sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
BANDAS NACIONAIS: ANCESTRAL MALEDICTION
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Iced Earth: com guitarrista preso, baixista e vocalista anunciam suas saídas
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
TRIOXINE NEW SINGLE
A banda TRIOXINE disponibilizou seu novo single Bioterrorism ,com uma pegada destruidora,a faixa estará no Full album da banda ,sem data de lançamento ,Thrash metal viceral e destruidor .confiram abaixo .
ENTREVISTA UGANGA
Boa parte dessas produções do Uganga, sejam projetos de gravação ou circulação (turnês), têm recebido incentivo através de políticas públicas .
POR ALEX MARTINS
1)A BANDA É VETERENA NA CENA METAL, FORMADA EM 1993 EM UBERABA,UM DOS ICONES DO METAL NACIONAL E MUNDIAL? COMO FOI O INICIO DO UGANGA?
MANU JOKER: CARA NOS COMEÇAMOS EM 1993 COMO UM PROJETO PARALELO. AS COISAS FORAM ASSIM ATÉ POR VOLTA DE 97 QUANDO LANÇAMOS NOSSA PRIMEIRA DEMO. NO ANO SEGUINTE SAIU A SEGUNDA, FOMOS TOCAR NO “ULTRASOM” DA MTV E EM 2002 SAIU NOSSO PRIMEIRO FULL “ATITUDE LOTUS”. DESDE ENTÃO JÁ SÃO CINCO ALBUNS DE ESTUDIO, UM AO VIVO GRAVADO NA ALEMANHA, UM DVD, VÁRIAS PARTICIPAÇÕES EM COLETÂNES E QUASE DIAS DEZENAS DE PAÍSES VISITADOS.
2)SERVUS É SEM SOMBRA DE DÚVIDAS, O MAIS BEM SUCEDIDO ÁLBUM DA BANDA ?COMO FOI A PRODUÇÃO DESSE ÁLBUM?
MANU: EU DIRIA QUE ELE TINHA TUDO PARA SER NOSSO TRABALHO MAIS BEM SUCEDIDO SE NÃO FOSSE A PANDEMIA. COM CERTEZA É O QUE OBTEVE AS MELHORES RESENHAS, AS VENDAS TEM SIDO BOAS, PROS PADRÕES DE UMA BANDA DE ROCK PESADO INDEPENDENTE CLARO, MAS É UM ALBUM QUE NÃO PODE SER DEVIDAMENTE TRABALHADO NA ESTRADA COMO FOI COMOS OUTROS. CANCELAMOS A TERCEIRA TOUR NA EUROPA, A PRIMEIRA NA RUSSIA E NOVE DATAS NO BRASIL. MAS TEM SIDO ASSIM PRA TODO MUNDO ENTÃO É SE MANTER FORTE E VOLTAR AOS PALCOS QUANDO FOR O CERTO. MUSICALMENTE EU ACHO NOSSO MELHOR TRABALHO, AO MENOS ATÉ AGORA.
3) COMO A BANDA CONSEGUIU QUE O ÁLBUM SERVUS FOSSE FINANCIADO PELO WACKEN FOUNDATION DA ALEMANHA E PMIC DE UBERLÂNDIA?
MANU: ISSO É MÉRITO DO PESSOAL DA “SOM DO DARMA” QUE FAZ NOSSO EMPRESARIAMENTO. ELES FICAM DE OLHO NESSES EDITAIS E SEMPRE QUE ROLA ALGO A GENTE TENTA. A PEMIC É UMA LEI MUNICIPAL QUE DA SUPORTE A ARTISTAS DOS MAIS VARIADOS SEGMENTOS , SAI O EDITAL A GENTE SE INSCREVE, FAZ TUDO COMO PEDE E BOA. NO CASO DO WACKEN FOI ALGO AINDA MAIS FODA POIS AS BANDAS SÃO ESCOLHIDAS POR UMA CURADORIA QUE TEM NOMES COMO A CANTORA DORO PESCH, É UM LANCE MUITO FODA E UMA PUTS RESPONSA HONRAR ESSA MARCA. ACREDITO QUE MANDAMOS BEM,
4) A BANDA TEM UM SOM ÚNICO, MESMO COM MUDANÇAS DE LINE UP NO DECORRER DOS ANOS, COMO É O PROCESSO DE COMPOSIÇÃO DO UGANGA?
MANU: NA PARTE INSTRUMENTAL TODOS COMPÕE E EU, COMO FAÇO A PRODUÇÃO MUSICAL DA BANDA JÁ FAZ UM TEMPO, FICO ENCARREGADO DE ORGANIZAR TODAS AS IDEIAS. ALGUMAS VEZES COMEÇA COM UMA PESSOA SOZINHA, DUAS, TR~ES OU A BANDA TODA. A ÚNICA REGRA É QUE SÓ ENTRA NO PLAY SE A BANDA TODA DER O OK. POR ISSO É MUITO IMPORTANTE TODOS OPINAREM E A GENTE ATÉ QUE LIDA BEM COM ISSO. NA PARTE LÍRICA 99.5% FICA COMIGO.
5) O UGANGA CANTA EM PORTUGUES ,SOBRE AS LETRAS QUAIS SÃO AS INSPIRAÇÕES DA BANDA NA HORA DE COMPOR AS LETRAS ?
MANU: TUDO O QUE ESTÁ A NOSSA VOLTA, TUDO DE BOM, DE RUIM, TUDO QUE GOSTAMOS E NÃO GOSTAMOS. O LANCE É QUE, DESDE A PRIMEIRA DEMO ATÉ HOJE, A NOSSA ABORDAGEM É POR UM VIÉS MAIS POSITIVISTA. MESMO QUE A MÚSICA SEJA UMA CRÍTICA, COMO É A “ SERVUS” POR EXEMPLO, A ABORDAGEM VAI ALÉM SÓ DA RECLAMAÇÃO GRATUITA OU PROPAGAR VERDADES ABSOLUTAS. É MAIS FALAR DE DÚVIDAS DO QUE DE VERDADES, USANDO A LINGUAGEM DAS RUAS E O NOSSO JEITO DE FALAR NO DIA A DIA.
6) SOBRE O DVD “MANIFESTO CERRADO” COMO FOI A PRODUÇÃO E QUAL É A IMPORTÂNCIA DE CONSEGUIR O FINANCIAMENTO PARA
SE PRODUZIR UM DVD COM ESSA QUALIDADE ?
MANU: TODO SUPORTE FINANCEIRO HONESTO QUE NÃO NOS LIGUE A POLÍTICA OU IDEIAS QUE REPROVAMOS É BEM VINDO. SE NÃO FICAR NA MÃO DOS ARTISTAS ESSA GRANA VOLTA PROS VAGABUNDOS QUE HOJE QUEREM ACABAR COM A CULTURA DO PAÍS. A PRODUÇÃO DO DVD FOI UMA PUTA TRABALHEIRA MAS O RESULTADO FOI TOTALMENTE SATISFATÓRIO. SÃO 2 PRODUTOS NO DVD, UM SHOW COMPLETO NO FORMATO MAIS INTIMISTA QUE FIZEMOS EM 2014 NA “ESTAÇÃO STEVENSON” UM PRÉDIO HISTÓRICO DA DÉCADA DE 20 QUE TEM AQUI NA ZONA RURAL DE ARAGUARI , E UM DOC DE MESMO NOME QUE DÁ UMA BELA GERAL NA NOSSA TRAJETÓRIA ATÉ 2018. AMBOS ESSES VIDEOS ESTÃO DISPONÍVEIS NO NOSSO CANAL DO YOUTUBE.
7)QUAL O SIGNIFICADO DO NOME UGANGA ?
MANU: INICIALMENTE NÃO SIGNIFICAVA NADA, OU SEJA SIGNIFICA E EU AINDA NÃO TINHA PERCEBIDO ( RISOS). NO COMEÇO O N0ME DA BANDA ERA “ GANGA ZUMBA” MAS, DEVIDO A OUTRA PESSOA JÁ TER ESSE REGISTRO, MUDAMOS NA ÉPOCA PARA “UGANGA”. PEGAMOS A MANEIRA QUE OS AMIGOS SE REFERIAM AO “GANGA ZUMBA” ( O GANGA) , MUDAMOS O “O” POR “U” E ASSIM FICOU. PRA GENTE ERA ALGO TIPO KORZUS, KREATOR, UMA PALAVRA SEM SIGNIFICADO QUE REMETE A OUTRA. PORÉM COM O TEMPO A COISA FOI SE REVELANDO E DESCOBRI QUE “UGANGA” SIGNIFICA “FEITIÇARIA” EM SWAHILLI E “GANGA” É O NOME DA DEUSA DO RIO GANGES NA ÍNDIA. IMPOSSÍVEL TER MAIS A VER COM A BANDA ESSES SIGNIFICADOS ( RISOS). MISTÉRIOS DA VIDA...
8) O MUNDO ESTÁ REALMENTE ESTRANHO COM A PANDEMIA? O QUE A BANDA TEM A DIZER SOBRE A REAL SITUAÇÃO QUE VIVEMOS?
MANU: EU ACHO QUE ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO MUITO ATRASADO . SEJA NO BRASIL OU NO MUNDO DE MANEIRA GERAL. É TIPO UMA IDADE MÉDIA COM SELFIE ( RISOS). OS HINDUS DIVIDEM O MUNDO EM IDADES DO OURO, PRATA, BRONZE E FERRO. SEGUNDO ELES ESTAMOS NA IDADE DO FERRO, A ÉPOCA MAIS ATRASADA, ONDE SE DESCE MAIS FUNDO NA DEGRADAÇÃO HUMANA. PARA DEPOIS COMEÇAR A SUBIR, EVOLUIR... ESTAMOS NA CONFLUÊNCIA ENTRE AS IDADES DO FERRO E DO OURO E NOSSO ALBUM “SERVUS” RETRATA ISSO NA CAPA EM ALGUMAS LETRAS TAMBÉM. O BRASIL DEPOIS DO CAOS, NUM MOMENTO DE EVOLUÇÃO.
9) COM MAIS DE 25 ANOS DE ESTRADA EXISTE ALGUMA COISA QUE O UGANGA AINDA NÃO CONQUISTOU?
MANU: OLHA CARA, TEM MUITA COISA QUE BUSCAMOS AINDA. MUITOS PAÍSES PARA CONHECER, MÚSICAS PARA COMPOR, NOVAS AMIZADES PARA CONQUISTAR. E TEM TAMBÉM O SONHO DE TER UM RETORNO FINANCEIRO DIGNO QUE NOS PERMITA IR ALÉM DE ONDE VAMOS HOJE COM O QUE TEMOS. NOS AINDA SOMOS PRIVILEGIADOS POIS TODOS TEM SEUS TRABALHOS, APROVAMOS PROJETOS, VENDEMOS MERCHAN E TEMOS DEMANDA PELOS NOSSOS SHOWS, MAS MESMO ASSIM É TUDO FEITO MUITO NA RAÇA E QUEREMOS SEMPRE BUSCAR MELHORIAS PRO UGANGA. ENQUANTO ESTIVERMOS FORTES E EMPOLGADOS COM ESSA BANDA É O QUE FAREMOS, SEGUIR EM FRENTE BUSCANDO EVOLUÇÃO.
10) COMO VOCÊS VEÊM A CENA METAL NO BRASIL DE UM MODO GERAL?
MANU: EU PREFIRO FALAR DA CENA DE ROCK PESADO DE MANEIRA GERAL JÁ QUE RODAMOS ALÉM DO METAL, TAMBÉM POR ROLÊS MAIS PUNKS , HARDCORE ... DE MODO GERAL O BRASIL SEMPRE FOI FORTE E TEVE BANDAS BOAS. AO MESMO TEMPO SEMPRE TEVE OPORTUNISTAS E ENGANADORES, NADA DE NOVO NO FRONT. SEMPRE TEVE QUEM BUSCASSE SER ORIGINAL E QUEM SE CONTENTASSE EM SER UM MERA CÓPIA, E PRA MIM TÁ TUDO CERTO, DE MANEIRA GERAL O ROCK PERDEU MUITO ESPAÇO NA MÍDIA, O PÚBLICO NÃO SE RENOVOU E MUITOS ENVELHECERAM MAL. MAS QUE SE FODA, FAÇO ISSO PORQUE GOSTO E NÃO POR HYPE,
11) O UGANDA JÁ FEZ ALGUMAS TURNÊS INTERNACIONAIS E EM 2010 GRAVARAM NA ALEMANHA O ÁLBUM “ EUROCAOS – AO VIVO”. COMO FOI A EXPERIÊNCIA E QUAL A DIFERENÇA DE TOCAR NA GRINGA?
MANU: ESSE SHOW FOI FODA, 600 MALUCOS E MALUCAS QUE NOS RECEBERAM DE BRAÇOS ABERTOS NA ALEMANHA NUM DIA FODA. E O QUE VOCÊ ESCUTA ALI É A BANDA CRUA NO PALCO SEM MAQUIAGENS OU ENGANAÇÕES. AMBAS AS TOURS FORAM INCRÍVEIS, NOS RENDERAM BONS CONTATOS, AMIZADES EM VARIOS LUGARES E VER NOSSOS ALBUNS LANÇADOS POR LÁ FOI UM SONHO REALIZADO. EU DIRIA QUE A MAIOR DIFERENÇA É NO PONTO DE VISTA DE ESTRUTURA. POR MENOR QUE SEJA O LOCAL ONDE A GENTE TOCOU TINHAMOS TODO O NECESSÁRIO PARA DAR O NOSSO MELHOR, POR AQUI NEM SEMPRE É ASSIM, MAS AS COISAS TEM MELHORADO TAMBÉM.
12) QUAIS SÃO AS INFLUÊNCIAS DO UGANGA? E QUAIS BANDAS VOCÊ PODERIA INDICAR QUE ACHA RELEVANTES NOS DIAS ATUAIS?
MANU: TEMOS GOSTOS MUSICAIS VARIADOS QUE PASSAM PELO THRASH METAL/CROSSOVER, HARDCORE/PUNK, DOOM METAL, DUB/REGGAE, RAP, MUITA COISA CARA... DE BANDAS QUE PODEM SER VISTAS COMO INFLUÊNCIAS CITARIA ALGUMAS QUE, COMO NÓS, MISTURAM ESTILOS. BANDAS TIPO FAITH NO MORE, BIOHAZARD, HELMET, ANTHRAX, PASSANDO POR DINOSSAUROS COMO BLACK SABBATH, BEATLES, MOTORHEAD, PUBLIC ENEMY, JORGE BEM, BOB MARLEY, MILES DAVIS, CELTIC FROST... É UM CALDEIRÃO INSANO E PROFANO CARA!
13) QUAL A IMPORTÃNCIA DO MERCHANDISING PARA AS BANDAS?
MANU: ESSENCIAL! E POR FALAR NISSO CONFIRAM NOSSA LOJA: http://www.incendioshop.com.br/musica-ct-ba9dc
14) QUAIS OS PLANOS DO UGANGA PARA O FUTURO?
MANU: ESTAMOS PRESTES A LANÇAR UM CLIP DA NOSSA VERSÃO PARA “ MANDATORY SUICIDE “ DO SLAYER, QUE SAIRÁ NO TRIBUTO BRASILEIRO AOS MESTRES DO THRASH SANGRENTO. TAMBÉM ESTAMOS COMPONDO O SUCESSOR DO “SERVUS” E OS TRABALHOS ESTÃO BEM ADIANTADOS. FORA ISSO TEMOS FEITO VÁRIAS ATIVIDADES NA INTERNET, LIVES, ENTREVISTAS, ESTAMOS SOLTANDO O MAKING OF DO “SERVUS” EM PARTES NO YOUTUBE E INSTAGRAM... EM PARALELO A ISSO TAMBÉM TEMOS FALADO COM MUITOS MÚSICOS INTERESSADOS EM OCUPAR O POSTO VAGO NA SEGUNDA GUITARRA, E EM BREVE ANUNCIAREMOS O SUBSTITUTO DO CARCAÇA. FORA ISSO É SE MANTER EM FORMA E PRONTO PRA QUANDO ESSA LOUCURA ACABAR.
15) GOSTARIA DE DIZER QUE É UMA HONRA TÊ-LOS AQUI NO HELL METAL ROCK, DEIXEM UMA MENSAGEM AOS FÃS DO UGANGA.
MANU: SE CUIDEM POIS JÁ MORREU MUITO MAIS GENTE DO QUE DEVERIA SE NOSSO PAÍS TIVESSE HOMENS DECENTES NO COMANDO. SIGAM O UGANGA NAS NOSSA REDES SOCIAIS, OUÇAM O “SERVUS” E ESPERO VER TODOS COM SAÚDE NA ESTRADA EM BREVE. SALVE!
“Servus”, o quinto álbum de estúdio do grupo mineiro, não foge à regra. O disco foi financiado por dois relevantes prêmios, o Wacken Foundation, organização alemã sem fins lucrativos idealizada em 2008 pelos produtores do Wacken Open Air – o maior festival de heavy metal do planeta – e que apoia projetos de hard rock e heavy metal de todas as partes do globo, tendo nomes como o de Alice Cooper entre os doadores, e também pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) de Uberlândia, Triângulo Mineiro, de onde a banda é originária.
“A parceria com o Wacken Foundation foi mais uma vitória da banda e equipe à custa de muito suor, estrada, planejamento e amor à camisa” – declarou o vocalista Manu Joker. “Trata-se do maior festival do planeta! Por sermos uma banda latino-americana tocando em um país como o Brasil e todas as suas dificuldades, essa ajuda financeira torna-se ainda mais bem-vinda. Mas só de ter o logo do Wacken no trabalho já nos deixou honrados. Se pessoas ligadas ao Wacken se interessaram por nós, então nosso trabalho está valendo a pena.”
“Servus” definitivamente vale a pena! O quinto disco de estúdio do Uganga foi gravado no estúdio Rock Lab em Goiânia/GO onde a banda registrou seu álbum anterior, o aclamado “Opressor”. Gustavo Vazquez e o próprio vocalista Manu Joker assinam a produção desse trabalho que significa a coalisão da identidade sonora que o grupo lapidou nos álbuns “Vol.3” e “Opressor” com o aspecto mais experimental dos dois primeiros trabalhos, “Atitude Lótus” e “Na Trilha do Homem de Bem”.
“Se com os dois álbuns anteriores definimos a nossa sonoridade, Servus é um olhar adiante, para o futuro”, afirma Manu. “Mas também consigo ver elementos de todos os nossos outros discos nas novas músicas. Em Servus a banda se arriscou por caminhos onde ainda não foi. Não se trata de estudar o mercado ou seguir tendência. Música é algo muito sagrado para perder tempo com isso. Há mais de duas décadas fazemos peso e groove pois amamos esses dois mundos. Navegar por caminhos aparentemente distintos como o som extremo ou algo diametralmente oposto, nunca nos assustou.”
“Servus” reúne várias participações especiais, entre elas a de Flaira Ferro, notável dançarina e cantora pernambucana. Flaira divide os vocais com Manu Joker e Luiz Salgado – outro convidado bastante especial – na faixa “E.L.A.”. Outra participação peculiar é do grupo chileno de rap Lexico na faixa “Hienas” – que inclusive conta com trecho da letra em espanhol. Também merecem destaques as contribuições do vocalista do Witchhammer, Casito Luz, em “O Abismo”, e do vocalista do John No Arms, Renato BT, em “7 Dedos”. Sem esquecer de citar colaborações ímpares como as do DJ Eremita, o saxofonista Marco Melo, Fábio Marreco da banda Totem e do espiritualista Sr. Waldir.
“É tradição no Uganga termos participações em nossos álbuns. Se por um lado Flaira e Lexico são artistas que também admiramos, mas só travamos contato agora, esses outros citados já estão na nossa crew há muito tempo. O que todos tem em comum? Todos detonaram, e a crew aumentou!”, declarou Manu Joker.
Inerente à música do Uganga, a abordagem espiritual está ainda mais evidente em “Servus”.
Seja pela já citada participação do espiritualista Sr. Waldir – na misteriosa “Depois de Hoje…” – ou pelos elementos presentes na capa do álbum.
“A participação do Sr. Waldir foi providencial e me encheu de orgulho, considerando os tempos atuais onde religiões afro-brasileiras são atacadas por falsos moralistas. Na capa, o feiticeiro (Uganga significa Feitiçaria em Swahilli) tem o rosto com pintura de guerra Kayapó, usa colares do budismo e da umbanda e a luz saindo da testa faz referência direta a Raja Yoga/Hinduísmo: é uma fusão louca de simbolismos, sentimentos e energias. Assim como é a música do Uganga”, explicou Manu.
Mas a arte da capa de “Servus” não apenas sugestiona a relação do grupo com a espiritualidade. Desenvolvida pelo artista pernambucano Wendell Araújo, que já trabalhou com outras bandas de destaque como Ratos de Porão e Cólera, o desenho é uma interpretação possível do significado do título e conceito do álbum como um todo e ajuda a entendê-lo.
“A arte da capa e contracapa tem a ver com o momento atual pelo qual passa a humanidade”, explica Manu. “Digo, a inspiração do álbum vem disso, já que Servus já era um conceito que vinha sendo trabalhado desde quando começamos a pré-produção, quatro anos atrás. Mas a arte em si mostra o Brasil num futuro que não sei, nem posso determinar, quando será. Tem a ver com o conceito do ciclo da vida no hinduísmo, as idades do ouro, prata, bronze e ferro. O momento atual que vivemos seria a idade do ferro, o fundo do poço antes da renovação, do renascimento. A arte mostra o mundo no futuro, na idade do ouro, em tempos pós-caos. Uma época de luz, paz e sabedoria. Seria utopia? Não acredito, mas também não sou senhor de verdade. Acho que estamos na lama há séculos, mudam somente os rostos. Não será a política que vai nos salvar, seremos nós mesmos! Servus trata disso, do fundo do poço, da luta pela sobrevivência e de tempos de redenção”
O Uganga é um dos grupos mais expressivos e relevantes do rock pesado brasileiro. Acumula mais de 25 anos de carreira, lançou quatros álbuns de estúdio e um disco aoO Uganga é um dos grupos mais expressivos e relevantes do rock pesado brasileiro. Acumula mais de 25 anos de carreira, lançou quatros álbuns de estúdio e um disco ao vivo gravado na Alemanha. Já realizou shows por quase todas as regiões do Brasil, participou dos mais importantes festivais e fez duas turnês europeias que juntas somam 28 shows em 13 países.
Boa parte dessas produções do Uganga, sejam projetos de gravação ou circulação (turnês), têm recebido incentivo através de políticas públicas de cultura, comprovando a relevância do trabalho da banda, seja em seu sentido artístico/subjetivo ou sócio-cultural.
“Servus”, o quinto álbum de estúdio do grupo mineiro, não foge à regra. O disco foi financiado por dois relevantes prêmios, o Wacken Foundation, organização alemã sem fins lucrativos idealizada em 2008 pelos produtores do Wacken Open Air – o maior festival de heavy metal do planeta – e que apoia projetos de hard rock e heavy metal de todas as partes do globo, tendo nomes como o de Alice Cooper entre os doadores, e também pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) de Uberlândia, Triângulo Mineiro, de onde a banda é originária.
“A parceria com o Wacken Foundation foi mais uma vitória da banda e equipe à custa de muito suor, estrada, planejamento e amor à camisa” – declarou o vocalista Manu Joker. “Trata-se do maior festival do planeta! Por sermos uma banda latino-americana tocando em um país como o Brasil e todas as suas dificuldades, essa ajuda financeira torna-se ainda mais bem-vinda. Mas só de ter o logo do Wacken no trabalho já nos deixou honrados. Se pessoas ligadas ao Wacken se interessaram por nós, então nosso trabalho está valendo a pena.”
“Servus” definitivamente vale a pena! O quinto disco de estúdio do Uganga foi gravado no estúdio Rock Lab em Goiânia/GO onde a banda registrou seu álbum anterior, o aclamado “Opressor”. Gustavo Vazquez e o próprio vocalista Manu Joker assinam a produção desse trabalho que significa a coalisão da identidade sonora que o grupo lapidou nos álbuns “Vol.3” e “Opressor” com o aspecto mais experimental dos dois primeiros trabalhos, “Atitude Lótus” e “Na Trilha do Homem de Bem”.
“Se com os dois álbuns anteriores definimos a nossa sonoridade, Servus é um olhar adiante, para o futuro”, afirma Manu. “Mas também consigo ver elementos de todos os nossos outros discos nas novas músicas. Em Servus a banda se arriscou por caminhos onde ainda não foi. Não se trata de estudar o mercado ou seguir tendência. Música é algo muito sagrado para perder tempo com isso. Há mais de duas décadas fazemos peso e groove pois amamos esses dois mundos. Navegar por caminhos aparentemente distintos como o som extremo ou algo diametralmente oposto, nunca nos assustou.”
“Servus” reúne várias participações especiais, entre elas a de Flaira Ferro, notável dançarina e cantora pernambucana. Flaira divide os vocais com Manu Joker e Luiz Salgado – outro convidado bastante especial – na faixa “E.L.A.”. Outra participação peculiar é do grupo chileno de rap Lexico na faixa “Hienas” – que inclusive conta com trecho da letra em espanhol. Também merecem destaques as contribuições do vocalista do Witchhammer, Casito Luz, em “O Abismo”, e do vocalista do John No Arms, Renato BT, em “7 Dedos”. Sem esquecer de citar colaborações ímpares como as do DJ Eremita, o saxofonista Marco Melo, Fábio Marreco da banda Totem e do espiritualista Sr. Waldir.
“É tradição no Uganga termos participações em nossos álbuns. Se por um lado Flaira e Lexico são artistas que também admiramos, mas só travamos contato agora, esses outros citados já estão na nossa crew há muito tempo. O que todos tem em comum? Todos detonaram, e a crew aumentou!”, declarou Manu Joker.
Inerente à música do Uganga, a abordagem espiritual está ainda mais evidente em “Servus”.
Seja pela já citada participação do espiritualista Sr. Waldir – na misteriosa “Depois de Hoje…” – ou pelos elementos presentes na capa do álbum.
“A participação do Sr. Waldir foi providencial e me encheu de orgulho, considerando os tempos atuais onde religiões afro-brasileiras são atacadas por falsos moralistas. Na capa, o feiticeiro (Uganga significa Feitiçaria em Swahilli) tem o rosto com pintura de guerra Kayapó, usa colares do budismo e da umbanda e a luz saindo da testa faz referência direta a Raja Yoga/Hinduísmo: é uma fusão louca de simbolismos, sentimentos e energias. Assim como é a música do Uganga”, explicou Manu.
Mas a arte da capa de “Servus” não apenas sugestiona a relação do grupo com a espiritualidade. Desenvolvida pelo artista pernambucano Wendell Araújo, que já trabalhou com outras bandas de destaque como Ratos de Porão e Cólera, o desenho é uma interpretação possível do significado do título e conceito do álbum como um todo e ajuda a entendê-lo.
“A arte da capa e contracapa tem a ver com o momento atual pelo qual passa a humanidade”, explica Manu. “Digo, a inspiração do álbum vem disso, já que Servus já era um conceito que vinha sendo trabalhado desde quando começamos a pré-produção, quatro anos atrás. Mas a arte em si mostra o Brasil num futuro que não sei, nem posso determinar, quando será. Tem a ver com o conceito do ciclo da vida no hinduísmo, as idades do ouro, prata, bronze e ferro. O momento atual que vivemos seria a idade do ferro, o fundo do poço antes da renovação, do renascimento. A arte mostra o mundo no futuro, na idade do ouro, em tempos pós-caos. Uma época de luz, paz e sabedoria. Seria utopia? Não acredito, mas também não sou senhor de verdade. Acho que estamos na lama há séculos, mudam somente os rostos. Não será a política que vai nos salvar, seremos nós mesmos! Servus trata disso, do fundo do poço, da luta pela sobrevivência e de tempos de redenção” vivo gravado na Alemanha. Já realizou shows por quase todas as regiões do Brasil, participou dos mais importantes festivais e fez duas turnês europeias que juntas somam 28 shows em 13 países.
Boa parte dessas produções do Uganga, sejam projetos de gravação ou circulação (turnês), têm recebido incentivo através de políticas públicas de cultura, comprovando a relevância do trabalho da banda, seja em seu sentido artístico/subjetivo ou sócio-cultural.
“Servus”, o quinto álbum de estúdio do grupo mineiro, não foge à regra. O disco foi financiado por dois relevantes prêmios, o Wacken Foundation, organização alemã sem fins lucrativos idealizada em 2008 pelos produtores do Wacken Open Air – o maior festival de heavy metal do planeta – e que apoia projetos de hard rock e heavy metal de todas as partes do globo, tendo nomes como o de Alice Cooper entre os doadores, e também pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) de Uberlândia, Triângulo Mineiro, de onde a banda é originária.
“A parceria com o Wacken Foundation foi mais uma vitória da banda e equipe à custa de muito suor, estrada, planejamento e amor à camisa” – declarou o vocalista Manu Joker. “Trata-se do maior festival do planeta! Por sermos uma banda latino-americana tocando em um país como o Brasil e todas as suas dificuldades, essa ajuda financeira torna-se ainda mais bem-vinda. Mas só de ter o logo do Wacken no trabalho já nos deixou honrados. Se pessoas ligadas ao Wacken se interessaram por nós, então nosso trabalho está valendo a pena.”
“Servus” definitivamente vale a pena! O quinto disco de estúdio do Uganga foi gravado no estúdio Rock Lab em Goiânia/GO onde a banda registrou seu álbum anterior, o aclamado “Opressor”. Gustavo Vazquez e o próprio vocalista Manu Joker assinam a produção desse trabalho que significa a coalisão da identidade sonora que o grupo lapidou nos álbuns “Vol.3” e “Opressor” com o aspecto mais experimental dos dois primeiros trabalhos, “Atitude Lótus” e “Na Trilha do Homem de Bem”.
“Se com os dois álbuns anteriores definimos a nossa sonoridade, Servus é um olhar adiante, para o futuro”, afirma Manu. “Mas também consigo ver elementos de todos os nossos outros discos nas novas músicas. Em Servus a banda se arriscou por caminhos onde ainda não foi. Não se trata de estudar o mercado ou seguir tendência. Música é algo muito sagrado para perder tempo com isso. Há mais de duas décadas fazemos peso e groove pois amamos esses dois mundos. Navegar por caminhos aparentemente distintos como o som extremo ou algo diametralmente oposto, nunca nos assustou.”
“Servus” reúne várias participações especiais, entre elas a de Flaira Ferro, notável dançarina e cantora pernambucana. Flaira divide os vocais com Manu Joker e Luiz Salgado – outro convidado bastante especial – na faixa “E.L.A.”. Outra participação peculiar é do grupo chileno de rap Lexico na faixa “Hienas” – que inclusive conta com trecho da letra em espanhol. Também merecem destaques as contribuições do vocalista do Witchhammer, Casito Luz, em “O Abismo”, e do vocalista do John No Arms, Renato BT, em “7 Dedos”. Sem esquecer de citar colaborações ímpares como as do DJ Eremita, o saxofonista Marco Melo, Fábio Marreco da banda Totem e do espiritualista Sr. Waldir.
“É tradição no Uganga termos participações em nossos álbuns. Se por um lado Flaira e Lexico são artistas que também admiramos, mas só travamos contato agora, esses outros citados já estão na nossa crew há muito tempo. O que todos tem em comum? Todos detonaram, e a crew aumentou!”, declarou Manu Joker.
Inerente à música do Uganga, a abordagem espiritual está ainda mais evidente em “Servus”.
Seja pela já citada participação do espiritualista Sr. Waldir – na misteriosa “Depois de Hoje…” – ou pelos elementos presentes na capa do álbum.
“A participação do Sr. Waldir foi providencial e me encheu de orgulho, considerando os tempos atuais onde religiões afro-brasileiras são atacadas por falsos moralistas. Na capa, o feiticeiro (Uganga significa Feitiçaria em Swahilli) tem o rosto com pintura de guerra Kayapó, usa colares do budismo e da umbanda e a luz saindo da testa faz referência direta a Raja Yoga/Hinduísmo: é uma fusão louca de simbolismos, sentimentos e energias. Assim como é a música do Uganga”, explicou Manu.
Mas a arte da capa de “Servus” não apenas sugestiona a relação do grupo com a espiritualidade. Desenvolvida pelo artista pernambucano Wendell Araújo, que já trabalhou com outras bandas de destaque como Ratos de Porão e Cólera, o desenho é uma interpretação possível do significado do título e conceito do álbum como um todo e ajuda a entendê-lo.
“A arte da capa e contracapa tem a ver com o momento atual pelo qual passa a humanidade”, explica Manu. “Digo, a inspiração do álbum vem disso, já que Servus já era um conceito que vinha sendo trabalhado desde quando começamos a pré-produção, quatro anos atrás. Mas a arte em si mostra o Brasil num futuro que não sei, nem posso determinar, quando será. Tem a ver com o conceito do ciclo da vida no hinduísmo, as idades do ouro, prata, bronze e ferro. O momento atual que vivemos seria a idade do ferro, o fundo do poço antes da renovação, do renascimento. A arte mostra o mundo no futuro, na idade do ouro, em tempos pós-caos. Uma época de luz, paz e sabedoria. Seria utopia? Não acredito, mas também não sou senhor de verdade. Acho que estamos na lama há séculos, mudam somente os rostos. Não será a política que vai nos salvar, seremos nós mesmos! Servus trata disso, do fundo do poço, da luta pela sobrevivência e de tempos de redenção”
domingo, 14 de fevereiro de 2021
Marillion – Misplaced Childhood [1985]
Por ALEX MARTINS
Quando comecei a me interessar pelo rock progressivo, fui apresentado a algumas bandas que são consideradas hoje em dia como medalhões do estilo, caso de Pink Floyd, Yes, Emerson Lake and Palmer e Jethro Tull. Porém, o Marillion também apareceu para mim nessa época, e, durante um bom tempo, eu os colocava no mesmo patamar dos grupos citados, e achava que os fãs do estilo também respeitavam o grupo do mesmo jeito que eu, fato que se mostrou irreal. Com o tempo, fui descobrindo novos artistas e conhecendo melhor a história do estilo, e assim entendi melhor a posição do quinteto britânico no organograma do rock progressivo.
O Marillion foi tão importante para mim, que o primeiro disco de rock progressivo que adquiri foi esse que dá o tema para o artigo de hoje. Lançado em 1985, Misplaced Childhood é o terceiro álbum do grupo e constituiu o maior sucesso de sua carreira, tanto em termos musicais quanto comerciais. Liricamente, trata-se de um álbum conceitual idealizado pelo vocalista Fish, com diversas referências autobiográficas. Conta a história de um garoto que leva sua vida, apesar de amores perdidos, morte de um amigo muito próximo, angústia e depressão. Também há uma pequena semelhança com o enredo de The Wall (1979) do Pink Floyd, por trazer um personagem principal personificado como uma estrela, que tem de conviver não apenas com seus problemas pessoais, mas também com todas as outras dificuldades características da fama, como o isolamento forçado, o assédio excessivo, longas viagens… Aliás, a banda conseguiu algo que poucas conseguiriam em 1985, que foi a liberdade recebida pela gravadora para fazer um álbum desse tipo em uma época que pouquíssimos o faziam.
Não sei se toda a banda tinha a mesma intenção de Fish a respeito do conceito por trás do álbum. A ideia do vocalista era a de que o disco tivesse apenas duas músicas, uma de cada lado do vinil. Tenho certeza que o músico só pensou assim pelo fato do vinil contar com essa característica. Caso tivesse lançado Misplaced Childhood em uma época na qual o formato CD já estivesse consolidado no mercado, é muito provável que Fish preferiria criar apenas uma música. Basta lembrar que, nos diversos shows após o lançamento desse álbum, o vocalista costumava anunciar para o público algo como: “agora tocaremos uma música chamada Misplaced Childhood”, e então o Marillion tocava o disco todo na íntegra. Claro que essa foi uma ideia não apoiada pela gravadora.
Além de Fish, a formação que gravou Misplaced Childhood contava com Steve Rothery na guitarra, Pete Trewavas no baixo, Mark Kelly no teclado e Ian Mosley na bateria. O interessante é que, após a saída de Fish e a subsequente entrada de Steve Hogarth em 1989, o line-up não mudou mais nenhuma vez nesses mais de 20 anos, o que é bastante raro e explica a afinidade musical que a banda apresenta hoje em dia. Basta assistir algum de seus DVDs para notar essa característica.
O álbum inicia com teclados produzindo uma atmosfera triste e sombria para “Pseudo Silk Kimono”, que acompanha a voz de contador de histórias utilizada por Fish. Sem pausa, entramos em “Kayleigh”, maior sucesso comercial da banda, single que ficou entre os primeiros das paradas da época e o perfeito exemplo de como o rock progressivo pode ser acessível para todos. Dedilhados inconfundíveis, melodias fáceis de assimilar e uma bela interpretação, que é o forte de Fish. A versão do single é um pouco mais longa do que a que entrou no disco. Na verdade, trata-se de uma adaptação, que era apenas uma passagem de uma longa música, em uma canção com formato ideal para as rádios. Impossível existir alguém com cerca de 30 anos que ainda não ouviu essa canção. O nome “Kayleigh” foi uma adaptação de Fish para “Kay Lee”, uma garota conhecida por ele em sua adolescência.
Lavender”, a exemplo de “Kayleigh”, entra sem deixar espaços e também tornou-se um single de sucesso. Fish brinca com as palavras utilizando seus “dilly, dilly”, e também com a grafia e a sonoridade das letras I, O e U (“I owe you”).
Se a gravadora não permitiu que o disco fosse constituído de apenas uma longa faixa, o Marillion acabou incluindo pequenas suítes em seu track list, como “Bitter Suite”, que é dividida em cinco pequenas passagens. Mais uma vez podemos notar o quanto Fish era um grande intérprete, conseguindo colocar sentimento em cada palavra e transmitir a emoção desejada para que o ouvinte compreenda o enredo. O trecho no qual ele mistura inglês com francês, enquanto narra o encontro de seu personagem com uma prostituta, seguido pela linda melodia de guitarra feita por Rothery, é de arrepiar.
Muito se fala que o Marillion não é mais que uma cópia do Genesis. Nunca dei muita bola para esse tipo de comentário. Até porque não vejo nada de mais em um músico demonstrar as influências e inspirações que recebeu. Entretanto, o Marillion demonstra que não foi influenciado apenas pelo Genesis: pelo menos nas passagens de guitarra, identifico mais elementos utilizados por David Gilmour (Pink Floyd) e Andrew Latimer (Camel) do que por Steve Hacket, guitarrista do Genesis.
O trecho final de “Bitter Suite”, chamado “Windswept Thumb”, conecta-se com a música seguinte, “Heart of Lothian”, que também é dividida em duas partes. Acabou tornando-se um single, assim como “Kayleigh” e “Lavender”, mas de menos sucesso que os citados. Também recebeu um engraçado videoclipe que, não por acaso, inicia-se com a parte final da música anterior, tamanha é a ligação que as faixas têm. No vídeo, Fish está andando pela cidade, pedindo carona para ir até um pub onde o Marillion tocará. O grupo, que já está no local, é dispensado, já que o dono do bar contratou cinco e não quatro pessoas para se apresentar. Após isso, diversos eventos e pequenos acidentes vão ocorrendo em sequência, até o carro da banda encontrar o componente atrasado. “Hearth of Lothian” contém uma de minhas passagens preferidas de Misplaced Childhood, na qual Rothery não para de solar enquanto Fish canta.
Na sequência temos “Waterhole (Expresso Bongo)”, com um andamento de baixo e bateria muito interessante e diferente do resto do álbum. Novamente, seu final conecta-se com a faixa seguite, a curta “Lords of the Backstage”. Mesmo com pouco tempo, o Marillion consegue passar diversas camadas musicais, demonstrando a qualidade e a criatividade do grupo. Após isso, temos mais uma suíte de cinco trechos, “Blind Curve”. Com uma introdução que lembra um pouco “Confortably Numb”, do … bem … você sabe quem. Pelo menos posso dizer que o clima melancólico e depressivo é o mesmo. Outra vez, diversas passagens de guitarra, com a sonoridade característica de Rothery remetendo a Gilmour e Latimer.
Depois da melancolia de “Blind Curve” surge “Childhood End?”, que começa a alegrar novamente o ambiente. Afinal, o personagem encontra novamente a garota que não via há muitos anos, percebendo que a infância não acaba depois de adulto, e que os sentimentos da adolescência também podem ser vividos quando mantemos nossa mente jovem. Desse modo, e com a faixa de encerramento, “White Feather”, o álbum acaba em um surpreendente clima de felicidade.
Trata-se de um daqueles álbuns do tipo que não consigo escutar apenas algumas faixas. E quando coloco-o para ouvir, gosto de entrar no clima do disco, prestar atenção em todos os detalhes, mesmo os mais sutis, que só quem já o ouviu milhares de vezes percebe. Exceto pelas que se tornaram singles de sucesso, nenhuma das músicas se destaca sozinha, é o conjunto de todas as faixas que torna o álbum forte. Certamente, Misplaced Childhood está entre os que mais ouvi na vida. Até minha esposa, Cristiane, já deve conhecer esse disco do começo ao fim.
Os quatro discos da era Fish lançados pelo Marillion são extremamente recomendados para quem gosta de rock progressivo com pitadas mais pop. Além desse, os outros são: Script for a Jester’s Tear (1983), Fugazi (1984) e Clutching at Straws (1987). Claro que os fãs também poderão citar Brave e Marbles, lançados, respectivamente, em 1994 e 2004, já com Steve Hogarth nos vocais. Também são grandes álbuns, mas ainda indico os quatro primeiros, que são ótimos discos para que os fãs de um hard rock mais melódico adentrem nas maravilhas do mundo progressivo.
Track List:
1. Pseudo Silk Kimono
2. Kayleigh
3. Lavender
4. Bitter Suite: Brief Encounter / Lost Weekend / Blue Angel / Misplaced Rendezvous / Windswept Thumb
5. Heart of Lothian: Wide Boy / Curtain Call
6. Waterhole (Expresso Bongo)
7. Lords of the Backstage
8. Blind Curve: Vocal Under a Bloodlight / Passing Strangers / Mylo / Perimeter Walk / Threshold
9. Childhood’s End?
10. White Feather
sábado, 13 de fevereiro de 2021
ENTREVISTA AEVUM
A historia do AEVUM tem sido escrita em cima de muito trabalho e esforço ao longo dos anos os italianos tem 3 álbuns de estudio gravados e seu nome marcado no metal symphonico Europeu e ao redor do mundo,batemos um papo com a banda muito bem humorados ,falaram sobre carreira e o futuro do . AevuM
Por Alex Martins
1) como foi o início do aevum?
Bem, foi difícil ... na verdade começamos a pensar no projeto em 2007. Éramos muito jovens na época e nenhum de nós tinha em mente um objetivo claro, queríamos apenas tocar uma espécie de metal gótico música e era tudo,Então .. levou muitos anos para limpar nossas mentes, então para encontrar uma linha estável e, finalmente, definir nossos objetivos. Poderíamos dizer que demoramos quatro anos antes de realmente iniciar o projeto.
2) A banda possui um som único e inovador? Comoa banda compoe?
Sim e é muito importante para nós. Com certeza como todo mundo, principalmente no começo trouxemos muitas influências dentro de nossas músicas, mas depois construímos nosso som e longos os anos que evoluímos com ele ... mas ainda hoje continuamos buscando algo especial, é muito importante para nós para ser capaz de fornecer algo diferente e novo. Sobre a composição da música é muito importante que alguém traga uma pista, uma ideia e então desenvolvamos essa ideia juntos.
3) sobre a letra do aevum? Como a banda escreve quais são as inspirações para as letras?
Bem, não é tão fácil obter inspiração sobre as letras ... em nossos últimos álbuns, definimos antes o tema do álbum e depois escolhemos diferentes tópicos relacionados a eles. Gostamos de retratar diferentes histórias, sentimentos, figuras dentro de nossas canções. As letras são muito importantes para completarmos e darem sentido a toda a arquitetura de cada álbum.
4) A banda possui 3 álbuns de estúdio (impresson) (dischronia) e multiverse) e pratica metal sinfônico? gravando esses álbuns e distribuindo-os pelo mundo?
Você tem razão, somos uma banda italiana e já publicamos três álbuns. Hoje, por meio de mídias sociais e serviços de streaming como o Spotify, é muito mais fácil ser ouvido em todo o mundo. Então, hoje pertencemos à lista do DarkTunes Label, e ainda é a melhor maneira de poder ser distribuído em todo o mundo. Darktunes faz um trabalho muito bom, especialmente nas redes sociais, onde hoje você pode encontrar seus ouvintes em potencial.
5)Quais são as vantagens de ter dois vocalistas na banda?
Dois é melhor do que um, certo? rsrsrsrs.. estamos brincando. Você deve considerar que, quando você tem vozes diferentes, é mais fácil dar cores diferentes à sua música, especialmente quando você pode mudar de uma voz feminina para uma masculina. Mais cores, mais interpretações e, portanto, mais maneiras de criar sua tela e expressar através dela seus sentimentos.
Depois, há também o aspecto ao vivo, também é mais fácil e menos estressante quatro nossos cantores dividirem o palco e não apenas ter a tarefa de fazer o trabalho sozinho.
6) qual o significado do nome aevum?
Esta é uma das nossas principais perguntas que recebemos ao longo dos anos ... mas não é tão fácil de responder.
Aevum é uma palavra que veio do latim, significa uma espécie de dimensão sem espaço e tempo. Algo muito difícil de definir .. como nós :-)
7) Como é a cena do metal na Europa?
É difícil dizer ... especialmente agora com esta situação de pandemia. Nem todos os países europeus têm a mesma cena de metal, existem bandas boas e maravilhosas em todos os lugares, mas existem alguns países onde é mais fácil ser ouvido e tocar, principalmente no Norte da Europa. A Itália por razões culturais, etc., não é o melhor país para se tocar metal.
8) A pandemia trouxe muitos obstáculos para nossas vidas enquanto a banda está trabalhando nisso?
Quem sabe ... no futuro veremos todo o impacto que essa situação pandêmica teve na cena do metal. Com certeza muitas coisas já mudaram muito..todas as bandas foram obrigadas a parar para fazer turnê, para tocar ao vivo, e a maioria teve que lidar com algo que hoje é muito popular..mídia social.
Com certeza a cena ao vivo doeu muito, muitos locais, muitas cenas ao vivo não vão conseguir se recuperar depois disso, por causa do dinheiro, por muitos outros motivos .. e essa é uma grande mudança ..
Mas temos que ser positivos, e também tem aspectos bons como já falamos antes muitas bandas começaram a reagir e a pensar a música de uma forma diferente seguindo as novas necessidades das pessoas.
9) Você conhece alguma banda do Brasil?
Sim, claro, sua cena de metal realmente arrasa. Nós crescemos com o Sepultura, e então vocês sabem como italianos, como esquecer que o nosso Fábio Lione é o vocalista do Angra!
10) quais são os planos da banda para o futuro? Existe a possibilidade de fazer turnê aqui na américa do sul?
estamos trabalhando em novos materiais, novas músicas e um novo álbum. Sobre a cena ao vivo, tememos que isso vá acontecer um pouco antes de voltarmos para tocar ao vivo ... Turnê na América do Sul? seria incrível .. é difícil, mas nunca pare de sonhar
Resultados de tradução
Estamos realmente honrados em falar com você, e obrigado pelo seu apoio e interesse. A todos os brasileiros, vcs arrasam, continuem nos apoiando no Spotify, Instagram e Youtube .. vocês podem encontrar facilmente nossas músicas e esperamos um dia nos conhecer em seu maravilhoso e incrível país!