domingo, 3 de dezembro de 2023
Entrevista Krisiun: Moyses Kolesne
Krisiun é uma das bandas mais famosas e consagradas dentro do cenário de death metal brasileiro, sendo mundialmente conhecidos. Formada por Alex Camargo no baixo e no vocal, Max Kolesne na bateria e Moyses Kolesne guitarra, a banda acaba de retornar de uma turnê europeia e farão um show no Rolling Stone Festival neste sábado, 02.
Em entrevista ao Wikimetal, Moyses falou sobre o convite para a apresentação, descrevendo-a como “uma grande honra”: “É algo difícil para uma banda underground death metal isso acontecer, com uma música extrema, mas é mais uma barreira aí que o Krisiun tá derrubando.” E que “vamos tentar dar o melhor show possível lá no dia.”
Por conta da rápida venda de ingressos, o show foi transferido para o Cine Joia, o que o guitarrista disse ser “uma amostra que o fã do Krisiun tá aí, tá ativo. Quer ver a banda, apoiar a banda, né?” Ao falar da base de fãs, Moyses descreveu como sendo uma “família”: “Não é aquele fã de internet, né? O fã, real mesmo, que ajuda a banda, consome merchandising, vai nos shows, né? Mais do que só ficar dando like ou comments.”
Para fazer turnês, Moyses revela que é necessária uma grande preparação anterior aos shows, questões “burocráticas”, como alugar tour bus, setlists e a questão dos itens de merchandising. Além disso, o lado emocional e físico também são importantes: “Tu tem que tá bem fisicamente, não pode tá doente. Não pode tá com algo que põe a tua performance, desequilibre a banda assim, né? Alguém tá bem, o outro não tá bem, então você tem que estar bem fisicamente. Todo mundo bem de cabeça também, porque tem muito músico que sai em turnê e tá com a cabeça zoada por questões emocionais.”
Ele falou também a respeito da concentração necessária durante os shows da banda, que vem tendo 1 hora e 15 minutos. “Death metal, não é fácil. Então assim, tu tem que estar bem concentrado.”
A banda já faz turnês internacionais com uma frequência grande nos últimos anos: “A gente vai todos os anos pra Europa, todos os anos pros Estados Unidos, Canadá, fora a pandemia, né? Então faz, sei lá, quase vinte e cinco anos que é viagem todos os anos.”
“A gente sabe como agir de todas as formas, né? A gente, quando era moleque, desperdiçava muita energia, falava muita merda. Isso tudo põe em jogo em questão a tua condição como uma banda que é profissional.”
O Krisiun está, atualmente, com a turnê de divulgação de seu décimo segundo álbum Mortem Solis, lançado em 2022. A respeito do nome do trabalho, Moyses explica que a tradução é “morte do sol”, mas que é necessário voltar muito tempo na história: “É a morte do império, da religião, da força que oprime o ser humano, tipo, tanto que a capa mostra uma queda de um império.”
Ao falar sobre o novo registro, Moyses explicou que “a gente cortou coisas que talvez deixassem a música um pouco menos direta. A gente viu que tem muita banda usando muita sinfonia, muita coisa que às vezes perde a música e a gente quis fazer algo assim, meio direto, bem death metal, direto old school.” explicando porque fizeram poucos solos de guitarra, poucas introduções e músicas mais curtas.
Moyses Kolesne falou que sua música favorita do Mortem Solis é “Necronomical”, dizendo ser diferente de tudo que a banda já tinha feito até então: “Ela é uma música que começa bem lenta, lembra pouco do heavy metal dos anos 80.” Além disso, o guitarrista a descreve como uma música que “saiu da caixinha normal do Krisiun” e que, talvez, ela tenha aberto “um novo caminho pra gente seguir, às vezes, próximos discos.”
O Krisiun é conhecido por ser uma banda muito técnica, mas Moyses disse que: “Ela faz parte da música, claro, tu tem que ter uma técnica, mas a música é muito mais que técnica, ela é inspiração, é expressão, né? É o que a banda representa.”
O músico relembrou quando o Krisiun foi a banda de abertura para o Black Sabbath em 2017: “foi, para mim, o maior sonho da minha vida.”
O show aconteceu em Porto Alegre: “que foi da onde a gente veio e foi na rua que o Krisiun nasceu, quase, foi no bairro que o Krisiun nasceu. Então quando eu era moleque em Porto Alegre, eu nunca imaginava que um dia eu ia abrir pro Black Sabbath no meu bairro.”
Ao ser perguntado sobre elementos brasileiros nas músicas do Krisiun, Moyses Kolesne respondeu que: “A gente é brasileiro, né? Então o elemento brasileiro já tá aí. Esse lance de trazer samba, trazer não sei o quê, não sei o quê, pra mim foge um pouco do metal.”
“Nosso death metal não é igual o death metal americano nem o europeu. A gente tem no sangue isso. Então não precisa eu ir lá e pôr uma batucada pra dizer que eu sou brasileiro, posso ir lá e tocar metal extremo e mostrar que eu sou brasileiro tocando metal com a minha, característico a minha identidade.”
Ele elogiou o Sepultura em Roots, mas que “depois, algumas bandas, deu para ver que era só para copiar aquilo, tentar ter sucesso e mesmo para eles depois nunca mais funcionou isso também.”
“Muita batalha, muita dedicação, sangue, suor e lágrimas” foi como o guitarrista descreveu sua jornada musical e falou sobre a importância de se renovar.
Explicou também a importância dos fãs: “Eu sei que a gente não tá sozinho, sempre tem muita gente apoiando. A gente conseguiu construir uma fan base sólida.”
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