sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Evanescence é, afinal, uma banda cristã ou não?




Questionamento tem sido feito desde os primórdios da banda e a vocalista Amy Lee sempre foi muito vocal sobre o assunto


Uma discussão clássica desde os primórdios do Evanescence é se a banda é ou não uma banda cristã em sua raiz. Para muitos isso pode soar absurdo, para outros, uma obviedade. Mas a questão tem seus motivos.
Formação do Evanescence

Amy Lee e Ben Moody se conheceram em 1994 em Little Rock, Arkansas, aos 13 e 14 anos, quando os dois estavam em um acampamento juvenil cristão. Lá, eles tocavam piano e violão, respectivamente. Lee e Moody se juntaram pois sentiam que não “se encaixavam tão bem” no acampamento e de lá foram convidando outros colegas para tocar e criar música.

A vocalista teve a ideia de criar o Evanescence e então com Moody começou a gravar algumas músicas. No início, a dupla vendia CDs na cidade de Little Rock, contando com o apoio local e com a música diferente que estavam criando, unindo rock, metal e música clássica.
Fallen e o mercado cristão

Quando conseguiram um contrato com a gravadora Wind-up Records, a empresa decidiu testar o mercado cristão ao divulgar o álbum Fallen (2003). Durante o lançamento, Lee e Moody deixaram publicamente claro em uma entrevista de 2003 que eles não eram uma banda cristã ou de rock cristã.


Lee disse em uma entrevista à NPR: “Não era isso que a nossa música era. E eu senti como se eles estivessem vendendo alguém algo que não era verdade.” Ela observou que o Evanescence “nunca foi uma banda cristã” e liricamente nunca teve uma afiliação religiosa.

Porém, em entrevista à revista Stranger Things, antes do sucesso, Ben Moody disse: “A mensagem que nós, como banda, queremos transmitir mais do que qualquer coisa é simples – Deus é amor”. No encarte do álbum de estreia do Evanescence, o guitarrista fez um agradecimento a Jesus Cristo: “Toda a vida que resta em mim é você”, escreveu.

Quando Fallen começou escalar rapidamente as paradas de sucesso ao redor do mundo, o Evanescence decidiu se desvencilhar totalmente do nicho.

Uma entrevista concedida por Amy Lee e Ben Moody à revista Entertainment Weekly (via Blabbermouth), em abril de 2003, foi o ponto de virada. “Existem pessoas que estão obcecadas com a ideia de que somos uma banda cristã disfarçada e que temos alguma mensagem secreta”, disse a vocalista. “Não temos afiliação espiritual com essa música. É simplesmente uma experiência de vida… Garanto que se os donos das livrarias cristãs ouvissem algumas dessas músicas, não venderiam o CD”, afirmou.


O guitarrista Ben Moody declarou: “Não tenho vergonha de minhas crenças espirituais, mas de forma alguma as incorporo a esta banda. Na verdade, estamos no topo das paradas cristãs e eu fico tipo, ‘Que porra estamos fazendo lá?’”. O músico, que acabou deixando a banda pouco depois, ainda provocou a comunidade cristã, ao se comparar com “o cara que foi crucificado ao lado de Jesus” e afirmar: “tudo que eu quero que você faça é se lembrar de mim.”

Os comentários levaram o presidente da gravadora, Alan Meltzer, a enviar uma carta aos canais de rádio e varejo cristãos, explicando que, apesar da “a base espiritual que despertou interesse e entusiasmo na comunidade religiosa cristã”, o Evanescence era “uma banda secular e, como tal, vê sua música como entretenimento” e o selo então “sente fortemente que eles não pertencem mais às lojas de varejo cristãs”. Depois de receber a carta, muitas estações de rádio cristãs retiraram músicas de Fallen de sua programação.
Comentários de Amy Lee após o sucesso de Fallen

Pouco tempo depois, em entrevista ao VH1, a vocalista Amy Lee teve a oportunidade de comentar a polêmica e reconheceu que as palavras de Ben Moody foram fortes. Na sequência, ela negou que a banda tenha, em qualquer momento, tentado se vender como um grupo cristão. “Certamente não. Outros membros da banda fizeram. Sempre tivemos nossas próprias crenças.”

“Não acho que duas pessoas na banda pensem a mesma coisa. No passado, outros membros da banda, que não vou nomear, ultrapassaram seus limites de representar a banda e falar sobre suas crenças pessoais e isso foi jogado nas crenças da banda. Não é disso que se trata esta banda. Não quero alienar ninguém. Se você consegue uma mensagem cristã de nossa música, legal, isso funciona para você. Estamos apenas tentando escrever sobre nossas vidas.”

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