domingo, 10 de setembro de 2023
AS MÁGOAS DE TARJA POR TUOMAS NAS MÚSICAS DE SUA CARREIRA SOLOS
Pois então, há pouco mais de 15 anos, Tarja foi demitida da banda e a incógnita ficou em relação ao que ela faria de sua carreira. Iria se tornar uma cantora lírica? Iria integrar outra banda? Iria se focar em sua carreira solo dentro do metal?
Ela optou pela terceira escolha.
Mas e como ela levaria esta sua carreira? Ela nunca havia composto uma melodia que fosse para o Nightwish até aquele momento. Os anos passaram e Tarja obteve um feito que poucos conseguiram no metal que é ter uma carreira solo que a sustentasse e até pagasse mais do que ela recebia quando integrava a banda. Até o momento ela possui cinco discos de metal, dois natalinos e um de ópera. Grande produtividade em tão poucos anos.
Apesar de no início haverem aquelas rixinhas de uns apoiando a banda e outros apoiando a cantora, a verdade é que a imensa maioria dos fãs gostam de ambos. Eu não acompanho tanto Tarja como faço com o Nightwish e acho o primeiro disco dela bem fraco, mas gosto dos seguintes e acho Colours in the Dark [2013] o seu melhor trabalho.
Falando brevemente sobre como a cantora lidou com a situação com o passar dos anos, posso dizer que me surpreendi positivamente. Logo após sua saída, em seu primeiro disco (de heavy metal) lançado, pude notar algumas diferenças grandes de postura da finlandesa. Ela deixou um pouco aquele lado meio “sisudo” que ela demonstrava na banda e passou a agir de maneira muito mais afável tanto com os fãs quanto com os músicos que trabalham com ela e com os produtores de shows. Obviamente, Tarja está muito mais feliz com sua carreira solo. Ao que parece, o ambiente pesado e ruim de isolamento que sentia na banda a deixava mal e não muito contente de lidar com o mundo da música como um todo.
Atualmente, Tarja é considerada uma das cantoras mais simpáticas do metal. Nunca isso era dito nos tempos em que estava na banda. Todo mundo ressalta o quão aberta ela é nas entrevistas, no atendimento aos fãs e mesmo em seus projetos. O clipe de “Railroads” ela montou com imagens de centenas de fãs de todas as partes do mundo cantando ou tocando a música. A meu ver, uma ideia fenomenal.
Mesmo nos shows, ela não renega seu passado com a banda. Ela sempre toca pelo menos uma ou duas músicas do Nightwish para os fãs irem ao delírio. Várias vezes ela escolheu músicas que estão esquecidas há muito tempo ou que mesmo nunca foram tocadas pela banda. Sem contar que ela também dança no palco, faz piadas, brincadeiras, está sempre sorrindo. Enfim, uma artista que faz um show que não há pagante que não saia ainda mais fã da cantora por onde ela passa.
Agora, uma das coisas que mais me impressionou foi que ao longo de seus discos, Tarja começou a soltar umas alfinetadas a Tuomas em suas músicas. Com a influência do próprio tecladista, a finlandesa percebe que falar um tanto mais de si e do que ela viveu são ideias muito boas para se transformarem em música. Ela não fez muitas músicas falando de Tuomas, mas na maioria dos álbuns há sim pelo menos uma ou duas faixas com algumas alfinetadas e deboches em relação a sua vida na banda e sua demissão. Segue então aquilo que eu interpreto como músicas de Tarja falando sobre Tuomas ou coisas relacionadas à banda.
I Walk Alone: está claro que é um recado a Tuomas e a banda que ela seguirá em frente. Uma resposta clara a sua demissão. Nos primeiros versos em que ela coloca “I left a thorn under your bed” seria como se fosse uma espécie de “vingança” ao demonstrar que mesmo que a dispensassem, ela ainda é parte importante da história da banda que nunca se apagará.
Boy and the Ghost: no disco My Winter Storm [2007], Tarja criou também alguns personagens e entre eles está o “Dead Boy” que sabemos que representa Tuomas. Há uma pequena estrofe no disco que faz referência a “Sacrament of Wilderness” do Oceanborn [1998]. E nessa parte, Tarja sentiu-se traída por terem descumprido o “juramento” que eles fizeram nesta música que podemos interpretar que todos os membros fariam do Nightwish uma banda grande (lembrando que a ideia da banda surgiu em um acampamento). A finlandesa aqui relembra o “Dead Boy” do “juramento que fizeram”.
Dark Star: essa música é cheia de veneno. Tarja se refere a Tuomas como uma “estrela negra”, o sujeito que se acha o tal, que se considera o grande líder mas que na verdade é somente um escravo do show business. Também o chama de vazio e insistindo em um amor que nunca terá por parte dela.
Never Enough: interpreto que Tarja aqui questiona que ela deu tudo de si para a banda e Tuomas nunca estava satisfeito com suas performances. E isso de fato ocorreu, principalmente na época de Oceanborn. No próprio livro do Nightwish eles mencionam que eles levaram Tarja ao limite para gravar seus vocais em que chegou um momento em que ela caía em choro por nunca estarem bons. Tanto é que Tarja nunca conseguiu repetir certas performances vocais do álbum nos shows.
Diva: aqui ela tira um sarro da situação quando na carta de demissão a chamaram de diva. Na letra, ela ri da situação, deixa as coisas para lá, dá umas alfinetadas que ela é a “diva” e dá a entender que a verdadeira “diva” da banda é o próprio Tuomas. Exemplos são uma passagem de diálogos perguntando sobre dinheiro, que sem bebida não tem show, que nunca tem certeza de nada, etc. Nos shows, ela também tira um barato colocando uma coroa como uma “diva”. O instrumental meio circense também tira sarro do ambiente interno da banda que se resumia a piadas bestas e bebedeiras. Um verdadeiro “circo”.
No último disco In the Raw [2019], não identifiquei mais nenhuma referência a Tuomas e ao Nightwish. Até acho bom ou seriam provocações baratas já que a banda nunca mais se pronunciou sobre Tarja. As respostas e alfinetadas ficaram no “ponto certo”. Mais do que isso já seria um exagero a meu ver.
Finalizo esta série de artigos sobre Tarja e o Nightwish com esse bônus. O Nightwish sofreu o recente revés com a saída de Marco Hietala. Espero que a banda encontre um novo baixista/vocalista para que entrem nos eixos e torço para que Marco passe bem nos seus projetos futuros. Já em relação a Tarja, ela vai muito bem na sua carreira solo e aproveitou o ano passado para interagir mais com seus fãs através de lives e postagens.
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