Já nos anos 2000 e animados com a ótima recepção de All Hell Breaks Loose [2000], o Destruction agora entra em uma fase quase industrial de lançar vários discos com poucos anos entre eles (em média de 1 a 3 anos) seguidas de turnês para promovê-los. Schmier volta a assumir a liderança principal em termos de composições, com eventuais colaborações de Sifringer e dos outros vários integrantes (principalmente bateristas) que passaram pela banda em todos esses anos. E já nessa virada de milênio eles soltam um álbum que seria um dos mais elogiados da sua discografia!
The Antichrist [2001]
Com a produção e participação de Peter Tatgren (do Hypocrisy), o Destruction não só voltou à sua melhor forma como lançou esse petardo que conseguiu uma rara façanha na música: ser considerado por muitos fãs o melhor de sua discografia isso sendo o sétimo disco de estúdio e sem exatamente estar em sua “formação clássica”. Com temáticas heréticas (como o próprio nome do álbum sugere), a banda mete o pé no acelerador e produz faixas pesadas, velozes e furiosas tais como “Thrash till Death” e “Nailed to the Cross” e algumas mais cadenciadas mas tão boas quanto como “Meet your Destiny”. Embora até um tempo atrás eu ainda gostasse mais de D.E.V.O.L.U.T.I.O.N. [2008], este disco galgou algumas posições em minhas preferências pessoais sendo agora meu segundo favorito (com o de 2008 caindo para um quarto lugar). Não dá para negar que Mike Sifringer reuniu seus melhores riffs de guitarra para juntá-los todos neste álbum. Todo mundo que curte thrash ama as guitarras deste álbum. E com toda razão. Excelente e memorável, ouça este disco e curta todo o seu peso. Curiosamente, ele saiu apenas duas semanas antes dos ataques aos Estados Unidos de 11 de setembro. Embora o cristianismo seja o alvo principal, dá de se considerar que todas as religiões em si receberam críticas fortes nas letras aqui. Parece até que estavam prevendo o ataque.
Após o término das gravações. o baterista Sven Vormann anuncia a sua saída da banda. Ele publicou uma nota dizendo que a vida na estrada em volta de longas turnês não era para ele e que saiu do Destruction amigavelmente. Sem perder muito tempo, a banda chama Marc Reign para as baquetas.
Metal Discharge [2003]
Sempre difícil para o álbum seguinte se destacar após um grande clássico ter sido lançado. Metal Discharge cai nesta categoria. Apesar de eu considerá-lo um bom disco, nota-se claramente uma queda em termos de arranjos, riffs e criatividade. Há muitas coisas boas por aqui, canções como “The Ravenous Beast” e “Desecrators (of the New Age)” são muito boas, mas há outras que considero pobres ou repetitivas tais como “Mortal Remains” e “Vendetta”. A primeira parece que foi produzida por uma banda nanica noventista com poucos recursos (a produção inteira do disco sofre, mas aqui foi pior) e a segunda tem uma cara de filler descartado dos primeiros discos. Sifringer parecia preguiçoso e não inspirado quando criou ou tocou os riffs dessas músicas. Ainda que com defeitos, o disco me agrada por ser um thrash interessante e que me anima a ouvir se considerarmos o disco por inteiro. O próprio trio decidiu se autoproduzir, o que não foi a melhor das ideias. Melhorariam nos álbuns seguintes, mas por aqui ainda estavam crus. Prefira outros álbuns já citados nesses meus textos para conhecer a banda e ouça esse aqui depois de conhecer os principais.
Inventor of Evil [2005]
Mantendo a formação anterior e sem inventar muito, este disco soa como o anterior mas muito melhor trabalhado. As faixas são mais fortes, os riffs e solos melhores e o baterista Marc mandando ver com velocidade e viradas alucinantes. Não há surpresas aqui (exceto talvez uma extensa lista de convidados famosos fazendo backing vocals em “The Alliance of Hellhoundz”), você terá um ótimo disco thrash para curtir e banguear bastante. É como aquele restaurante de sua confiança quase sempre com as mesmas receitas mas que você bate lá com frequência atrás de uma comida de boa qualidade a um preço em conta. As faixas de destaque para mim são a já citada “The Alliance of Hellhoundz”, o peso de “The Chosen Ones”, os ótimos riffs de “Under Surveillance” e de Schmier se esgoelando nos refrãos de “Twist of Fate”.
Thrash Anthems [2007]
Não costumo olhar com bons olhos estes esquemas de regravar material antigo ou de novas versões de clássicos, mas aqui eu dou o braço a torcer. Nada de incrível, mas curti as boas versões mais modernizadas de velhas faixas conhecidas dos fãs do Destruction. O foco foi regravar as suas melhores músicas dos discos oitentistas da banda junto a mais duas inéditas que são “Profanity” e “Deposition (Your Heads will Roll)”. As canções do primeiro disco Infernal Overkill [1985] foram as que ganharam mais com a produção nova. “Invincible Force” por exemplo ganhou nova vida. “Curse the Gods” do segundo álbum ficou muito melhor que a original em minha opinião. Várias outras melhoraram, embora algumas como “Sign of Fear” ainda gosto mais da crueza da original. É digamos que um “best of” para aqueles fãs que compram tudo de uma determinada banda que amam e que, se você amar o Destruction, vale a pena. Do contrário, vale como uma ótima curiosidade.
D.E.V.O.L.U.T.I.O.N [2008]
Este sim é um dos meus discos favoritos desta década dos alemães. Depois de um bom tempo, finalmente senti que a banda tentou ousar mais em seu thrash e o fez corretamente! Peso e velocidade são muito legais, mas as vezes um riff mais cadenciado e lento aqui, uma harmonia fora do comum acolá caem bem aos ouvidos. Você percebe guitarras e baixos tocando de forma diferenciada e se destacando (principalmente este último) e a banda também pegando algumas influências mais extremas do death e do black metal de forma mais clara. O disco inteiro é muito bom, mas as cinco primeiras faixas fazem parte dos melhores momentos em toda a discografia do Destruction. Eu recomendo muito que ouça este álbum que demonstra que os velhos thrashers ainda tem muitas ideias para canções pesadas e lenha para queimar!
Infelizmente, em 2010 logo após a gravação do DVD A Savage Symphony – The History of Annihilation [2010], o melhor baterista que a banda já teve, Marc Reign, os deixou alegando que o stress e o excesso de trabalho prejudicaram as relações pessoais e profissionais junto a Schmier e Sifringer. Empilhando discos um atrás do outro junto a turnês mundiais, era de se esperar. Os caras nesta década de 2000 tocaram em tudo o que foi canto e praticamente viveram na estrada quase sem descanso.
A banda chamou então o polonês Wawrzyniec Dramowicz, ou Vaaver para os íntimos. Mal sentou no banco e, como de costume, veio disco novo já no ano seguinte à sua entrada.
Day of Reckoning [2011]
Diferente do anterior, aqui temos o Destruction sendo aquele Destruction padrão como no disco Metal Discharge [2003]. Ótimos riffs, ótimos vocais de Schmier, mas infelizmente sem o carisma e as boas composições presentes em álbuns anteriores. Nenhuma novidade, nenhuma ousadia, nada. É um disco bem feito como bons álbuns do Destruction normalmente são, mas sem qualquer destaque na discografia dos alemães. Somente “Devil’s Advocate” me agradou um pouco mais e achei o cover para “Stand up and Shout” do Dio bem sem graça. É um disco que acaba entrando por um ouvido e saindo pelo outro sem deixar muitas lembranças. Tem muitos outros melhores que você pode ouvir antes de tentar este.
E chegamos ao final da segunda parte da discografia do Destruction. Restam ainda cinco álbuns aos quais irei comentar em cerca de 20 dias. Até lá!