Dia, 26, Adrian Smith e Richie Kotzen compartilham com o mundo o primeiro disco fruto da colaboração entre os artistas, Smith/Kotzen. A parceria, que une forças entre o guitarrista do Iron Maiden, e o ex-membro do Poison e Mr. Big, atualmente no The Winery Dogs, é claro, não poderia ser diferente do que uma explosão de energia e maestria de dois grandes nomes da música.
Como você está, Richie?
Richie Kotzen: Eu estou muito bem, e você como está?
Eu estou bem! Antes de tudo, eu tenho que te agradecer pela música que você tem feito durante toda sua carreira, mas especificamente sobre esse disco fantástico que você gravou com o Sr. Adrian Smith.
RK: Ah, obrigada! É cara, foi uma ótima oportunidade a gente se reunir, nós nos divertimos muito fazendo o disco. Fico feliz que você tenha gostado.
Primeiramente, você se considera um cantor compositor, ou mais um guitarrista? Como você se define?
RK: Bem, eu praticamente baseei minha vida inteira em escrever músicas e me apresentar, e também cantar e tocar guitarra. E eu sempre falo, se você é um músico sem uma música, você não tem nada para tocar, então, minha prioridade na minha vida têm sempre sido é a música, isso está comigo desde que eu era mais jovem, a coisa mais importante é a música, todo o resto vêm junto. Então primeiramente, eu gosto da música, e eventualmente pego minha guitarra quando tenho alguma ideia. Eu acho que tenho a resposta para essa pergunta, que é de que eu sou mais um cantor compositor, e depois, obviamente eu sou conhecido pela minha guitarra também.
NM: Falando sobre a parceria com Adrian Smith, você se recorda a primeira vez que entrou em contato com a música dele?
RK: Bem, eu era um grande fã do Iron Maiden, e eu lembro muito bem e que um dos meus primeiros shows foi do disco Piece Of Mind [1983], então eu sempre fui um grande fã do Maiden minha carreira inteira. E eu prestava muita atenção em Adrian e no que ele fazia.
Quando você assistiu aquele show, você imaginou que estaria gravando um disco com ele alguns anos depois?
RK: Não! Exatamente, essa é a ironia disso, tipo “Eu estou realmente fazendo isso?”, eu tenho que me beliscar às vezes um pouco. Mas é uma grande oportunidade, é muito louco pensar que eu estou aqui fazendo um disco com um dos meus heróis, sabe?
Ele [Adrian Smith] foi uma influência quando você começou a tocar guitarra?
RK: Certamente a banda era, a composição de Adrian também. Naquela época eu era muito jovem, na minha cabeça, eu não sabia quem fazia o que, não estava tão aprofundado no quadro geral da banda. Eu era muito jovem, tudo era muito novo para mim. Mas foi ótimo trabalhar com o Adrian, nós nos demos super bem, temos bastante coisa em comum, nossos estilos, e coisas que nos empolgam musicalmente.
Sim, eu notei que existem similaridades mas ao mesmo tempo vocês se complementam. Por exemplo, é fácil identificar quando é você tocando, ou Adrian, vocês tem estilos diferentes. Mas ao mesmo tempo, existe uma sintonia muito boa.
RK: Bem, eu acho que nós temos um gosto muito similar sobre música, sabe? Nós gostamos muito dos mesmos cantores, como Paul Rodgers [Bad Company, Free], é um dos nossos favoritos. Adrian tem uma conexão muito forte com blues, e eu cresci com R&B, que tem muita influência do blues, tenho uma boa história no mundo do jazz fusion também. Então tivemos uma boa troca de ideias vindo de ambos os lados, um cara começava algo, outro terminava a tarefa. Até agora foi um dos discos mais fáceis que eu já fiz.
Sim, é fantástico! E como essa parceria começou? Você se lembra da primeira vez que você conheceu Adrian? Como isso se desenvolveu para vocês se tornarem companheiros de música?
RK: Bem, nós nos conhecemos cerca de dez anos atrás.. eu não posso te dizer a exata circustância de como nos conhecemos, é um pouco nebuloso pra mim. Mas nós somos amigos há muito tempo, a gente se via sempre quando ele vinha para Los Angeles, e minha esposa, a esposa dele, ele e eu saíamos para jantar, passávamos tempo juntos, e conversávamos. Periódicamente, ele fazia eventos na casa deles, ele tem um cômodo com todas as guitarras lá e tudo mais, e a gente só tocava, durante a época do fim do ano, até minha esposa se juntava com a gente e tocava baixo também. E uma das vezes alguém sugeriu que a gente tentasse compôr uma música juntos, então a gente topou e a primeira faixa que eu lembro de surgir foi “Running”. Então uma coisa levou para outra e aqui estamos com o disco.
Vocês gravaram o disco na linda Ilha de Turks & Caicos. Você acha que o local influenciou o álbum de alguma forma?
RK: Certamente é um ótimo ambiente, estar no Caribe. Nós tívemos a oportunidade de pescar lá, acordar e poder nadar, sabe? E aí entrávamos no estúdio e trabalhávamos a partir disso. Mas foi uma boa rotina, e eu não gosto de ficar muito no estúdio, 5, 6, 7, horas, então logo após disso a gente ia jantar, encerrava à noite, e fazia tudo novamente.
Eu imagino então que o álbum foi finalizado antes da pandemia, certo?
RK: Exatamente. Nós terminamos tudo e então ouvimos sobre essa pandemia, sobre esse vírus. Com sorte, conseguimos fazer tudo até esse momento, conseguimos trabalhar juntos, pessoalmente, não precisamos nos preocupar em enviar arquivos um para o outro.
É parte dos seus planos se apresentar com Adrian futuramente em nos palcos?
RK: Essa era a ideia! A ideia era sair por aí, e nos apresentar para as pessoas. E agora estamos nessa situação em que ninguém sabe ao certo quando vamos conseguir retornar. Quando nós terminamos o disco, nós tívemos que pensar em quando poderíamos lançar para que a gente conseguisse fazer uma turnê. Adrian tinha datas marcadas com o Iron Maiden, eu tinha datas marcadas para os meus shows. E então nós escolhemos março de 2021 para lançar o disco e fazer a turnê. A boa notícia foi que a gente ainda vai conseguir lançar o disco neste período, mas infelizmente toda a turnê caiu. Então nós temos que esperar uma janela entre as datas aparecerem, e remarcar para mais tarde do que nunca… mas a boa notícia é que agora a gente pode lançar, agora as pessoas podem ouvir.
Pensando no cenário musical atual, o rock não é mais o gênero principal, digamos. Como você vê o momento atual enfrentado pelo rock ‘n’ roll em geral?
RK: Bem, algumas pessoas falam sobre essa situação mas eu não sei muito sobre. Quando o Iron Maiden veio para Los Angeles dois anos atrás, eles tocaram em um estádio de baseball, e estava lotado, eu estava lá, foi demais, as pessoas amaram. Eu fiz uma turnê em 2019 que foi um sucesso, tocamos no Hellfest para um público gigante, e foi ótimo. Então o que acontece é que as coisas mudam, a tecnologia meio que dita as situações. Uma coisa que eu sempre falo é que a situação agora é que as pessoas fazem discos hoje que 40 anos atrás elas não conseguiriam fazer. Porque 40 anos atrás você tinha que aprender guitarra, baixo, teclado por anos. Agora você tem um computador, programas, em que tudo que você tem que fazer é ter um bom gosto e você pode montar algo que é esperto e colocar na rádio, e você nem é um músico. Não estou dizendo que isso é ruim, eu acho que todo mundo tem o direito de ser criativo, eu acho isso ótimo. Mas você não pode querer que as coisas sejam as mesmas que antigamente, as coisas mudam, as pessoas mudam.
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