful Fate no Summer Breeze 2024




Summer Breeze 2024: Mercyful Fate encerra segunda edição do festival
Festival acontece no Memorial da América Latina em São Paulo



O Summer Breeze Brasil aconteceu durante os últimos dias, na sexta-feira, 26, sábado, 27, e domingo, 28, com todas as coberturas já publicadas aqui no Wikimetal.

Contando com um line-up repleto de artistas de diferentes estilos, o festival de metal encerrou-se com o retorno muito aguardado do Mercyful Fate.

A banda trouxe um dos palcos mais cenográficos de todos os shows do festival e, antes mesmo de iniciar, trazia uma grande bandeira com seu nome estampado.

O vocalista King Diamond utilizava a cabeça de uma cabra como acessório quando o grupo iniciou seu show, de maneira icônica e explosiva, com a “The Oath”, do álbum Don’t Break The Oath (1984).

Seguindo na mesma linha veloz que a primeira música — e que se estendeu por todo o show da banda — veio “A Corpse Without A Soul”, que traz um excelente e melódico riff de guitarra. Já de início, é possível ver o quão elevada é a habilidade do guitarrista Hank Shermann, o que volta a aparecer no solo da faixa.

Em entrevista exclusiva com o HMR ele falou sobre a nova baixista do Mercyful Fate, Becky Baldwin. Ela entrou recentemente no grupo e, como bem disse o guitarrista, já está muito bem conectada e envolvida com o restante da banda, sendo uma boa adesão ao quadro de integrantes.

“The Jackal Of Salzburg” veio em seguida. A música é um novo trabalho do Mercyful Fate, completamente sombria, e alterna entre momentos de potência e outros com uma redução no instrumental, que leva a algo mais suave, mas ainda assim, que gera uma tensão. A música é simplesmente sensacional, e o grupo entrega uma performance repleta de poder.

A voz de Diamond é, definitivamente, algo que não vai agradar a todos. São poucos os momentos em que ele canta em tons mais graves, sendo a maioria em agudos que podem cansar, mas inegavelmente, são marca registrada, tanto de sua carreira solo, quanto da banda.

Integrando um dos álbuns de maior sucesso do grupo dinamarquês, Melissa (1983), eles tocaram “Curse of the Pharaohs”, em um solo muito bem executado por Shermann.

Mais uma do Don’t Break The Oath, “A Dangerous Meeting” tem uma introdução com pesadas linhas de baixo que já criam ambientação para a música. Outro detalhe crucial da faixa, são os vocais, perfeitamente alinhados com o restante do instrumental, que conversam muito bem entre si. A dupla de guitarras não estaria completa sem Mike Wead, que toca muito bem o solo da faixa.

“Doomed By The Living Dead” continuou, com a banda entregando uma performance que torna impossível não cantar e bater cabeça junto, trazendo o toque final da bateria de Matt Thompson, substituto de Bjarne T. Holm, que fez tudo tremer.

A introdução de “Melissa” é, uma das melhores da discografia da banda. Facilmente reconhecida, ouvi-la ao vivo é ainda mais emocionante. Mostrando toda sua habilidade, Diamond volta a brilhar nessa faixa, soltando a voz, com bastante habilidade e controle absoluto.

Mais uma vez, Wead entrega outro solo repleto de técnica e precisão.

Outra música que é uma potência completa, “Black Funeral”, do mesmo álbum que a anterior, abalou todas as estruturas do Summer Breeze, trazendo um riff acelerado e rítmico.

Sempre que podia, o público entoava o canto com o nome da banda, mostrando o quanto sentiu falta de sua presença aqui no Brasil.

A apresentação seguia de maneira impecável, mas foi quando tocaram “Evil” que uma chave foi virada. Os guitarristas desempenharam uma apresentação completamente acima da média.

“Come To The Sabbath” foi outra que igualmente empolgou ao público.

A banda saiu do palco após essa música, fazendo uma pausa um tanto quanto longa. Tema bem presente nas músicas e estética da banda, o diabo está presente na extensa “Satan’s Fall”, que dura mais de 11 minutos.

Ela é um perfeito exemplo de tudo o que eles são capazes de fazer, até os mínimos detalhes alinhados, funcionando bem e em perfeita harmonia.

Não é à toa que o Mercyful Fate era uma das bandas mais esperadas de todo o festival — especialmente, pela quantidade de anos que demorou para retornarem ao Brasil. Seu show é, definitivamente, uma aula de como se fazer um clássico heavy metal, sem pontos baixos ou momentos de desânimo.

A dupla de guitarristas é um espetáculo à parte, entregando cada solo e cada riff com precisão e técnica. Baldwin foi a escolha certa para assumir o baixo da banda, executando perfeitamente suas partes. Wead não decepciona, e desempenha bem a sua função. Tudo isso é unido por King Diamond, um dos maiores vocalistas da história do metal.

Nossa colaboradora Leca Suzuki registrou os shows com fotos exclusivas que você pode conferir na galeria abaixo.
































Simone Simons, do Epica, no Summer Breeze 2024.




Summer Breeze 2024: HammerFall e Epica fazem shows explosivos no segundo dia de festival
Festival acontece no Memorial da América Latina em São Paulo



Acontece, neste sábado, 27, o segundo dia do Summer Breeze Brasil 2024, que contou com uma série de artistas, como Exodus, Sebastian Bach, Mr. Big Gene Simmons, Lacuna Coil, Nervosa, Angra.

O festival, de origem alemã, está sendo realizado no Memorial da América Latina e continua até domingo, 28. Com uma grande quantidade de artistas, de diferentes estilos, o segundo dia foi mais focado em bandas de power metal.

O HMR está cobrindo todos os dias do evento, com as resenhas dos shows de sexta-feira já publicadas, além dos primeiros que aconteceram no sábado.
HammerFall

Um dos artistas mais aguardados do dia, o HammerFall subiu no Hot Stage com o sol se pondo, às 17:10, já abrindo os trabalhos com “Brotherhood”, do mais recente trabalho, Hammer Of Dawn (2022), faixa essa, que traz uma bateria poderosíssima, aliada a solos de guitarra muito bem executados.

Em seguida, veio a excelente “Any Means Necessary”, do No Sacrifice, No Victory (2009), que conta com um refrão cativante e leva o público a cantar o refrão juntamente com a banda.

O HammerFall sabia exatamente o que estava fazendo quando compôs “Hammer Of Dawn”. Ela é também uma faixa do novo trabalho da banda e instiga o público a, novamente, cantar o refrão “pausado” da música, que é guiado pela bateria.

“Blood Bound” segue na mesma linha que a anterior, em termos de engajar o público a cantar. Mesmo que não saibam todo o refrão, o título da faixa chama atenção, por ser fácil de se assimilar e dar vontade de gritar a plenos pulmões.

Com linhas de baixo potentes e presentes, “Renegade” continua o acelerado setlist do HammerFall.

Para “Hammer High”, o vocalista Joacim Cans pediu que o público levantasse seus punhos “como se fossem martelos” (sim, que trocadilho). A música foi excelentemente performada ao vivo e continuou com o mesmo padrão de fazer o público cantar a plenos pulmões na parte do refrão.

Essa foi uma característica bastante presente no show da banda sueca. As composições que contavam com refrões mais “simples” fisgavam a plateia. Mesmo quem não soubesse as palavras, acabava aprendendo ali mesmo e embalava o coro.

A velocidade da banda também é algo que merece ser destacado. A dupla de guitarristas Oscar Dronjak — que tem uma guitarra de martelo, não a ferramenta, mas sim ao estilo do Thor — e Pontus Norgren executam os bons solos e riffs do HammerFall de maneira empolgante e cativante, enquanto acompanhados pelo forte baterista David Wallin que se junta ao baixista Fredrik Larsson em sons explosivos. Tudo isso unido pelos precisos de Cans, que não falha em entregar uma performance muito bem feita.

A explosiva “Last Man Standing”, do Any Means Necessary (2009), é um grande destaque da seleção de músicas escolhidas pela banda. Com trechos mais calmos, o grande diferencial dela é o contraste entre isso é o poderoso refrão, em uma das melhores da performance do HammerFall no Summer Breeze Brasil.

É difícil, dentro do power metal, ter muitas diferenças ou vertentes, levando a muitos dos elementos semelhantes, o que faz algumas músicas se parecerem. Isto acontece com algumas das músicas do HammerFall, em termos do que já foi apontado sobre os coros. Não que seja uma coisa ruim, é muito legal ter faixas que podemos gritar a plenos pulmões, empolgados e emocionados. Em minha opinião, a questão é mais quando as músicas — verdadeiramente — parecem a mesma.

Em homenagem a seu país originário, “(We Make) Sweden Rock”, do Dominion (2019), é um tanto quanto sem graça e não havia necessidade de estar no setlist, apesar de agradar ao público.

A banda lançou, na última quinta-feira, 25, o single “Hail To The King”, que fará parte do próximo álbum do grupo, intitulado Avenge The Fallen, previsto para ser lançado em agosto. Ela esteve presente no show da banda e, se for uma amostra do que será o registro, configura em um bom sinal.

Os suecos finalizaram a participação no festival com “Hearts On Fire”, em uma performance que agradou o público, trazendo vários hits e engajando com seus fãs.
Epica

Mudando de estilo, o show da Epica aconteceu no Ice Stage, agora sim, já de noite e com a temperatura mais amena. A vocalista Simone Simons subiu ao palco com muita animação e performaram a primeira música do set, “Abyss Of Time”, em uma apresentação cheia de contrastes, entre os instrumentais pesados — em especial do baixo de Rob vans der Loo e vocais de Mark Janssen — e a parte de Simmons.

A icônica vocalista estava deslumbrante, com um macacão de bordados de manga e calça compridas, cheio de brilhos e que cativavam a atenção.

Com elementos pirotécnicos, de fogo voando pelos ares, a excelente “The Essence Of Silence”, do The Quantum Enigma (2014), seguiu o show da banda. A música já é um espetáculo sozinha, mas com esse detalhe artístico e visual, ficou ainda mais viva.

A voz de Simons impressiona. Atingindo altas notas — e com maestria — a vocalista também esbanja presença de palco.

“Unleashed” do Design Your Universe (2009) é outra faixa poderosíssima, que torna-se ainda mais presente, notável e bonita ao vivo. Mais uma vez, a vocalista demonstra todo seu talento, em uma performance impecável e irretocável. Quando você já acha que ela está cantando em um tom agudo, Simons mostra que consegue ir mais alto.

O solo de guitarra de Isaac Delahaye também merece destaque, bem harmonioso e que complementa a faixa.

Em “The Final Lullaby”, os teclados de Janssen aparecem com bastante presença, o que é um grande ponto.

O show da Epica é repleto de empolgação por parte da banda, que parece se divertir muito em fazer o que estão fazendo. O grupo aparenta ser muito apaixonado por música e tocar ao vivo, o que é algo muito bonito de se ver.

Um detalhe que auxilia a banda a executar um show tão bem desenvolvido, é o fato que eles contam com elementos visuais. Sejam as luzes piscando em velocidade frenética, o fogo ou a fumaça, tudo isso traz às músicas, que já são boas, um aspecto diferenciado.

“The Obsessive Devotion”, do The Divine Conspiracy (2007), traz os guturais de Jansen, em uma performance que só pode ser descrita como pesada.

Um ponto alto da noite, foi quando o grupo tocou “The Skeleton Key”, trazendo mais um belo solo de guitarra, em uma boa faixa do Omega (2021).

Mas é impossível de compará-la com “Code of Life”. Só os vocais introdutórios de Simons já arrepiavam, com a vocalista demonstrando, uma vez mais, o quão talentosa e técnica é.

Outro ponto alto, são os teclados. Fundamentais na música, ele é um elemento característico que a faixa parece tem, parecendo saída diretamente do Egito antigo.

Unindo duas musas do metal, Cristina Scabbia, do Lacuna Coil, subiu ao palco e juntos, tocaram “Storm The Sorrow”, como uma surpresa da Epica para os fãs brasileiros.

Como bem avisado por Simons, a plateia identificou “Cry For The Moon (The Embrace That Smothers, Pt.4)” nos primeiros instantes em que a música foi tocada, e logo cantou a harmonia quando a vocalista jogou para a plateia.

O público do show da Epica manteve uma animação constante durante sua extensão, mesmo que variando em intensidade e engajando sempre que a banda dava a deixa.

O grupo holandês fez uma boa apresentação e que, mesmo para quem não curte o estilo, há de gostar: Todos os músicos soam bem, mas quem rouba a cena mesmo, é a vocalista Simone Simons. É impossível não ficar cativado com a sua voz e presença.

Nossa colaboradora Leca Suzuki registrou os shows com fotos exclusivas que você pode conferir na galeria abaixo.


































































domingo, 28 de abril de 2024

HEAVY MUSIC HISTORY: Lunar Strain – In Flames







Context changes everything. For melodic death metal, picturing the spawning grounds of its most successful progeny without geographical knowledge makes it easy to conjure up images of some frigid vista, deep in the frozen North. Where biting winds howl across dark chasms in the frost, split open to the sky by the staggering contests of Titans that have altered the surrounding landscape forever. The truth, however, is much more temperate – Gothenburg is a welcomingly clement port city in the south of Sweden, as warm in the summer as it is cold in the winter. Rocky archipelagos dot the many beaches along the western peninsula; travel brochure scenery that doesn’t visually telegraph “the birthplace of death metal’s measured, twisted offspring”.



Granted, the book-by-its-cover approach to scouting turns most bands into genre outliers. However, the idea that any player in the burgeoning Gothenburg-style melodeath scene came to blows to vie for territorial supremacy doesn’t stick either. The binary opposite, in fact; the formative few were wound inextricably into the fates of one another, the birth of one outfit influential or outright dependant on the other. Acquaintances and collaboration shared between the members of the pioneering acts of the early to late 2000s – DARK TRANQUILLITY, AT THE GATES, and IN FLAMES – created a symbiotic scenario, each band able to pin down a crossover in their personal histories that led them to exactly where they were when the melodeath boulder started to roll freely in the mid-90s.

Where any erratic edges were generally sanded off by the other two beyond their debuts, calling IN FLAMES as divisive as they are iconic is hardly a hot take. Even the most hardcore fans of a band could take or leave part of their entire discography, but there’s a “choose your schism” feel to their back catalogue in particular. 2011’s Sounds Of A Playground Fading was a feet-finding mission after the departure of drummer/guitarist and founding member Jesper Strömblad, that is both simultaneously derided as a beginning of an end for its lack of metal elements and praised for its broader appeal. 2006’s Come Clarity, a metalcore-focused that challenged TRIVIUM in their own backyard was both simultaneously derided as a beginning of an end for its lack of melodeath elements and praised for its skill and mastery of a new genre. 2002’s Reroute To Remain… you get the idea.


Released on April 1st, 1994 through Wrong Again Records (now reincarnated as Regain Records) and recorded at the now legendary Studio Fredman in Gothenburg, Lunar Strain generates potential rifts in slightly different circumstances. Up to this point, the Gothenburg style of melodeath was inches from boiling over. AT THE GATES’ seminal third album Terminal Spirit Disease (1994) was a scant few months away, while DARK TRANQUILLITY were six months out from their debut and gaining traction rapidly. IN FLAMES, by comparison, were a step behind. They had three recorded tracks for a 1993 demo headed by DARK TRANQUILLITY vocalist Mikael Stanne (that pinboard and red string of the Gothenburg scene rearing its head once more) and a pressing commitment to fulfil a reasonably big lie told to the record label beyond that – they’d promised thirteen songs were ready and recorded before they were signed.

It is easier to ask for forgiveness than permission. IN FLAMES suddenly had their platform and their first committed lineup with which to release the album that would make their mark on the Swedish metal scene. Lunar Strain certainly wasn’t all rift-inducing, either. The parts of the genre that would be seen fleshed out fully in the coming years are prescient glimpses into a near-future, plucked from a vortex in time. Opening track Behind Space is considered a fan-favourite to this day, a fully matured melodeath experience in the infancy of the scene; the huge, tempo-shifting riffs of Glenn Ljungström and session guitarist Carl Näslund are paired up with a sharp flurry of acoustic guitar in its closing moments, ticking all the correct boxes. The New Wave of British Heavy Metal influence IRON MAIDEN endowed onto proceedings breaks heavy and hard against the eardrums in Everlost (Part I), also utilising a convention of song-splitting that IN FLAMES wouldn’t repeat until 2023’s melodeath resurgence Foregone. It is a bold album, above all else – charged with youthful indulgence that grabs excitedly at the things that inspired it, while forming a faint outline of the grown-up version of itself to come.


The other side of the coin nowadays is a longer period of potential comparison to what came after. Lunar Strain and broad appeal are not bedfellows, which means much of the contentiousness makes greater sense after factoring in when the listener was introduced to the band. For anyone brought into the fold by the go-wide factor of 2011 onwards, the rawness of the sound goes against the grain. The Gothenburg scene was still fully draped in the cloaks of the death and black metal bands they had emulated or evolved from in 1994, and the dichotomy of that brutality and folksy strings in tracks like Starforsaken can be jarringly discordant.

Likewise, for anyone introduced from the Anders Fridén era of leadership, at least up to the release of Clayman in 2001, Lunar Strain is simply not the beast staring them down on introduction to IN FLAMES. It has the raw, chaotic energy debut albums share before a band finds their rhythm, but at cost; a general lack of aggression, the cohesive fury found in later releases. Two instrumentals in a ten track album was perhaps a decision made given the previous fibs told to Wrong Again Records to speed up the final wrap, but it simply isn’t the impactful album expected of such a key period when listened to today in terms of flow and consistency.

So, if Lunar Strain didn’t invent melodic death metal, nor perfect it, where does it fit into the great melodeath ecosystem as the debut of one of its most influential artists? It’s raw and unpolished, unsure of which direction to go. It’s chaos in a self-contained delivery system, a hurricane or a tidal wave, pure energy in need of direction. But context changes everything; the benefit of hindsight turns Lunar Strain into a perfect fit for the blossoming melodic death metal introduction of the early 90s. Like the hurricane of a new genre needs just the right temperatures and conditions to form, the wave needs the whole bulk moving in the right direction to become the rising tide. Lunar Strain, despite its flaws and despite its decidedly different feel to the IN FLAMES that would follow, is a rightful part of the crushing surge that would eventually roar towards the shore of metal music. Precipitating a shift in the sturdy rock of the archipelago; altering the surrounding landscape forever.



Lunar Strain was originally released on April 1st, 1994 via Wrong Again Records.

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