De acordo com o dicionário, legado, do ponto de vista jurídico é a “disposição de última vontade pela qual o testador deixa a alguém um valor fixado ou uma ou mais coisas determinadas”. Já por analogia, um legado é um ente querido, bem ou missão confiada a alguém por pessoa que está a ponto de morrer. Assim, nos referimos ao legado como algo – qualquer coisa – que uma pessoa deixa para trás para ser lembrada. Uma marca no futuro, uma contribuição para as próximas gerações. Na última semana, os amantes do bom e velho rock and roll experimentaram um pouco do que se pode chamar de legado, quando da passagem final pelo território brasileiro, do KISS para a realização de 4 shows pertencentes a End of the Road Tour, também conhecida como a despedida do KISS. Esta foi a sétima vez em que a banda pisou em solo brasileiro e desde a sua primeira vinda nos longínquos anos de 1983, o povo brasileiro tem uma forte ligação com a banda. Ao todo foram 20 apresentações em solo brasileiro.
Voltando a falar sobre legado, o que se pode dizer sobre este evento que é um show do KISS? Muitos fãs, conseguiram até estar presentes em todas as vezes que a banda por aqui passou, outros, como esta redatora que vos escreve, teve a felicidade de ir a, pelo menos, um show da banda, no meu caso, há quase 10 anos, em novembro de 2012, quando da última passagem do KISS pelo Rio de Janeiro. Mesmo após tanto tempo, pra mim que sou da geração de 1983, ou seja, quase 40 anos dedicados à banda, vê-los ao vivo foi uma das experiências mais marcantes da vida e não só pelo show em si, mas pela grande quantidade de amigos que fiz por causa da banda, durante este tempo. E esse é o sentido do legado, pois a banda se vai, após cumprir o seu papel de forma tão contundente e deixa para trás uma profusão de sentimentos quase eternos nos corações dos fãs. Abaixo vamos conferir algumas das declarações dos fãs não só sobre a despedida em si, mas do legado do KISS, da importância que a banda deixa em seus corações.
A fã Elaine Kist Rezzadori expressou-se assim:
“Falar do KISS é falar da minha vida... Conheci eles com 11 para 12 anos, e confesso que a primeira vez que vi não gostei, mas não conseguia parar de ouvir, aí descobrir que era amor!!!!! Sim... amor... eu enlouqueci meus pais e amigos, arrumei muita briga na escola, minha mãe dizia ‘vai passar’ - hoje viu que não tem cura. End of the road tour foi meu quarto show ao vivo, o primeiro foi Physcho Circus em 1999. A emoção de um show ao vivo é indescritível, é tipo a maior emoção da terra. Enfim, levo o KISS no meu coração e na minha vida!!!! Sou fã Forever!!!!!”
Já o fã Ricardo Lorippe, que completa 57 anos em julho, se declara Kissmaníaco desde 1980, quando tinha apenas 15 anos. Ele diz:“Meu primeiro LP foi Dinasty, o primeiro show foi em 1983, no Morumbi, São Paulo/ SP. Também fui nos shows de 1994, 1999, 2012, 2015 e 2022. Com muita alegria, desde 2012 tenho a companhia do meu filho nos shows, onde curtimos bastante, porém a turnê de despedida End of the Road World Tour, foi especial pois tinha muita emoção envolvida, nosso objetivo era fica na grade, não foi possível mas ficamos próximos dela. Em relação a nossa sensação, posso tentar explicar que foi uma mistura de alegria, tristeza e gratidão por estar ali com meu filho vendo nossa banda favorita, estamos em êxtase até agora e vamos guardar para a eternidade os momentos que passamos juntos naquele show. Foi surreal!!! KISS Forever”.
Sobre este último show, o fã Dênis Mussato, que assistiu os shows em Porto Alegre, Curitiba e Ribeirão Preto, foi incisivo ao dizer: “Eu vou falar a minha opinião sobre esse show da End of The Road… Foi abusivo… Não precisavam caprichar tanto… Rs”.
Diogo Franco, que é guitarrista da banda Cherrylipz disse:“Comecei a ouvir KISS aos 8 anos de idade, em 1989, graças ao disco Creatures of the.night... O impacto disso em minha vida não pode ser descrito com palavras. Tudo ali era absurdamente agressivo pra mim, desde o visual chocante, àquele som de bateria avassalador, especialmente “I Love It Loud” e a faixa título. Tive vontade de ‘caçar’ os outros materiais da banda, acompanhando a partir de então. Meu álbum favorito é uma surpresa até mesmo entre os fãs, mas Asylum é algo que beira o sublime de tão agradável. A despedida dos caras (mais uma) me dói mesmo sabendo que talvez nem encerrem de fato. Segundo minha saudosa mãe, o significado de religião é religar a Deus. Por essa razão, eu desde a época acredito muito no seguinte: KISS não é uma banda, e sim uma religião, por isso não se discute. E aos meus filhos, digo que quando crescerem e tiverem idade para escolher sua religião, poderão escolher se preferem KISS com máscara ou sem máscara.”