sábado, 15 de junho de 2024

ENTREVISTA PEDRO STEVES LIAR SYMPHONY










O Liar Symphony iniciou oficialmente as suas atividades em janeiro de 1993. Pedro Esteves, fundador da banda, vinha desde a metade de 92 procurando músicos para iniciar o seu projeto e, no começo de 93, a banda teve a sua primeira formação.


Entrevista Pedro Esteves
Por:Lis Muniz  

1)como foi seu início no mundo da música?
Eu nasci em Portugal, lá comecei a tocar piano aos 6 anos de idade, aos 9 anos me
mudei para o Brasil e comecei a tocar violão por não ter um piano disponível. Me
identifiquei muito com o instrumento e logo passei para a guitarra, o resto é história....

2) você é um dos fundadores de uma das maiores bandas
De metal o liar symphony ?como foi o início da banda?

Obrigado pela consideração. Comecei o projeto da banda em 1992 porque percebi muito
cedo a minha vocação como compositor e também que não gostava de tocar apenas por
dinheiro como músico contratado ou músico de eventos. Em 1993 consegui juntar o
primeiro embrião da banda, chegamos a gravar uma demo, mas não fomos em frente
com a divulgação porque eu ainda não tinha certeza da sonoridade que tínhamos na
época. Em 1995 firmamos a primeira formação clássica da banda que seguiu até o
primeiro álbum. Foram muitos anos de dedicação, investimento e trabalho até
conseguirmos lançar o nosso primeiro trabalho.




3) Eu conheci a banda através do álbum affairs honour de 2000, como foi a gravação
desse grande álbum?
Foi uma época mágica e ao mesmo tempo cheia de dúvidas para nós. Éramos uma
banda que estava buscando o seu lugar no mercado e quando conseguimos nosso
contrato ficamos muito eufóricos. Nós tínhamos o Affair pronto pois trabalhamos nele
por muito tempo então, nesse sentido foi um pouco mais tranquilo, mas foi a primeira
vez que lidamos com a pressão do mercado, da mídia, da gravadora etc. Tenho muitas
memórias boas das sessões de gravação do álbum, isso aconteceu no final de 1999, foi
realmente mágico.

4) Como foi a repercussão desse álbum na época?
 
Surpreendente é a palavra que melhor define.
Éramos uma banda nova no mercado, não sabíamos como seria a recepção do nosso
trabalho porque tínhamos uma sonoridade bem diferente das outras bandas da época,
mas, assim que o álbum saiu percebemos que as coisas iriam acontecer. Em muito
pouco tempo conseguimos um contrato com a Soundhólic do Japão, laçamos também na
Europa, saímos em várias revistas pelo mundo e, inclusive no Brasil, naquele ano,
ficamos entre os melhores do ano nas votações das revistas especializadas, em vários
quesitos. Esse trabalho com certeza fincou o nosso nome da cena mundial.


5) Qual foi a importância do selo mega-hard para a banda ?e como foi feito a
distribuição ..
A Megahard foi muito importante para nós, pois foi ela que acreditou no nosso trabalho
e investiu na banda. Como eu disse anteriormente, o Liar Symphony tinha uma
sonoridade muito diferente das outras bandas da época, por um lado isso era bom pois,
nos diferenciava do restante, mas por outro lado deixava as gravadoras com receio de
apostar em algo que tinha um som diferente. Eu só tenho gratidão a tudo que a
gravadora fez por nós, lançamos 3 albuns com eles, tivemos sim alguns problemas etc,
mas isso é normal nesse meio. No geral foi essencial para a nossa existência. Naquela
época a Megahard era uma das gravadoras brasileiras que mais apostava e investia em
bandas novas. Eles tinham uma boa distribuição tanto no Brasil quanto fora, e isso nos
ajudou muito.


6) Eu lembro que a banda saiu em várias revistas de metal ,e a rock brigade foi uma que
divulgou a banda ,como era a cena do metal se falando em underground?
Era totalmente diferente dos dias de hoje. As revistas dominavam o mercado
fonográfico porque era o único meio, ou um dos únicos meios de divulgação
especializado. Isso inclusive gerou alguns problemas porque algumas eram tendenciosas
e exaltavam quem lhes interessava, mas ignoravam que não lhes interessava também.
No geral sempre tivemos um bom relacionamento com a mídia impressa, tivemos
alguns momentos críticos também, mas isso não vem ao caso.


7) O liar symphony sempre tocou um metal voltado ao progressivo ,com um
instrumental impecável e destruir como são feitas as composições da banda ?
Não existe uma fórmula, as composições sempre foram feitas com alma, era verdadeiro,
era o que vivíamos e o que sentíamos na época. Acredito que cada álbum que lançamos
foi o reflexo exato do momento que estávamos vivendo. Eu sempre fui o compositor
principal da banda por ter muita facilidade nesse aspecto, mas a sonoridade foi mudando
com o passar do tempo e também com a contribuição e a personalidade de todos que
passaram pela banda.




8) A Banda foi formada em 1993 ,quais as diferenças de se fazer metal naquela época e
nos dias de hoje?
Estamos falando de 31 anos atrás, tudo era diferente, o mundo era diferente. Fomos
influenciados pela geração que vivíamos e hoje, essa nova geração é influenciada por
outra. A única coisa que sinto diferença é que talvez por ser muito mais difícil gravar,
tocar etc, nós dávamos mais valor e nos dedicávamos mais ao nosso trabalho, mas isso é
apenas algo que eu sinto e pode não ser a realidade para todos que estão na batalha.

9)before the end e spirit machine são grandes álbuns da banda como foi a repercussão,e,
como foi feito a produção desses clássicos do metal mundial ?




São dois momentos muito diferentes da nossa carreira.
No Spirit Machine nós tínhamos sofrido a perda do nosso vocalista Villo Nolasco, e isso
foi muito impactante para nós, pois ele era uma peça muito importante que nos ajudava
a ter essa sonoridade diferente das outras bandas. Isso acabou atrasando o lançamento
do álbum em um ano e como não achamos nenhum vocalista na época que sentimos ser
a pessoa certa, eu acabei gravando os vocais para cumprir o contrato com a gravadora.
Pra nossa surpresa o trabalho foi muito bem aceito e até hoje vários fãs relatam ser um
dos seus preferidos.
Já no Before the end estávamos em um momento muito sólido, uma banda muito boa,
afiada, tecnicamente e emocionalmente, e isso acabou refletindo diretamente no
resultado do álbum. Acredito ser o trabalho mais consistente, bem tocado, bem gravado
e composto pela banda até hoje, ali encontramos em equilíbrio entre o peso, os arranjos,
a sonoridade em geral. É um trabalho que nos orgulha muito.




10) Quais lembranças da abertura do show do Saxon em maio de 2002 em São Paulo/SP
e qual a importância que essa abertura teve para o crescimento da banda?
Antes de abrir para o Saxon já havíamos tido a oportunidade de tocar com outras bandas
internacionais, em 1998 com o Mercyful Fate e Savatage, por exemplo.
O show com o Saxon foi muito bom, estávamos em tour de divulgação do nosso
segundo álbum, The symphony goes on. Fomos muito bem recebidos pelo público, e
vale ressaltar aqui também, muito bem recebidos pelo Saxon, foram muito simpáticos
com a gente, nos deixaram a vontade. Foi um dia para ser lembrado por muito tempo.


11) como o Pedro Esteves enxerga a cena do metal nos dias de hoje?
O mundo é muito diferente de antigamente, não só na música, em geral. Acho que hoje
por conta das plataformas de distribuição de música e das redes sociais, as bandas
acabam se preocupando muito com imagem e com coisas abstratas e, em grande parte
acabam esquecendo-se do que mais importa que é a música.
Acredito que ninguém sabe ainda como trabalhar corretamente nessa nova realidade,
por isso vemos os grandes cada vez mais “grandes” e pouca coisa nova aparecendo.
É um novo ciclo, temos muito que aprender ainda sobre como trabalhar sem as
gravadoras e conseguir auto-gerenciar a carreira. Mas uma coisa é fato, tem muita banda
boa por aí, músicos excelentes e com ótimos trabalhos.






12)o que você acha que faltou para a banda se tornar relativamente Mai streammer?
Uma sucessão de fatos...

Trabalhamos muito para vencer, mas como disse antes, antigamente as coisas eram
muito mais lentas e difíceis. Quando as grandes oportunidades apareceram para nós
como tours no exterior etc, elas chegaram meio tarde, nós já estávamos em uma fase das
nossas vidas pessoais que não nos permitia arriscar muito, responsabilidades, família,
filhos etc.
Por outro lado somos muito satisfeitos com tudo que conseguimos alcançar, temos um
currículo sólido com 6 álbuns de estúdio, 1 cd e DVD ao vivo. Poucas bandas no nosso
meio foram tão produtivas como nós, e por tanto tempo.


13)o que o Pedro Esteves faz nos dias de hoje?se falando em música?
Sou professor de guitarra desde 1995, esse sempre foi meu trabalho principal. Sou
professor do Conservatório Municipal de Guarulhos em SP onde tenho um curso de
guitarra especializado em Rock, e tenho a satisfação de formar ótimos profissionais da
guitarra ao longo dos anos.
Tenho o meu estúdio, o Estúdio Masterpiece, desde 2004, onde desenvolvo um trabalho
de produção especializado no Rock. Lá, ao longo desses 20 anos desenvolvi vários
trabalhos com bandas e artistas que estavam em busca do seu lugar ao sol, e continuo
até hoje. O trabalho de produtor me realiza muito profissionalmente, é algo que tenho
muito prazer em fazer.
Além de todos os trabalhos que lancei com o Liar Symphony, lancei outros projetos
como o Dead Man Walking (Heavy-Thrash), o Hardshine (Hard-Rock), e também dois
albuns solo de música instrumental. Aliás, estou nesse momento em fase de gravação do
meu terceiro álbum solo que tem previsão de lançamento até o final desse ano.
Todos esses trabalhos estão disponíveis nas melhores plataformas de música digital para
quem quiser conhecer.







14)deixe uma mensagem aos fãs da banda e de seu trabalho?
Sou um cara muito realizado com o que faço e satisfeito com tudo que conquistei. Já
vivi momentos memoráveis, tive a oportunidade de tocar e gravar com excelentes
músicos e pessoas. Acredito que a vida é isso, estar em paz com o que faz e realizado
com as conquistas.
Quem quiser conhecer mais sobre o meu trabalho:
www.estudiomasterpiece.com.br
www.pedroesteves.com.br
Obrigado pela oportunidade.


Nos vemos por aí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário