terça-feira, 4 de julho de 2017

Pantera – Reinventing The Steel (2000)






Aquela parte da crítica, mais incomodada com a longevidade das grandes bandas, como Rolling Stones, Pink Floyd, etc… costuma proferir a opinião de que as bandas de rock deveriam durar apenas cinco anos ou algo próximo a isso. O Pantera durou em torno de dezessete anos, mas a sua fase áurea, de reconhecimento popular pleno, cruzou uma década, de 1990 a 2000, e acima de qualquer opinião contrária ou de ressentimento injustificado, a banda fez valer o período.

À essa altura, já não é mais segredo pra ninguém que, na ocasião de gravação desse álbum, a banda já se encontrava em processo de deterioração, com acentuado desgaste das relações internas. Mesmo Terry Date, o produtor que os acompanhava desde “Cowboys From Hell”, não suportou a pressão e cedeu a vaga em definitivo a Vinnie Paul e Dimebag Darrell. Phill Anselmo lidava com seus problemas de drogas e álcool, ao mesmo tempo em que investia em diversos projetos paralelos e, mais a frente, isso causou a ruptura definitiva. Era de se esperar, portanto, que o último disco da banda tivesse sua qualidade afetada em consequência dos eventos que estavam ocorrendo.

Não foi o que ocorreu. Pelo menos não em plenitude.

A capa ridícula não combina com a pretensão do título. “Reinventando o Aço”, em uma gritante alusão ao Judas Priest. O baixista Rex Brown declarou que a intenção da banda, depois de tangenciar o extremismo em seus dois últimos discos, era fazer uma mescla do Pantera atual com os seus primórdios. Até aí, tudo bem, pois de fato o disco traz músicas com uma pegada mais tradicional, mais próximas da rítmica do “Cowboys From Hell”, mas daí a reinventar algo existe uma longa distância, principalmente quando consideramos que aço é uma metáfora para o Heavy Metal em si.


O Pantera, com esse disco, não reinventou o aço e, por optar por uma pegada revivalista, pode se dizer que também não reinventou a si mesmo. Esse título teria sido mais apropriado para o “Cowboys From Hell”, pois ali a banda realmente reinventou algo, só que seria arrogância em demasia novatos utilizarem tal título. Enfim, semântica à parte, o que importa é o resultado obtido nas composições e o álbum abre com duas músicas apenas boas, sem nada de muito arrebatador, “Hellbound” e “Goddamn Electric”, sendo que essa última traz um solo de Kerry King, em coerência com sua letra, que menciona Black Sabbath e Slayer. Em “Yesterday Don´t Mean Shit” surge o primeiro grande riff do disco, em uma faixa cujo título alude às constantes – e desnecessárias – menções sobre o visual do Pantera pré-1990.

“You´ve Got To Belong To It” traz aquele tipo de condução de guitarra que é característico da banda e que influenciou muito do metal moderno, e é seguida por “Revolution Is My Name”, uma das melhores, que caberia perfeita em “Cowboys From Hell”. “Death Rattle” está mais próxima do tipo de material que a banda fez em “Far Beyond Driven” e “The Great Southern Trendkill”, enquanto que “We´ll Grind That Axe For A Long Time” acena para “Vulgar Display Of Power”, com uma letra que, ironicamente, traz uma promessa não cumprida de continuidade.

“Uplift” tem uma levada de bateria empolgante, por parte de Vinnie Paul, e que precede “It Makes Them Disappear”, ótima faixa de peso e cadência, com um solo mais bluesy de Dimebag, antes de finalizar com “I´ll Cast A Shadow”, que encerra o disco da forma que começou, sem chamar muita atenção.

“Reinventing The Steel” não é essencial como seus predecessores, mas também não compromete. É um disco bom, que reflete com realidade o momento da banda. A sabedoria dos irmãos Darrell fez com que eles tomassem a coerente decisão de encerrar a banda ali. Não se cogitou a possibilidade de arranjar um substituo para Anselmo. Não teria sentido, não seria o Pantera, e o legado dessa banda não poderia ser manchado dessa forma.



Formação

Phil Anselmo – vocal

Dimebag Darrell – guitarra

Rex Brown – baixo

Vinnie Paul – bateria

Músicas

01.Hell Bound

02.Goddamn Electric

03.Yesterday Don’t Mean Shit

04.You’ve Got to Belong to It

05.Revolution Is My Name

06.Death Rattle

07.We’ll Grind That Axe for a Long Time

08.Up Lift

09.It Makes Them Disappear

10.I’ll Cast a Shadow

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