Dilacerados sejam vossos tímpanos; o som dos caras veio denso, vivaz e profético. Notoriamente um álbum que retoma as raízes do Death Metal primordial da banda, o novo trabalho do Krisiun, traz a famosa levada que identifica e dispõe o trio de Ijuí no patamar áureo do metal nacional. Detentores de merecido reconhecimento internacional, os músicos Alex Camargo (baixo e vocal), Max Kolesne (bateria) e Moyses Kolesne (guitarra) superaram mais uma vez todas as expectativas. Até mesmo o mais ávido fã surpreendeu-se ao ouvir primeiramente as duas músicas lançadas como um aperitivo e depois com o álbum full que veio quebrando tudo.
Deparamo-nos com um trabalho espetacularmente produzido por Andy Classen, gravado no Stage One Studio – Alemanha -, lançado pelo selo Century Media Records e prensado no Brasil em parceria com o selo Shinigami. O brutal “Scourge Of The Enthroned” soa bem orgânico e direto ao ponto.
De modo enfático descrevo a ilustríssima arte gráfica do álbum: retrata três deuses – Anannukis – da cultura suméria que eram detentores de conhecimentos científicos e que foram responsáveis pela criação da humanidade – Anunnaki significa “o que veio do céu”. A criação de Erilan Kantor é simplesmente um exímio retrato pagão que abrange divindades, sapiência, gênese e final dos tempos.
A abertura do álbum dá-se com a faixa que autointitula o trabalho – o riff da guitarra é insano e o solo remete-nos aos tempos primórdios do Slayer. O peso continua firmemente cravado nas terras do Death Metal, quando repentinamente, deparamo-nos com a faixa “Devouring Faith” e sua levada mais Thrash e oitentista. Em “A Thousand Graves” Moyses usa e abusa de cromatismo e de velocidade invejável para criar a temática da canção ao lado da metralhadora de caixa e bumbo no mais puro blast beat executado por Max. Alex canta extraordinariamente bem, assim como na totalidade do trabalho em análise, e cria uma linha de baixo consistente e veloz.
O álbum mostra-se notoriamente eclético com a música “Electricide” – sexta faixa – ao agregar elementos mais progressivos e inúmeras quebras de compasso repentinas.
“Scourge Of The Enthroned” encerra-se com a magistral faixa “Whirlwind Of Immortality” e sua levada influenciada pelo clássico Heavy Metal ao estilo Iron Maiden e Judas Priest. E assim termina mais uma obra prima do metal nacional: em grande estilo; brutal; remetendo-nos às raízes da árvore do Death Metal.
Agora resta-nos esperar pela grandiosa turnê do Krisiun para divulgação do novo álbum. Diversas datas já foram confirmadas pelo Brasil para este ano; também já foram fechadas datas para shows nos Estados Unidos. “Scourge Of the Enthroned” merece ser adquirido em cópia física – foram prensados LPs e CDs – e ser guardado na coleção como um dos melhores álbuns de metal extremo lançados no ano de 2018.