quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Andre Matos quase foi vocalista do Iron Maiden





Em 1994, o Maestro do Rock foi um dos finalistas de concurso para substituir Bruce Dickinson




Um dos maiores cantores do metal nacional, Andre Matos quase foi escolhido como vocalista do Iron Maiden em 1994. Na época, a banda procurava um substituto para Bruce Dickinson, que saiu da Donzela de Ferro para seguir carreira solo, enquanto nosso Maestro do Rock estava no início da jornada com o Angra.

A saída de Bruce Dickinson do Iron Maiden aconteceu em 1993, logo após o lançamento do aclamado Fear of The Dark (relembre aqui). Com o posto de frontman vago e sem planos de encerrar as atividades, o Maiden iniciou uma busca pelo novo vocalista em uma seleção a nível global, da qual Andre Matos e outros brasileiros participaram, como no caso de Edu Falaschi.

No concurso mundial para a posição, os candidatos deveriam passar por diversas fases, das quais a primeira seria o envio de demos. Ainda na fase embrionária do Angra, o material escolhido para representar o talento de Andre Matos foram dois discos lançados com o VIPER e a primeira demo da nova banda, chamada Reaching Horizons (1993).
As etapas de Andre Matos para entrar no Iron Maiden

O material, é claro, agradou a equipe do Iron Maiden e Andre Matos avançou para a segunda fase. Como lembra a Roadie Metal, os classificados para a etapa seguinte deveriam enviar músicas cantando músicas da própria Donzela, mas Andre não enviou novos materiais para o concurso. “Eu, particularmente, nunca viajei na história de que eu fosse o escolhido, porque o Iron Maiden é uma banda demasiadamente britânica para que escolhessem um brasileiro para cantar, então, já não tinha grandes planos em relação, então, foi natural que escolhessem o Blaze”, explicou o cantor à Rock Bizz.

Mas o fato é que nenhum outro cantor brasileiro ficou tão perto de se tornar o vocalista do Iron Maiden quanto Andre Matos, dono de uma voz completamente adaptada ao heavy metal, presença de palco teatral e técnica clássica admirável. “Eu realmente era o primeiro nome para entrar no Iron Maiden, mas (…) houve uma rejeição em colocar um vocalista latino para integrar o grupo”, explicou o brasileiro em 2014 (via Rolling Stone Brasil).

Apesar de não ter sido escolhido, Andre Matos recebeu o reconhecimento de diversas pessoas ligadas ao Iron Maiden ao longo dos anos, como no caso de Rod Smallwood, empresário da banda. Em 1998, o Angra gravou o álbum Fireworks na Inglaterra e Andre recebeu um convite para assistir ao show do Maiden. “Você foi um dos três finalistas. E você ainda continua cantando muito bem”, contou Rod para o brasileiro. E ele não foi o único a elogiar o talento do Maestro…
Andre Matos “faria melhor” no Iron Maiden, segundo Blaze Bayley

Como sabemos, o Iron Maiden escolheu o britânico Blaze Bayley como substituto de Dickinson na época, uma tarefa árdua diante da missão de honrar um legado muito bem estabelecido e escrever a própria história na banda, ainda mais com um timbre diferente do vocalista anterior.

Anos mais tarde, ao encontrar Andre Matos pessoalmente, Blaze demonstrou toda a admiração que tinha pelo cantor e citou que Andre “deveria ter entrado no Iron Maiden” ao invés dele.

Em entrevista ao canal Heavy Talk, em 2011, Blaze falou sobre isso. “A voz dele é muito mais direcionada ao Iron Maiden do que a minha. Ele poderia cantar as músicas clássicas, como ‘The Trooper’. E talvez coisas do Somewhere In Time, ele provavelmente poderia fazer isso muito melhor do que eu, porque a voz dele é diferente, ele tem um alcance muito alto e minha voz não é tão alta assim”. Veja essa entrevista aqui.
O que o Angra pensava da chance de Andre Matos entrar no Maiden?

Na época do processo seletivo para o almejado cargo de frontman do Iron Maiden, Andre Matos era vocalista do Angra, que lançaria o álbum de estreia Angels Cry justamente naquele ano. Segundo contou Andre ao site Rock Bizz, em 2012, os colegas da então banda se preocuparam em perder o vocalista com a banda recém-formada. “Isso foi um baque para banda, porque havia, segundo eles, a grande chance de eu ser escolhido, o que interromperia completamente os planos da gravação do primeiro disco”, contou.

Para os colegas do Angra, uma eventual saída de Andre Matos da banda ainda iniciante poderia significar o fim do projeto, uma vez que o cantor já era referência no metal da América Latina e tinha uma base de fãs bem estabelecida no Japão.

“O Steve Harris decidiu pelo Blaze Bayley, graças a Deus, graças a Deus! Senão, não sei se existiria o Angra”, comentou Rafael Bittencourt sobre o tema em entrevista ao podcast Ciência Sem Fim. “O que sei é que eles realmente cotaram, consideraram a possibilidade de ser o Andre. [Falaram] ‘Olha, fica de sobreaviso aí, que você é um dos caras’. Mas daí os caras apareceram com o Blaze Bayley, o que eu achei ótimo… Quer dizer, achei uma merda, mas achei ótimo”.

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