segunda-feira, 3 de julho de 2023

BURNING WITCHES – A LITTLE DESTRUCTION AMONG FRIENDS

 




This is one of those interviews that was held up due to the band in question having an engagement far more important than yet another press monkey asking a predictable slew of questions. Gearing up for the May 2023 release of their new album, The Dark Tower, Swiss metalheads Burning Witches took time out from the promo junket to take part in the Monsters Of Rock Cruise 2023. The six-day cruise offered Burning Witches the chance to not only perform to an international audience in close quarters, but also for many of their peers. With some unexpected results...

"The Monsters Of Rock Cruise was very cool with great people," says founding drummer Lala Frischknecht. "They treated us very well, and it was the first time we had this type of long cruise, going to the Dominican Republic and Haiti. We had shows, tutorials, interviews, everybody got sunburned... it was great (laughs). We played on opening day, and we closed the cruise. We had a great time."



"We actually had some help from Queensrÿche, because they were at our first show. They said it was sad that we were playing the small stage because the sound wasn't very good. So, they let us borrow their mixer and their lighting guy for our second show. They are friends of Courtney (Cox / The Iron Maidens guitarist - standing in for Larissa Ersnt, who is on maternity leave) and just let us have their guys for free; we were so shocked and so grateful. The whole experience was just unbelievable because we are sort of a new band, and we had all these bigger bands - like the guys from Queensrÿche and Winger - watching us. It gave us a huge rush of energy."

KK’S PRIEST: SINGLE “ONE MORE SHOT AT GLORY” ANUNCIA SEGUNDO ÁLBUM PARA SETEMBRO








A nova banda do ex-guitarrista do Judas Priest, KK Downing, o KK’S Priest, lançará seu segundo álbum de estúdio, intitulado The Sinner Rides Again, em 29 de setembro pela Napalm Records, império austríaco de rock e metal. Com The Sinner Rides Again, a fusão poderosa do heavy metal dos icônicos ex-alunos do Judas Priest, Downing e Tim “Ripper” Owens (vocal), juntamente com o guitarrista AJ Mills (Hostile), o baixista Tony Newton (Voodoo Six) e o baterista Sean Elg (Deathriders, Cage), dobram a força melódica de sua estreia, que a Metal Hammer UK chamou de “extremamente agradável” e a Metal Injection citando como ostentando “ganchos cativantes e muita magia da guitarra”. The Sinner Rides Again possui nove faixas de puro fogo do inferno, produzidas e escritas por Downing e mixadas/ masterizadas por Jacob Hansen.


Os fãs podem experimentar um gostinho de The Sinner Rides Again através do primeiro single “One More Shot At Glory”, lançado junto com o anúncio do novo álbum, cujo video clipe oficial, intenso e de alta qualidade, você assiste mais abaixo. A faixa evoca uma batalha de alto risco com cantos heróicos e contrabaixo, preparando o palco para um solo de guitarra arrepiante. Downing diz sobre The Sinner Rides Again:"Para continuar o legado do rock e metal tradicional do qual tive a sorte de fazer parte por mais de 50 anos, este último álbum, ' The Sinner Rides Again' , foi criado para levar o ouvinte a uma viagem ao mesmo tempo real e fictícia com seus personagens, embora às vezes ambíguo. Essas músicas permitem que a imaginação de todos os fãs desse maravilhoso gênero musical escape da realidade e se junte a nós para continuar nossa experiência de heavy metal no futuro."


Sebastian Münch, A&R sênior da Napalm Records, acrescenta:

" KK Downing criou, com o segundo álbum 'The Sinner Rides Again' , uma obra-prima absolutamente brilhante do heavy metal - uma, acredito, que resistirá ao teste do tempo e será ouvido por fãs de metal ao redor do mundo por muitos e muitos anos. KK Downing é um gênio e os vocais de Tim 'Ripper' Owens são simplesmente hipnotizantes! A Napalm Records está absolutamente orgulhosa de ajudar a continuar a construir esse legado."

domingo, 2 de julho de 2023

MOURNFUL CONGREGATION – THE EXUVIAE OF GODS – PART II




We gave Mournful Congregation's The Exuviae Of Gods – Part I EP a glowing 8/10 review back in August, and now the Australian funeral doom party-ruiners are back with its follow-up, three more songs of unbearably and unbelievably heavy doom.

I mean, check out stunning opener “Heads Bowed” for a look at how regal and stately doom can also be mind-numbingly heavy (the song is a re-recorded version of an old demo tune, proving this band knew what they were doing from an early age). It's a 12:25 opener that drips and oozes great, mournful melodies but never sacrifices heaviness, just like how the old masters did. It's an amazing, masterful journey of a song, and so is “The Forbidden Abysm”, which hits a bit leaner and meaner at 8:47, and has a glorious guitar solo tucked away under all the doom, to boot.

Huge, 18:39 closer “The Paling Crest” starts acoustic and wistful, first-album Cathedral vibes heavy, and when everything comes crashing in, man, this could move mountains; when they bring it down again during this huge song, they create a very moving, delicate sound. When this climaxes and slogs through its conclusion, wow, this is cinematic, this is massive, this is powerful. Also: this is songwritin

VADER ANNOUNCE 40 YEARS OF THE APOCALYPSE ANNIVERSARY TOUR FOR LATIN AMERICA; DATES CONFIRMED FOR NOVEMBER 2023

Polish death metal legends Vader - fresh from their successful An Act Of Darkness tours in Far East, Australia and New Zealand - have announced 40 Years Of The Apocalypse - Anniversary Tour 2023 for Latin America. They will visit 10 countries in two weeks. Venues to be announced soon



Discografias Comentadas: Destruction Parte II









Já nos anos 2000 e animados com a ótima recepção de All Hell Breaks Loose [2000], o Destruction agora entra em uma fase quase industrial de lançar vários discos com poucos anos entre eles (em média de 1 a 3 anos) seguidas de turnês para promovê-los. Schmier volta a assumir a liderança principal em termos de composições, com eventuais colaborações de Sifringer e dos outros vários integrantes (principalmente bateristas) que passaram pela banda em todos esses anos. E já nessa virada de milênio eles soltam um álbum que seria um dos mais elogiados da sua discografia!

The Antichrist [2001]

Com a produção e participação de Peter Tatgren (do Hypocrisy), o Destruction não só voltou à sua melhor forma como lançou esse petardo que conseguiu uma rara façanha na música: ser considerado por muitos fãs o melhor de sua discografia isso sendo o sétimo disco de estúdio e sem exatamente estar em sua “formação clássica”. Com temáticas heréticas (como o próprio nome do álbum sugere), a banda mete o pé no acelerador e produz faixas pesadas, velozes e furiosas tais como “Thrash till Death” e “Nailed to the Cross” e algumas mais cadenciadas mas tão boas quanto como “Meet your Destiny”. Embora até um tempo atrás eu ainda gostasse mais de D.E.V.O.L.U.T.I.O.N. [2008], este disco galgou algumas posições em minhas preferências pessoais sendo agora meu segundo favorito (com o de 2008 caindo para um quarto lugar). Não dá para negar que Mike Sifringer reuniu seus melhores riffs de guitarra para juntá-los todos neste álbum. Todo mundo que curte thrash ama as guitarras deste álbum. E com toda razão. Excelente e memorável, ouça este disco e curta todo o seu peso. Curiosamente, ele saiu apenas duas semanas antes dos ataques aos Estados Unidos de 11 de setembro. Embora o cristianismo seja o alvo principal, dá de se considerar que todas as religiões em si receberam críticas fortes nas letras aqui. Parece até que estavam prevendo o ataque.

Após o término das gravações. o baterista Sven Vormann anuncia a sua saída da banda. Ele publicou uma nota dizendo que a vida na estrada em volta de longas turnês não era para ele e que saiu do Destruction amigavelmente. Sem perder muito tempo, a banda chama Marc Reign para as baquetas.

Metal Discharge [2003]

Sempre difícil para o álbum seguinte se destacar após um grande clássico ter sido lançado. Metal Discharge cai nesta categoria. Apesar de eu considerá-lo um bom disco, nota-se claramente uma queda em termos de arranjos, riffs e criatividade. Há muitas coisas boas por aqui, canções como “The Ravenous Beast” e “Desecrators (of the New Age)” são muito boas, mas há outras que considero pobres ou repetitivas tais como “Mortal Remains” e “Vendetta”. A primeira parece que foi produzida por uma banda nanica noventista com poucos recursos (a produção inteira do disco sofre, mas aqui foi pior) e a segunda tem uma cara de filler descartado dos primeiros discos. Sifringer parecia preguiçoso e não inspirado quando criou ou tocou os riffs dessas músicas. Ainda que com defeitos, o disco me agrada por ser um thrash interessante e que me anima a ouvir se considerarmos o disco por inteiro. O próprio trio decidiu se autoproduzir, o que não foi a melhor das ideias. Melhorariam nos álbuns seguintes, mas por aqui ainda estavam crus. Prefira outros álbuns já citados nesses meus textos para conhecer a banda e ouça esse aqui depois de conhecer os principais.

Inventor of Evil [2005]

Mantendo a formação anterior e sem inventar muito, este disco soa como o anterior mas muito melhor trabalhado. As faixas são mais fortes, os riffs e solos melhores e o baterista Marc mandando ver com velocidade e viradas alucinantes. Não há surpresas aqui (exceto talvez uma extensa lista de convidados famosos fazendo backing vocals em “The Alliance of Hellhoundz”), você terá um ótimo disco thrash para curtir e banguear bastante. É como aquele restaurante de sua confiança quase sempre com as mesmas receitas mas que você bate lá com frequência atrás de uma comida de boa qualidade a um preço em conta. As faixas de destaque para mim são a já citada “The Alliance of Hellhoundz”, o peso de “The Chosen Ones”, os ótimos riffs de “Under Surveillance” e de Schmier se esgoelando nos refrãos de “Twist of Fate”.

Thrash Anthems [2007]

Não costumo olhar com bons olhos estes esquemas de regravar material antigo ou de novas versões de clássicos, mas aqui eu dou o braço a torcer. Nada de incrível, mas curti as boas versões mais modernizadas de velhas faixas conhecidas dos fãs do Destruction. O foco foi regravar as suas melhores músicas dos discos oitentistas da banda junto a mais duas inéditas que são “Profanity” e “Deposition (Your Heads will Roll)”. As canções do primeiro disco Infernal Overkill [1985] foram as que ganharam mais com a produção nova. “Invincible Force” por exemplo ganhou nova vida. “Curse the Gods” do segundo álbum ficou muito melhor que a original em minha opinião. Várias outras melhoraram, embora algumas como “Sign of Fear” ainda gosto mais da crueza da original. É digamos que um “best of” para aqueles fãs que compram tudo de uma determinada banda que amam e que, se você amar o Destruction, vale a pena. Do contrário, vale como uma ótima curiosidade.

D.E.V.O.L.U.T.I.O.N [2008]

Este sim é um dos meus discos favoritos desta década dos alemães. Depois de um bom tempo, finalmente senti que a banda tentou ousar mais em seu thrash e o fez corretamente! Peso e velocidade são muito legais, mas as vezes um riff mais cadenciado e lento aqui, uma harmonia fora do comum acolá caem bem aos ouvidos. Você percebe guitarras e baixos tocando de forma diferenciada e se destacando (principalmente este último) e a banda também pegando algumas influências mais extremas do death e do black metal de forma mais clara. O disco inteiro é muito bom, mas as cinco primeiras faixas fazem parte dos melhores momentos em toda a discografia do Destruction. Eu recomendo muito que ouça este álbum que demonstra que os velhos thrashers ainda tem muitas ideias para canções pesadas e lenha para queimar!

Infelizmente, em 2010 logo após a gravação do DVD A Savage Symphony – The History of Annihilation [2010], o melhor baterista que a banda já teve, Marc Reign, os deixou alegando que o stress e o excesso de trabalho prejudicaram as relações pessoais e profissionais junto a Schmier e Sifringer. Empilhando discos um atrás do outro junto a turnês mundiais, era de se esperar. Os caras nesta década de 2000 tocaram em tudo o que foi canto e praticamente viveram na estrada quase sem descanso.

A banda chamou então o polonês Wawrzyniec Dramowicz, ou Vaaver para os íntimos. Mal sentou no banco e, como de costume, veio disco novo já no ano seguinte à sua entrada.

Day of Reckoning [2011]

Diferente do anterior, aqui temos o Destruction sendo aquele Destruction padrão como no disco Metal Discharge [2003]. Ótimos riffs, ótimos vocais de Schmier, mas infelizmente sem o carisma e as boas composições presentes em álbuns anteriores. Nenhuma novidade, nenhuma ousadia, nada. É um disco bem feito como bons álbuns do Destruction normalmente são, mas sem qualquer destaque na discografia dos alemães. Somente “Devil’s Advocate” me agradou um pouco mais e achei o cover para “Stand up and Shout” do Dio bem sem graça. É um disco que acaba entrando por um ouvido e saindo pelo outro sem deixar muitas lembranças. Tem muitos outros melhores que você pode ouvir antes de tentar este.

E chegamos ao final da segunda parte da discografia do Destruction. Restam ainda cinco álbuns aos quais irei comentar em cerca de 20 dias. Até lá!

DIO: ANUNCIADA A DATA DE LANÇAMENTO DO DOCUMENTÁRIO “DIO: DREAMERS NEVER DIE












Ronnie James Dio foi uma das figuras mais importantes do heavy metal. Tendo sido a voz de Rainbow, de Elf, de Black Sabbath e de seus projetos solos, acumulou uma série de trabalhos inesquecíveis e até hoje celebrados em todo o mundo.


Um novo documentário intitulado “Dio: Dreamers Never Die” foi anunciado com o lançamento previsto para o dia 29 de setembro, via Mercury Studios. O próprio irá abranger a história de vida e de carreira de Dio, sendo lançado em DVD e Blu-Ray, e também contará com 20 minutos de imagens exclusivas adicionais em todas as versões da obra.

O documentário oferece uma visão íntima da vida de Dio e de suas relações próximas com pessoas como Wendy Dio, Tony Iommi, Geezer Butler, Glenn Hughes, Vinny Appice, Lita Ford, Rob Halford, Sebastian Bach, Eddie Trunk, Jack Black, dentre outros.

“Dio: Dreamers Never Die” foi originalmente estreado durante o 2022 SXSW Film Festival. Exibido com a presença da viúva e empresária do vocalista, Wendy Dio, que atuou como diretora executiva do filme e afirmou ter uma ideia específica ao montar o documentário.

Maravilhas do Mundo Prog: Uriah Heep – Salisbury [1971]





Maravilhas do Mundo Prog: Uriah Heep – Salisbury [1971]





Formado em 1969, o Uriah Heep notabilizou-se no início da década de 70, mais precisamente em 1972, com os álbuns The Magician’s Birthday e Demons and Wizards, os quais apresentaram uma sonoridade fortemente calcada no órgão Hammond e no peso das guitarras, e com letras falando sobre magia e misticismo que acabaram inclusive erroneamente fazendo com que alguns setores da imprensa classifica-se o grupo com uma certa ligação ao satanismo.

No final da década de 70, o grupo sofreu uma grande transformação musical, que afetou bastante o som do grupo, peregrinando pelo pop, o AOR e até mesmo o Metal mais pesado que dominou o início da década de 80. Com a entrada do vocalista Bernie Shaw em 1988, o Uriah finalmente construiu uma nova face, a qual vem carregando até os dias de hoje, voltada para um hard rock não tão pesado quanto na década de 70, mas sim um som bem trabalhado e capaz de agradar tanto aos velhos quanto aos novos fãs.

Porém, antes do sucesso, o grupo peregrinou por outras áreas sonoras. em seus três primeiros álbuns, o grupo apresentou desde o mais tradicional blues (“Lucy Blues”, de … Very ‘Eavy … Very ‘Umble, o primeiro disco, de 1970), passando pelo folk (“Lady in Black”, de Salisbury, lançado em 1971) até psicodelia lunática de Londres (“Shadows of Grief” , de Look at Yourself, lançado em 1971), e foi exatamente no meio dessa mutação musical que o grupo passava que acabou rolando um pequeno flerte com o progressivo, concebendo uma Maravilhosa cria chamada “Salisbury”.
The Stalkers: Dave Garrick, Mick Box, Rog Penlington, Richard Herd e Alf Raynor

As origens do grupo vem ainda em 1967, quando o jovem guitarrista Mick Box passa a integrar o grupo beat The Stalkers. Acompanhado por Roger Penlington (bateria), Richard Herld (baixo), Alf Raynor (guitarras) e o primo de Penlington, David Garrick (vocais). A dupla Garrick e Box rapidamente começou a compor canções e vislumbrar um futuro melhor longe do The Stalkers, e então, em 1968, ambos abandonam Penlington para formar o Spice. Com o nascimento do Spice, David resolve adotar um pseudônimo, Byron, e a partir de então, passa a ser reconhecido como David Byron, um dos maiores vocalistas das história, e que completaria 76 anos no próximo dia 29.


Spice: Mick Box, Alex Napier, Paul Newton e David Byron

Completam o Spice Alex Napier (bateria) e Paul Newton (baixo). O som do grupo era muito pesado para sua época, destacando principalmente o brilhantismo das composições. O grupo fez uma série de apresentações que chamaram a atenção do empresário Gerry Bron, o qual satisfeito com a sonoridade dos garotos, levou-os a assinar um contrato com a recém formada Vertigo. O inesperado contrato possibilitou ao quarteto fazer uma série de gravações no Lansdowne Studios de Londres, já no final de 1969 e com um novo baterista, Nigel Pegrum.

Foi lá que, ao ler o livro David Copperfield, de Charles Dicken, o Spice mudou para Uriah Heep, uma homenagem aos cem anos da morte do autor britânico.

O quarteto produziu uma série de canções, até que Box decidiu que a entrada do Hammond poderia incrementar ainda mais o som deles, na linha do que o Vanilla Fudge estava fazendo nos Estados Unidos com o álbum Renaissance (1968). O primeiro músico a ocupar o posto de tecladista do Uriah foi Colin Wood, seguido pelo ex-colega de Newton no The Gods, Ken Hensley. Hensley também era um guitarrista de mão cheia, tocando slide como poucos, e seu casamento com as composições de Byron e Box foi imediata, e logo em seguida, partem para a conclusão do álbum.
… Very ‘Eavy, Very ‘Umble … (original à esquerda, americano à direita)

Porém, Napier acabou sendo substituído por Nigel Olsson, baterista do grupo de Elton John, que então foi responsável por finalizar o disco. A estreia da banda ocorre em 1970, com … Very ‘Eavy, … Very ‘Umble, um disco bastante pesado e inovador, que gerou o primeiro clássico para os britânicos, “Gypsy”, faixa que já abre o LP com uma potência descomunal. O lançamento americano trouxe uma capa bastante diferente, assim como uma pequena modificação no set list, com a entrada de “Bird of Prey” no lugar de “Lucy Blues”.

A imprensa caiu em cima, criticando bastante o som dos jovens músicos, inclusive com a famosa citação da Rolling Stone americana, afirmando que cometeria suicídio caso a banda fizesse sucesso. Porém, a boa sequência de apresentações continuava. Uma mudança na formação ocorreu, com a entrada de Keith Baker no lugar de Olsson, que voltou para o grupo de Elton John (sendo inclusive o responsável pelas baquetas no clássico Goodbye Yellow Brick Road, de 1973). A nova formação então, entre outubro e dezembro de 1970, gravam o ambicioso segundo álbum, Salisbury.
Ken Hensley, David Byron, Paul Newton, Mick Box e Keith Baker

Lançado em janeiro de 1971 (e em fevereiro do mesmo ano nos Estados Unidos), Salisbury destacou-se por conta da incrível evolução que o grupo tinha na parte das composições, méritos principalmente de Ken Hensley. Também é importante ressaltar que assim como a estreia, a capa do lançamento americano, assim como o set list, são diferentes em relação ao lançamento britânico.

O álbum na sua versão britânica abre com a pancada “Bird of Prey”, com os vocais de David Byron revelando-se agressivos, complementados ainda por vocalizações agudas que tornaram-se uma das marcas registradas da carreira do Uriah. A balada psicodelia “The Park” possui um lindo momento jazzísitico, do qual o solo de Hammond é o que mais fascina os ouvidos. Em “Time to Live”, temos uma canção mais pesada, com Box exibindo-se com o wah-wah, e o lado A encerra-se com a clássica “Lady in Black”, animadíssima faixa acústica cantada por Ken Hensley, que facilmente tornou-se um hino na carreira do quinteto.
Contra-capa da versão original inglesa de Salisbury

O lado B abre com a veloz “High Priestess”, onde o que brilha são as guitarras gêmeas da dupla Box / Hensley, além do último fazer misérias com o slide. E eis que chegamos na Maravilhosa suíte que dá nome ao álbum. Logo de cara, a imponência dos metais da orquestra assombram o recinto, acompanhados pelo Hammond de Hensley. Um breve tema no oboé marca a entrada das vocalizações, enquanto os metais simulam uma espécie de riff. Outro breve tema, agora executado apenas pelas trompas, é seguido por um longo acorde de Hammond, que estoura em um tema feito ao mesmo tempo pelos metais e Hammond, em um arranjo encantador.

A entrada da bateria marca o surgimento do primeiro riff de “Salisbury”, com os metais e o Hammond sendo o centro das atenções. Enquanto o andamento quase marcial da bateria conduz as intervenções dos metais e as passagens do órgão, a guitarra passa a solar timidamente, e assim, constrói-se a base que irá acompanhar a voz de Byron.
Lord David Byron

O vocalista transborda emoção em sua interpretação, e o arranjo da orquestra é arrepiante. Baixo, órgão e bateria fazem intervenções pontuais a cada frase cantada por Byron, assim como instrumentos distintos como flauta, oboé e trompete fazem pequenas intervenções durante a segunda estrofe vocal, que é encerrada por uma série de escalas feitas por guitarras e metais.



Dela, nasce uma longa sequência instrumental, que começa com um veloz duelo de guitarra e órgão, enquanto baixo e bateria acompanham galopeando pelas caixas de som, e com diversas interferências da orquestra. O andamento jazzístico de Newton e Baker apresentam o gigante solo de Hammond, no qual Hensley abusa de notas velozes enquanto a orquestra circunda seu instrumento com passagens sombrias e enigmáticas. Ao mesmo tempo, vale destacar a performance precisa das escalas de Newton. Um crescendo arrepiante é realizado pela orquestra, causando uma explosão sonora digna das grandes orquestras dos tempos áureos das Big-Bands, encerrando esse trecho instrumental com mais uma série de notas repetidas por metais e guitarra.
O Mago Ken Hensley

“Salisbury” modifica-se abruptamente com a entrada do Hammond, o novo condutor da canção, que puxa um novo riff, o qual é repetido pelo baixo. A orquestra faz viajantes passagens, trazendo a guitarra de Box com notas tímidas e breves, tocadas com a presença do wah-wah. É aqui que começa a preparação para o show particular de Box.
Mick Box

Antes, Byron retorna para soltar a voz, intercalado pela presença de fagote, oboé e dos metais, sempre com o andamento cavalgante do baixo e bateria, que resgatam parte dos riffs apresentados na introdução. A angústia e curiosidade gerada pela suíte aumentam enquanto Byron solta sua voz, e é incrível novamente a genialidade do arranjo, com a flauta surgindo entre as frases de Byron inesperada e magnificamente.

Eis que Box resolve dar as caras, e impiedosamente pisoteando o wah-wah, sola endiabrado sua Les Paul, em escalas velozes, bends agudos e vibratos que acabaram virando um ponto de referência para quando cita-se as qualidades técnicas de Box. O que ele constrói nessa série de três solos realizados em um andamento de quatro passagens cada um, intercalados por vocalizações e belas passagens orquestrais, é de se fazer comer o chapéu. A personalidade que o menino de apenas vinte e três anos coloca em seu solo, além de uma precisão e feeling raros, não tem comparação, e uma pena que poucos deem valor para o hoje gordinho Box.

Uma série de notas repetidas entre orquestra, guitarra, bateria, baixo e guitarra retorna ao riff inicial, trazendo novamente os vocais de Byron, que repete as primeiras estrofes de “Salisbury” para encerrar essa Maravilhosa suíte com uma série de repetições feitas por órgão, orquestra, baixo e bateria, culminando então com a orquestra sob batidas que aumentam de velocidade até Byron estourar as caixas de som com um grito agudo e dolorido, enquanto a pancadaria pega ao fundo com a orquestra, órgão, bateria e guitarra.
Salisbury na versão americana

Ok que outros grupos já tinham feito a mistura rock/orquestra anteriormente, inclusive gerando belos resultados como “Atom Heart Mother“ e “In Held ‘Twas In I“, ou então álbuns inteiros como Deep Purple (Concerto for Group & Orchestra) ou Yes (Time And a Word), mas nenhum deles fez uma junção tão incrivelmente pesada quanto o Heep.

O Heep seguiu seu caminho, com Iain Clark (ex-Cressida) no lugar de Bajer. Esse novo time lançou Look At Yourself ainda em 1971, e depois, firmando-se com sua formação clássica, com Byron, Box, Hensley, Gary Thain (baixo) e Lee Kerslake (bateria, vocais). Essa formação lançou os principais discos do grupo (Demons and Wizards e The Magician’s Birthday, ambos de 1972, Sweet Freedom, de 1973, e Wonderworld, de 1974, além do essencial Live, de 1973), e colocou o Heep como uma das principais bandas do hard setentista, obrigatória na casa de todos os admiradores de boa música, e que em um passado distante, fez um flerte Maravilhoso e exclusivo com o progressivo.