sábado, 6 de março de 2021

ENTREVISTA VAZIO

 




1) COMO FOI O INICIO DO VAZIO



Olá, Renato Gimenez por aqui. O início do Vazio foi em 2015, eu e o Daniel tocávamos no Social Chaos, e decidimos montar um projeto voltado a música extrema, e então surgiu o Profecia Vazia, que logo mudou de integrantes e de temática e junto com meu velho amigo Loukas no baixo gravamos o primeiro EP que saiu em 2016.


2) VOCêS VIERAM DO SOCIAL CHAOS COMO FOI ESSE PERIODO COM A BANDA?



Foi de muita produção e aprendizado também, entrei em 2011, junto com o Daniel e gravamos o disco “Dia do Óbito”, no mesmo ano fomos pra Europa divulgar o trabalho e fizemos mais de 70 shows. Após esse período gravamos mais diversos splits, material pro tributo ao Napalm Death, pro tributo ao Ratos de Porão e o último full “Enquanto Desus Empoeiram Dentro de Você”.


3) COMO FOI A PRODUÇÃO E GRAVAÇÃO DO"Eterno Aeon Obscuro"?



Levou dois anos para termos as músicas arranjadas, isso leva mais tempo para a gente do que a engenharia de estúdio, pois hoje contamos com o Eric Cavalcante nas guitarras e também na produção. Ele foi meu professor em um curso de áudio no Instituto Souza Lima e algum tempo depois entrou no Vazio. Tendo dois engenheiros de som na banda ajuda muito para chegarmos mais rápido ao resultado desejado. A entrada do Nilson no baixo também trouxe uma abordagem mais técnica e criativa,





4) QUAL O CONCEITO DAS LETRAS DO VAZIO?



O Vazio trabalha a egrégora do sagrado culto brasileiro aos mortos, junto a isso vários outros temas se somam, como os conceitos anti-cósmicos da Cabala Draconiana, os conhecimentos xamânicos/indígenas. Minha vivência no caminho da espiritualidade traz as chaves que são os temas das músicas. Todas tem uma ligação e nada é por acaso.


5) PORQUE A BANDA OPTOU EM CANTAR EM PORTUGUES?



Pela necessidade de comunicar a verdadeira vontade. O diferencial de quando você utiliza o português fica claro num processo espiritual e é isso que trazemos para o black metal extremo e ocultista. Não apenas música rápida e sinistra, mas uma imersão nas sombras. As línguas nativas proporciona maior conexão com os mortos nativos e é essa a chave. Isso também é um diferencial na cena atual, onde a maioria prefere escrever num inglês sofrível do que se relacionar com a escrita em português. Domino outras línguas mas o caminho do Vazio é em português.



       



6)QUAL SIGNIFICADO DO NOME VAZIO?



Vazio tem várias interpretações, cada um por ter a sua. O abismo é pessoal, mas podemos abrir suas manifestações para o campo quântico da anti-matéria cósmica ou dentro da espiritualidade, podem ser os reinos da inversão da criação.

Como disse acima, o tema gera diversos olhares mas todos são o mesmo, a ausência. O Vazio não deseja ser completado, mas é uma manifestação do caos.


7) A BANDA TEM DIVERSOS CLIPS COM UMA BELA PRODUÇÃO?QUAL A IMPORTÂNCIA PARA A BANDA EM PRODUZIR ESSE CONTEUDO?



Nós decidimos trabalhar firme no Vazio e fazer vídeos com qualidade faz arte dessa rotina artística. Gostamos muito de áudio-visual e tentamos trazer linguagens que amarrem com o som e as letras. Nosso último vídeo foi para a faixa título do disco “Eterno Aeon Obscuro” e realizei o roteiro e performances durante a pandemia, junto a parceiros que trabalharam para trazer a arte mortuária num vídeo clip com características de performances artística sombrias, diferente dos clips de bandas que mostram músicos tocando e etc. Foi uma experimentação nesse caminho, esó por curiosidade de quem se interessar o clip foi feito sobre referências de clips como “What the hell have I?” do Alice in Chains e “Where are we now” do David Bowie entre outros artistias como Skinny Puppy e Alien Sex Fiend. Olhar para outros artistas fora do black metal também soma muito dentro da arte do Vazio, não queremos nos limitar a nada. A arte é para libertar e não para aprisionar, ou seja mesmo estando dentro do Black Metal, nosso trabalho tende a conter influências de correntes sinistras diversas.


8)ESTAMOS VIVENDO UM MOMENTO CAÓTICO ,COMO A BANDA ENXERGA ESSA NOVA REALIDADE?



Seguimos compondo e trabalhando forte nos próximos materiais do Vazio, que serão um DVD-CD com o Vulcano, fruto de um show no Sesc Pompeia que fizemos juntos e também um Split CD com os mexicanos do Skid Raid, apenas com material inédito que estamos finalizando nesse momento. Seguimos vendendo nosso material pela internet e processando as mudanças na sociedade e no lixo que é a política brasileira.

Aguardamos o momento em que voltaremos aos palcos e a fazer tours, que sinceramente é a coisa mais satisfatória de ser ter uma banda, é você poder tocar para pessoas diferentes e conhecer outros lugares. Disseminar teu trabalho artístico para aqueles que tiverem interesse, nas esferas da música extrema e do ocultismo. Mas no momento nosso trabalho se resume ao estúdio.




9)QUAIS SÃO AS INFLUÊNCIAS DA BANDA?



O que gostamos mesmo é de extremismo de blast beats como Marduk, Gorgoroth, com as invenções do Rotting Christ, Zemial, Satyricon, Samael, as melodias decadentes do Unanimated, Watain, Dissection, curto muito as experimentações do Dodheimsgard e Thorns e a nova cena da Islândia que piro muito tipo o Myspirming, o Almyrkvi, o Sinmara entre muitras outras bandas de diversos outros estilos musicais que fogem do campo do metal extremo, mas ao compor se encaixam na nossa temárica.


10) COMO SÃO FEITAS AS COMPOSIÇÕES DA BANDA?



Sempre estou trabalhando em alguma música nova, como se sempre tivesse uma voz me dizendo para seguir em determinado caminho. Uso das inspirações músicais e da técnica para alcançar o resultado como algumas progressões de riffs. Assim eu gravo as guitarras e mando pro pessoal ouvir. Quando a gente podia ensaiar mais antes da pandemia, a gente se reunia no nosso estúdio e ia tocando esses riffs e todos opinavam sobre os arranjos, mas o grosso do trabalho eu já deixo arquitetado. Assim tem sido fieta a maioria do material do Vazio.


11) COMO A BANDA VÊ A CENA BLACK METAL NO BRAZIL?



Vejo hoje em dia com o fechamento das casas de shows como um período de reconstrução. Eu toco em bandas no underground a 25 anos e sei bem com funciona a cena de São Paulo. Existem aqueles que querem somar e fazer coisas acontecerem e aqueles que querem criticar negativamente, por inveja, competição e outras coisas que só trazem atraso para a cena.

Tentamos sempre caminhar junto com aqueles que apoiam o caminho do Vazio, seja no comprando nosso material, mandando uma palavra de inventivo ou resenhando nossos discos em zines. Galera tem que valorizar mais os guerreiros dos selos, das lojas, os fotógrafos, jornalistas, os técnicos de som assim como os fans. Todos esses pontos são importantes quando se trata de ter uma carreira musical sólida de uma banda que se leva a sério como o Vazio.

Cena é algo que deveria ser mais auto-sustentável financeiramente, não vejo isso acontecendo muito devido aos fatores que apontei acima. Tem gente que se acha demais e faz de menos. Isso acontece. Mas vamos seguir o nosso caminho que é o caminho da arte mortuária em forma de música extrema real. Queremos entregar material de qualidade aos fans que nos apoiam. E para aqueles que contestam a veracidade do nosso trabalho lhes entrego o desprezo. Pois foi o próprio inferno que me concebeu as chaves que hoje estão na arte do Vazio. Em rituais, me foi revelado pelos grandes mortos, o reconhecimento e a benção ao nosso trabalho, tendo isso, todos os caminhos estarão abertos, dependendo apenas e exclusivamente do nosso empenho e dedicação ao Vazio e a toda espiritualidade que nos cerca.








12)QUAL O FUTURO DO VAZIO?



Seguir compondo e tocando até onde minha saúde permitir.

Temos diversos lançamentos agendados como disse acima, com o Vulcano e com os mexicanos do Skid Raid. Paralelamente a esses materiais que já estão prontos, sigo compondo o novo material para nosso segundo full álbum.


13) DEIXE UMA MENSAGEM AOS FÃS DA BANDA?



Criaturas do underground, vocês são importantes para que haja uma evolução na cena underground desse país maldito, então compre materiais, divulgue zines, camisetas de bandas independentes e faça a roda girar, pois tá foda pra todo mundo. Eu trabalho com produção musical a 16 anos dentro de estúdio , morei e trampei no Caffeine Studio (RIP) e agora no novo Estúdio Sinfonia de Cães, e vi o estrago que a pandemia fez no rolê. Casas de shows fechando e todo mundo sem grana. Então só com apoio, garra e maturidade essa cena pode voltar a ser incendiada novamente por lançamentos e apresentações musicais constantes como um dia já foi. Estamos numa fase de reconstrução, e muitos já desistiram, mas não é o nosso caso. O Vazio segue forte.



Que a chama negra ilumine seus caminhos.

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