segunda-feira, 6 de maio de 2024

Bruce Dickinson beira a perfeição em show em São Paulo RESENHA




Bruce Dickinson beira a perfeição em show em São Paulo




Lançado em 2024, The Mandrake Project marcou o retorno triunfal de Bruce Dickinson, após 19 anos sem lançamentos. A turnê, de mesmo nome que o álbum, é também o momento de volta aos palcos do vocalista, de maneira solo, passado mais de duas décadas.

No último sábado, 04, aconteceu em São Paulo, no Vibra, o último show do giro do frontman do Iron Maiden pelo Brasil, tendo estado em Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, com shows que marcaram sua passagem por solo nacional.

Para começar a noite, a banda brasileira de metal progressivo Noturnall iniciou sua performance de abertura às 20:45. Vindos de uma apresentação na segunda edição do Summer Breeze Brasil, subiram ao palco Thiago Bianchi (vocal), Victor Franco (guitarra), Saulo “Xakol” (baixo) e Henrique Pucci (bateria).

Logo de início é possível perceber o quão técnica a banda é. Entregando um espetáculo de luzes que brilham freneticamente ao ritmo da bateria, eles fazem uma boa performance.

Com pontos altos, a banda fez um show potente, trazendo um metal pesado, tendo como um dos principais destaques as linhas de baixo, muito bem trabalhadas e que aliadas à bateria pulsante, criam uma atmosfera de poder.

É um show bem alto e que em um geral não empolgou o público, apesar de serem aplaudidos após o final de cada música. Mesmo assim, eles não se deixaram desanimar, em um show veloz.

Outra peça fundamental para que o Noturnall entregasse um bom show com, foi o guitarrista, que performava solos com habilidade.

Apesar disso, após algumas músicas, a apresentação pode se tornar um pouco cansativa, mesmo que curta — com menos de uma hora.

Entre o show de abertura e o principal, houve uma pausa, mas às 22:11, Dickinson iniciou sua performance na capital paulista.

Acompanhado por Tanya O’Callaghan (baixo), Dave Moreno (bateria), Chris Declercq (guitarra) Philip Naslund (guitarra) e Mistheria (teclados), o vocalista já havia explicado que não tocaria o novo registro na íntegra.

Trazendo uma série de clássicos de sua carreira solo, a primeira música que a banda tocou foi “Accident Of Birth”, do álbum de mesmo nome, lançado em 2005. Em poucos minutos de apresentação, já foi possível ver todo o amor do povo brasileiro pelo músico. O refrão da faixa foi cantado pelo público, com empolgação.

Sem pausa entre uma e outra, “Abduction” do Tyranny Of Souls (2005) veio em seguida. “Laughing In the Hiding Bush”, do Balls To Picasso (1994) configurou também a apresentação sendo uma boa coisa — dado o número reduzido de músicas desse registro no setlist.

Como não poderia faltar, a primeira música do The Mandrake Project foi “Afterglow Of Ragnarok”, que traz um dos melhores vocais de Dickinson no novo registro, além de um riff de guitarra potente que torna-se ainda mais poderoso ao vivo.

Muito bem recebida pelo público, “Chemical Wedding”, do The Chemical Wedding (1998), tem ótimos teclados e a voz de Dickinson soa irretocável.

Outra grande faixa provinda do novo material do vocalista é “Many Doors to Hell”, que traz um solo melódico, e mais uma vez, ele solta a voz e mostra o por quê de ser conhecido como um dos maiores vocalistas da história do metal.

Isso é algo importante de ser ressaltado. Bruce Dickinson mantém sua voz surpreendentemente saudável, atingindo notas altas e entregando uma performance repleta de pontos de destaque, além de ter feito uma bela escolha de músicas a serem tocadas.

Sempre que possível, o público entoava os famosos cantos em homenagem ao vocalista, já característicos dos fãs brasileiros.

Também do The Chemical Wedding, “Gates Of Urizen” traz uma levada cadenciada, com vocais mais tranquilos, em que Dickinson também demonstra total controle e habilidade, entrando em contraste com o trecho do refrão, quando ele atinge notas altas, de maneira melódica.

Fato é: se ele fizesse um show com apenas músicas do The Mandrake Project, seria uma performance de nível elevado, e prova disso é “Resurrection Men”, que cria uma ambientação antes do vocalista iniciar a sua parte, de maneira performática.

Mais uma do álbum que nomeia a turnê, mas agora, “Rain On The Graves”, trazendo excelentes linhas de baixo, com os teclados sendo fundamentais para a criação da atmosfera que a música traz.

A escolha de fazer um setlist com quatro músicas do registro foi das melhores, dessa forma, manteve um bom número de músicas clássicas e ainda assim, deu lugar às novas que tem grande potencial de se tornarem históricas.

Um solo de bateria que movimentou a plateia antecedeu o cover de “Frankenstein”, originalmente do The Edgar Winter Group. Apesar de muito bem executada, a faixa instrumental soa um pouco deslocada com relação ao restante das músicas que estavam sendo tocadas.

Voltando às faixas de sua autoria, eles tocaram “The Alchemist”, que conta com um ótimo refrão, antes da queridinha do público “Tears of the Dragon”, a única outra adição do setlist provinda do Balls To Picasso.

A balada, ainda que mais lenta, é de tamanha potência, levando o público a cantar em uníssono, juntamente com o vocalista.

A parte introdutória de “Darkside of Aquarius” já é facilmente reconhecível e ela foi a responsável por finalizar o show antes do bis.

Voltando ao palco, a banda performou “Navigate the Seas of the Sun”, do Tyranny Of Souls. Mais uma bela balada, mas dessa vez a faixa é mais tranquila e traz também um ótimo solo de guitarra.

Já se encaminhando para o final da noite, “Book Of Thel” veio como uma total explosão que, definitivamente, animou o público, fazendo a plateia pular.

Após apresentar a banda, o grupo liderado por Bruce Dickinson tocou “The Tower” e finalizou a sua passagem pelo Brasil.

O que mais impressiona na performance é justamente o vocalista. Ele apresenta total domínio de sua voz, com momentos em que ele a solta de maneira experiente e bem melódica e outros em que se contém, cantando de maneira mais suave.

A banda que acompanha Bruce Dickinson também não falha. Dinâmicos em cima do palco, demonstram conhecer muito bem o que estão tocando, e realizam um trabalho fundamental para que o show seja no nível que é.

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