Tarja Turunen é a maior vocalista mulher de metal da história. Confira entrevista exclusiva aqui.
Você está vindo ao Brasil com a turnê "Living the Dream - The Hits Tour". Como o nome sugere, os shows se concentrarão em seus maiores sucessos, certo? Podemos esperar músicas de toda a sua carreira solo, bem como de sua época no Nightwish? Acredito que você esteja super animada!
Você está correto. Estou em turnê com meu álbum "Living the Dream - Best Of". Essa turnê continuará até o final de 2024. Estou muito animada em retornar ao Brasil, sentir o amor de vocês e ouvir seus gritos :) Estou pronta!!!
O guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, participou do seu show "Circus Life". Foi uma honra para nós brasileiros! Você poderia compartilhar como foi tê-lo no palco? Como é sua relação com ele?
Conhecemos o Rafael há muito tempo e sempre foi um prazer fazer música com ele. Temos trabalhado juntos em diferentes eventos no passado, sendo o último deles o "Circus Life". O convidei para fazer parte do meu show especial, pois ele não é apenas um músico talentoso, mas também uma pessoa muito legal para passar tempo junto. Considero-o um amigo.
Você tem uma filha linda chamada Naomi. Você é finlandesa e seu marido Marcelo é argentino. Quais características da Naomi você percebe que vêm mais da cultura finlandesa e quais da cultura argentina?
A Naomi é uma bela mistura de nós, seus pais. Eu só espero que ela seja uma versão melhor de nós... Haha. Ela é uma menina muito aberta, destemida e feliz, que fala três idiomas e viajou pelo mundo várias vezes aos 11 anos de idade. Essa vida internacional com pais trabalhando com arte lhe deu liberdade para se expressar e compreensão das diferenças culturais e das pessoas. Da cultura finlandesa e da mãe finlandesa, ela adotou a mentalidade de buscar a perfeição, e da cultura latina, ela tem sua mente aberta e personalidade destemida.
Recentemente, você cantou "The Phantom of the Opera" com Marko Hietala, e isso tocou profundamente muitos fãs que esperavam ansiosamente por esse encontro. Quais foram seus sentimentos naquele momento?
Foi muito emocionante cantar essa música com ele depois de 18 anos. Já tínhamos apresentado a música tantas vezes no passado que agora, após todos esses anos, ainda parecia que estávamos destinados a cantá-la juntos. Foi realmente adorável. Não havia estresse, tensão, apenas felicidade e boas vibrações. Vamos repetir essa experiência em alguns dias na Finlândia em outro show.
Falando de Marko Hietala e do seu tempo no Nightwish, qual música você considera o seu melhor dueto com ele e por quê? Na minha opinião, é "Dead to the World"!
Há muitas músicas que compartilhamos no passado, mas minha favorita será "The Phantom", pois essa música é uma das razões pelas quais sou cantora hoje e por que eu queria aprender tudo sobre canto lírico quando era jovem. Foi realmente especial para mim que tenhamos gravado a música com o Nightwish, já que ela significa muito pessoalmente. O desafio vocal que vem com a música é simplesmente incrível. Eu gosto de me desafiar com ela.
"Outlander" levou bastante tempo para ficar pronto, cerca de 10 anos. Por que levou tanto tempo? E qual é o seu sentimento geral em relação a ele?
Foi um projeto que não tinha um prazo definido. Não estávamos com pressa para criar as músicas com o Torsten, e sempre que eu viajava para Antígua, no Caribe, onde o Torsten mora, trabalhávamos juntos nas músicas. Mas quando a pandemia atingiu o mundo e precisamos ficar em casa e não conseguíamos fazer turnês, decidi terminar o projeto. Escrevi o restante das músicas e suas letras, gravei todos os meus vocais sozinha em casa, na Espanha, entrei em contato com todos os guitarristas e o Torsten finalizou a produção das músicas em Antígua. Foi ótimo usar esse tempo e me inspirar com essas músicas e com os incríveis guitarristas com quem tivemos a oportunidade de trabalhar. Nunca pensei que conseguiria contar com Al Di Meola, Trevor Rabin, Joe Satriani, Mike Oldfield, entre outros músicos incríveis, mas consegui com "Outlander". O projeto é muito diferente de tudo o que fiz em minha carreira, e me deu liberdade para me expressar de forma diferente e sem pressão. Foi um projeto maravilhoso para trabalhar e isso não é o fim. Já estou me preparando para escrever novas músicas para o "Outlander"! Não deixe de conferir nosso álbum de estreia que foi lançado recentemente!
Este ano, comemoramos 25 anos de "Oceanborn", um de seus grandes trabalhos com o Nightwish. Qual é a sua música favorita desse álbum, e qual memória você mais guarda da produção desse disco?
Na verdade, a produção do álbum foi um processo bastante estressante para a banda, inclusive para mim como cantora. Queríamos lançar um álbum incrível, já que no início de nossa carreira nunca imaginamos conseguir um contrato com uma gravadora que acreditasse em nós, mas isso aconteceu felizmente já com nosso álbum de estreia. Essa situação nos colocou muita pressão, já que as expectativas eram altas. Naquela época, eu estava no início dos meus estudos de canto lírico na universidade e ainda não sabia muito bem como projetar minha voz para as músicas desse álbum. Então, me lembro de chorar no estúdio enquanto as gravava e não recebia ajuda nem apoio de nenhum outro membro da banda, na verdade, foi exatamente o oposto. Portanto, não posso dizer que tive um ótimo momento durante a produção do álbum. Talvez a música que eu mais valorize no álbum seja "Swanheart".
Seu primeiro álbum pós-Nightwish foi o excelente "My Winter Storm", que ainda apresenta músicas que você interpreta em seus shows até hoje. Um dos grandes sucessos é "I Walk Alone". Poderia compartilhar como foi o processo de composição dessa música?
Essa música me deu asas como artista. É uma música muito importante que me conecta com o meu público. A música não foi escrita por mim, mas sim por três compositores suecos: Mattias, Anders e Harry. Quando comecei a trabalhar no meu primeiro álbum solo, a gravadora Universal Music me enviou mais de 500 demos de músicas, esperando que eu escolhesse todas as músicas para o meu álbum. Isso não aconteceu, mas encontrei "I Walk Alone" entre todas essas demos e me apaixonei instantaneamente por ela. Alterei apenas um pouco a letra para tornar a música mais pessoal para mim e a gravei. Desde o início de minha carreira solo, foi muito difícil para mim trabalhar com músicas que não são de minha própria autoria, porque preciso sentir uma conexão muito profunda com as músicas. Eu prefiro escrever minhas próprias músicas, mas com "I Walk Alone", a situação foi diferente. Essa música me fez sentir que precisava dela para seguir meus sonhos, e eu estava certa.
Você colaborou com Tony Kakko do Sonata Arctica em "Beauty and the Beast" há muitos anos e cantou com Timo Kotipelto do Stratovarius em "Forever", em apresentações ao vivo. Poderia compartilhar sua opinião sobre essas duas grandes bandas finlandesas?
Estou extremamente orgulhosa desses caras. Fico feliz que ambos ainda estejam ativos na indústria após todos esses anos e estejam indo bem. Conheço ambas as bandas há muito tempo e sempre gostei de sua música e da companhia deles. Eles são como irmãos para mim! Recentemente, fiz uma turnê com o Stratovarius na Europa. A primeira banda de metal que fui ver ao vivo foi o Stratovarius, muitos anos atrás, então fazer turnê com eles me fez sentir que o ciclo estava se fechando. Foi uma experiência incrível.