Hoje, 1º de novembro, é uma data bem especial. Além de fazer um ano de um show pra lá de especial que o MEGADETH fez na cidade do Rio de Janeiro divulgando o mais recente álbum da banda, “Dystopia“. Este redator que vos escreve estava lá e era uma oportunidade única, uma vez que em 2016, a banda foi “recomendada” a não tocar na cidade maravilhosa, já que a tour brasileira na ocasião era concomitante com os Jogos Olímpicos realizados por aqui. Mas a verdadeira razão desta matéria é que “Youthanasia“, o sexto álbum da carreira da banda era lançado. E já tem bastante tempo…
Falar sobre este álbum me traz emoções pessoais e como faço com alguns deles, fica impossível não compartilhar isso com o caro leitor. “Youthanasia” foi o primeiro disco do MEGADETH que eu escutei. Isso se deu no ano de 1997, eu era estudante do último ano do ensino fundamental e ganhei este disco de um amigo que resolveu presentear “o amigo roqueiro”. Eu tinha um preconceito enorme com a banda de Dave Mustaine e falava que odiava a banda, sem ao menos escutar. Coisas de adolescente.
O MEGADETH hoje certamente está no meu “The Big Four“, caso eu resolva criar uma lista com as quatro bandas que eu mais gosto, então quem me conhece, até estranha o fato de em meados dos anos 90 eu não ter tido muito apreço pela banda. Mas felizmente, o “Youthanasia” mudou esse panorama.
O curioso é que este não é um disco necessariamente Thrash Metal, que consagrou a banda nos quatro cantos do globo, mas ele certamente conta com alguns dos riffs mais pesados já compostos por Dave Mustaine. E sim, “Youthanasia” é um excelente disco. Não tão comercial quanto o antecessor “Countdown to Extinction” e nem tão rápido quanto “Rust in Peace“.
Com produção de Max Norman e Dave Mustaine, era o segundo dos três álbuns que a dupla produziria. Gravado no “Phase Four Studios“, em Phoenix. A capa é em minha opinião a mais genial já criada. Mostra um varal que parece não ter fim e nele bebês dependurados de cabeça para baixo. E o título é uma sacada sensacional, onde há uma junção dos nomes “Youth” com “Euthanasia“. E Dave Mustaine explicou que pensou neste nome após ouvir falar de um médico chamado Jack Kervokian (conhecido médico por lutar pelo direito ao suicídio coletivo) e também o declínio do bem-estar dos jovens, a relação com drogas, violência e a falta da figura paterna.
Era o terceiro álbum da banda com a formação clássica, que ainda gravaria mais dois álbuns futuramente e aqui o quarteto tinha um desafio enorme pela frente: fazer um álbum tão bom e que superasse comercialmente “Countdown to Extinction“, lançado dois anos antes.
Assim como no álbum Chaos A.D. do SEPULTURA, o qual eu falei recentemente aqui, eu também estranhei “Youthanasia”quando eu o escutei pela primeira vez. Mas a diferença é que na época em que tive acesso a este disco, eu já começava a me familiarizar com o Heavy Metal, então algumas músicas já ficaram na minha cabeça logo de cara.
E assim foi com as quatro primeiras músicas: “Reckoning Day” é pesada demais, um riff de guitarra que não é dos mais complexos, mas simplesmente maravilhoso. E a letra, Mustaine deveria estar com muita sede de vingança quando a escreveu.
“Train of Consequences” é outra bem pesada, com riffs bem mais intrincados e mais voltada para o Hard, onde Dave Mustaineflerta com melodias vocais, coisa que ele já havia tentado fazer e com sucesso, no álbum anterior. O solo desta música é maravilhoso
Addicted to Chaos” é uma música mais densa, igualmente pesada, sombria, mas bem melódica no seu refrão. Outra música que me impressionou.
“A Tout Le Monde” foi a última das quatro músicas que me chamaram atenção na primeira audição. Também pudera, é a música de maior sucesso da banda, obrigatória nas apresentações. A letra, bem depressiva foi composta após uma tentativa de suicídio de Dave Mustaine.
Depois, começa a sequência que me conquistou com o tempo: “Elysian Fields” tem uma levada bem Hard Rock, sem abandonar o peso das guitarras, muito boa!
“The Killing Road” é uma música com um andamento um pouco mais rápido, a mais Metal das faixas deste disco, mas atenção: aqui, rapidez nunca poderá ser comparado ao que foi mostrado ao mundo nos álbuns de “Rust in Peace” para trás. A música é muito boa e com um refrão que gruda na sua mente.
“Blood of Heroes” é uma música mais densa, mas o timbre das guitarras segue o mesmo, agradando o ouvinte que preza pelo peso. Detalhe: uma das coisas que pessoalmente me chamam atenção em uma banda é o timbre da guitarra, um som limpo e isso o MEGADETH dá de sobra.
“Family Tree” é uma faixa onde a banda explora mais a melodia. Aqui tudo é certinho.
Chega a faixa título e essa é outra que se destaca pela complexidade da composição e os riffs bem intrincados. Para mim, certamente essa música figura entre as melhores de toda a carreira da banda.
“I Thought I Knew it All” é mais uma na linha Hard Rock, onde as guitarras não abandonam o peso e melodia. E a cozinha também faz um excelente trabalho.
“Black Curtains” começa com um riff bem pesado e a bateria de Nick Menza anunciando que o fim do disco está próximo. Uma música bem densa e pesada, como se mostra o álbum. Muito boa!
E o final não poderia ser melhor: “Victory” é uma música incrível, em que Mustaine faz meio que uma retrospectiva da banda, e encaixando na história, os títulos das músicas de álbuns passados.
É um álbum um tanto quanto subestimado por alguns fãs, mas ele tem o seu valor. Não foi comercialmente tão bem sucedido quanto o seu antecessor, mas é querido por este redator e tenho certeza, por muitos que estão lendo estas linhas. É um álbum que você precisa escutar muitas vezes para compreendê-lo. E depois você vai escutar mais vezes por ter se apaixonado por ele, como eu.
Em 2014, a banda realizou uma turnê em que este álbum fora executado na íntegra, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. O Brasil foi agraciado com um show na cidade de São Paulo.
E celebraremos mais um ano de vida deste álbum.
Formação:
Dave Mustaine – Vocal/Guitarra
Dave Ellefson – Baixo
Marty Friedman – Guitarra
Nick Menza – Bateria