quinta-feira, 30 de maio de 2024

Burzum segundo o seu criador, Varg Vikerns




Burzum segundo o seu criador, Varg Vikerns



Surgido na Noruega, o Burzum ganhou grande exposição na mídia norueguesa e principalmente na mídia internacional no começo da década de 1990, com a condenação de Varg Vikerns a 22 anos de prisão por ter queimado várias igrejas (católica), e também pelo assassinato de Euronymous líder do Mayhem. Além de todos os acontecimentos citados outro fato polêmico é que o idealizador do Burzum também é defensor da supremacia branca (racista). O texto foi apenas traduzido por isso não é a minha opinião e muito menos do tradutor (que não sou eu e nome do mesmo consta no final do texto), pois este encontra-se no site da banda (para acessar clique aqui). Para aqueles que são fãs da banda e não conhecem a história contada pelo próprio líder do grupo espero que gostem e que divirtam-se



Como este é um website do Burzum, acredito que Você tenha um certo interesse pelo Burzum, então contarei a você algumas coisas sobre o Burzum que nunca foram ditas antes. Todas as bandas têm uma origem, um começo e uma razão de existir. Então começarei dizendo para você por que o Burzum surgiu e também por que terminou da maneira que terminou.



Uruk-Hai (por John Howe)



Em 1988 ou 1989, quando eu já estava tocando guitarra havia um ou dois anos, fundei uma banda chamada Kalashnikov, juntamente com dois outros caras. Nós batizamos a banda de Kalashnikov porque, entre outras coisas, esse era o nome de meu fuzil de assalto favorito. Eu costumava jogar RPGs (Role-Playing Games) e, quando estávamos jogando "Twilight 2000", eu sempre equipava meu personagem com uma AK-74 (Avtomat-Kalashnikov 74). Mas eu também jogava RPGs estilo fantasia, como AD&D ("Advanced Dungeons And Dragons") e MERP ("Middle-Earth Role-Playing") com regras GM ("Game Master"), então eu fui muito influenciado pelo fantástico mundo da Terra-Média. Por causa disso, uma de nossas músicas foi chamada de "Uruk-Hai" e logo mudamos o nome da própria banda para Uruk-Hai. Não me lembro da letra daquela música, mas não acho que era muito profunda ou avançada (o refrão era: "Uruk-Hai! You will die" [N.: “Você vai morrer”] , ou algo parecido...). "Uruk-Hai" é, como a maior parte dos fãs de Burzum devem saber, o nome dos "High-Orcs" de Sauron, e sua tradução é "Raça dos Orcs", e vem da Língua Negra, o idioma de Mordor.

Na minha interpretação de adolescente eu sempre via os Hobbits como crianças ou simplesmente personagens maçantes. Os anões me lembravam porcos capitalistas gananciosos e eram também muito maçantes. Suas regras eram legais e Moria era um lugar maravilhoso, mas eu odiava a ganância deles – e, além de tudo isso, quem é que deseja ser pequeno? Os elfos eram fascinantes, belos e, principalmente, sua imortalidade e proximidade da natureza eram características interessantes, mas eles eram um pouco burros e lutavam pelo lado errado. Então eu senti uma atração natural por Sauron, que era a pessoa que, antes de tudo, dava ao mundo aventura, adversidade e desafios. Seu Olho, seu Anel e a torre de Barad-Dur são atributos similares aos de Odin [N.: Deus dos deuses na mitologia nórdica]. O Olho de Sauron era como o Olho de Odin, o Anel de Sauron era como o Anel de Odin, Draupnir ("O Emissor"), e Barad-Dur era como o trono de Odin, chamado Hliðskjálf ("Local de Rituais Secretos"). Seus Uruk-Hai e Olog-Hai ("Raça dos Trolls") eram como guerreiros vikings, os Warges eram como lobisomens criados por Odin, e assim por diante. Eu podia me identificar facilmente com a fúria das “forças das trevas” e me satisfazia com a sua existência, porque eles tornavam um mundo pacífico e chato mais perigoso e interessante.
Eu cresci lendo tradicionais contos de fadas escandinavos, nos quais deuses pagãos eram apresentados como criaturas “malignas”, como "trolls" e "goblins", e todos sabemos como a Inquisição transformou Freyr (Cernunnos/Dionísio/Baco et cetera) [N.: Deuses associados à fertilidade e aos prazeres] em "Satã". Tolkien não foi melhor do que eles. Ele transformou Odin, Sauron e meus ancestrais pagãos nos guerreiros Uruk-Hai. Para mim, as “forças das trevas” atacando Gondor eram como os Vikings atacando a França cristã de Carlos Magno, as “forças das trevas” atacando Rohan eram como os Vikings atacando a Inglaterra cristã. E devo acrescentar que os vikings acabaram perdendo essas batalhas, assim como Sauron e os orcs – não me importo em apoiar o lado derrotado. Eu sempre acreditei que deveria fazer o que achava certo, apesar das conseqüências e, se eu estivesse lutando por uma causa perdida, isso não me importava. Eu prefiro morrer lutando pelo que acredito a viver por qualquer outra causa.
Entretanto, ele não usou apenas a língua dos vikings e as línguas nórdicas para criar os orcs e seu idioma. A palavra "Orc" é, na verdade, o nome de uma tribo que viveu na Escócia em tempos remotos, nas Ilhas Orkney (também conhecidas como Órcadas). "Orc" é uma palavra do idioma gaélico que, até onde sei, significa "javali". Os cultos guerreiros das tribos nativas das Ilhas Britânicas provavelmente usaram javalis da mesma forma que os cultos guerreiros escandinavos dos “berserks” [N.: Algo como guerreiros implacáveis] e dos lobisomens usavam javalis e lobos. Os "Orcs" eram parte de um grupo de tribos conhecido desde a era romana até a época dos vikings como Pictos ("Aqueles que se pintam").
Portanto não chega a surpreender que um inglês católico como Tolkien tivesse usado, entre outros, “Bárbaros escoceses loucos, ruivos e que brandiam pesadas espadas” e “‘berserkers’ escandinavos furiosos, que queimavam igrejas” como modelos para alguns de seus vilões e, por causa disso, eu me senti mais atraído para esses vilões do que para os mocinhos. Eu tinha pouco em comum com personagens “cristãos”, como os cavaleiros “ingleses” de Rohan ou o povo “francês” de Gondor. Eu tinha pouca admiração por um “santo” como Aragon. Mesmo os elfos eram como estrangeiros, já que Tolkien usou o finlandês quando criou a língua deles e usou os finlandeses como modelo quando os criou. Eles realmente têm muito em comum com os Elfos, já que vivem no que é basicamente uma grande floresta (Finlândia), a leste das montanhas escandinavas (“As Montanhas Cinzentas”). Antes eles viviam no norte da Rússia, na vasta floresta ("Myrkwood", [Negra]) a oeste dos montes Urais. Eles também têm boa aparência (são loiros) e, como os elfos, são um pouco quietos, melancólicos, diferentes e distantes. Misteriosos, por assim dizer. Para mim, a linguagem dos elfos soa estrangeira e incompreensível – assim como o finlandês é incompreensível – enquanto o idioma dos orcs e a Língua Negra obviamente foram baseados no idioma de meus ancestrais. Então Uruk-Hai foi uma escolha lógica para o nome da banda.
O baterista e o baixista do Uruk-Hai eram pessoas que encontrei mais ou menos por coincidência. Eu já tinha encontrado o baterista antes, quando tínhamos (mais ou menos) uns 12-15 anos e ele apontou um revólver Magnum .375 carregado para minha testa na noite de Reveillon, porque ele achava que eu havia chamado ele de “gorducho” (uma ótima desculpa para apontar uma arma para a cabeça de alguém, é claro...). Eu não tinha chamado ele, e sim seu amigo, de “gorducho” e contei pra ele – e foi isso o que aconteceu. “Hm, okay”, ele disse, e saiu sem mais problemas (há, há). Seu interesse em tocar música era, eu acho o “normal” – ou seja, ter “sexo, droga e rock’n’roll”. O outro cara do Uruk-Hai tocava baixo só pra dar umas transadas – ele era, em outras palavras, um "rock'n'roller" estereotípico. O ideal seria que ele tivesse tocado guitarra, já que os guitarristas são, por alguma razão bizarra, mais populares com as garotas, mas ele nem conseguia tocar o baixo, então...
Em 1989 encontrei os caras do Old Funeral, que eram músicos excelentes e sérios, e abandonamos o projeto Uruk-Hai. Os outros dois membros do Uruk-Hai já estavam brigando por uma garota e, por isso, paramos de ensaiar, então não foi difícil acabar com o Uruk-Hai. Eu toquei com o Old Funeral por dois anos e, nessa época, o Old Funeral deixou de ser uma banda Techno-Thrash bem legal e virou uma banda de Death Metal chata. Isso não foi minha culpa, porque eles já tinham mudado do Techno-Thrash pro Death Metal quando me juntei a eles. Essa foi a razão pela qual deixei o Old Funeral, já que eu queria tocar meu próprio tipo de música, algo mais original e pessoal do que aquilo que tocávamos no Old Funeral naquela época (1989-1991).
(Você deve ter notado como o nome era idiota: Old Funeral. Mas, a favor deles, devo dizer que acho que eles se chamavam originalmente apenas Funeral. Então descobriram que outra banda também se chamava Funeral, mas eles já tinham usado aquele nome antes da outra banda Funeral, então eles mudaram para Old Funeral. Eles eram, em outras palavras "the old Funeral" [N.: o “velho” Funeral], e não Old Funeral, então o nome não é tão idiota como parece à primeira vista).
Ao invés de reiniciar o projeto Uruk-Hai, eu mudei o nome e decidi fazer tudo sozinho, embora tenha usado alguns riffs do Uruk-Hai. Eu não queria tocar ao vivo e meus motivos para tocar música eram bem diferentes da tradicional motivação “rock’n’roll”. Enquanto tocava no Old Funeral eu mantive meu interesse por RPGs e ainda era muito influenciado pela magia da fantasia. Acho que já disse antes que o conceito do Burzum baseava-se o ocultismo, mas o mais correto a dizer é que se tratava de um conceito mágico, ou um conceito construído sobre a magia fantástica. Tudo que se referia ao Burzum não era deste mundo, até o nome.
Como eu disse antes, quando os cristãos chamaram os deuses de meus ancestrais de “demônios”, "trolls", "goblins" e tudo o que era considerado “maligno”, eu naturalmente me senti atraído por tudo que era visto como “maligno” pelos cristãos. Essa é uma reação um pouco imatura, talvez, mas eu era adolescente, então não via problema algum. Eu ainda tinha essa atitude em 1991, e Uruk-Hai era um excelente nome, mas eu sentia que estava começando tudo de novo, então eu precisava também de um novo nome. Como a grande parte dos fãs de Tolkien deve saber, "burzum" é uma das palavras que estão escritas em Língua Negra no Anel de Sauron. Se bem me lembro, a última sentença é "ash nazg durbabatuluk agh burzum ishi krimpatul", que significa "um anel para atrair todos eles e uni-los através da escuridão". A “escuridão” dos cristãos era, claro, minha “luz”. Portanto, para mim foi natural usar o nome Burzum.
Muitas bandas (exceto Old Funeral, é claro ) tinham nomes ingleses “maneiros”, como Immortal, Mayhem, Darkthrone, Destruction, Celtic Frost, Enslaved, Pestilence, Paradise Lost, Morbid Angel, Death, e assim por diante. Eu não queria isso e essa foi uma das razões que me levaram a escolher os nomes Uruk-Hai e depois Burzum. Naquela época – antes do lançamento dos filmes da série “Senhor dos Anéis” dirigidos por Peter Jackson – seu significado era praticamente solis sacerdotibus: só os iniciados, por assim dizer, sabiam o que significava. Somente pessoas que tinham um interesse especial no mundo de Tolkien sabiam, e isso era legal – era assim que eu pensava. Isso permitia que os ouvintes se sentissem especiais e percebessem que Burzum era feito especialmente para eles (e era).
A idéia por trás do Burzum não era somente fazer música original e pessoal, mas também criar algo novo – um pouco de “escuridão” num mundo “luminoso”, seguro e maçante demais. Diferentemente de 99% de todos os músicos, eu não tocava música para me tornar famoso, ganhar dinheiro e dar umas transadas. Eu não tinha interesse em fama ou dinheiro e minha visão sobre as mulheres era muito ingênua e romântica, uma visão quase medieval (ou de um mundo de fantasia) sobre as mulheres, então eu não tinha nada além de desprezo pela atitude estúpida “sexo, drogas e rock’n’roll” do resto do pessoal do metal. Ao invés disso, minha motivação era um desejo de experimentar a magia e tentar criar uma realidade alternativa usando a “magia”. Se o poder espiritual de muitas pessoas pode ser “reunido” em um pote, ou transferido através de um objeto ou ser mágico (em norueguês chamamos isso de fylgja ["seguidor", "espírito guardião"]), ele poderia ser usado para criar algo real. Isso é um pensamento puramente mágico e, ao invés de ser baseado em ocultismo é baseado em magia e fantasia – e isso é algo sobre o qual é interessante pensar. Burzum foi criado para ser esse pote, a arma mágica (ou se Você preferir, o anel mágico), por assim dizer. Devo enfatizar (no caso de Você pensar que acabei de descrever tudo que se passava em minha mente) que esse era um projeto experimental que tomava apenas parte de meu tempo, já que eu também fazia outras coisas na vida (como me preparar para uma guerra de guerrilha no caso de uma invasão da Noruega pelos EUA... ).
Se as pessoas soubessem que o Burzum era apenas a banda de um adolescente, isso poderia arruinar a magia e, por essa razão, eu achei que precisava permanecer anônimo. Então eu adotei um pseudônimo, Count Grishnackh, e usei uma foto minha que não parecia nem um pouco comigo no álbum de estréia, para fazer o Burzum parecer mais estranho e confundir as pessoas. E devo acrescentar que a entrevista que gerou todas aquelas manchetes em janeiro de 1993 também foi feita anonimamente e nunca deixei jornal algum usar meu nome ou minhas fotos até tempos depois, quando já era tarde demais para permanecer anônimo. Não era minha intenção tornar-me famoso (ou “infame”...) e, até quando usaram meu nome verdadeiro na época, Kristian (do grego "Kristos", que significa "Cristo") Vikernes, ao invés de meu pseudônimo, fiquei horrorizado – e isso foi o que realmente pesou na balança e me fez mudar meu nome legalmente. Eu nunca deixaria a magia do Burzum ser “arruinada” por algo assim...
Então quando arruinaram minha condição de anônimo eu tive que abandonar essa idéia e parei de usar o pseudônimo. Eu queria que o Burzum fosse famoso, não eu, mas isso obviamente não funcionou do jeito que eu havia planejado.
Como as pessoas envolvidas com o assunto já sabem, magia é tudo relacionado a imaginação, simbolismo, visualização e força de vontade. Se Você imaginar algo acontecendo em Sua mente, Você fará tal coisa acontecer – isso é, se a Sua força de vontade for suficientemente forte ou se Você possuir “poder espiritual” suficiente. Se um objeto simboliza um certo poder, ele se torna tal poder. É por isso que nossos antepassados entalharam runas em rochas e pedaços de madeira, porque as runas simbolizavam certos poderes. Isso também explica porque os solstícios [N.: 21 ou 23 de junho (solstício de inverno no hemisfério sul e de verão, no hemisfério norte)] e os equinócios [N.: Momento em que o Sol, em seu movimento anual aparente, corta o equador celeste, fazendo com que o dia e a noite tenham igual duração. Ocorre em 20 ou 21 de março e 22 ou 23 de setembro] de inverno e de verão são tão importantes, porque eles simbolizam eventos especiais, que são descritos em nossa mitologia. E é por isso também que começamos a usar bijuterias, porque os diferentes metais e pedras simbolizavam diferentes poderes no universo.
Burzum deveria ser tal símbolo. Burzum era uma tentativa de criar (ou “recriar”, se Você preferir) um passado imaginário, um mundo de fantasia – que, por sua vez, era baseado em nosso passado Pagão. O próprio Burzum era um feitiço. As músicas eram como feitiços e os álbuns eram elaborados de maneira especial, para fazer os feitiços funcionarem. O Burzum não foi concebido para shows ao vivo e sim para ser escutado à noite, quando os raios de sol não podiam vaporizar o poder da magia e quando o ouvinte estivesse sozinho – de preferência em sua cama, prestes a dormir. Os primeiros dois álbuns foram feitos para o formato LP, o que significa que cada lado é um feitiço, portanto eles não funcionam em CD, a menos que você programe o CD player para tocar somente as faixas de um lado do LP de cada vez. Já os últimos álbuns foram criados para CD, portanto eles não funcionam tão bem em LP. A primeira faixa serve para acalmar ou “preparar” o(a) ouvinte e torná-lo(a) mais suscetível à magia, as músicas seguintes levam o(a) ouvinte à exaustão e colocam-no(a) em um estado de transe e a última faixa “acalma” o(a) ouvinte e leva-o(a) para o “mundo de fantasia” – quando ele ou ela adormeceria. Esse era o feitiço, a magia que tornaria o passado imaginário, o mundo de fantasia, real (na mente do(a) ouvinte). Se Você analisar os álbuns do Burzum e como eles são feitos, Você entenderá o que quero dizer. A última faixa do “feitiço” (no lado do LP ou no CD) é sempre uma faixa calma (muitas vezes de sintetizador). Se isso funciona ou não é, obviamente, outra questão, mas essa era a idéia.
A arte gráfica dos dois primeiros álbuns foi inspirada por um módulo do AD&D (1ª edição) chamado "The Temple Of Elemental Evil", e as artes gráficas do terceiro e do quarto álbum foram inspiradas por tradicionais contos de fada escandinavos. Eu nunca cheguei a ler livro algum sobre Satanismo, então aqueles que acreditam que fui influenciado pelo Satanismo estão simplesmente enganados. Embora eu tenha dito que era satanista durante um curto período de 1992, eu nunca fui um satanista. Na verdade, apenas usei o termo para provocar as pessoas e marcar minha hostilidade com relação ao Cristianismo – e enfatizar a necessidade de “escuridão” no mundo (já que “luz” demais não ilumina nossos caminhos e nos aquece e sim cega nossos olhos e nos queima – conforme foi claramente dito nos álbuns "Hvis Lyset Tar Oss" e "Filosofem" [Se Você quiser saber mais sobre essa filosofia, sugiro que leia meus artigos ou livros sobre Paganismo]).
O que me inspirou a compor a música em si também é um tanto estranho. Quando eu era adolescente, meus amigos de RPG e eu algumas vezes pegávamos bastões de madeira, lanças e espadas e íamos para o campo lutar entre nós. Não tínhamos nenhum outro motivo para lutar além da diversão e ninguém tentava machucar ninguém. Nós nunca tentávamos atingir a cabeça de nossos oponentes ou outras áreas “vulneráveis” (onde se localiza o “cérebro” do homem...) e não usávamos muita força. Mesmo assim nós nos machucávamos por acidente e a luta nunca parava até que pelo menos um de nós sangrasse, quase sempre nos dedos ou punhos, ou que um de nós achasse que já tinha sentido dor demais por um dia.
Nós lutávamos principalmente em três lugares: Um era na floresta, perto de um velho e isolado cemitério para vítimas da lepra, da gripe espanhola ou da Peste Negra, não me lembro exatamente. A floresta era bem fechada e o terreno era acidentado, então nós freqüentemente caíamos, ou rolávamos, pelas encostas de pequenos montes, pelos arbustos e caíamos em árvores apodrecidas – enquanto tentávamos evitar os golpes de nossos oponentes.
O outro lugar era uma colina arborizada com um antigo horg (um monumento de pedra pagão) a cinco minutos a nordeste de onde eu fui criado. Era uma floresta decídua [N.: que mudava conforme a estação], então era muito diferente da outra floresta (de pinheiros) na qual costumávamos lutar, e era um local fascinante. É claro que trazer armas para um local sagrado e lutar nele não é, teoricamente, uma coisa boa, de acordo com as antigas tradições, mas as armas eram feitas de madeira e não tinham sido feitas para machucar pessoas, então aquilo não era algo muito sério (elas estavam mais para varinhas de mágicos do que para outra coisa).
O terceiro “campo de batalha” eram as ruínas de um velho monastério que ficava a uns três ou quatro minutos a sudoeste do local onde o pessoal do Immortal foi criado. O monastério foi incendiado pelos vikings no séc. VIII, pelo que me lembro. A propósito, aquele foi o primeiro monastério construído na Noruega – e não chega a ser nenhuma surpresa que sua existência como monastério tenha sido curta. Os monges (provavelmente britânicos) foram esquartejados ou jogados em um pântano nos arredores para se afogarem.
Era sempre muito bom voltar pra casa e tomar um banho quente depois dessas lutas: suados, encharcados, com hematomas, sempre sangrando e com espinhos ou folhas de pinheiro em nossas roupas (e até no cabelo). Eu me sentia como se tivesse voltado pra casa depois de uma batalha real. Exausto – e me sentindo vivo.
Entretanto, as pessoas que viviam no local reagiam um pouco à nossa presença. Uma vez eu pulei de um arbusto – depois de esperar para emboscar os outros caras – e surpreendi uma família que estava apenas caminhando. Meu cabelo era longo e tinha alguns pedaços de musgo e espinhos de pinheiro, eu estava usando roupas escuras com temática Death Metal e ainda tinha um bastão nas mãos, então eles não ficaram muito contentes em me ver. Devido ao risco de encontrar gente “normal” desfrutando da liberdade da Mãe Natureza, fomos forçados a lutar quando o risco de encontrar gente “normal” fosse mínimo. Em outras palavras, esperávamos até tarde da noite. Nós às vezes trazíamos tochas ou acendíamos uma fogueira, para podermos ver na escuridão e também, é claro, as noites de verão escandinavas não chegam a ser muito escuras, e continuávamos lutando.
Inicialmente eu praticava esse jogo de luta com alguns amigos de RPG mas, quando encontrei os caras do Old Funeral (e do Amputation, depois Immortal), nos também começamos a fazer isso. Esse era um evento social para nós e durante os intervalos falávamos de música, alguns planejavam shows ao vivo e nós geralmente inspirávamos uns aos outros – antes de chegarmos em casa no meio da noite e tocarmos música!
(Devo acrescentar que, quando fui preso por matar Euronymous, essas lutas foram descritas como “rituais satânicos noturnos” pela mídia, só para dar a Você um exemplo de como eram ridículos e falsos os rumores e as acusações de “Satanismo” propagados pela mídia).
O clima da floresta, o clima da noite, o clima do antigo local sagrado, a dor dos hematomas e pequenos ferimentos, o gosto dos espinhos dos pinheiros, da terra e do sangue, e o cheiro da madeira queimando: Essa era a nossa (ou pelo menos a minha) inspiração. Sempre que voltava para casa, depois que já tinha passado dos 17 anos e troquei meu ciclomotor [N.: bicicleta dotada de motor] por um carro, eu tocava música bem alto no som do carro e sempre dava longos passeios pelos vales e florestas durante a noite, e através da cidade ou zonas rurais, antes de finalmente chegar em casa. O som monótono do motor do carro e a música alta eram hipnóticos e, é claro, eu era influenciado pelas endorfinas também, já que meu corpo estava lutando contra a dor dos hematomas e outros ferimentos. Essa era uma “escuridão” positiva em nosso mundo de “luz” – e isso me inspirou, além de me fazer sentir vivo.
Nesse primeiro período do Burzum – entre 1991 e 1992 ou agosto de 1993 – eu praticamente compus toda a música de todos os álbuns. Os álbuns "Dauði Baldrs" e "Hliðskjálf" são, em sua maior parte, reconstruções de riffs esquecidos ou versões de sintetizador de velhos riffs de guitarra do Burzum ou até mesmo velhas músicas não lançadas, então eles também foram feitos praticamente nesse período. De certa forma essa pode ser considerada a Era de Ouro do Burzum – que teve seu fim esperado quando fui preso em agosto de 1993.
Na época em que comecei com o Burzum ainda não tinha ouvido falar do Venom, então logicamente o Burzum não foi – como alguns alegaram – influenciado pelo Venom, de forma alguma. Quando eu dirigia de volta para casa depois das lutas de “espada”, ouvindo música, eu costumava escutar uma fita demo do Paradise Lost, lançada em 1989 ou 1990 eu acho; "Hammerheart" e "Blood. Fire. Death”, do Bathory; a fita demo do Old Funeral, chamada "Abduction Of Limbs" (...); Pestilence (uma banda holandesa de Death Metal, pelo que me lembro) e algumas outras bandas underground de Death Metal que não me lembro hoje. Ouvia ainda house underground e techno (mas apenas quando estava sozinho, porque fãs de metal não parecem gostar desse tipo de música) e, é claro, eu ouvia Burzum. Os outros caras gostavam de Entombed e Morbid Angel, mas eu nunca gostei e nem ouvi. A propósito, ninguém ouvia Venom mas, no final de 1991, começamos a ouvir Celtic Frost e Destruction antigos, os primeiros do Kreator ("Pleasure To Kill" e "Endless Pain") e (também os primeiros) álbuns do Bathory que, a propósito, todos nós achávamos que era Thrash Metal. Entombed e outras porcarias do Death Metal que estavam na moda foram esquecidos por eles. Sei que os caras do Emperor ouviam Merciful Fate e King Diamond ao invés das, ou talvez além das, bandas que mencionei acima, coisas que eles escutavam nos anos 80, então não se pode sair por aí afirmando que alguém devia ouvir essa ou aquela banda. Escutávamos aquilo de que gostávamos. Em 1992 eu (e pelo menos um dos caras do Emperor) também começamos a escutar Dead Can Dance, "Within The Realm Of A Dying Sun" e outros sons desse tipo. Nós estávamos simplesmente cansados das hordas maçantes, modistas e repetitivas de bandas de Death Metal que produziam toneladas de álbuns ruins que soavam todos da mesma forma e voltamos a ouvir o que ouvíamos antes ou tentávamos encontrar outro tipo de música. É claro que continuei escutando bons lançamentos de Death Metal, como a demo do Paradise Lost que mencionei antes, e sei que os outros ouviam o "Altar Of Madness", do Morbid Angel, e Deicide (quando eles lançaram seu álbum de estréia, em 1992, eu acho).

[N.:
“Drifting
In the Air
Above a Cold Lake
Is a Soul
From an Early
Better Age
Grasping for
A Mystic Thought
In Vain...but Who's to Know
Further on Lies Eternal Search
For Theories to Lift the Gate
Only Locks Are Made Stronger
And More Keys Lost as Logic Fades
In the Pool of Dreams the Water Darkens
For the Soul That's Tired of Search
As Years Pass by
The Aura Drops
As Less and Less
Feelings Touch
Stupidity
Has Won too Much
The Hopeless Soul Keeps Mating”.


“Movendo-se
No ar
Sobre um lago gélido
Há uma Alma
De velhos
E melhores tempos
Ansiando por
Um pensamento místico
Em vão... mas quem sabe
Adiante estará a busca eterna
Por teorias que abram o portal
Somente fechaduras são mais fortes
E mais chaves são perdidas quando a lógica desaparece
No lago de sonhos a água escurece
Porque a Alma está cansada de procurar
Os anos passam
A aura some
E cada vez menos
Os sentimentos tocam
A estupidez
Está dominando
A Alma desamparada continua procurando seu par”]

Isso era, na verdade, tudo o que eu tinha pra dizer e as outras letras do Burzum eram apenas comentários sobre esta. O último verso era "the hopeless soul keeps mating", mas na capa estava escrito erroneamente "the hopeless soul keeps waiting" [N.: “A Alma desamparada continua esperando”] devido a um erro de Euronymous, que administrava a gravadora (DSP) que lançou o álbum pela primeira vez. Aparentemente minha letra de mão era difícil de ler. Além disso, a música "Ea, Lord Of The Deeps" [N.: “Ea, Senhor do Abismo”] foi mudada para "Ea, Lord Of The Depths" [N.: “Ea, Senhor das Profundezas”], mas obviamente Euronymous achou melhor mudá-la.
A magia era necessária somente porque eu não estava satisfeito com o mundo real. Não havia aventura, medo, trolls, dragões ou mortos-vivos. Não havia magia. Então percebi que eu mesmo precisava criar a magia. Porém, foi muito triste ver essa magia ser arruinada ou pelo menos enfraquecida em 1993, quando a mídia começou a escrever sobre ela, e ver muitas antigas bandas de country, rock e Death Metal da Noruega subitamente tingirem seus cabelos e começarem a usar “corpse-paint” e a tocar Black Metal; para ficarem famosas, ganharem dinheiro e darem umas transadas – e não para mudarem o mundo. Com certeza eles não se importavam com a magia, mas, em sua defesa, devo dizer que nunca mostraram muita magia para eles. A mídia distorceu demais as coisas, como sempre fazem. As novas bandas fizeram que o Black Metal se tornasse parte do mundo moderno, ao invés de uma revolta contra essa realidade, que é o que deveriam ter feito Talvez eles tenham se sentido atraídos porque a magia funcionou, porque se sentiram atraídos por algo que era especial. Eu não sei. Só sei que não gosto de ver no que isso tudo se transformou: somente uma outra subcultura do tipo “sexo, drogas e rock’n’roll” sem imaginação e que é parte do mundo moderno. Isso se tornou parte da política “pão e circo” dos opressores – tornou-se parte do problema.
Minha esperança era de que o Burzum pudesse inspirar as pessoas a desejar uma nova e melhor realidade no mundo real e a fazer alguma coisa a respeito. Talvez se revoltar contra o mundo moderno, recusando-se a participar do estupro da Mãe Terra, recusando-se a participar do assassinato de nossa raça européia, recusando-se a se tornarem parte de alguma dessas subculturas “rock’n’roll” criadas pela mídia e construindo novas e saudáveis comunidades, onde a cultura Pagã – e a magia, se Você assim preferir – possa ser cultivada.

Obrigado pelo seu interesse no Burzum.
Varg Vikernes

Dezembro de 2004
“A Europa não é um termo geográfico, e sim biológico”.
Parte II - A morte de Euronymous
De certa forma, tem sido interessante ver como algumas pessoas sentem a necessidade de criar histórias sobre o motivo pelo qual eu acabei matando Euronymous. Mas é triste ver que essas pessoas criam histórias somente porque a verdade é inconveniente para elas.



Euronymous sem a maquiagem



Em 1991 a maior parte dos músicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era um cara legal, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de nós percebeu que ele não era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), sua gravadora, lançou o álbum de estréia do Burzum em março de 1992, ele teve que fazer um empréstimo para poder pagá-lo. Ele não tinha dinheiro para isso, então ele tomou emprestado de mim. Quando vendeu todos os álbuns do Burzum ele pagou suas contas particulares ao invés de prensar mais cópias – ou devolver o dinheiro que me devia (e, a propósito, eu também nunca vi o dinheiro dos royalties). Então depois de vender tudo ele não tinha dinheiro para prensar mais cópias. Essa é provavelmente a razão que levou muitos a acreditarem que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu não conseguiria meu dinheiro de volta matando ele. Quebrar as suas pernas poderia ter funcionado, mas matá-lo não. Eu sempre posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso perder. Tenho uma relação bem tranqüila com o dinheiro, então esse rumor é simplesmente estúpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas norueguesas (por volta de 5.100 dólares, equivalente a um salário mensal médio na Noruega).

Eu agüentei as conseqüências de sua incompetência e estupidez e fundei meu próprio selo, chamado Burznazg (que, na Língua Negra de Tolkien, significa “Anel Negro”) e que depois (no final de 1992) foi mudado para Cymophane (em grego: “Acenar para aparecer”, o nome de uma pedra que tem a forma de um olho) e decidi fazer tudo sozinho. Eu não precisava dele. Tudo o que ele fez foi sentar sua bunda gorda em sua loja, beber Coca Cola e comer kebab [N.: espetos de carne estilo árabe]. Sua loja estava indo por água abaixo e era apenas uma questão de tempo antes dele (e portanto da DSP) ir à falência.
Mas ainda não tínhamos cortado relações com ele, não completamente, e, como última tentativa de manter sua loja funcionando, concordamos que eu deveria dar uma entrevista a um jornal para atrair alguma atenção para o metal. Ele não tinha mais álbuns do Burzum, mas ainda tinha outros álbuns para vender em sua loja. Quando eu dei a entrevista anônima em janeiro de 1993 eu exagerei bastante e, quando o jornalista foi embora, nós – uma garota e eu – demos umas boas risadas, porque ele não pareceu ter entendido que eu estava zoando com ele. Ele levou tudo muito a sério. Infelizmente, ele procurou a polícia no dia seguinte (19), fui preso e, no dia 20, seu jornal publicou a sua versão do que eu tinha dito, e isso enquanto eu estava encarcerado e incapaz de dizer a alguém que aquilo era somente um monte de asneiras que eu tinha dito para atrair algum interesse para um certo gênero musical – e para ajudar Euronymous a ganhar alguns fregueses e alguns trocados.



Euronymous com a maquiagem



Porém, a parte interessante foi que, quando eu estava preso, Euronymous fechou a loja, ao invés de tirar proveito da situação, porque seus pais acharam que a atenção era inconveniente demais! Então o “maligno” herói do Black Metal fez o que sua mãe e seu pai mandaram! Sim, realmente patético mas, agindo assim, ele também fez com que todos os meus esforços fossem em vão. Eu passei seis semanas preso por causa disso e tudo o que ele fez foi fechar a loja! Choveram fregueses, que encontraram a loja fechada! Isso não é estúpido?!

Quando eu saí da prisão eu estava bastante desiludido por tudo o que tinha acontecido na mídia e a polícia bagunçou tanto a minha vida quando fez a batida em meu apartamento que foi difícil levar a Cymophane pra frente do jeito que eu tinha planejado. Enquanto isso, a DSP assinou (provavelmente devido ao alvoroço da mídia) um contrato de distribuição com uma empresa de Oslo [N.: capital da Noruega] e conseguiu voltar a prensar e vender seus álbuns.
Euronymous agiu como um completo imbecil ao fechar a loja, e a maior parte de nós concordou que ele era um grande bundão e um idiota. Eu estava furioso por ele não ter tirado proveito da situação, que foi o que me levou a dar aquela entrevista idiota, e não queria mais nada com ele. Não dava pra fazer negócios com ele. Ao invés disso, consegui um contrato com uma empresa de distribuição em Oslo para a Cymophane, e continuei sozinho.
Para mim ele nem existia mais. Quando ele me telefonou para me perguntar se eles, os caras do Mayhem, poderiam ficar em minha casa enquanto estivessem nos estúdios Grieghallen para terminar o álbum do Mayhem, eu disse não. E ninguém mais em Bergen queria dar a eles um lugar para ficarem, então eles precisaram alugar um quarto em um motel. Ninguém tinha nada contra Hellhammer, o único outro membro do Mayhem na época, mas nós simplesmente não queríamos nos envolver com Euronymous. Eu sempre tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele também não estava muito impressionado com Euronymous, por assim dizer. Em 1992, quando gravamos "De Mysteriis Dom Sathanas", ele até brincou dizendo que deveríamos matar o cara!



Mayhem: Dead e Euronymous



Por alguns meses esse sentimento de desprezo por Euronymous espalhou-se pela cena do metal, já que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele me culpava por tudo isso, então começou a me odiar. Ele acreditava que o fato das pessoas terem perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, já que eu não mantinha minhas opiniões em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele simplesmente se revelou através da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele se fez de tolo. Além disso, quando a mídia publicou todas aquelas asneiras sobre mim, ele se sentiu menos importante. De repente ele não era mais o “personagem principal” da cena metal hardcore. Ele acreditava que isso também era minha culpa. Essa foi provavelmente a razão pela qual as pessoas alegaram que o assassinato foi o resultado de uma luta pelo poder entre duas figuras importantes da cena, mas a verdade é que isso era importante apenas para ele. Eu não dava a mínima pra isso. Eu nem mesmo me relacionava com tanta gente ligada ao metal assim e, quando saía, preferia ir a festas house e a um clube techno underground em Bergen chamado "Føniks" (Fênix), enquanto a maioria dos caras do metal ia a algum local de rock'n'roll. Na verdade, eu ia ao clube techno para fugir de todo aquele pessoal novo do metal, porque eu não gostava da atenção que recebia deles. Eu preferia a atenção das garotas, por assim dizer.

Algum tempo depois o Mayhem chamou um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns, de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu o deixei dormir em uma cama para hóspedes na sala de meu apartamento até que ele conseguisse o seu próprio. Nesse momento Euronymous começou a conspirar contra minha vida. Ele queria me matar. Para ele eu era o problema, então me matando ele acreditava que o problema desapareceria.



Snorre



Mas o problema era que ele incluiu algumas pessoas ligadas ao metal em sua conspiração para me matar, e eles me contaram. Ele disse que contou a eles porque ele confiava neles mas, obviamente, eles gostavam mais de mim do que dele, podemos dizer assim. Certo dia ele telefonou para Snorre, que vivia em meu apartamento, e Snorre me deixou ouvir o que Euronymous tinha a dizer. Ele disse a Snorre que "Varg precisa desaparecer de uma vez por todas" e coisas desse tipo, confirmando os planos que outros me contaram antes.

Muitos alegaram que eu exagerei em minha reação, até porque Euronymous era um bundão mesmo, e ele não teria coragem nem para tentar me matar. Claro, ele era um bundão, mas daquela vez ele não contou seus planos para todo mundo, como ele costumava fazer. Mas eu levei aquilo a sério porque ele contou somente para algumas pessoas em quem confiava, seus amigos mais próximos – ou aqueles que ele acreditava que eram seus amigos mais próximos. Além disso, em agosto de 1993 ele estava prestes a ser preso por quatro meses, depois de ser condenado por ferir duas pessoas com uma garrafa quebrada, porque eles tinham “olhado para sua namorada” em um ponto de ônibus. Ele não era um cara muito simpático e, quando ele sentia que estava sendo posto contra a parede, ele era bem capaz de executar seus planos. Quando sentem muito medo, mesmo os maiores covardes tornam-se perigosos.
No mesmo dia em que ele contou a Snorre sobre suas intenções de me matar (e, indiretamente me contou, já que eu estava ouvindo a conversa), eu recebi uma carta dele, na qual ele fingia estar sendo bem amigável e dizia que queria me encontrar para discutir um contrato que eu não tinha assinado ainda. Essa era a única desculpa que ele tinha para me encontrar e parecia que ele estava armando uma pra cima de mim. De acordo com seus “amigos”, o plano era me encontrar, me nocautear com uma arma de choque, me amarrar e me colocar no porta-malas de um carro. Depois ele dirigiria até uma floresta, me amarraria a uma árvore e me torturaria até a morte enquanto gravaria tudo em vídeo.



Varg Vikernes



Minha reação foi, naturalmente, raiva. Quem diabos ele pensava que era? No mesmo dia decidi ir de carro até Oslo, dar a ele o contrato assinado e simplesmente dizer a ele “f*da-se” e, ao fazer isso, eliminar todas as desculpas que ele tivesse para me contatar de novo. Mas tenho que admitir que não deixei de considerar a possibilidade de dar umas porradas nele. Pouco antes de sair Snorre me disse que queria ir junto, porque ele tinha alguns novos riffs de guitarra para mostrar a ele. Eu pretendia continuar até Sarpsborg com um lote de camisetas do Burzum (para o Metallion da revista "Slayer" pelo que me lembro) e apenas deixar Snorre em Oslo com Euronymous. A propósito, o estranho (e desleal) Snorre não parecia ter problema algum em ser amigo de nós dois, como uma pessoa normal (de bom caráter) teria.

Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (não me lembro exatamente, já que isso aconteceu há mais de onze anos). Nós nos revezamos na direção e, quando chegamos, eu estava dormindo no banco de trás. Por causa disso eu tinha tirado meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para colocá-lo em um lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar dirigindo com uma faca no banco de trás não é muito seguro.
Chegamos então à porta de frente do prédio e toquei a campainha. Ele estava dormindo. Você poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite é um pouco estranho, mas era perfeitamente normal para nós. Muitas pessoas na cena metal eram “criaturas noturnas”, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse meu nome. “Estou dormindo. Não dá pra Você voltar mais tarde?”, disse ele. “Eu trouxe o contrato. Me deixe entrar”, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de Euronymous (e no meu carro), ele ficou no térreo fumando.
Euronymous estava esperando por mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O cara que ele planejava matar tinha aparecido em sua porta no meio da noite. Então perguntei a ele que po**a ele queria e, quando dei um passo à frente, ele entrou em pânico. Ele ficou histérico e me atacou com um chute no peito. Eu simplesmente o joguei na porta e fiquei um pouco atordoado. Eu não estava atordoado pelo seu chute, mas pelo fato dele ter me atacado. Eu não esperava aquilo. Não em seu apartamento e não daquela maneira. Ele tinha começado a treinar “kick boxing” havia pouco tempo e, como todos os iniciantes, achou que tinha se tornado um “Bruce Lee” da noite pro dia.
Alguns segundos depois ele se levantou do chão com um pulo e correu pra cozinha. Eu sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei “se ele vai pegar uma faca, eu também vou pegar uma faca”. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado lá, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota (com uma lâmina de 8 cm) em meu bolso. Eu pulei na frente dele e consegui pará-lo antes que pusesse suas mãos na faca de cozinha. Nesse momento ele já tinha mostrado suas intenções então, quando ele correu pro quarto, eu percebi que ele queria pegar outra arma. Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polícia devolveria para ele a espingarda (a usada por “Dead” quando ele se matou), então eu percebi que era isso o que ele estava tentando: pegar a sua espingarda (embora ele, na verdade, não tivesse uma arma de choques ou uma espingarda em seu apartamento, eu não sabia). Eu corri atrás dele, o esfaqueei e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu correndo do apartamento. Não fez nenhum sentido ele ter fugido e o que me deixou zangado foi saber que ele tinha começado a briga mas, no momento em que ele se deu mal ele decidiu fugir, ao invés de lutar como um homem. Isso é algo que sempre detestei.



Euronymous



(Algumas pessoas alegaram que eu assassinei um homem indefeso e desarmado mas, em primeiro lugar, ele tentou pegar uma faca antes de mim e certamente ele poderia ter se armado se tivesse escolhido ficar, ao invés de fugir como um covarde. Havia várias outras coisas em seu apartamento que ele poderia ter usado para se defender quando ele não conseguiu pegar sua faca de cozinha).

Do lado de fora encontramos Snorre, que tinha terminado seu cigarro. Todas as portas pareciam iguais e Snorre era um cara bem distraído, então ele acabou subindo até o sótão, um andar acima, por engano. Confuso, ele desceu e usou seu isqueiro para iluminar o número da porta, tentando ler para saber se era o apartamento certo. Enquanto ele estava tentando ler o número da porta, Euronymous saiu correndo de cueca, sangrando e gritando como um louco. Snorre ficou tão surpreso e aterrorizado que ficou parecendo um fantasma, e pareceu que seus olhos estavam prestes a saltar. De acordo com Snorre, ele ficou tão surpreso e chocado que apagou e não se lembrou de nada até que momentos depois eu perguntei se ele estava bem.
Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele percebeu rapidamente que eu o estava seguindo, então ele continuou a fugir escada abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (três ou quatro vezes) o seu ombro esquerdo enquanto ele corria, já que essa era a única parte que eu podia atingir enquanto estávamos correndo. Ele então tropeçou e quebrou uma lâmpada na parede, provavelmente com sua cabeça ou braço, e caiu sobre os fragmentos de vidro – de cuecas. Correndo, passei por ele e esperei. Snorre ainda estava no andar de cima e eu não tinha idéia de como ele reagiria a tudo isso. Seria tudo uma armadilha e ele estaria participando? Ele poderia me atacar também? Eu não sabia. Quando Snorre veio correndo ele pareceu bem assustado e eu apenas deixei ele passar direto por mim. Aí eu percebi que ele não fazia parte daquilo, então perguntei se ele estava bem (porque ele certamente não parecia bem). Nesse momento Euronymous ficou de pé novamente. Ele pareceu conformado e disse: “Já chega”, mas então ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crânio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e um gemido pôde ser ouvido enquanto seus pulmões se esvaziavam depois que morreu. Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabeça, então eu o segurei enquanto tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crânio ele caiu para frente e rolou por um lance de escadas como um saco de batatas – fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhança (era uma escadaria barulhenta, de metal).
Isso pode soar como uma maneira estranha de matá-lo, mas minha faca era muito pequena e apenas pontuda. A lâmina não era afiada. Era tão cega que eu não conseguiria cortar um tomate em dois sem esmagá-lo. A única maneira de matá-lo rapidamente com aquela faca seria perfurar seu coração ou crânio. De fato, eu poderia ter sido capaz de matá-lo muito mais fácil e rapidamente se eu nem tivesse uma faca e, ao invés disso, tivesse batido nele até a morte. A única razão que me fez sacar a faca foi porque ele estava tentando fazer isso e eu imaginei que seria justo se eu também tivesse uma faca, embora a que eu tinha não era muita coisa.
Ele já havia mostrado sua intenção de me matar e, mesmo ele não sendo mais uma ameaça direta contra mim naquele local e naquele momento, eu não senti nenhum remorso por tê-lo matado. Sua covardia me deixou muito zangado e eu não vi nenhum motivo para deixá-lo viver, não quando ele já tinha demonstrado sua intenção de me matar. Se eu o tivesse deixado viver eu apenas teria dado a ele a oportunidade de atentar contra minha vida mais uma vez no futuro.
Matar uma pessoa com uma faca cega de 8 cm é algo bem sangrento mas, embora o sangue tenha espirrado sobre as paredes da escadaria conforme descíamos correndo, não havia sangue no meu rosto. De qualquer forma, Snorre tinha as chaves do carro então eu corri para impedi-lo de sair com o carro, me deixando para trás em Oslo, encharcado de sangue. Eu peguei as chaves, abri a porta, devolvi as chaves para ele e disse para dirigir. Eu entrei rapidamente no saco de dormir que eu guardava no porta-malas, antes de entrar no carro, para ter certeza de não deixar nenhuma marca de sangue no carro. Naquele momento eu achei que era melhor tentar fugir. O que eu não sabia era que Snorre ainda estava em choque, então ele apenas dirigiu a esmo em Oslo por 20 minutos e acabei tendo que assumir o volante. Enquanto dirigíamos por Oslo, Snorre viu um agente policial na estrada para Bergen nos arredores de Oslo, então tivemos que ir por outro caminho. Dirigimos para o norte na direção de Trondheim e logo depois desviamos para oeste. Eu parei perto de um lago e tirei todas as minhas roupas. Eu amarrei pedras nelas e nadei até deixá-las afundar onde o lago era mais profundo. Por sorte, eu ainda tinha as camisetas que pretendia vender em Sarpsborg (como disse, para o Metallion, pelo que me lembro), e Jørn of Hades tinha esquecido um agasalho de moletom (ironicamente, um moletom do Kreator, com os dizeres "Pleasure To Kill" [N.: “Prazer de Matar”]), então eu também tinha um moletom limpo (bem, não exatamente “limpo”, mas pelo menos não estava encharcado de sangue). Finalmente, eu tinha uma calça muito, muito suja que estava jogada havia muito tempo no banco de trás, então eu tinha um conjunto quase completo de roupas. Dirigir como um “soldado” e sem meias não seria um problema.
(Snorre depois mostrou à polícia onde eu tinha jogado as roupas, mas tudo o que eles conseguiram achar foi uma camiseta com a figura de um viking e o texto: “Noruega: Terra dos Vikings”, que não tinha traços de sangue. Tudo o mais havia desaparecido e mesmo mergulhadores não conseguiram encontrar coisa alguma. Eles não tinham absolutamente prova nenhuma de que a camiseta pertencia a mim [e quem neste mundo esperaria que eu usasse uma camiseta com esse tema?]. As outras peças de roupa provavelmente tinham afundado na lama espessa do fundo do lago, como era de se esperar).
Um amigo nosso ainda estava em meu apartamento. Quando decidi ir a Oslo estávamos assistindo a alguns vídeos e comendo pizza e, quando saímos, permiti que ele ficasse para terminar de assistir aos filmes e de comer. Naquele momento eu queria que ele saísse do apartamento, no caso da polícia já estar sabendo do que tinha acontecido. Paramos em Hønefoss perto de uma cabine telefônica, apenas para dizer ao cara para sair de meu apartamento. A primeira cabine que vimos estava rodeada de adolescentes, e não queríamos que ninguém nos visse no leste da Noruega naquele momento, então continuamos andando até achar outra cabine telefônica. Como eu estava dirigindo, Snorre saiu para telefonar, quando um carro da polícia passou descendo a estrada. Aparentemente os adolescentes tinham arrebentado a cabine telefônica antes de irem arrebentar a seguinte e alguém chamou a polícia. Quando o policial chegou e nos viu ele pensou que éramos as pessoas que ele estava procurando (esse foi ou não foi um bom exemplo da “Lei de Murphy” em ação?). O telefone estava quebrado e Snorre voltou pro carro. Eu dirigi, com a viatura a uns noventa metros atrás de nós, e percebi que, se ele nos parasse e simplesmente anotasse nossos nomes, seria impossível conseguir um álibi. Então eu acelerei cada vez mais, com a viatura logo atrás na mesma velocidade e, quando chegamos à estação de trem em Hønefoss eu virei à direita e dirigi como um completo maluco (pneus cantando, rodas patinando, saindo de traseira em cada curva e tudo o mais que se poderia esperar de uma fuga típica de filme “B”). Eu estava dirigindo um VW Golf e estávamos indo tão rápido que, antes que percebêssemos, estávamos na auto-estrada para Bergen novamente – e tínhamos nos livrado da polícia. Ele provavelmente nem tinha se preocupado em nos perseguir (ou, o que é pouco provável, não tinha conseguido nos acompanhar), já que uma investigação posterior (feita pela polícia) mostrou que ele nem mesmo relatou o incidente para seus superiores.
Naquele momento eu achei que eles poderiam já estar nos procurando e, para o caso de já estarem, eu sugeri a Snorre que eu deveria deixá-lo em uma estação de trem, num local chamado Gol, a caminho de Bergen. Se a polícia me parasse eu estaria sozinho e ele não teria problemas. Ele recusou a oferta e voltamos para Bergen sem quaisquer incidentes. A primeira coisa que fiz foi visitar uma gráfica para conseguir um álibi e depois fui me encontrar com o cara que havia ficado em meu apartamento, para dizer a ele que precisávamos conversar, para também conseguir um álibi. Snorre já havia dito a ele pelo telefone que “algo havia acontecido” em Oslo, quando paramos em uma cabine telefônica perto de Voss, algum tempo depois de termos saído de Hønefoss. Inventamos uma história e tudo parecia bem.
Então eu pude finalmente ir pra casa e dormir um pouco. Depois de uns 20 minutos de sono, a campainha tocou e apareceu um jornalista que queria falar comigo sobre a morte de Euronymous, que já havia sido descoberta (por volta das 11:00) e eu disse a ele que eu estava muito cansado para conversar com ele. Afinal, eu já estava sem dormir havia bastante tempo (embora eu não tenha dito isso a ele...). No dia seguinte, lemos nas primeiras páginas que “O ‘Conde’ [N.: de ‘Count Grishnackh’] está desconsolado! Ele ficou tão triste ao ouvir as notícias sobre a morte de seu melhor amigo que ele nem conseguiu falar conosco sobre o assunto”. Bastante irônico, Você não acha? Isso serve para mostrar como não dá para confiar nas histórias contadas pela mídia!
Algumas pessoas, por alguma razão bizarra, alegaram que eu matei Euronymous por causa de uma garota e, portanto, devo acrescentar que minha namorada da época (e de abril de 1993 até 1998) nem sabia quem ele era. Ela nunca tinha ouvido falar dele até eu matá-lo (e posso dizer que ela não era nem mesmo uma “metalhead”, mas uma garota “comum” que ouvia música pop). Então ela, obviamente, não tinha nada a ver com tudo isso e eu com certeza não o matei por causa de uma garota. Até onde eu sei Euronymous nunca teve uma namorada, então essas pessoas que estavam espalhando esse boato idiota não poderiam estar falando de sua namorada.
Mesmo as pessoas que me criticam por ter matado um conterrâneo norueguês estão erradas. Euronymous era, na verdade, lapão [N.: Originário da Lapônia, região do norte da Europa que abrange partes da Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia], o que pode ser claramente visto pelas fotos dele. Suas feições de lapão (mongóis) são claramente visíveis, seu cabelo era tipicamente lapão (fino e reto) e sua estatura também era reveladora (como a maior parte dos lapões, ele era muito baixo).
O problema era que Snorre ainda estava em choque. Tenho que admitir que nada disso me afetou. Não se tratava de um grande problema; um criminoso que tinha planos de me matar estava morto. E daí? Não vejo nenhuma razão para ter pena de uma pessoa que planejava me torturar até a morte enquanto gravava tudo para sua própria diversão.
A polícia queria falar comigo – já que eles acharam desde o primeiro dia que eu era culpado – e me convocaram para ir a Oslo para ser interrogado Eu concordei e falei com eles, apresentei o álibi que tínhamos criado após o assassinato e me liberaram. Em seguida eles passaram a investigação para minha cidade natal, por razões óbvias, e começaram interrogar os outros também. Eles não tinham qualquer evidência contra mim, então eles tinham que fazer alguém falar para poderem me pegar. Eles entenderam rapidamente que Snorre era o elo fraco da corrente, por assim dizer. Seus nervos estavam à flor da pele e eles pegaram pesado com ele. Eles telefonaram para ele na noite em que eu não estava lá, fazendo perguntas, sempre as mesmas perguntas, até que, depois de nove dias, ele não agüentou. De acordo com um relatório da polícia, ele estava tão abalado emocionalmente que precisaram esperar várias horas antes que pudessem conseguir algum tipo de declaração dele. Aparentemente aquilo foi uma experiência bastante traumática para ele. Ele contou que eu havia matado Euronymous e onde eu estava. Naquele momento eu estava em um clube noturno e, quando eu saí (entre 02:00 e 03:00, em uma sexta-feira, 19 de agosto de 1993), me prenderam.
Depois perguntaram meu nome e eu me recusei a dizer. Eles tiraram a minha roupa, me jogaram em uma cela, mantiveram a luz acesa 24 horas por dia, 7 dias por semana e não me deram sequer um cobertor ou lençol para eu me deitar. Eu já esperava por isso, então não houve um grande problema e eu só ria das suas tentativas patéticas de me abalarem mentalmente; porém, o “álibi” em meu apartamento teve o mesmo tratamento, porque contaram que ele estava sendo acusado de assassinato mas, estando completamente despreparado para isso, ele ficou tão atordoado que confessou tudo imediatamente. Algo tinha acontecido em Oslo, ele disse, e eu acabei matando Euronymous. Ele disse a eles o mesmo que Snorre tinha dito antes.
Porém eles ainda não tinham evidência concreta contra mim. A única coisa que eles realmente poderiam usar contra mim era a confissão de Snorre, mas ele nem mesmo tinha me visto esfaquear Euronymous. Seu testemunho provava que ele havia estado em Oslo, mas a única coisa que me ligava ao crime era seu testemunho. Eles até tinham uma gravação dele em fita, feita pela câmera de vigilância de um posto de gasolina em Hønefoss naquela noite, quando ele estava reabastecendo o carro no caminho para Oslo. Eu, por outro lado, não podia ser visto em lugar algum. Ele estava sozinho no carro. Se eles não tivessem feito nada a respeito disso, eles teriam sido forçados a condená-lo pelo assassinato, e eu ficaria livre. Ele estava com a corda no pescoço!
Então o que Você acha que aconteceu? Eles de repente alegaram – dois meses após o assassinato e dois meses após eu ter me tornado suspeito (e eles já tinham minhas digitais, da prisão em janeiro de 1993) – que haviam encontrado minhas digitais em sangue na cena do crime. Eu estava usando luvas quando o matei, então eu sabia que aquilo era uma grande asneira, mas ninguém mais sabia, e Snorre erroneamente acreditou que eu tinha dito a ele que eu não estava usando luvas quando o matei. Então, subitamente, Snorre e o outro cara mudaram suas histórias e alegaram que nós havíamos planejado tudo. Disseram pro cara no apartamento que eu tinha cometido o crime mas, se ele não cooperasse com eles, então Snorre seria condenado em meu lugar. “Você quer que Snorre vá para a cadeia por algo que Varg fez?”. Tudo estava preparado para me pegarem e para livrarem Snorre mas, nesse processo, eles inventaram uma história que era muito pior que a verdade. Eles alegaram que Snorre tinha planejado seu álibi dando seu cartão eletrônico (cartão de crédito) para o outro cara, que o usaria no meio da noite em Bergen, deixando assim evidência eletrônica de que ele estava em Bergen e não em Oslo naquele momento. Mas o único problema era que ele nunca deu ao outro cara seu cartão, então o outro cara obviamente nunca deixou rastro eletrônico algum em Bergen, então qual o motivo de fazer tal alegação? Eles alegaram que alugamos filmes que já tínhamos visto antes então, se alguém nos perguntasse sobre os filmes, seríamos capazes de dizer do que se tratavam. Eles também alegaram que o cara em meu apartamento tinha estado lá para fazer barulho, assim os vizinhos acreditariam que eu estava em casa. Disseram ainda que ele havia saído do apartamento usando minha jaqueta, para fazer as pessoas que ele encontrasse na rua acreditassem que ele era eu, usando o cartão de Snorre para deixar evidência eletrônica. Entretanto, ele nunca pegou o cartão de Snorre e ninguém disse que o tinha visto se passando por mim, então... Snorre teria me acompanhado para enganar Euronymous para que me deixasse entrar em seu apartamento, eles também alegaram, embora tenha sido eu quem tocou a campainha e falou com ele. Finalmente, eles disseram que eu havia dado uma faca a Snorre, que havia ficado no carro, no caso de eu precisar de sua ajuda. Essa, claro, era a faca de cinto que eu havia pedido a ele que colocasse no porta-luvas, porque eu não queria uma faca jogada no banco de trás do carro. Naturalmente, eu não a coloquei no cinto porque é ilegal andar por Oslo com uma grande faca no cinto e eu poderia ter sido preso se a polícia me pegasse. Eles distorceram tudo completamente e fizeram parecer que eu havia planejado o assassinato.
Eu não sei se isso é embaraçoso ou apenas estúpido, mas o cara no apartamento costumava realmente dizer que era eu quando saía. Ele chegava a dizer “Oi, eu sou o ‘Conde’” como chamariz quando estava paquerando as garotas (?!). Sei disso porque algumas garotas me contaram. Então se ele realmente usou minha jaqueta e andou por Bergen tentando fazer as pessoas acreditarem que ele era eu, isso não significava necessariamente que ele estava tentando me dar um álibi. Isso na verdade é uma prova do quão patético ele era – e o quão baixos alguns seres humanos podem ser para conseguirem transar. Devo acrescentar que eu não vejo como esse chamariz poderia ter dado certo, considerando que seria muito fácil para as garotas perceberem que ele não era “o Conde”. Bergen é uma cidade muito pequena de apenas 130.000 (ou 250.000 se você incluir toda a municipalidade) pessoas e praticamente todo mundo naquela época sabia qual era a minha aparência, então onde é que ele estava com a cabeça?! Ele nem era natural de Bergen (e sim de Lillehammer, no leste da Noruega), e qualquer um poderia perceber isso no momento que ele abria a boca.
Na verdade, eu chego até a ficar envergonhado pelo fato de ter feito amizade com essas pessoas, tanto esse cara quanto Snorre – e por algum tempo também com Euronymous. Há um ditado que diz: “Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Se isso é verdade eu certamente fui um completo idiota... Mas em meu favor devo salientar que eu também tinha outros amigos, bons amigos (pôxa!).
Eles nunca conseguiram explicar porque Snorre poderia querer matar Euronymous. Ele tinha acabado de se juntar ao Mayhem como guitarrista, algo que era o sonho de muitos guitarristas de heavy metal, tenho certeza, e era um amigo de infância de Euronymous, então isso não faz sentido algum. Além disso, eles alegaram que eu havia planejado “cortar sua garganta” (provavelmente porque aquilo fazia com que eu parecesse muito cruel) mas, se fosse esse o caso, porque então eu traria uma faca cega que era somente pontuda? Eu poderia ter simplesmente tentado cortar sua garganta com uma colher. Isso também não faz nenhum sentido – e sabemos ainda perfeitamente que eu não cortei sua garganta.
Eles e a polícia estavam tão interessados em inventar coisas para me condenar que, no final, Snorre também acabou condenado, por me ajudar a planejar um assassinato e por me ajudar psicologicamente (sim, “claro”). Porém, o outro cara, que alegou ter participado ativamente do planejamento do “assassinato” e do meu álibi, passou um total de uma única noite numa cela. Ele nunca foi acusado de coisa alguma, o que é bem estranho. Se a polícia tinha acreditado seriamente na teoria maluca que ele apresentou, ele deveria ter sido condenado também, mas eles sabiam que aquilo era um monte de asneiras criadas para me pegar, e então deixaram ele ir. E devo acrescentar que não temos um sistema de recompensas para informantes aqui na Noruega, como eles têm nos EUA e possivelmente em outros países também. Não há maneira de negociar para sair livre se você cometeu um crime na Noruega. O fato é que eles simplesmente não queriam condená-lo por algo que ele não tinha feito. Ele estava mentindo, e eles sabiam disso, porque eles disseram a ele para inventar aquelas mentiras!
O próprio advogado de defesa de Snorre (que era Maçom) até mesmo testemunhou contra seu próprio cliente, já que ele estava muito interessado em me “pegar”, e, quando Snorre foi condenado até o júri pareceu triste (“sinto muito, mas temos que condenar Você também”) e eu não acho que alguém esperava aquilo. Foi uma mudança inesperada para todos nós.
No tribunal eu disse a eles que Snorre não tinha nada a ver com aquilo e que ele estava no lugar errado e na hora errada mas, no dia seguinte, Snorre estava testemunhando e alegou que eu estava errado. Eu tinha planejado tudo e ele sabia porque ele era parte do esquema. Toda a sua estratégia de defesa baseou-se em demonstrar que eu não podia culpá-lo, mas eu sequer tinha pensado nisso (e levei um bom tempo para entender que essa era sua preocupação). Se ele tivesse dito a verdade, ele teria se livrado da condenação mas, ao invés disso, ele insistiu em sua mentira – porque seu advogado de defesa convenceu-o a fazer isso – e ele pegou 8 anos por fazer absolutamente nada.
A mídia divulgou que o assassinato foi o resultado de uma “luta pelo poder” em um “movimento satânico” e que eu o tinha matado para tomar o seu lugar como líder (?). Mas isso não faz o menor sentido. Então é assim que a coisa funciona? Você mata alguém para tomar o seu lugar? Se Você quiser ser indicado como diretor de uma firma, Você não consegue tal coisa matando o diretor atual. Em que tipo de mundo esses jornalistas vivem? Seria num bando de animais ou coisa desse tipo? Isso simplesmente não faz sentido algum. Mas essa era a teoria deles, sua única teoria. O jornalista “dominante” (Michael Grundt Spang), que escrevia para o maior jornal da Noruega, até mesmo gastou seu tempo escrevendo sobre meu cabelo e sobre minha aparência em geral. De acordo com ele, eu “jogava” meu “rabo-de-cavalo castanho” de um lado pro outro “como uma garota” e não possuía “brilho diabólico” ao meu redor, como seria de se esperar de um “satanista diabólico” como eu, e assim por diante. Ele ficou, obviamente, bastante desapontado pelo fato de eu não parecer “diabólico”. Aparentemente nunca passou pela cabeça dele que eu poderia não parecer um “satanista diabólico” simplesmente porque eu não era um “satanista diabólico”... Snorre foi simplesmente descrito como “uma versão menor, mais magra e mais pálida do Conde”. O jornalista certamente não tinha a intenção de que aquilo soasse engraçado, mas certamente soou, simplesmente porque era incrivelmente idiota.
Os outros caras da cena naturalmente ficaram furiosos comigo, já que eles também começaram a acreditar na teoria do jornal sobre uma luta pelo poder, então eles também – com algumas poucas exceções (como Fenriz do Darkthrone e os caras do Mayhem)– fizeram de tudo para me crucificar e, nesse processo, eles deduraram uns aos outros e finalmente, por causa deles, a polícia resolveu quase todos os crimes cometidos pelos caras do black metal na Noruega entre 1991 e 1993. Eu falei com alguns deles depois e disseram-me que, se eles soubessem da verdade, eles nunca teriam me atacado (e, com isso, atacado-se mutuamente) como fizeram. Eles foram manipulados pela mídia e, claro, pela polícia. Mentiram para eles, como para todo mundo e, infelizmente, eles não foram capazes de enxergar além das mentiras.
Fui condenado a 21 anos, a pena máxima na Noruega, e o juiz alegou que eu tive “um motivo incompreensível” para matá-lo. É realmente tão difícil assim entender que eu o matei porque eu soube que ele tinha planos de me torturar até a morte e depois me atacou? Que parte disso o juiz não entendeu? Inicialmente era autodefesa mas, quando ele começou a fugir, eu não estava mais numa situação de vida ou morte então, naquele momento, não era mais autodefesa e sim homicídio doloso e, na minha opinião, aquilo foi um ataque preventivo, para que ele não tivesse uma segunda chance de me matar. Por isso minha pena deveria ter ficado apenas entre 8 e 10 anos! Ao invés disso, eu peguei 21 anos e Snorre pegou 8 anos por fazer absolutamente nada!
Eles também tentaram apresentar o assassinato como brutal e alegaram que ele morreu porque seus dois pulmões tinham sido perfurados. Eles ainda alegaram que eu o esfaqueei 23 vezes. Em primeiro lugar, eu sabia muito bem que ele havia morrido quando eu o esfaqueei na cabeça. Em segundo lugar, ele caiu sobre uma pilha de fragmentos de vidro estando de cueca. Naturalmente, ele se cortou muito – até mesmo sob um de seus calcanhares, já que ele se levantou depois de cair. Eles também sabiam disso, porém alegaram que eu o tinha esfaqueado 23 vezes, só para fazerem as pessoas acreditarem que eu era muito cruel, bestial e brutal. No tribunal mostraram fotos da autópsia a um júri perplexo. As fotos mostravam Euronymous nu sobre uma mesa, com todo o cabelo raspado, seus olhos ainda abertos e todos os cortes numerados a caneta sobre sua pele. Eu sabia que foi humilhante para ele ter sido morto mas, quando eles mostraram as fotos da autópsia no tribunal, aquilo foi certamente muito pior. Matar babacas é uma coisa, mas eu nunca humilharia alguém daquela forma.
Ah, e, claro, o juiz incluiu na sentença que: "Varg Vikernes acredita em Satã", embora eu tenha repetidamente afirmado no tribunal que eu não acreditava nem em “Satã” e nem em “Deus”. Eles ignoraram a verdade e criaram a sua própria realidade, por razões políticas.
Falando do júri, eu tive o “privilégio” de ter o único “curandeiro” cristão da Noruega em meu júri. Ele aparentemente já tinha aparecido na TV, dizendo ser capaz de “extrair o mal do corpo com a ajuda de Jesus” e, dessa forma, “curar” as pessoas. Seria isso uma coincidência? Seria coincidência o fato do único “curandeiro” cristão da Noruega (naquela época) ser escolhido para o meu júri? Ele estava relacionado como “secretário” e eu fiquei sabendo que ele era um “curandeiro” cristão muito depois, em 1995, quando um jornalista me contou sobre isso – e ele também contou que pelo menos outros dois membros do júri eram maçons. Os outros eram todos pensionistas, com exceção de uma ou duas mulheres. Todos eles eram meus “pares”, sem dúvida... O advogado de defesa de Snorre era maçom, como já mencionei, um dos psiquiatras do tribunal era maçom e judeu “sobrevivente” de Auschwitz (ele era um dos três que viviam na Noruega na época), o outro psiquiatra era um extremista de esquerda, meu advogado de defesa era 100% incapaz de ter um emprego remunerado (devido a um problema cardíaco) e, de acordo com o jornalista com quem conversei, pelo menos um dos três juízes também era maçom.
Os incêndios de igrejas quase não foram mencionados no tribunal. Em cada caso, eles apresentaram uma testemunha, que alegou que eu queimei essa ou aquela igreja, e foi só. “Culpado”. Apenas isso. Esse processo foi repetido quatro vezes e eu fui considerado culpado de atear fogo em quatro igrejas, três delas tendo sido completamente queimadas. Não havia uma única evidência sequer em qualquer um desses casos. Eu fui condenado somente devido ao testemunho de uma única pessoa em cada caso. Todas essas testemunhas eram amigos de Euronymous!
Até o meu incompetente advogado não se preocupou em argumentar sobre os incêndios, alegando que “isso não era importante”. “Você não vai receber uma pena muito alta por isso, de qualquer forma”, ele pensou. Outra coisa interessante é que nenhuma impressão digital, ou qualquer outra evidência técnica, foi apresentada no tribunal. Quando fui preso eu tinha uns 3.000 cartuchos de munição (a maioria .22LR, 38 Special, 7,52N, 7.92 mm e calibre 12) em meu apartamento, mas a maior parte não foi nem mesmo incluída na lista de objetos confiscados. Os policiais simplesmente pegaram o que quiseram. Para eles era “munição gratuita”. Eles até roubaram meu capacete de aço da SS, embora eu só possa imaginar porquê.
Finalmente, fui condenado por roubar e armazenar por volta de 150 kg de explosivos (a maior parte dinamite e um pouco de glynite) e três sacolas de detonadores eletrônicos e também por invadir algumas cabanas nas montanhas – das quais eu, de acordo com eles, roubei uma bandeira da Noruega (?!) e um livro, enquanto procurava armas. Eu nunca fui condenado por profanação de sepulturas, como muitos parecem acreditar, ou por atear fogo na Igreja Fantoft Stave. Eles não acharam nenhum “metalhead” burro que pudesse mentir e dizer a eles que tinha me acompanhado no incêndio da igreja, como nos outros casos, então eles não tinham evidência alguma contra mim naquele contexto, e eu tinha até mesmo um álibi, já que uma garota de Oslo tinha passado a noite comigo (mesmo assim meu advogado de “defesa” nem se preocupou em pedir a ela que testemunhasse em minha defesa!). A acusação foi toda baseada em boatos. Além disso, quando o júri não me considerou culpado por incendiar a Igreja Fantoft Stave, a juíza principal ficou tão zangada que disse que era “óbvio” que eu tinha feito aquilo também, mas isso não importava, já que eu receberia a pena máxima mesmo – e, surpreendentemente, ela disse isso antes dos três juízes e membros do júri começarem a discutir sobre a pena, então, obviamente, eles já haviam decidido de antemão que eu deveria pegar 21 anos de qualquer maneira. Eles queriam me usar como exemplo, para mostrar à juventude da Noruega que não se deve brincar com “a Mãe dos Porquinhos”.
O assassinato de Euronymous foi uma bênção para eles. Finalmente eles tiveram uma desculpa para se livrarem de mim (ou foi nisso que eles acreditaram: as pessoas tendem a acreditar que até mesmo um ano na prisão significa “o fim” de tudo). Eu não acho que tudo isso teria acontecido se a mídia não tivesse publicado tantas mentiras sobre mim, porque foram essas mentiras que fizeram Euronymous querer se livrar de mim em primeiro lugar: Eu ganhei tanta atenção que ele ficou com inveja. Portanto o sistema de justiça me condenou a 21 anos porque a mídia me deu tamanha atenção que eu me tornei mais importante e influente do que eu era no início e porque eles foram tão intensamente provocados pelos incêndios das igrejas que perderam a cabeça completamente.



Varg Vikernes quando de sua prisão



Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, me defendi e peguei 21 anos por isso. E como se isso não fosse suficiente, mudaram as regras depois que fui condenado, o que significou oficialmente que devo cumprir 2 anos a mais do que eu deveria. 21 anos significam que eu seria solto depois de 12 anos mas, há alguns anos (em 2000 ou 2001), as regras foram mudadas, logo, de acordo com eles, agora devo cumprir 14 anos, porque a nova lei é retroativa! Porém, é ilegal criar leis retroativas como essa, de acordo com a constituição da Noruega e leis internacionais, mas quem se importa? Em 1945, quando a guerra acabou, não tínhamos nem mesmo pena de morte em tempos de guerra na Noruega, mas o sistema judiciário que temos hoje criou uma nova lei, fez com que seja retroativa e executou doze pessoas (em tempos de paz!). Não sou um “pobre” imigrante afro-asiático nem um extremista de direita, ou um cristão fracote implorando por misericórdia, então de maneira alguma a mídia dará algum tipo de apoio a mim. Sou simplesmente persona non grata na Noruega, um país que muitos europeus ocidentais conhecem como “a última república Soviética”. Eu ainda posso pedir a condicional depois de 12 anos apenas mas, pela minha experiência com o sistema judiciário da Noruega, não estou muito otimista a esse respeito. Há uma diferença entre Þórr e Loki, como dizemos aqui na Escandinávia.

Estou furioso com tudo o que aconteceu, mas sei que darei a volta por cima no final e acho que isso é o que realmente importa. Eu nem mesmo os odeio, apenas tenho pena deles. Acima de tudo sou grato por não ser como eles. Recuperarei minha liberdade um dia, mas eles provavelmente não terão melhorado nem um pouco. É como no caso do gordo e do feio: o gordo sempre pode perder peso, mas o feio sempre será feio.

Obrigado pela sua atenção.
Varg "o vilão" Vikernes

Dezembro de 2004
Corruptissima re publica plurimae leges (Cornelius Tacitus) (Quanto mais corrupto é o Estado, mais leis existem)
Hodie mihi, cras tibi (Eu hoje, Você amanhã)
Parte III - A campanha de mentiras
É muito difícil, para mim, escrever sobre biografias, artigos e entrevistas a respeito do Burzum, porque há muita coisa a ser dita. Há basicamente duas categorias: aquelas escritas por pessoas pró-Burzum e aquelas escritas por pessoas anti-Burzum. Nunca vi qualquer biografia, matéria ou entrevista escrita de forma objetiva, embora a maior parte das biografias, dos autores e dos entrevistadores anti-Burzum tendam a se retratar como se fossem muito objetivos, enquanto as biografias pró-Burzum nunca tentam esconder o fato de que são pró-Burzum.






É um tanto estranho ver que alguns jornalistas e escritores pedem informações sobre mim para o pessoal da Antifa (um tipo de organização terrorista "anti-fascista"), do Monitor (um serviço particular de inteligência dedicado a monitorar toda a atividade e os dissidentes de direita na Noruega) ou do Antirasistisk Senter (Centro Anti-Racista). Eles poderiam simplesmente me pedir informações sobre mim ou minhas idéias mas, ao invés disso, eles procuram essas pessoas e ainda fingem estar escrevendo artigos “objetivos” e “confiáveis” sobre a minha pessoa. É como pedir à Gestapo [N.: polícia secreta da Alemanha nazista] informações sobre dissidentes na Alemanha de Hitler e esperar conseguir algo imparcial e objetivo.

O que mais me surpreende, porém, são todas as entrevistas forjadas que estão por aí. Ao invés de me entrevistar de verdade, algumas pessoas simplesmente fingiram ter me entrevistado e publicaram essas coisas, inventando respostas para suas próprias perguntas. A mais conhecida das entrevistas falsas é provavelmente aquela incluída no livro "Lucifer Rising" mas, infelizmente, não é a única.






Outro tipo bastante peculiar de “entrevistas” são aquelas baseadas em uma entrevista real mas que, fora isso, são pura bobagem. Uma dessas é (parcialmente?) incluída em um artigo chamado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" [N.: “Música, Assassinato e Fogo – Black Metal à moda Escandinava”]. O artigo inteiro é basicamente pura ficção, mas eu reconheço partes dele de uma entrevista que concedi em 1994 ou 1995 para um alemão, que trabalhava para a “Tempo”, aparentemente uma popular revista alemã, possivelmente sediada em Hamburgo. Mas no fim do artigo intitulado "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" o autor é apresentado como "Ilde" (um pseudônimo?), e isso foi aparentemente publicado na revista "Nieuwe Revu" , algo que soa bem holandês para mim – e eu nunca tinha ouvido falar dela antes.

O cara da "Tempo" me descreveu como parecendo ein Bisschen wie ein Engel (um pouco angelical), como a pessoa chamada Ilde fez, só que em inglês, mas Ilde acrescentou que: "[Vikernes] olha pela janela, e através das árvores ele tem a visão de um muro alto com torres de vigia e luzes de busca", e isso apenas é prova de que essa é uma entrevista forjada. Em primeiro lugar, eu falei com o alemão da "Tempo" na prisão de Bergen em 1994 ou 1995 e, pelo que me lembro, não havia janelas naquela sala mas, se eu estiver errado e houvesse realmente janelas, a única coisa que Você poderia ver através delas seria outro bloco da prisão (e certamente nenhuma árvore). Além disso, não há torres de vigia com luzes de busca em nenhuma prisão da Noruega. As prisões norueguesas simplesmente não são construídas dessa forma (e devo acrescentar, em resposta a um tolo artigo de 2003 que alegou que eu havia sido atingido pelo tiro de um guarda da prisão, que os guardas das prisões também não portam armas). Então sobre que diabos esse Ilde estava falando? A entrevista inteira é, obviamente, outra fraude. Ele nunca falou comigo! Nem sei quem ele é – ou talvez quem ela é!
Portanto há pessoas por aí que realmente falsificam entrevistas e as publicam em revistas e na Internet. Elas baseiam suas entrevistas fajutas em outras entrevistas fajutas e, claro, também em entrevistas reais, acrescentando algum toque pessoal para ficarem do jeito que desejam, mesmo desconsiderando a verdade.
A propósito, a entrevista original da "Tempo" também foi um monte de asneiras e a ridícula e totalmente falsa informação de que meu pai costumava bater em minha mãe e em mim vem dessa revista. Ele – o alemão – provavelmente inventou essa história por conta própria, por alguma razão desconhecida.
Onde pessoas como esse alemão conseguem essas baboseiras? Se não têm nenhuma base na realidade, então devem estar inventando tudo por conta própria. Por quê? Por que inventar histórias quando você pode simplesmente falar comigo para saber a verdade?
O resto do artigo/entrevista "Music, Murder And Fire - Black Metal The Scandinavian Way" segue o mesmo estilo. É tudo um monte de asneiras. Parte é pura ficção e parte baseia-se em outras entrevistas que foram publicadas por pessoas que queriam apenas me demonizar. Se eu sorria para os jornalistas, eles descreviam como “desprezo” e, se eu não sorrisse, eu era “frio como gelo”. Não importava o que eu dizia ou fazia, eu estava sempre errado e eles ainda distorciam tudo. No tribunal eu disse que não era um satanista e que eu considerava satanismo uma idiotice judaico-cristã, falei sobre Óðinn e Þórr e, mesmo assim, o juiz escreveu que "Varg Vikernes acredita em Satã" e as manchetes diziam que eu era um satanista. Até mesmo em 2001 a diretora do departamento de justiça da Noruega (surpreendentemente) escreveu a mesma coisa em uma carta para um psiquiatra e um psicólogo, que deveriam escrever um relatório sobre o fato de eu ser um psicopata ou não (e, a propósito, eles disseram que eu não era). Então a diretora do departamento de justiça também alegou que eu era um satanista e que "Varg Vikernes acredita em Satã". Mas até mesmo as pessoas que trabalhavam na prisão em que eu estava na época ficaram chocadas pela ignorância (ou até malícia) da diretora do departamento de justiça. O psiquiatra e o psicólogo também reagiram negativamente à declaração e, naturalmente, se perguntaram por que ela faria tal coisa.
Então o que se pode esperar de otários que escrevem na Internet ou em alguma revista sem conteúdo? Como podemos acreditar nas diferentes biografias, artigos e “entrevistas” que existem por aí, quando até mesmo os juízes do sistema judiciário e a diretora do departamento de justiça da Noruega inventam ou repetem mentiras como essa?






Resumindo, todas as biografias, matérias e a maior parte das entrevistas estão repletas de mentiras. Ao invés de falar a Você sobre as mentiras dentro de um fluxo incessante de artigos como esse que mencionei, direi simplesmente que não confie em nada do que Você ler sobre mim, a menos que tenha sido escrito por mim.

Infelizmente, não podemos confiar em nada do que tenha sido dito e escrito sobre outros dissidentes também. Os dissidentes são sempre demonizados e os que apóiam os que estão no poder sempre são glorificados. A história não é nada além de uma ferramenta usada pelos poderosos para fazerem com que as massas os adorem e os sigam e também para terem certeza de que essas pessoas rejeitem e trabalhem contra seus inimigos ou adversários.
Até no ensino fundamental/ médio de hoje crianças e adolescentes ingênuos na Noruega aprendem sobre o “adorador do diabo” e “satânico” Varg Vikernes. Se um sistema diferente ou pelo menos a honestidade prevalecesse, eu provavelmente seria descrito mais da forma como eu me vejo, uma pessoa que rejeitou a tentação de ter uma vida confortável em um país rico, porque eu preferi fazer o que achava certo. Eu me recusei a participar do estupro da Mãe Terra e me revoltei contra o mundo moderno.
Hoje sou visto como nada além de um criminoso, então não posso esperar que os simpatizantes desse sistema podre digam a verdade sobre mim e, é claro, não sou o único sofrendo esse tipo de campanha de mentiras. Todos os que se revoltam contra o mundo moderno e contra esse sistema doentio passam mais ou menos pelo que estou passando. Eles são demonizados, ignorados, caluniados e assim por diante. Até mesmo o adolescente comum passará por isso em sua comunidade se ele ou ela fizer algo que é considerado anti-social ou politicamente incorreto (ou apenas usar roupas especiais). Todos os que se revoltam contra o mundo moderno devem estar preparados para enfrentar as conseqüências, mas isso não significa que devemos simplesmente aceitar o fato das pessoas estarem espalhando mentiras, nos ignorando ou nos caluniando. Devemos sempre reagir, nunca desistir. Não importam as conseqüências.
Quando os poderes “ocidentais” apóiam dissidentes em outros países, seja em Myanmar, na China, no Zimbábue ou em qualquer outro lugar, eles os chamam de dissidentes ou oposicionistas, mas todos os dissidentes no mundo “ocidental” são chamados de criminosos ou simplesmente de terroristas. Eles nem mesmo reconhecem que há uma razão legítima para se revoltarem contra o mundo “ocidental”, porque eles querem estabelecer como um fato indiscutível que a sua tão falada “democracia” é a melhor maneira de governar um país. Argumentar contra isso é como argumentar contra a teoria da macroevolução com cientistas ou, o que é pior, questionar a veracidade da teoria do Holocausto na frente de seu professor de história. Não importa o que você diga, eles verão você como um completo idiota e recusarão até mesmo a escutar o que você tem a dizer.
Um fanático é simplesmente um idealista de quem você discorda e um idealista é simplesmente um fanático com quem você concorda. Portanto, os “idealistas” ditam as regras no mundo “ocidental” e os “fanáticos” como eu são perseguidos. É assim que as coisas são e Você deve sempre ter isso em mente quando ler algo sobre gente como eu. As regras do jogo ainda são deles. Você também deve ter sempre isso em mente quando não ler coisa alguma sobre gente como eu.

Obrigado pela sua atenção.
Varg "O que persevera na Vida" Vikernes

(Escrito em dezembro de 2004, atualizado em abril de 2005)
Fama crescit eundo! (Os rumores crescem com o tempo)
Parte IV - O Burzum na Noruega
Freqüentemente tenho encontrado fãs de Black Metal, ou recebido cartas de fãs de Black Metal na Noruega, reclamando para mim sobre o fato de que eles não conseguem encontrar álbuns do Burzum em nenhuma loja de discos da Noruega. A explicação para isso é que o Burzum não é distribuído na Noruega, e tem sido assim desde 1993, porque ninguém na indústria fonográfica da Noruega quer distribuir ou vender álbuns do Burzum, muitas vezes por medo de também serem perseguidos por extremistas de esquerda se assim o fizessem ou, como acontece com mais freqüência, porque eles próprios são extremistas de esquerda (ou são judeus/ cristãos). Então, para poderem comprar álbuns do Burzum, os noruegueses precisam importá-los ou ir até outro país e comprar os álbuns nas lojas de lá. Ou seja, muito estranhamente, os álbuns da banda norueguesa Burzum não estão facilmente disponíveis para fãs de Black Metal na Noruega.






Há mais ou menos um ano foi lançado na Noruega um programa semanal dedicado ao metal na TV, no qual as pessoas podem votar em vários vídeos a serem exibidos e, sempre que podem, entram em um chat, através de SMS. Na época eu estava trancado 24 horas por dia na cela, mas todo dia eu precisava sair por um minuto ou dois para pegar o jantar e pão para o resto do dia e, ao fazer isso, eu passava por outros prisioneiros no corredor. E todo dia eu passava em frente de um cara chamado René, de Bergen, que costumava assistir a esse programa de metal e, em uma de nossas conversas diárias de 10 segundos, ele me disse que sempre havia uma discussão sobre o Burzum no chat board, então eu decidi ver um dos programas. O que estava acontecendo é que muitos fãs de metal queriam que eles tocassem Burzum, mas a apresentadora do chat alegou que "Não há vídeo do Burzum" e, quando os fãs mencionaram a ela o vídeo "Burzum" (Título em alemão: "Dunkelheit". Título em inglês: "Darkness" [N.: “Escuridão”]. Título original: "Burzum") ela disse a eles algo do tipo “Nós fingimos que ele não existe” ou “Nós intencionalmente esquecemos esse aí”. Então até mesmo um programa dedicado a tocar metal boicotava o Burzum, exatamente como os programas de rádio na Noruega têm feito pelos últimos doze anos. A razão pela qual eles me boicotam na Tv e no rádio é, aparentemente, o fato de eu ter opiniões políticas “erradas”.




Sigurd Wongraven (Satyricon)




Jørn Stubberud (Mayhem)



Recentemente foi exibida uma série na TV norueguesa sobre a história do rock na Noruega, e um dos programas foi dedicado a gêneros especiais do rock, incluindo Black Metal. Eles entrevistaram Sigurd Wongraven do Satyricon, Jørn Stubberud do Mayhem e, muito brevemente, Fenris do Darkthrone. Além dessas, eles também mencionaram brevemente o Dimmu Borgir mas, por alguma razão obscura, não disseram uma única palavra sobre o Immortal e o Burzum. Aparentemente Burzum e Immortal não tiveram participação alguma na cena Black Metal, nem mesmo nos primórdios. Mais uma vez o Burzum deixou de existir, dessa vez em um documentário sobre as “primeiras” bandas de Black Metal na Noruega.

Assim é o Burzum na Noruega: oficialmente ele não existe e nunca existiu e, caso realmente tenha existido, certamente não teve papel relevante em contexto algum. Burzum foi apagado da história do metal na Noruega, pelos extremistas de esquerda que controlam a mídia norueguesa. Mas, de certa forma, isso é fascinante, já que estamos realmente testemunhando o processo de falsificação da história.
Eu tenho consciência de que sou persona non grata há muito tempo, mas não sabia que a situação era tão ruim assim. Eu não imaginava que precisaria gastar meu tempo convencendo as pessoas de que ainda estou vivo ou que testemunharia a mídia na Noruega fingir que o Burzum não existe e que nunca existiu, ou que os fãs do Burzum teriam que enfrentar obstáculos como aqueles descritos acima.
Eles estão, obviamente, tentando remover a memória do Burzum e de mim e somente o tempo dirá se terão sucesso ou não. Meu conselho a eles seria esperar pelo menos até que eu morra e não possa mais me defender... Ainda estou aqui, e Vocês sabem disso! Vocês não deveriam tentar remover a cicatriz até que a ferida esteja curada, e a Sua ferida ainda está sangrando!



Fenrir



Varg "Fenrir" Vikernes [N.: Na mitologia nórdica, Fenrir é um lobo gigantesco que também é filho de Loki, deus do mal. Durante o Ragnarök, o apocalipse da mitologia nórdica, Fenrir cresce tanto que consegue escapar do controle dos deuses e mata Odin, o deus dos deuses, para em seguida ser morto por Vidar, filho de Odin].

(Dezembro de 2004)
“História é a fábula defendida pelo vitorioso” (Napoleão)
Parte V - Satanismo
Quando pessoas na Noruega ouvem meu nome, normalmente pensam em satanismo e incêndios de igrejas. A imprensa teve bastante sucesso ao fazer o que os judeus e cristãos têm feito rotineiramente desde o início da Idade Média e convenceram todos de que o dissidente perseguido em questão (neste caso eu) é um louco e perigoso adorador do diabo.






Eu poderia argumentar que nunca fui um adorador do diabo, mas penso que é melhor simplesmente provar que a adoração do diabo é produto da imaginação dos judeus e cristãos. Quando você sabe que nunca houve qualquer forma de adoração do diabo na Europa, então você também deve entender que nunca houve adoradores do diabo. Quando você sabe disso, fica claro que também não há a possibilidade de eu ser um adorador do diabo.

Uma escritora inglesa, Margareth Murray, publicou um livro em 1921 chamado "The Witch-Cult In Western Europe" [N.: “O Culto das Bruxas na Europa Ocidental”]. Ela afirmou que a adoração do diabo na verdade não era, de forma alguma, adoração do diabo, mas um culto pagão e, embora criticado, seu livro tem sido usado por bruxas fajutas (especialmente no Reino Unido) numa tentativa feminista de reviver o culto das bruxas. Mesmo que seu livro seja inútil como fonte, em um ponto ela tem razão. Os adoradores do diabo eram na verdade pagãos praticando sua antiga religião. O conceito de “adoração do diabo” como o conhecemos foi criado pelos cristãos na Idade Média, principalmente por pessoas como os autores do livro "Malleus Maleficarum" ("O Martelo das Bruxas"), Jakob Sprengler e Heinrich Kramer, sendo ambos padres católicos e um deles sendo um judeu messiânico.
Da mesma forma que não sabemos exatamente o que significa “pagão”, ninguém sabe exatamente por que eles chamaram essas pessoas em particular de “bruxas” – ou Hexen (alemão) ou hekser (norueguês). Mas o que sabemos é que esse também é um termo judaico-cristão e que nunca foi usado pelos pagãos. O Sabbath é um dia santo judaico e não tem relação alguma com nossa cultura européia.
Esse é o problema aqui: tudo o que as pessoas sabem sobre esse culto é o que os desprezíveis judeus e cristãos nos contaram. Eles demonizaram tanto esse culto que pensamos no tão falado "Black Sabbath" como alguma cena maluca ou nojenta, com as “bruxas malignas” indo para Blokkbeg ou alguma outra montanha para adorar Satã. De acordo com os judeus e cristãos, elas faziam isso na sexta-feira 13 para zombar de Jesus Cristo, porque havia 13 pessoas presentes na Última Ceia; o próprio Satã era um demônio, com chifres na testa, que mancava porque tinha pés de cabra ou cavalo; “bruxas” eram acusadas de sacrificar crianças pro demônio e fazer sexo com ele. Por causa disso, os cristãos enforcaram e queimaram as “bruxas”, ou as executaram de outras maneiras e, até o século XVIII, assassinaram centenas de milhares de “bruxas” e outras pessoas de quem não gostavam na Europa.
Ao invés de expressar o que penso sobre tudo isso, direi a Você o que esse culto e, em particular, o mistério da Sexta-Feira 13, realmente significavam. Isso poderá surpreender muita gente, mas sabemos perfeitamente bem o que esses rituais significavam, por que eram praticados e até mesmo quem os praticava. Naturalmente, eu não posso descrever todos os mistérios de uma antiga religião em um artigo como este, mas espero poder dar a Você uma breve e abrangente explicação sobre o mais demonizado de todos os mistérios, o conhecido "Black Sabbath", que originalmente era um festival da fertilidade, celebrado na Sexta-Feira 13 de cada mês do calendário antigo (que consistia do Dia do Ano Novo e de 13 meses, cada um formado exatamente por 4 semanas).



Genealogia dos deuses nórdicos



As quatro fases da vida são: reencarnação, nascimento, vida e morte; noite, manhã, dia e entardecer; inverno, primavera, verão e outono, et cetera. As semanas em cada mês também são divididas em quatro fases: a primeira semana é a da reencarnação, a segunda é a do nascimento, a terceira é a da vida e a quarta é a da morte. Cada dia da semana também tem um significado especial: domingo é o dia das divindades solares, segunda-feira é o dia das divindades lunares, terça-feira é o dia das divindades celestes, quarta-feira é o dia das divindades da magia, quinta-feira é o dia das divindades da agricultura, sexta-feira é o dia das divindades do amor e da fertilidade, e o sábado é o dia das divindades da reflexão (isto é, o dia no qual as pessoas analisavam os eventos da semana, antes que a semana seguinte começasse). A primeira sexta-feira de cada mês no calendário antigo é sempre dia 6, a segunda é sempre dia 13, a terceira é sempre dia 20 e a quarta é sempre dia 27. Portanto a segunda sexta-feira de cada mês, Sexta-Feira 13, é um dia especial dedicado ao amor, à fertilidade e ao nascimento. Em outras palavras, é o dia mais importante do ano em relação à fertilidade humana. É isso o que as “bruxas” celebravam nesse dia e isso, naturalmente, não possui relação alguma com Jesus ou com o número de pessoas presentes na última ceia. A crença judaico-cristã e seus símbolos não possuem relação alguma com essa antiga celebração!

O dia santo conhecido como Walpurgisnacht (alemão), Valborgsnatt (norueguês), Beltane (gaélico), et cetera, é a Sexta-Feira 13 do sétimo mês do ano, quando o inverno (e seus seis meses) se encontra e se casa com o verão (e seus seis meses) no meio do antigo calendário de 13 meses, isto é, no sétimo mês. De acordo com os cristãos, essa é a noite na qual as “bruxas” vão às montanhas para copular com “Satã”. Essa noite é, portanto, chamada de “a noite das bruxas” mas era, originalmente, o dia tradicional para casamentos na era Pagã. Esse era o dia no qual pessoas se casavam na Terra, da mesma maneira em que os deuses (como Njörðr) e as deusas (como Skaði) se casavam no Céu e nós, portanto, chamamos essa noite de Lua de Mel – a noite na qual os deuses se uniam às deusas no céu. (Nota: Mel é um símbolo dos æsir e ásynjur [respectivamente, os nomes escandinavos dos deuses e das deusas].) Além disso, a maior parte das pessoas sabe que é perfeitamente normal que pessoas casadas copulem na noite em que se casam, então não há nenhum problema nisso.



Freyr




Valkiria



Dizem que as freiras católicas casam-se com sua divindade e essa prática tem suas origens nos cultos Pagãos, nos quais as sacerdotisas Pagãs casavam-se com sua divindade. A grande diferença era que a divindade Pagã era representada na Terra por um sacerdote Pagão. As sacerdotisas pagãs podiam, em outras palavras, dar à luz crianças e ser realmente úteis aos seus semelhantes e à sua comunidade, diferentemente das freiras Católicas, que rejeitam a vida quando se recusam a ter filhos. Para se tornar um sacerdote Pagão, a pessoa precisava ser escolhida pelas sacerdotisas (que na Escandinávia eram freqüentemente chamadas de valkyries ["as que definem os escolhidos"]) para ser seu sacerdote Freyr e, para isso, elas organizavam diferentes tipos de competições para escolher o homem mais bem preparado para essa tarefa. Os mais conhecidos desses eventos são, obviamente, os Jogos Olímpicos da Grécia, que eram originalmente um “mercado de carne” para virgens (mulheres solteiras), que exigiam que os homens competissem entre si despidos (nus) para que elas pudessem ver todas as qualidades físicas deles antes de decidir com quem iriam casar. Não havia sentido na participação de mulheres nesses jogos, pois serviam principalmente para que as mulheres encontrassem o melhor homem, ou o homem de quem mais gostaram. Os jogos eram organizados a cada quatro anos, duas vezes para cada pentagrama perfeito (o símbolo do amor) formado no céu pelo planeta (que conhecemos como) Vênus (que na antiga Escandinávia era conhecido como Freyja). Outras competições semelhantes eram organizadas por toda a Europa e sua finalidade era a mesma: separar os fracos dos fortes.

Os vencedores das várias competições eram considerados os melhores homens e recebiam, dos vários grupos de mulheres ("conciliábulos" ou “assembléias de bruxas”), a função de sacerdotes Freyr. Devido a isso, nós aqui na Noruega ainda chamamos os casamentos de bryllup, que deriva do Norueguês antigo bruðhlaup, que se traduz como "corrida das noivas" – e devo acrescentar que "bride" [N.: em inglês, “noiva”] é, na Noruega, também o título do noivo (isto é, "bride-groom" [N.: em inglês, “noivo”] ["bride" significa "o(a) prometido(a)", "groom" significa "homem"]). Mas ele também precisava ser um sacerdote Freyr, e tinha que passar por vários rituais de iniciação, que não discutirei aqui, para provar também sua força espiritual (porque possuir força física não era motivo suficiente para ser escolhido pelas sacerdotisas). Ele também tinha que participar da batalha espiritual que conhecemos como Ragnarök, que acontecia a cada ano no 7º dos 13 dias do Yule – quando as forças de Hel encontram as forças de Ásgarðr (Paraíso) no campo de batalha (e, por isso, ainda celebramos esse dia, atualmente com fogos de artifício, como se fosse uma guerra simbólica, durante o que seria a Véspera de Ano Novo no calendário Juliano [N.: Usamos atualmente o calendário Gregoriano]).



Vidar matando Fenrir



Nessa batalha, os iniciados tinham que, assim como o deus Víðarr, matar o lobo Fenrir e, como sabemos, isso era feito colocando-se um pé na mandíbula inferior do lobo, agarrando-se a mandíbula superior e arrebentando a boca do lobo. Víðarr tinha um sapato especial para isso, a fim de proteger seu pé dos dentes e do fogo da boca de Fenrir. Então quando os sacerdotes faziam isso – todos os anos – eles, naturalmente, machucavam seus pés e freqüentemente começavam a mancar ou mancavam porque usavam esse sapato especial. Em outras palavras, o sacerdote Freyr que fazia sexo com a sacerdotisa Freyja na Sexta-Feira 13 não tinha pé de cabra, cavalo ou coisa parecida: ele era simplesmente um sacerdote Freyr manco ou que usava um sapato especial em um dos pés, fazendo com que mancasse!

As sacerdotisas Freyja não se casavam simplesmente com um homem mas, como eu disse, casavam-se com um homem que representava o deus Freyr. Sabemos perfeitamente bem que os Pagãos gregos representavam e personificavam seus deuses colocando máscaras, nas várias peças de teatro e mistérios, mas isso também era feito no resto da Europa. Quando eles colocavam uma máscara que representava uma divindade, eles transformavam-se e tornavam-se tal divindade. Conhecemos Freyr de fontes Gaélicas como Cernunnos, chamado de "deus com chifres", e entalhes em pedras na Escandinávia retratavam essa divindade como um homem com chifres de cervo. Ao contrário da crença popular, os guerreiros escandinavos (como os vikings) nunca usavam capacetes com chifres, mas os sacerdotes Freyr usavam, ou usavam máscaras com chifres e, portanto, o “Satã” que fazia sexo com as sacerdotisas Freyja na Sexta-Feira 13 é descrito pelos judeus e cristãos como um “demônio com chifres”.
As sacerdotisas Freyja também representavam uma divindade e, portanto, tinham títulos especiais. Uma sacerdotisa chamada (por exemplo) Helga receberia o nome (em alemão) de Frau Helga ou (em norueguês) Fru Helga, porque Frau/Fru (isto é, "Sra", "madame") é uma abreviação do nome Freyja (Fraujo em língua germânica antiga). Quando se casava com (um sacerdote) Freyr ela já não era mais apenas Helga, mas sim Freyja-Helga, e passava a representar a deusa Freyja na Terra. Hoje em dia Frau/Fru significa simplesmente “esposa” ou “mulher casada”, mas o uso bastante disseminado desses títulos dá testemunho da abrangência desse culto Pagão no passado.
O fato de que as “bruxas” beijavam a masculinidade do sacerdote Freyr, nesse mistério que estou discutindo, é explicado pela necessidade de mostrar submissão perante seu deus – assim como os católicos hoje em dia beijam o anel do papa quando se aproximam dele (pela mesma razão). A acusação feita pelos judeus e cristãos de que havia sacrifícios de crianças é explicada pelo fato de que as sacerdotisas Freyja queriam somente crianças saudáveis e, portanto, eliminavam as crianças com sérias deficiências colocando-as na floresta para serem comidas por lobos, ou algo semelhante. Elas basicamente faziam o que a maioria das mulheres grávidas faz hoje em dia quando – se elas descobrem que há algo de errado com sua criança ainda não nascida – (normalmente) fazem um aborto. Para um Pagão, e para todos os outros seres humanos de mente sã e corpo são, qualidade é o que realmente importa.
Portanto, as assembléias de “bruxas” fazendo sexo com “Satã” eram cultos de amor e fertilidade. Tratava-se de um culto elitista, porque somente os melhores homens eram aceitos como sacerdotes e, portanto, o melhor sangue das várias tribos era cultivado, diferentemente do que se faz hoje em dia. Esses cultos raramente eram grandes e havia, naturalmente, muitos desses sacerdotes Freyr por toda a Escandinávia e também pelo resto da Europa. Eles eram provavelmente conhecidos como (sacerdotes) Cernunnos em áreas nas quais se falava gaélico, Veles nas áreas eslavas, Potrimpos nas áreas dos países bálticos, como Dionysus nas áreas gregas, como Bacchus nas áreas romanas, et cetera.
Embora esses cultos pagãos aparentemente tenham deixado de existir no sul da Europa desde a Antiguidade, eles sobreviveram no norte da Europa até o século XVIII, e mesmo até o século XIX, e é por esse motivo que pessoas como eu1 sabem tanto a esse respeito. Nós não somos enganados pelas mentiras dos judeus e cristãos porque sabemos a verdade!
Portanto, aquilo que os judeus e cristãos chamam de “Satanismo” ou “adoração do diabo” é, na realidade, nossa própria religião Européia! Meu interesse no assunto deve ser analisado sob essa óptica. Além disso, meu desejo adolescente de usar brevemente o termo “Satanista” para descrever a mim mesmo também deve ser visto sob essa óptica. Mas eu nunca fui um “Satanista”, da mesma forma que nossos antepassados também nunca foram “Satanistas”. Eu sou e sempre fui um Pagão. “Satanismo” ou “adoração do diabo”, da maneira como os judeus e cristãos descreveram, simplesmente nunca existiu. A crença na existência do “Satanismo” ou “adoração do diabo” é apenas ignorância e também um resultado da campanha de mentiras. As “bruxas” foram assassinadas pela igreja não porque elas adoravam “Satã” ou qualquer outra divindade ficcional de origem hebraica, mas porque elas continuaram praticando nossa religião Européia, contra a vontade dos judeus e cristãos. A única razão pela qual eles pararam de assassinar esses nobres homens e mulheres é o fato de que eles ficaram sem pessoas para queimar, ou falharam em encontrar outras. Isso também explica por que tantas “bruxas” foram assassinadas no norte da Europa e na Alemanha, em comparação ao número de pessoas assassinadas no sul da Europa. O sul da Europa foi, em termos gerais, cristianizado quinhentos ou até mesmo mil anos antes que o norte da Europa e a Alemanha o fossem e, naturalmente, havia muito mais Pagãos nas partes da Europa que foram cristianizadas depois. Mais mulheres do que homens foram assassinados simplesmente porque havia mais sacerdotisas do que sacerdotes. Cada assembléia tinha apenas um homem mas, frequentemente, várias mulheres – desde algumas até dezesseis.
Não sei muita coisa sobre a perseguição aos Pagãos na Europa, mas sei que, da mesma forma que no norte europeu, o Paganismo permaneceu forte no leste europeu por muito tempo, e os últimos grupos de poetas (que consistiam frequentemente de pessoas “aleijadas” [como homens que mancam...]) não pararam de espalhar sua cultura na Rússia até a revolução Bolchevique de 1917. Eles viajavam, muitas vezes como mendigos, contando histórias para as pessoas, fazendo profecias ou cantando em troca de comida e abrigo. Muitas das tradicionais músicas festivas ainda usadas na Rússia são essas músicas (!).
Na Noruega, a música de uma poetisa foi registrada no século XVII ou XVIII. Uma senhora que viajava pela região de Telemark chegou a uma fazenda e se ofereceu para cantar uma música em troca de comida e abrigo, como era de costume. Ela cantou os 52 versos de uma canção chamada Draumkvædet ("a canção dos sonhos"). A canção descrevia em detalhes como um iniciado, Olav Åsteson (Olav, "o filho do amor"), viajou pelo mundo espiritual nos 13 dias de Yule e encontrou as divindades no Paraíso. A canção é um pouco cristianizada, algo que os bardos precisavam fazer na era judaico-cristã a fim de não serem perseguidos ou mesmo assassinados pela igreja, mas ainda é bem interessante e expressiva. A velha mulher foi uma das últimas trovadoras conhecidas da Noruega.
O Paganismo não está morto e, portanto, nem mesmo precisamos reconstruí-lo. Ele nunca morreu de verdade. Ele sobreviveu no submundo, na Noruega e em outras partes de Europa. Da mesma forma que o Sol nasce no leste a cada manhã, o Paganismo nascerá novamente. A luz Européia inevitavelmente banirá a escuridão asiática que conhecemos como Judaico-Cristandade, e os puros entre nós encontrarão as runas (isto é, os segredos) de Óðinn – mas somente se eles escolherem caminhar por entre os velhos caminhos de nossos antepassados.
Notas:
1 Como curiosidade, devo acrescentar que o sobrenome de minha tetravó era Quisling (ás vezes grafado como Qisling ou Qvisling), que deriva do norueguês antigo Kvíslingr e traduz-se como "ramo de Ingr". Ingr (proto-norueguês InguR, germânico Inguz) é uma forma do nome de Freyr (e tanto "Freyr" e "Ingr" são traduzidos como "amor", mas também significam "senhor" e "chefe"). Naturalmente, eu não descendo do deus Freyr, mas de um sacerdote que personificava o deus Freyr. (A propósito, o nome completo de minha tetravó era Susanne Malene Qisling. Ela era da região de Telemark na Noruega, nasceu em 1811 e morreu em 1882).

Varg Vikernes
"Picketed and Pilloried"
(June 2005)

A verse from Draumkvædet:

Bikkja bit, og ormen sting,
og stuten stend og stangar –
de slepp ingjen ivi Gjallarbrui
som feller domane vrange.
For månen skin'e,
og vegjine falle so vie.


(The dog [Garmr] bites, and the worm [Jörmungandr] stings,
and the ox [Himinbrjótr] gores –
they don't let anybody who convicts wrongly
across the Gjallarbru [the bridge that leads to Hel].
Because the Moon shines
and the roads [to Hel] are so wide.)


(O cão [Garmr] morde, e o verme [Jörmungandr] pica,
E o boi [Himinbrjótr] perfura com seu chifre –
Eles não deixam passar alguém que tenha condenado injustamente
pela Gjallarbru [a ponte que leva a Hel].
Porque a Lua brilha
E as estradas [que levam a Hel] são muito largas).

PS. Quem souber norueguês (ou melhor, o rústico dialeto de Telemark') pode conseguir uma cópia da Draumkvædet em qualquer biblioteca decente e acho que valeria a pena para os falantes de russo que tiverem interesse no assunto ler livros como "Istoritjeskie korni velsjebnoj skazki" (???????????? ????? ????????? ??????), de Vladimir Propp, publicado em Leningrado em 1946 ou talvez até mesmo "Poétika sjuzjeta i zjanra: period antitsjnoj literatury" (??????? ?????? ? ?????: ?????? ???????? ??????????), de Olga Frejdenberg, publicado em Leningrado em 1936. Eu não li esses livros, então não tenho certeza se são realmente bons, mas podem ser. Os que falam alemão podem achar tais informações em "Die Geburt Der Tragödie Aus Dem Geiste Der Musik" (1872), de F. W. Nietzsche. E os que sabem inglês podem talvez ler "The Golden Bough" [“O Ramo de Ouro”], de James Frazer. Não espere encontrar algum conhecimento pagão secreto, mas não fique surpreso se Você encontrar algo interessante nesses livros. Se Você estiver apenas interessado em antigas religiões e cultura pagã, recomendo que leia meu próprio livro, "The Mysteries And Mythology Of Ancient Scandinavia" [“Os Mistérios e a Mitologia da Antiga Escandinávia”], quando (se?) for publicado.
Parte VI - A Música
Nos últimos oito meses tenho recebido muitas cartas de pessoas interessadas em saber, entre outras coisas, quais instrumentos usei nas gravações dos álbuns do Burzum. Pessoalmente, não estou nem um pouco interessado nessas coisas e, portanto, não tenho motivação para responder a essas cartas. Para mim, isso é como um eco do passado, quando “todo mundo” na cena Death Metal underground falava sobre essas coisas. O foco nos instrumentos, marcas, estúdios de som e “produção” é, na verdade, uma das coisas contra as quais me rebelei em 1991. Mas como as pessoas que nunca obtiveram uma resposta reclamaram sobre a minha falta de vontade para responder a elas, escreverei um artigo sobre esse assunto que, espero, responderá a todas as suas perguntas.















Nas gravações de todos os álbuns do Burzum, eu usei uma velha (acho) guitarra Weston que comprei bem barato em 1987 de um conhecido meu. O baixo que usei era o mais barato que havia na loja e nem sei de que marca era. Eu nunca verifiquei e nem mesmo pensei sobre isso. No caso da bateria, eu simplesmente pegava emprestado um kit do baterista do Old Funeral (depois do Immortal), ou de outro músico que morava por perto e, “claro”, também não tenho nem idéia de que marca era.

Já no caso dos amplificadores para guitarra, todos os caras ligados ao Death Metal diziam-me que a única maneira de conseguir o som “correto” (da moda) era usando amplificadores Marshall mas, como eu não gostava daquele som, eu usava um amplificador Peavey. No "Filosofem" eu nem cheguei a usar um amplificador para guitarra; ao invés disso, usei somente o amplificador do aparelho de som de meu irmão (que, claro, não tinha sido projetado para esse uso) e alguns velhos pedais empoeirados.
Para “cantar”, eu usava qualquer microfone que o técnico de som me fornecia ou – quando gravei "Filosofem" – eu pedi o pior microfone que ele tinha e acabei usando o microfone em um headset.
Para gravar o álbum de estréia (em Janeiro de 1992), gastei somente 19 horas no total, desde o momento em que cheguei no estúdio com os instrumentos até a masterização (!). O número de horas gastas (em 1992) no "Det Som Engang Var" (DSEV) foi um pouco maior, 26, porque não havia ninguém para me ajudar a transportar os instrumentos e coisas desse tipo e, portanto, tive que carregar e preparar tudo sozinho. A gravação de "Hvis Lyset Tar Oss" (HLTO) aconteceu em Setembro de 1992 e levou algo entre 20 e 30 horas (não me lembro), mas isso incluiu gravar duas músicas que nunca foram incluídas no álbum (uma versão muito ruim da faixa "Burzum" ["Dunkelheit"] e uma outra que nunca usei). "Filosofem" foi gravado (em Março de 1993) em apenas 17 horas, mas isso se deveu principalmente ao fato de eu ter usado um kit de bateria que já estava lá – no estúdio, e que tinha sido usado por alguma banda de jazz ou rock no dia anterior – então isso me poupou muito tempo. Além disso, naquele momento eu já havia passado pelo processo de gravação de um álbum algumas vezes, então toda a parte técnica já havia se tornado rotina.
A razão para eu ter usado o estúdio Grieghallen era que tínhamos usado aquele estúdio quando gravamos um EP com o Old Funeral, acho que em 1990, então eu conhecia o técnico de som (um cara bastante positivo, habilidoso e gente fina que morava em Bergen), e ficava localizado a apenas 1,5 km de meu apartamento em Bergen. Se eu morasse em outra cidade eu, obviamente, usaria outro estúdio.
Quando gravei o álbum de estréia, tanto Øystein Aarseth ("Euronymous", do Mayhem) quanto Harald Nævdal ("Demonaz", do Immortal) estavam presentes na maior parte do tempo e eles me ajudaram a carregar os instrumentos – e, por gozação, deixei que Aarseth tocasse um solo de guitarra na faixa "War". Ele também (além de mim) “bateu com os punhos” em um grande gongo no Grieghallen para fazer algum som. Isso foi usado como som ambiente na faixa "Dungeons Of Darkness" e na intro do DSEV.
Quando gravei os outros álbuns, eu normalmente estava sozinho com o técnico de som. Porém, Samoth (Thomas Haugen, do Emperor) estava presente quando gravei duas das faixas do mini-LP "Aske" e partes do HLTO. Ele tocou baixo em duas faixas do "Aske" e estava presente quando gravei as partes de bateria do "Aske" e do HLTO. Ele tocou baixo em "Aske" porque, por um curto período em 1992, eu cogitei a idéia de tocar ao vivo e, portanto, ensaiei uma ou duas vezes como banda (um cara chamado Erik Lancelot, dos arredores de Oslo, deveria tocar bateria). Mas eu rapidamente acordei da “psicose de tocar ao vivo” e, felizmente, mudei de idéia e continuei como antes, como uma banda-de-um-homem-só que não precisava de músicos de estúdio.






Com exceção de uma música no HLTO e outra no "Filosofem" eu gravei tudo na primeira tentativa. O problema com a música do HLTO era técnico e eu tive que gravar a bateria da faixa título duas vezes e, na faixa "Jesu Død" do "Filosofem" eu tive que gravar uma linha de baixo novamente porque eu estava cansado depois de ter gravado as duas faixas de guitarra (meus “dedos de burguês” não estavam acostumados a todo aquele trabalho...).

Os erros cometidos em algumas das faixas durante as gravações poderiam ter sido evitados facilmente se eu tivesse me preocupado em regravar certas partes, mas naquele momento o que eu queria era me rebelar contra a música (Death) Metal polida e convencional. A principal motivação da rebeldia musical era não fazer álbuns “perfeitos”, não fazer música com “esta ou aquela” marca de instrumentos, era não ir a um determinado estúdio para conseguir “esse ou aquele som” e também era não soar como outras bandas. Alguns poucos erros tornam a música mais viva e pessoal, o que simplesmente dá à música “alma” e originalidade, então nunca me preocupei em corrigir coisa alguma. A música nos álbuns do Burzum é simplesmente uma honesta, sincera, simples e clara representação da minha pessoa. Certamente não sou perfeito ou livre de erros, e nem minha música.
Havia uma ideologia por trás disso; era a aceitação da honestidade e a apreciação do que era puro e natural. Se o som não é definido como bom por algum músico de queixo empinado (frustrado) que trabalha para alguma revista de música, isso não significa coisa alguma para mim. O natural é sempre o melhor, seja quando estamos falando de música ou de qualquer outra coisa. A música natural e de melhor qualidade é (da forma como vejo) música com “alma” e não música que foi trabalhada por meses em um estúdio para remover até mesmo os menores erros (peculiaridades).
Mesmo em 1990 a maior parte das bandas de Death Metal seguiu a corrente, foi incorporada na indústria da música comercial e perdeu toda a sua “alma”. As assim chamadas bandas de Black Metal logo em seguida seguiram essa tendência e, (até onde eu sei) com exceção de Fenris do Darkthrone, todas elas se venderam e deixaram de honrar as idéias originais do Black Metal. As bandas mais jovens da Noruega, que surgiram em 1993 ou depois, em razão da cobertura da mídia sobre nosso mundinho, nunca souberam coisa alguma sobre essas idéias então, ironicamente, elas nunca se venderam realmente. Entretanto, chega a ser um pouco idiota o fato de fazerem essas coisas e terem uma certa aparência sem nem saberem por quê. Elas apenas se juntaram a um bando e nunca souberam de onde esse bando surgiu ou onde esse bando esteve antes de se juntarem a ele. Em resumo, podemos dizer que as tão faladas bandas de Black Metal também se comercializaram.
Neste ponto devo lembrar a Você daquilo que escrevi no começo deste artigo; pessoas me perguntavam coisas, como quais instrumentos eu usei nas gravações dos álbuns do Burzum. Tais perguntas são tão irrelevantes e desinteressantes para mim quanto perguntas sobre que marca de calça ou de cueca eu usei quando gravei os álbuns. Será que realmente importa saber que instrumentos eu usei? Eu não acho, e penso que é importante não se preocupar com essas coisas. Eu usei a minha guitarra e, se eu tivesse outra guitarra, teria usado essa outra. É simples assim. Eu usei o que estava à mão e minha principal prioridade era fazer música honesta e original – e eu poderia ter conseguido isso com qualquer tipo de instrumentos, não importando sua idade, preço e marca. É simples assim.
Eu gostaria de agradecer a Você pelo seu interesse no Burzum e pela sua atenção mas, por favor, não espere que eu dê prioridade a cartas com perguntas sobre instrumentos, detalhes técnicos ou outras coisas pelas quais não tenho interesse algum. Se Você acha essas coisas interessantes, para mim tudo bem, mas não espere que eu tenha os mesmos interesses que Você.

Varg "????" [N.: “O Lobo”] Vikernes
(Julho de 2005)


Aurum nostrum non est aurum vulgi!
(O nosso ouro não é como o ouro do homem comum)

Parte VII - O Fantasma Nazista
Como muita gente deve saber, já fui muito criticado por ter utilizado vários termos “politicamente incorretos” para descrever minha formação ideológica, como Satanismo, nacionalismo, racismo, Paganismo ou até mesmo “nazismo”.






Alguns dos termos que já utilizei são bastante imprecisos e percebo que as pessoas reagem aos diversos termos de maneiras diferentes, dependendo de sua origem ou de quem são. Um escandinavo, por exemplo, não tem um grande motivo para reagir negativamente ao termo “nazismo”, mas entendo que um eslavo [N.: da Europa central e oriental] tem bons motivos para agir dessa forma. Enquanto os “nazistas” alemães tiveram comportamento exemplar na Dinamarca e na Noruega durante a Segunda Guerra Mundial, eles certamente não agiram assim na Polônia ou na antiga União Soviética. Na Noruega, apenas 0,03% da população foi morta durante a guerra (e a grande maioria foi, na verdade, morta pelos Aliados) enquanto, por exemplo, na Bielo-Rússia aproximadamente 25% da população foi morta – e isso teve muito a ver com a visão incrivelmente simplista e surpreendentemente ignorante dos alemães em relação aos eslavos e sua cultura.

Você poderia imaginar que a estúpida visão dos alemães sobre os eslavos é uma coisa "nazista", mas (infelizmente?) parece ser mais uma visão germânica e suas raízes datam pelo menos da Idade Média, quando alguns cruzados alemães veteranos, os Cavaleiros de Maria e os “Swordbrother Knights”, juntaram suas forças (e formaram a Ordem Teutônica) e começaram a cristianizar os primitivos pagãos (bálticos e eslavos) na Prússia, Memel, Kurland, Livland, Estland, Polotsk, Pskov, Ingermanland, et cetera.
Entretanto, os “nazistas” noruegueses nunca tiveram uma visão negativa dos eslavos e mesmo os voluntários da SS norueguesa reagiram negativamente ao comportamento dos alemães na União Soviética. Então, como norueguês, eu nunca pensei muito sobre o fato de que eu poderia ter ofendido os eslavos quando eu – um norueguês – eventulmente usei o termo “nazismo” para descrever minha formação ideológica. Naturalmente, eu nunca tive a intenção de ofender ou alienar os eslavos. Pessoalmente, eu tenho uma visão bastante positiva dos eslavos e da cultura eslava e acho triste que as pessoas pensem de outra forma.
A razão pela qual eu ter sido atraído e às vezes ter expressado apoio ao “nazismo” se deve principalmente ao fato de que muitos dos “nazistas” noruegueses (e alemães) adotaram nossa religião Pagã como nossa religião de sangue e rejeitaram a Judaico-Cristandade como heresia judaica – e eles foram os primeiros a fazerem isso depois de muito, muito tempo! Eu também notei que a maior parte das pessoas que apóiam a minha pessoa ou aquilo que represento também são chamadas de “nazistas” – enquanto quase todos os outros simplesmente me condenaram e boicotaram, assim como tudo o que fiz. O que me faz diferente dos “nazistas” são, basicamente, três coisas: ao contrário deles, não sou socialista (nem mesmo em nível nacional), não sou materialista e acredito na (antiga) democracia (escandinava!).






Portanto, como não sou um “nazista”, comecei a usar outro termo, já no final dos anos 90. Fiz isso não somente para evitar confusões, mas também para encontrar um termo mais adequado e preciso do que os outros que já usei. Esse novo termo é “odalismo”, do norueguês antigo óðal ("terra natal", "alódio" [N.: qualquer bem isento de direitos senhoriais], "lei alodial", "nobreza", "nobre", "bens herdados", "terra pátria", "propriedade da terra", "família distinta", "distinto", "esplêndido", "semelhante" e "a nação"). Esse termo inclui tudo o que é positivo sobre todos os outros “ismos” que já usei, englobando o Paganismo, nacionalismo tradicional, racismo e ambientalismo. Ele não somente é mais preciso, mas também muito mais inclusivo e pode ser utilizado por todos os europeus (e outros povos também). Finalmente, e talvez o que é mais importante, esse não é um termo deturpado pela história.

Se tivermos uma relação positiva com nossa terra natal, com nosso sangue, com nossa raça, com nossa religião e com nossa cultura, não destruiremos nada disso com a moderna “civilização” (isto é, capitalismo, materialismo, Judaico-Cristandade, poluição, urbanização, mistura de raças, Americanização, socialismo, globalização, et cetera). O “fantasma nazista” assustou milhões de europeus e fez com que não se preocupassem com seu sangue e sua terra natal durante sessenta anos; portanto, já é tempo de esquecer esse fantasma e começar novamente a pensar e cuidar das coisas que (gostemos delas ou não) são importantes para nós.
Varg Vikernes (Julho de 2005)
Blóð ok Óðal! (Sangue e Alódio)
Parte VIII - Por Caminhos Pedregosos
Há muitos caminhos pelos quais podemos conduzir nossa vida, mas a grande maioria escolhe seguir o rebanho pela estrada ampla e bem pavimentada que somente leva à mediocridade espiritual e à estagnação. Ao final da jornada, eles não deixaram traços de sua existência e simplesmente passam para o esquecimento. Como gado, eles seguem o indivíduo na frente deles, sem pensar muito no que estão fazendo, e caminham diretamente para o nada. Eles escolhem esse caminho porque é o que oferece a menor resistência e a vida mais confortável.
Porém, há outros caminhos que o homem pode percorrer em sua vida. Naturalmente, os caminhos de nossos antepassados estão pedregosos e cobertos por vegetação hoje em dia. Ninguém percorreu esses caminhos por muito tempo e a natureza selvagem retomou a maioria deles. Precisamos procurar com cuidado até para descobrir se existem realmente. Entretanto, esses caminhos não são fáceis. Aqueles que seguem pelos caminhos pedregosos irão, em sua jornada, tropeçar em pedras cobertas de musgo, raízes em florestas negras e, freqüentemente, escorregarão e cairão na lama, ficarão presos nos brejos e terão que atravessar perigosas correntes a nado. Fora um ou outro andarilho que poderão encontrar pelas florestas, esses também são caminhos bastante solitários. Você provavelmente andará sozinho.
Quando os caminhos pedregosos cruzam a estrada pavimentada do rebanho, o viajante solitário – fedido, sujo e vestido de trapos – encontrará uma chuva de linguagem abusiva, zombaria, desprezo, medo e até ódio. O gado está acostumado a seguir obedientemente o indivíduo na frente deles sem ser perturbado. Um indivíduo que viaje por outra direção, ou que cruze a estrada, sempre causará confusão e incerteza entre a multidão de massa cinzenta limitada.
O rebanho não encontra mistérios, segredos, iluminação espiritual ou culturas antigas na estrada pavimentada. As runas e as peças de ouro dos deuses somente podem ser encontradas na grama verde ou sob o musgo dos caminhos pedregosos e cobertos de vegetação. A iluminação somente será alcançada pelo indivíduo que parar de seguir os passos da pessoa na sua frente e olhar para o céu, em busca de mudança. A cultura antiga somente será aprendida por aqueles que andarem por onde os ancestrais já andaram e agirem como nossos antepassados agiram.
Não é fácil encontrar saídas que levem aos caminhos pedregosos fora da estrada pavimentada. A maior parte das pessoas passa rapidamente por eles sem nem perceber que estão lá. Você precisa procurar por eles, muitas vezes nos lugares mais improváveis, e mesmo assim poderá não encontrá-los. Outros têm mais sorte, pois seguiram as informações de outros. Destino é, talvez, tudo o que importa e aqueles que são predestinados a encontrar os caminhos pedregosos conseguirão, um dia, encontrá-los. Quer eles gostem ou não.
Eu estou andando num desses caminhos pedregosos e talvez seja por isso que às vezes é difícil as pessoas entenderem o que estou dizendo, fazendo ou pensando e talvez seja por isso também que muitos reagem com repugnância ou medo, não importa o que eu faça ou diga. Mas e daí? Eu sei o que é essencial na vida e só me importo realmente com os “heróis e heroínas espirituais”, os Einherjers [N.: Guerreiros mortos recolhidos pelas Valquírias para irem ao palácio de Valhala, onde viverão em banquetes e fartura até o derradeiro dia do Ragnarok] e as Valquírias, que ocasionalmente encontro nas florestas e que encontraram sua própria saída da estrada pavimentada. Eu só me importo realmente com indivíduos fortes que estão procurando as runas e o ouro dos deuses na relva verde. Eu realmente só respeito os outros que gostam de mim e andam por caminhos pedregosos. As massas medíocres não importam nem um pouco. Valhalla não é para as ovelhas.
Varg "Loki" Vikernes (December 2004)
Varg "Loki" [N.: Figura complexa da mitologia nórdica, era um dos filhos de Odin e pode ser considerado, entre outras coisas, como um símbolo da maldade] Vikernes (Dezembro de 2004)

Aurum nostrum non est aurum vulgi!
(O nosso ouro não é como o ouro do homem comum)

Parte IX - O Amanhã
Há muitos personagens chamados de Varg Vikernes na Noruega. Um deles é um demonizado, alienado, ridicularizado e isolado “bicho-papão”, que foi denunciado pela imprensa de viés judaico e pelo famigerado sistema judiciário da Noruega. Ele não é real, ele nunca foi real e nunca será real, mas é vagamente baseado em um adolescente de 19 anos real que, em 1993, expressou publicamente sua fúria contra um mundo moderno que enlouqueceu. O mundo moderno e doente seguiu em frente na direção do Inferno por uma estrada pavimentada de boas intenções, mas Varg Vikernes congelou no tempo e foi forçado a viver na imutável e fictícia realidade criada pela escória da imprensa de viés judaico e pela “inquisição Norueguesa”. Nem os que promovem a campanha de mentiras na mídia e nem os “inquisidores” conseguem se ajustar à realidade neste contexto então, mesmo hoje, podemos ouvir, de tempos em tempos, os gritos dos porcos da imprensa marrom: “bruxo!”, ”bruxo!”, “queimem-no!”, “queimem-no!”, e as pessoas do sistema judiciário certamente não são melhores que isso.
Outro Varg é o prisioneiro que escreve artigos, como este, para manter a sanidade e para não deixar que as falsas acusações e a campanha de mentiras e informações tendenciosas fiquem sem resposta. Ele é real, mas somente enquanto os ataques continuarem. Se as mentiras pararem de vir da escória jornalística e se o famigerado sistema judiciário parar com seus processos que correm fora da realidade, ele cessará de existir e passará ao esquecimento. Ele é real somente porque precisa ser. Ele é simplesmente o muro que protege a sanidade, a honra e a vida do real Varg Vikernes. Como as fortalezas da Europa, esse muro não foi construído por diversão, mas por necessidade.
O personagem fictício Conde, baseado no adolescente anti-social Varg, é, talvez, infinitamente mais interessante e atraente (e não menos comercializável) do que eu mesmo aos 33 anos (em 2006), mas ele não é real! O retrato de Varg "the Count" Vikernes apresentado pela mídia, especialmente para os noruegueses, é um retrato falso e já é hora de vocês perceberem isso. Seja você um fã, inimigo ou amigo, você deve se basear na realidade e não em algum personagem criado pelos jornalistas por razões também comerciais. Parem de me dar crédito ou críticas por algo que nunca fiz, por algo que nunca fui, por declarações que não eram minhas ou por defender uma ideologia ou religião que eu nunca conheci. Parem de me atacar, ou mesmo de me defender, com base em falsas aparências. Quando sou atacado ou defendido por outros, quero que façam isso somente se tiverem uma boa razão para agir assim e não porque acreditam nas mentiras da mídia ou do famigerado sistema judiciário.
O Varg Vikernes real não é tão interessante assim, eu acho, e não há muito a ser dito sobre mim e, em qualquer caso, quando eu sair da prisão, seja isso quando for, eu certamente desaparecerei da vista do público. Eu penso que sou prisioneiro de um navio (o “Sodoma e Gomorra”) – o mundo moderno – que navega direto para o desastre e, quando eu for solto do cativeiro, saltarei do navio e voltarei nadando para terra firme o mais cedo possível... Não quero nada dessa famigerada e completamente doente civilização, então farei o melhor possível para fugir de tudo. Não haverá mais artigos como este, comunicações (estritamente falando) desnecessárias com estranhos do mundo moderno ou entrevistas. Publicarei alguns livros, provavelmente sob algum pseudônimo, para permanecer anônimo, e talvez um ou dois álbuns do Burzum, mas só isso.
Eu digo isso porque me disseram que algumas pessoas esperam muito de mim assim que for solto. Bem, não esperem coisa alguma. A menos que Você leia meus livros ou ouça meus álbuns, nunca espere ouvir mais nada de mim novamente. Eu não quero mais saber de Você ou do mundo completamente insano no qual Você vive. Não contem comigo. Eu vou para casa, para os campos noruegueses, para a natureza, para o ar puro, para uma vida saudável na fazenda e para o abraço da Mãe Terra. Você pode ficar com o Seu bordel urbano imundo e com o Seu Inferno na Terra mestiço e doente.



Lif e Liftrasir



Se Você de fato tem as mesmas idéias sobre esse assunto, ótimo, e saúdo Você por isso mas, diferentemente de mim, Você pode fazer algo a respeito e não entendo por que Você não fez nada ainda. Estou na prisão então, infelizmente, não posso escapar da influência da moderna Sodoma e Gomorra ainda. Qual é a Sua desculpa?

Varg "Lífþrasir" Vikernes (24.02.2006) [N.: “Lífþrasir” significa "o que segura a vida". Depois do dia de Ragnarok em que deuses, monstros e homens batalham pelo destino do universo, Liftrasir será um dos sobreviventes. Juntamente com Lif será o responsável pela repovoamento humano de Midgard (Terra)].

Meglio soli che mal accompagnati.
(Antes só do que mal acompanhado)

Parte X - Entrevista com Varg Vikernes
Esta entrevista, datada de 12 de agosto de 2004, não faz parte da biografia do Burzum publicada originalmente no site da banda (www.burzum.org); acrescentamos a mesma como um epílogo a esta série.
A PRISÃO






Quando você tentou escapar da prisão em outubro de 2003, muitos jornais noruegueses falaram sobre o assunto. De acordo com a declaração dada por seu advogado John Christian Elden ao "Aftenposten", você não tinha planos concretos, exceto o de “sair da Noruega” e “ir para algum lugar no qual pudesse viver sem ser tratado como um leproso” devido ao seu passado. E é por isso que você pensou em entrar para a Legião Estrangeira Francesa. Mas ninguém ouviu mais nenhuma palavra sua. Então, se possível, você pode dizer qual foi a sua real motivação para escapar da prisão e o que você planejava fazer?

Você nunca deve confiar naquilo que é divulgado pela mídia. A primeira prioridade deles é espalhar boatos e a segunda é ganhar dinheiro. Eles nunca se preocupam realmente em dizer a verdade. Quanto à minha real motivação, discutiremos isso mais tarde.
Como você se sente agora na prisão? Se possível, descreva o seu dia-a-dia: O que você pode e o que não pode fazer? Você é muito ameaçado pelos outros prisioneiros e pelos guardas?
Não, não sou ameaçado por ninguém. O sistema prisional da Noruega é razoavelmente civilizado, pelos padrões mundiais, e assim também são os prisioneiros e os guardas. Eu me dou bem praticamente com todo mundo.
Recentemente, eu recebi um computador em minha cela e começarei a estudar programação de computadores no ano que vem. Fora isso, pouca coisa acontece. No meu bloco, ficamos 23 horas por dia em celas individuais e passamos uma hora no pátio. Temos uma TV na cela e, uma vez por semana, podemos ir até a biblioteca. Na verdade, isso é tudo o que há para ser dito. Se eu quiser fazer alguma coisa, preciso fazer em minha própria cela ou durante a hora em que ficamos no pátio. Faço algumas flexões, levanto algumas garrafas cheias de água e coisas do tipo para ficar em forma, e corro no pátio.
Pergunta de Ann, da França: Fale algo sobre sua família. Como estão a sua esposa e sua filha? Elas estão bem? Você as vê com freqüência?
Meu pai é um engenheiro eletrônico que trabalha como gerente de segurança em uma empresa, meu irmão é um engenheiro civil formado e está trabalhando na administração de alguma empresa de segurança, minha mãe tem uma formação chata e complicada (então não vou escrever aqui) e está trabalhando em uma grande companhia petrolífera. Minha filha ainda está no ensino fundamental... Eu não vejo minha filha com muita freqüência (duas vezes desde 1993, para ser exato) e, na verdade, não vejo ninguém da minha família desde outubro do ano passado, mas isso se deveu a “problemas na prisão”. Depois que fui transferido para a prisão de Trondheim no mês passado, eu posso receber uma visita por semana. Eu tenho um bom relacionamento com minha família, embora minha filha não me conheça muito bem, obviamente.
Quanto à minha esposa, não sei do que você está falando. Eu nunca fui casado com a mãe da minha filha e também nunca fui casado com ninguém. Você poderia dizer que ainda estou esperando por uma princesa que caia do céu no meu colo...
Pergunta de Mark, da Polônia: Qual é o seu grande anseio enquanto está na prisão?
Nada em especial. Sou um ser humano racional e não vejo razão para ansiar por coisas que não posso ter. Eu me adapto à situação, apenas isso.
Quando exatamente você sairá da prisão?
Meu palpite é agosto de 2006, mas não sei ao certo. Eles mudam as leis e as regras a todo o momento, então ninguém sabe realmente.
MÚSICA
Muitas pessoas me pediram para fazer a seguinte pergunta a você: Por que você encerrou o Burzum e há alguma chance de que ele seja ressuscitado no futuro?
Há muitas razões para isso. Em primeiro lugar, eu estava muito cansado de ouvir boatos idiotas sobre o Burzum e percebi que a melhor maneira de calar as pessoas era dizer que o Burzum não existe mais e esperar todos esquecerem o assunto. Em segundo lugar, é muito difícil continuar enquanto eu estiver na prisão. Claro, consegui gravar dois álbuns de música eletrônica, mas não achei que valeram o esforço, podemos assim dizer. De qualquer forma, toda a inspiração que eu ainda tinha praticamente acabou por causa dos muitos rumores idiotas relacionados ao Burzum e a mim. Em terceiro lugar, eu não quis ser associado às famigeradas novas bandas de "Black Metal". Elas me envergonharam e eu estava cansado de ter que explicar a todo mundo que eu não tinha nada a ver com essa gente, com sua imagem ou com qualquer coisa que eles fazem. Na verdade, eu me senti manipulado pela mídia e vi o crescente movimento "Black Metal" como resultado das mentiras da mídia e de sua ridícula representação minha e de outros. Além disso, eu fiquei intrigado com o fato de meus álbuns de música eletrônica terem sido colocados nas prateleiras de “Black Metal” das lojas de discos (foi isso que me disseram). Parecia que, não importava o que eu fazia, as pessoas preferiam ficar com o retrato (errado) que a mídia criou para mim em 1993. Então pra quê continuar?
Por fim, devo dizer que não era nada inspirador ver milhares de novas bandas emergirem do nada e começarem a tocar exatamente a mesma música que eu tocava. Por que eu iria querer tocar esse tipo de música, quando tantas outras bandas também faziam isso? Até onde eu sei, eles até faziam melhor do que eu jamais fiz! Então por que eu ainda deveria continuar a me interessar por isso? Nós realmente precisamos de milhões de bandas tocando a mesma música? Não basta ter apenas um Paradise Lost, um Das Ich, um Vangelis, um Dead Can Dance, ou um Pink Floyd, um Iron Maiden e assim por diante? Por que precisaríamos de milhares de clones?
Eu achei que, se eles queriam copiar as primeiras bandas de "Black Metal", pra mim tudo bem. Há outras coisas que eu posso fazer, então eu segui em frente.
Se há alguma chance de uma ressurreição no futuro? No caso de eu lançar outro álbum, será algo completamente novo. Se soar como alguma outra banda, não lançarei nada. Por ora, eu só tenho algumas músicas novas, mas eu acho que não é improvável que eu componha mais música no futuro.
Pergunta de Karlis, de Ventspils, Letônia: Se você tivesse permissão de ouvir música agora, que tipo de música você normalmente ouviria?
Se eu pudesse ouvir música agora, eu ouviria Das Ich ("Die Propheten"), Tchaikovskij (especialmente "O Quebra-Nozes" e "O Lago dos Cisnes") e música clássica em geral, Dead Can Dance ("Within The Realm Of A Dying Sun"), The Uppsala Jesters (isto é, "Juculatores Uppsaliensis", ou algo do tipo), Goethes Erben, música house e rave, Jean Michelle Jarre, Vangelis, Kraftwerk, música folclórica russa, antigas marchas alemãs e soviéticas, um pouco de ópera e possivelmente um pouco de metal, do tipo que desperta meu lado “emocional” – como Paradise Lost (algumas músicas em "Lost Paradise" e em sua demo tape de 1989 ou 1990) e Burzum.
Nos últimos anos houve um grande crescimento das bandas NSBM (National Socialistic Black Metal), que baseiam sua ideologia e música nas idéias nacional-socialistas, nazistas, pagãs e arianas. Qual é a sua opinião sobre elas?
Não sei muita coisa sobre isso, mas o que sei é que, pelo menos, esses caras têm a coragem de ser diferentes e politicamente incorretos, diferentemente das bandas molengas e poser da cena “Black Metal”. Pelo menos o NSBM tem um argumento diferente daquela atitude idiota tipo “sexo, drogas e rock’n’roll” do resto da cena metal.
Há muitos rumores na imprensa sobre um álbum chamado “Sorg”, que você gravou na prisão não faz muito tempo. Isso é verdade ou não?
Esse é o tipo de boato que me fez abandonar o projeto Burzum. Eu nunca gravei um álbum chamado “Sorg”.
Outro grande boato é que as guitarras e a bateria em "Filosofem" foram tocadas e gravadas por Fenriz e Nocturno Culto do Darkthrone. Você pode confirmar ou negar isso?
Bem, quem é que inventa esse boatos? Por qual motivo Fenriz e Nocturno Culto tocariam bateria e guitarra no álbum "Filosofem"? O álbum foi gravado em 1993, em Bergen, e tudo foi tocado por mim. Eu mesmo carreguei os instrumentos até o estúdio e gravei o álbum sozinho.
Já que estamos falando sobre "Filosofem", você mencionou certa vez que não ouviu a versão final desse álbum. Você já o escutou, só por curiosidade?
Pelo que me lembro, eu estava muito cansado de responder perguntas sobre o que eu achava desse ou daquele álbum, então certa vez eu simplesmente escolhi a saída mais fácil e respondi que não tinha ouvido a versão em CD, ou coisa parecida, então eu não podia responder à pergunta dele (parece que Varg se refere a um cara que tinha feito a pergunta – ed.). Essa foi uma resposta estúpida, é claro, já que quase não há diferenças entre a versão masterizada da gravação e o CD prensado, mas eu disse aquilo a ele porque estava de saco cheio de responder esse tipo de pergunta e esperava que ele e outros percebessem isso e parassem de me enviar tais perguntas. Eu tinha o álbum finalizado e masterizado em fita na minha cela, mas não o CD, então, obviamente, eu poderia ter respondido a pergunta dele adequadamente se eu quisesse. Aparentemente minhas respostas estúpidas às vezes criam apenas rumores igualmente estúpidos...
Pergunta de Peter Vishnakov, de São Petersburgo, Rússia: Quando você parou de tocar música relacionada ao metal, você explicou que a razão era que o metal tinha suas raízes na música negra. É por isso que os dois últimos álbuns do Burzum foram compostos com sintetizadores. Mas o sintetizador foi inventado em São Petersburgo, Rússia por um judeu, Leo Termen, em 1920. O primeiro sintetizador foi chamado "termenvox" (a voz de Termen). O que você tem a dizer sobre isso?
Comparar um instrumento com uma cultura musical é um tanto estranho, eu acho. É como comparar letras com línguas. Eu posso usar letras latinas quando escrevo em russo e ainda será russo, certo? Mas se eu escrever em outra língua com letras russas, não será mais russo. Entende o que quero dizer? "Eta nje harasjo pitch samnoga vodki!" (É ruim beber tanta vodca - ed.) ou "Panjemaesh pa germanskamo?" (Você entende alemão? - ed.) ainda é russo, mesmo se eu usar letras latinas! (Bem, um russo bem macarrônico, mas acho que dá para você entender o que quero dizer). Portanto, se eu usar um instrumento feito por um judeu para tocar música européia, a música ainda será européia. Pela mesma razão, estas respostas não são americanas, mesmo que eu esteja usando uma invenção americana – o PC – quando respondo estas perguntas. Certo?
Eu posso ver a ligação entre a música clássica e certos tipos de metal, mas minha principal objeção era, e ainda é, que a cultura relacionada ao metal é “negra”. Os "metal heads" tendem a se comportar como um bando de “negros brancos”, digamos assim, com sua cultura de sexo, drogas e rock'n'roll.
VISÃO DO MUNDO
O que você está fazendo agora? Você tem escrito livros ou artigos ultimamente? Publicou algo em revistas? Você ainda faz pesquisa em mitologia e história européia e ariana?
Sim, ainda leio livros e tento ampliar meus horizontes. Não tenho escrito muitos artigos ultimamente; na verdade, o único que escrevi no ano passado é aquele que enviei a você há algumas semanas sobre o livro “Lords Of Chaos”. Nos últimos três anos, mais ou menos, tenho estado muito isolado, por diferentes razões, e não estive em condições de escrever muitos artigos ou de fazer algo realmente relevante. Sim, eu escrevi alguns livros desde 1998, mas alguns não valem a pena ser publicados e outros serão incluídos em trabalhos posteriores depois de terem sido traduzidos para o inglês. Provavelmente o primeiro livro será publicado no começo do ano que vem e será em inglês, a propósito. Você saberá mais a respeito depois.
Hoje em dia você é um membro da AHF [N.: Allgermanische Heidnische Front, organização internacional que defende o paganismo e é acusada de ser neonazista e anti-semita]? Por que você teve que deixar a AHF? Quais foram as razões para isso? Você foi forçado a sair ou foi sua própria decisão?
A NHF [N.: Norsk Hedensk Front, ou Frente Norueguesa do Paganismo] foi perseguida na Noruega pela Antifa [N.: organização antifascista] e pelo Monitor [N.: serviço particular de inteligência dedicado a monitorar a atividade e os dissidentes de direita na Noruega], que sempre diziam que a NHF era neonazista e que seu líder era Varg Vikernes, e assim por diante. Mesmo quando a NHF disse a eles que Varg Vikernes não era o líder da NHF ou da AHF, eles continuaram dizendo as mesmas coisas. Até a polícia secreta afirmou categoricamente que eu era o líder da NHF quando eles entrevistaram um dos caras da NHF (quando ele tentou obter uma licença para uma pistola 10mm H&K). Ele disse a eles que eu não era o líder, mas eles simplesmente o ignoraram e confiaram em suas próprias fontes.
Depois de certo tempo eu percebi que seria interessante ver o que essas pessoas fariam se eu nem mesmo fosse um membro da NHF. Será que eles ainda alegariam que eu era o líder? Não importava se eu era um membro ou não, já que eu estava na prisão e incapacitado de participar de qualquer uma de suas expedições até velhos fortes nas colinas, ou coisas desse tipo. Por essa razão eu deixei a AHF/NHF, para ver como os idiotas da Antifa/Monitor e a polícia secreta agiriam. Na prática, eu nunca fui um membro, então os caras da NHF nunca notaram qualquer diferença (de fato, eu não me encontrei nem com metade deles) e, se eu quiser escrever artigos para a revista deles, eu posso fazer isso de qualquer maneira, sendo membro ou não.
A AHF/NHF nunca me pediu para sair e não houve briga alguma entre nós. Eu simplesmente saí, pelos motivos mencionados acima.
Pergunta de Helen, de Petropavlovsk-Kamchatskiy, Rússia: Que livros você está lendo agora? Como e onde você os obtém?
No momento, estou lendo "Gjennom Lysmuren" (Através do Muro da Luz), por Bente Müller, e "Historien om Europe" (A História da Europa), por Karsten Alnæs. Mas não posso recomendar nenhum deles. O livro de Alnæs é – como seus outros livros – muito ruim. Suas reflexões são tão politicamente corretas (ignorantes) e chatas que é difícil não cair no sono. O outro eu apenas comecei, mas também não parece bom.
Nós podemos ir à biblioteca aqui uma vez por semana e pedir para o bibliotecário livros de qualquer outra biblioteca na Noruega. Fora isso, eu às vezes recebo livros de minha bondosa mãe, que é membro de um clube de livros, ou de amigos.
Você já leu The Book of Veles [N.: O Livro de Veles, que fala de cultura e história eslava, mas que tem sua autenticidade contestada]? Qual é a sua opinião sobre ele?
Não, eu não o li, mas li um review escrito por Sverd em uma revista norueguesa (KultOrg. Skandinavio [Ooops, esqueci como é que eles escrevem isso...]) e gostaria de lê-lo (essa revista é conhecida como "KulturOrgan Skadinaujo"; mais informações aqui: www.kultorg.com - ed.). O problema é que ainda não encontrei o livro em nenhuma biblioteca da Noruega. Por alguma razão estranha, ultimamente também tenho tido problemas para encontrar livros sobre mitologia grega...
Pergunta de Sventevith, de Kosice, Eslováquia: Qual sua opinião sobre as nações eslavas (do leste europeu) e seu possível (futuro) lugar na Europa?
O possível lugar das nações do leste europeu na Europa? As nações do leste europeu nunca tiveram um lugar na Europa? Ou talvez você esteja se referindo à União Européia? Se você estiver se referindo à EU, posso dizer que tenho uma visão bastante negativa sobre ela e nunca aconselharia ninguém a se juntar àquela união completamente corrupta, extremamente burocrática, predominantemente católica e totalmente caótica.
Bem, de qualquer forma, tenho uma visão geralmente positiva sobre as nações do leste europeu, tanto as nações eslavas quanto as bálticas, e posso acrescentar que tenho uma visão muito mais positiva sobre o leste do que o oeste ou o sul da Europa. Há mais cultura aborígine européia na Lituânia, por exemplo, do que há em todo o oeste e sul da Europa.
Como sou da Rússia, qual a sua opinião sobre os russos e nossos vizinhos – ucranianos e bielo-russos?
Até onde sei, Ucrânia significa algo como “na fronteira” e, claro, Bielo-Rússia significa “Rússia branca” porque há mais pessoas loiras lá do que no resto da Rússia então, para mim, vocês são basicamente iguais – como os dinamarqueses, suecos e noruegueses são basicamente iguais. E isso é, na verdade, um elogio a todas essas nações, já que tenho uma visão bastante positiva sobre a cultura e a população russa (e escandinava). As mulheres russas são bonitas, a música russa é bonita e a história nos diz que os russos são corajosos, fortes e orgulhosos.
Pergunta de Durbwakh, da Rússia: Você concorda com o fato de que os russos são descendentes de antigos escandinavos – os varengues, já que a palavra “Rússia” deriva do nome das tribos Ross/Russ? Isso significa que os deuses pagãos alemães/ escandinavos e russos são os mesmos, mas têm nomes diferentes?
Todos os deuses pagãos europeus são os mesmos, nós apenas os chamamos por diferentes nomes, como Svarog, Uranos, Wotan e Óðinn (Ódhinn), ou Perun, Zeus, Jupiter, Donar e Þórr (Thórr), e assim por diante. Há pequenas diferenças em diferentes partes da Europa mas, basicamente, os deuses são os mesmos – e originalmente eles eram idênticos (da mesma forma que nossas línguas indo-européias).
É claro que muitos russos têm sangue escandinavo e vice-versa. Mas eu não acho que o fato de que muitos escandinavos, principalmente suecos, se estabeleceram na Rússia/ Ucrânia/ Bielo-Rússia na era Viquingue tenha algo a ver com o fato de que temos deuses pagãos em comum. É errado acreditar que os russos não tinham uma religião e uma cultura pagã antes dos escandinavos chegarem à sua região. Como disse antes, todas as tribos aborígines na Europa tinham uma religião pagã comum e, da mesma forma que nossas línguas se desenvolveram com o tempo, também o nosso paganismo se desenvolveu.
Outra pergunta de Durbwakh, da Rússia: As nações européias descendem dos hiperbóreos [N.: De acordo com a tradição da mitologia grega, os hiperbóreos eram um povo mítico vivendo no extremo norte da Grécia]. De quem você acha que os hiperbóreos descendem?
Bem, eu não usaria o termo “hiperbóreos”, mas acho que isso é irrelevante. Obviamente, não posso dizer com certeza, mas aparentemente os hiperbóreos, se formos usar o seu termo, vieram da Atlântida para a Europa quando a Atlântida estava coberta de gelo, há uns 80.000 anos. O mais provável é que as ruínas de Atlântida estejam sob o gelo da Antártica (dessa forma, afundando num “mar” de gelo), e um desastre natural forçou os hiperbóreos a se mudarem para outras partes do mundo (deve ter ocorrido um erro de impressão aqui, porque a Hiperbórea seria localizada no Ártico – ed.). Alguns lugares em que eles se estabeleceram eram desabitados e outros eram habitados por outras raças. Algumas tribos foram assimiladas por populações maiores de outras raças (como na América, entre 10.000 e 20.000 anos atrás), outras pereceram e a única tribo que sobreviveu “imaculada” foi aquela que foi para a Europa. Essa foi a tribo que originou todos os povos (“brancos”) europeus e essa é, obviamente, a tribo a que me refiro quando digo que todos tivemos a mesma língua e religião no passado.
De acordo com pesquisas modernas, os antigos arianos chegaram até a Índia vindos do território norte dos Montes Urais e trouxeram sua crença – que depois foi chamada de Hinduísmo. Depois se mudaram para o oeste e exploraram a Europa e o norte da África. Você vê alguma conexão direta entre o hinduísmo, o budismo e as crenças germânicas/ escandinavas?
Não, não vejo e devo dizer a você que a teoria da “invasão” indo-européia da Europa é muito duvidosa. Os arianos eram um povo que chegou ao vale do rio Indo, tudo bem. Eles tinham origem européia e trouxeram sua cultura ao vale do Indo. Depois de certo tempo eles foram assimilados pelas populações de nativos, que eram maiores, e então sua cultura avançada desapareceu. Em outras palavras, a tribo ariana desapareceu devido à mistura de raças. Ainda vemos que a casta (que, a propósito, significa “cor”!) mais alta ainda tem algum sangue ariano pois, às vezes, ainda nascem crianças com olhos azuis ou cabelo loiro nessa casta.
O que você está mencionado é uma teoria que diz que houve uma migração de indo-europeus, ou arianos, para a Europa há 4.000 anos. Eles baseiam essa teoria na disseminação de armas de bronze, em especial de um certo tipo de machados de bronze (machados de guerra). Isso pode parecer razoável, mas é, na verdade, um absurdo. Não houve “invasão” da Europa pelos arianos. O que vimos foi a disseminação da tecnologia do bronze, que foi rapidamente adotada por todos os povos europeus (os outros “arianos”).
A teoria do “Povo do Machado de Guerra” e de sua invasão da Europa há 4.000 anos é, na verdade, muito tola. Podemos comparar o que aconteceu com a disseminação do feudalismo na Idade Média e, obviamente, aquilo também não foi uma invasão de uma nova e diferente tribo – e sim a disseminação de uma nova maneira de organizar a sociedade. Isso também não significa que a disseminação da “Microsoft” por todo o mundo deveu-se ao fato de que certa tribo americana conquistou a Terra nos anos 80 e 90, como poderia ser deduzido por futuros arqueólogos que possam utilizar essa mesma lógica para explicar a disseminação mundial daquilo que aconteceu quando todas as tribos européias subitamente começaram a produzir artefatos de bronze. Arqueologia é uma ciência muito imprecisa e frequentemente suas conclusões são extremamente ignorantes.
No que se baseia o seu ponto de vista sobre a política no mundo moderno?
Intuição...
Pergunta de Tetsuro Yoshioka, do Japão: O que você pensa sobre o terrorismo muçulmano moderno?
Essa questão é complicada. Há muitos aspectos a serem considerados. Por um lado, a maior parte das pessoas vai concordar comigo quando digo que “O que vai, volta”. Você colhe o que planta, certo? O terrorismo ao qual os EUA estão expostos hoje em dia não é nada comparado ao terror dos bombardeios que eles lançaram sobre a Alemanha e o Japão na última guerra mundial, e eles tinham civis como alvo, da mesma forma que os terroristas muçulmanos. A única diferença é que os EUA eram certamente mais habilidosos e competentes no assassinato em massa de civis do que esses caras com “toalhas na cabeça” jamais poderiam sonhar em ser.
Por outro lado, quem é que esses muçulmanos pensam que são? A própria sobrevivência deles depende da boa-vontade do mundo ocidental. Eles deveriam estar contentes pelo fato do mundo ocidental não decidir arrasá-los completamente e, considerando essa possibilidade, provocar os EUA com terror não é uma idéia muito boa. E eles já arrasaram povos antes (os nativos americanos, por exemplo). Já há pessoas argumentando que deveríamos bombardear Meca toda vez que algum desses muçulmanos peida na direção errada. Também vemos pessoas dizendo que deveríamos simplesmente deixar Israel fazer o que quiser “naquelas paradas”. Por que deveríamos nos preocupar com o que acontece a eles quando esses muçulmanos ameaçam a vida de nossos filhos? De qualquer forma, os árabes não têm direito àquela área: as culturas mesopotâmicas/ babilônicas, egípcias e assírias não foram construídas pelos árabes. Os árabes chegaram a essas áreas vindos da península saudita no século VII, ou seja, centenas de anos depois que a última dessas culturas antigas que mencionei já tinha deixado de existir. Pelo menos os israelenses possuem direitos históricos sobre aquela área, até eu entendo isso. Chamar os árabes de “palestinos” não muda esse fato.
O problema não é a ameaça do terror, mas como os governos do ocidente reagem a ele. Eles usam isso como desculpa para restringir os direitos de seus próprios cidadãos, com todo tipo de vigilância e outras medidas de segurança. Eles basicamente introduzem um estado policial no qual a liberdade dos cidadãos é bastante reduzida. O que eles deveriam fazer, é claro, seria remover completamente a ameaça do terror expulsando todos os muçulmanos. Que diabos esses muçulmanos estão fazendo lá?
Bem, eu posso dizer o que eles estão fazendo lá: praticando sua religião. O Islã é uma religião imperialista e eles sabem que a única maneira deles dominarem o mundo é fazer com que seus seguidores se mudem em massa para países civilizados, poderosos e ricos. Eles se reproduzem como ratos e, se os deixarmos ficar, seria apenas uma questão de tempo antes de se tornarem maioria e, se isso acontecer, eles não precisarão de poder militar para tomar o poder. Nossa “democracia” fraca e tolerante torna isso possível. Em Oslo, 40% de todas as crianças já são imigrantes como esses!
Na minha mente paranóica, parece que alguém está deixando esses muçulmanos chegar e ficar somente porque eles querem nos manter reféns, por assim dizer. Por que alguém deveria temer o terror muçulmano se não houvesse muçulmanos em nossos próprios países? É claro que não! Eles são uma ameaça apenas porque eles vivem entre nós. Agora, quem se beneficia com isso? Israel com certeza sim, já que cada vez mais pessoas entre nós estão inclinadas a deixar os israelenses fazer o quiserem “naquelas paradas”, porque temos medo ou estamos cansados da escória muçulmana (como sempre, uso termos bastante diplomáticos...). Além disso, os governantes ocidentais também se beneficiam disso. Eles são capazes de assegurar seu poder, reprimir sua oposição e todos os que discordam deles, usando a ameaça do terror como desculpa para fazer isso.
Portanto, o terrorismo muçulmano moderno é um estratagema mesquinho e podemos e devemos resolver esse problema expulsando todos os Muçulmanos de volta para seus países de origem – e dar um tiro na cabeça deles caso se recusem a ir voluntariamente (ou se eles não forem rápidos o suficiente). Se necessário, poderemos sempre tomar o que quisermos, como petróleo, dessa escória – como o Japão fez em 1941 na Indonésia e os EUA no Iraque recentemente. O que eles poderão fazer a respeito, jogar pedras em nós? Eles só conseguem retaliar se nós deixarmos. Interprete esse comentário como Você quiser...
Quando isso for feito, poderemos também expulsar os turcos da Europa e devolver aquela área para os gregos... (Seria isso o que chamamos “jogar lenha na fogueira”? Se não tivéssemos noção alguma, alguém poderia pensar que eu sou britânico...).
Pergunta de Gert Pedersen e seu amigo de Esbjerg, Dinamarca: Como você vê a sociedade escandinava moderna? Se você pudesse, o que mudaria?
A sociedade escandinava moderna? Está bastante bagunçada, com certeza, mas todos os problemas têm origem principalmente nos imigrantes não-europeus. Há tanto a ser dito sobre esse assunto que eu nem saberia por onde começar. Em relação ao que eu mudaria, posso dizer que gostaria de ver a Dinamarca e a Suécia saírem da União Européia. Ironicamente, parece que a população dinamarquesa e a sueca concordou comigo nesse contexto por um certo tempo, mas eles ainda são membros. (E por aí vai a “democracia”). Os três países escandinavos deveriam simplesmente tornar-se um, Escandinávia. A Noruega possui petróleo e peixes, a Suécia é avançada no campo da tecnologia, indústria e ciência e a Dinamarca possui... bem, desculpe minha ignorância, mas o que Vocês têm?... Em qualquer caso, uma Escandinávia unida seria um cenário de sonho.
Há muito o que precisa ser mudado se quisermos que nossa civilização sobreviva. Em primeiro lugar, precisamos nos livrar de todos os imigrantes não-europeus. Não tenho a intenção de insultar os europeus do sul, mas veja só o que a mistura de raças fez a eles! Se não houvesse a mistura de raças (e o Cristianismo), a Grécia, por exemplo, ainda estaria produzindo brilhantes filósofos e uma bela cultura. O que resta de tudo isso hoje? Você precisa até procurar bastante para achar um banheiro que funciona quando você está nessa região. Há tanto crime lá que qualquer escandinavo normal cairia da cadeira estupefato se alguém dissesse o quanto a situação é ruim lá. E todos conhecemos a “bênção” que a herança turca deixou para o resto dos bálcãs. Eu não diria que essa é a área mais harmoniosa do mundo. Então, em primeiro lugar, precisamos de uma Escandinávia “somente européia”. Sangue europeu e religião (isto é, pagã) européia. Quando isso for feito, nós não teríamos muitos problemas ainda por resolver, na verdade... o resto viria naturalmente.
Tendo dito isso, eu admito que, comparada ao resto do mundo, a Escandinávia é um paraíso, mesmo hoje. Como o oeste europeu, temos uma boa economia e, como o leste europeu, temos uma cultura européia rica e forte – e garotas muito bonitas...
FUTURO
Pergunta de Zoltan Fekete, da Hungria: Você planeja escrever um livro de memórias sobre o passado, os anos na prisão e o futuro?
Possivelmente.
Sei que você é bastante inspirado pela música folk européia e eslava. Você tem algum plano de compor esse tipo de música e lançá-la no futuro? Ou você já teve a chance de compor material novo?
Bem, eu compus material novo, mas não é música folk. E nem planejo compor música folk. Eu adoro esse tipo de música mas, de alguma forma, não vejo razão alguma para eu mesmo tocar esse tipo de música. Se eu faço algo, tem que ser algo especial, que eu não possa conseguir de nenhuma outra banda, entende o que quero dizer? Não acho que eu tenha algo para contribuir para a música folk e eles estão muito bem sem mim.
Isso, na verdade, tem a ver com o problema do Black Metal. Esses caras tocando em bandas bem que podiam ficar satisfeitos em ouvir Black Metal, ao invés de formar suas próprias bandas. Por que todo mundo precisa tocar? Não é suficiente ouvir a música? Se você não faz algo diferente do resto, então não vale a pena compor música... é o que eu acho.
Quais são seus planos para o futuro próximo?
Além de programação de computadores, traduzir livros e coisas do tipo, eu planejo comprar uma pequena fazenda em algum lugar da Noruega e viver lá quando eu sair da prisão – em uns dois anos, eu acho. Fazendo isso, eu terei um lugar onde poderei escrever livros, compor música se eu quiser, apreciar a natureza, ter um pouco de paz e sossego e assim por diante. Eu gosto do trabalho manual, então fazer a manutenção de construções e outras atividades relacionadas é como minha xícara de chá. Viver uma vida saudável, basicamente. Nada especial, eu acho.

Varg Vikernes
Trondheim, Noruega
12 de agosto de 2004

Parte XI - Aves Voando Juntas
Varg Vikernes escreveu um novo artigo para o Burzum.org, intitulado "A Burzum Story: Part XI - Birds Of A Feather Flock Together" (Tradução livre: Uma estória do Burzum: Parte XI - Aves de um grupo de penas juntas), no qual responde diversas acusações sobre suas observações feitas no artigo anterior.
Veja a resposta de Varg:
"Quando eu falo através do www.burzum.org eu sempre imagino que falo apenas para fãs do Burzum. Se não é um fã do Burzum, por que você visitaria este site? Julgando pela resposta ao 'Uma estória do Burzum: Parte X - O Deus Branco', este não é o caso. Ou talvez seja, pois eu tenho muitos fãs na mídia.
Quando estes aparentes fãs do Burzum na mídia escrevem notícias que o Burzum lançará um outro álbum, a reação é meio estranha. A maioria deles são honrados o suficiente para escrever o artigo inteiro, ou pelo menos a maior parte dele, e dizer aos seus leitores de onde eles conseguiram essas notícias. Isso é jornalismo correto e legal, quando lidando com material protegido por direitos autorais. Aplausos a vocês por isso.
Aparentemente minha comparação de black metallers com o estereótipo Negro e homosexual não foi levado de forma leve no 'mundo real'. Devido às minhas observações impensadas eu sou, de acordo com eles ou seus leitores, um desprezível racista e homofóbico, e deveria ser apedrejado até a morte por ser intolerante. Naturalmente.
O problema é que minhas obsrvações não são realmente homofóbicas. O que eu faço é simplesmente apontar os óbvios fatos; alguns black metallers se vestem, andam, falam e parecem como o estereótipo de homossexuais. Tanto os black metallers em questão quanto os esteréotipos de homossexuais obviamente compram suas roupas, sua maquiagem e jóias nas mesmas lojas. Eles vestem as mesmas roupas, a mesma maquiagem e as mesmas jóias. Então eles se vestem e parecem como o estereótipo de homossexuais. Fim de discussão.
O engraçado é que eu nunca disse se isso era uma coisa ruim ou não. Talvez eu, de fato, pense que se vestir e parecer 'gay' seja okay, mas talvez não para black metallers, que se enxergam e tentam se mostrar como uma espécie de 'guerreiros das trevas'? Quem pode dizer? Eu certamente nunca disse nada sobre isso em meu artigo. Então, quando os leitores de minhas palavras reagem tão fortemente é porque ELES são homofóbicos; ELES obviamente pensam que se vestir e parecer como homossexuais é algo ruim. Talvez eles devam olhar no espelho e pensar sobre isso por um minuto antes de me atacar por ser homofóbico?
Quando se fala sobre 'observações racistas' eu posso apenas pedir desculpas a todos vocês. Eu obviamente vivo num mundo diferente, onde alguém pode discutir a percepção de alguem sobre a realidade sem nenhum medo de perturbação; um mundo de tolerância e respeito, um mundo de debate intelectual e honestidade. Alguns de vocês aparentemente não vivem, então quando eu falo devo ser cuidadoso. Eu devo dizer, no entanto, que se você não gosta do que eu digo para meus fãs no www.burzum.org, então por favor não leia ou se refira aos meus artigos. É um mundo livre, e você é livre para não ler meus artigos. Eu quero destacar que minha tão chamada 'observação racista' na verdade não teve a intenção de ser racista ou ofender ninguém a não ser os black metallers em questão, os quais eu sei que tem algumas visões e opiniões fortes. Eu puramente tive a intenção de chamar atenção sobre como artistas do black metal estão cada vez mais agindo e vivendo um estilo de vida como dos indivíduos os quais eles, ao menos em particular, afirmam desprezar.
No que se refere ao título do próximo álbum, 'O Deus Branco', isso não tem nada a ver com 'raça' ou 'cor de pele' ou algo do tipo. Por favor parem com essas besteiras sobre 'O Deus Branco' ser um álbum racista. Este álbum é sobre Baldr, conhecido como 'O Deus Branco', porque ele é uma deidade solar e porque ele é pálido após ter passado algum tempo na terra dos mortos. Eu não uso o nome de Baldr porque quero falar para todas culturas diferentes da Europa, e todos temos nossos próprios nomes para esta deidade. Os britânicos e outros o chamam de Belenus, os Gregos o chamam de Apollon, os Romanos chamam de Apollo, os Eslavos de Byelobog, e assim por diante, e antes deles todos nós o chamávamos de Belus. No entanto, todos o conhecemos como o Deus Branco, e então eu uso este nome para o título do meu álbum.
O próximo álbum será uma descrição da parte de nossa cultura que a maioria de nós esqueceu a respeito. Eu sei que isso interessa a muito de vocês, ou ao menos muitos dos fãs do Burzum (visto que muitos dos leitores daqui não são fãs do Burzum). Talvez vocês devam esperar e ver por vocês mesmos, antes de começarem a 'queimar livros', como certos antepassados na história.
Obrigado pela atenção, e por serem capazes de trazer alguma cor em suas vidas. :)

Respeitosamente,
Varg Vikernes
(19.11.2009)"

Parte XII - Belus
Quando usei o nome "The White God" para o meu próximo álbum, não tinha ideia de que isso provocaria tanto medo e tantas emoções irracionais. Para mim, esse é apenas um apelido para Baldur, que é o tema do álbum. Nenhuma ambigüidade foi intencional. A verdade é que anunciei o lançamento de "The White God" com antecedência para diminuir a pressão no host de www.burzum.org., que estava cansado de dizer às pessoas que o contatavam que ele não sabia quando o próximo álbum seria lançado, qual seria o nome ou qualquer outra coisa a respeito. O artigo solucionou esse problema.
Com um título que incluía a palavra “white” [N.: “branco”], aparentemente não foi possível escapar do radar da mídia racista “ocidental”. Para eliminar a desculpa usada por eles para espalhar sua campanha de ódio anti-Varg/anti-Burzum quando (ou até antes) o álbum for lançado, decidi mudar o título. Esses tolos, sempre do contra, não têm interesse na música mesmo e, devido a isso, não quero a atenção deles – e não vou tê-la se usar um título que não dê a eles um motivo para me atacar.
O novo título do álbum é, como você já deve ter adivinhado pelo título deste artigo, é "Belus", o nome indo-europeu para Baldur/ o Deus Branco. Eu poderia ter usado qualquer nome europeu para esta deidade, mas escolhi este porque é o mais antigo nome conhecido e porque é pan-europeu.
"Belus" será lançado pela Byelobog Productions entre março e abril do ano que vem e terá onze faixas novas: nove faixas de metal, além de uma intro e uma outro estilo ambiente, o que dá aproximadamente 50 minutos de música (a longa outro não está incluída). As letras são todas em norueguês, mas traduções em francês e russo estarão disponíveis no site burzum.org o mais rápido possível – possivelmente até antes do lançamento do álbum.
No momento, isso é tudo.
Respeitosamente,
Varg Vikernes
(Novembro de 2009)
“Cada gato no seu bando”
Parte XIII - Logos
Muitos de vocês me escrevem sobre “o logo do Burzum". Em 1991 ter um logo “cool” era uma das coisas mais importantes para as bandas de Metal na Noruega. O Immortal tinha um, o Mayhem tinha um, o Darkthrone também e assim por diante. Eles eram cheios de cruzes invertidas e outros símbolos que eram “satânicos”, “cool” e alguns eram até mesmo difíceis de ler – ou “interpretar”. Inicialmente, quando saí do Old Funeral e reativei meu próprio projeto, mudando o nome de Uruk-Hai para Burzum, eu também quis um logo, e uma amiga minha se propôs a desenhar um para mim. Ela desenhou e tudo estava bem até que percebi que eu estava seguindo uma tendência. Por que eu faria aquilo quando tudo o que eu fazia era para ser uma revolta contra as tendências? Então decidi não ter um logo e apenas usar uma fonte legal.
No final de 1991 eu não tinha acesso fácil a fontes de outros tipos que não os de minha máquina de escrever. Aquilo foi antes da popularização da Internet. Eu tinha que comprar algum tipo de fonte adesiva e só podia comprar poucos conjuntos para depois usá-los para “construir” palavras, letra por letra. Por alguma razão, seja porque as letras certas tinham acabado ou porque fiz de propósito – não consigo me lembrar – escrevi o nome Burzum com letras maiúsculas e usei a única fonte diferente que eles tinham na livraria: Gothic.

Quando lancei o álbum de estreia, pedi para a gravadora, a DSP, para usar esse tipo de letra não somente para o nome da banda, mas para todos os outros textos do álbum. O nome Burzum não era, em outras palavras, realmente um logo, mas apenas o nome da banda escrito em letras Gothic juntamente com outros textos em Gothic. Depois de um certo tempo parei de pensar sobre logos e, por alguma razão, não mudei o tipo de fonte usada nos álbuns. Dessa forma, muitos começaram a pensar que o nome “Burzum” em fonte Gothic era o “logo Burzum". Mas nunca foi. Apenas o nome importava; a fonte era, e ainda é, irrelevante.
Para o álbum "Dauði Baldrs" ou "Hliðskjálf" (não me lembro qual) eu quis usar uma fonte ainda mais comum, como Arial mas, por algum motivo, acabei não mudando. Não me lembro por que não mudei. Algumas memórias perdem-se para sempre – porque não importam realmente.
Para "Belus" eu finalmente decidi usar uma fonte diferente para enfatizar que o Burzum não tem um logo e também para indicar que este é um novo começo para o Burzum. Eu encontrei algumas fontes de graça na Internet e escolhi uma que era adequada ao conceito do álbum: Belus, o deus do carvalho (e sua esposa, Eduno, a donzela dos campos). A que decidi usar tem uma aparência florida, tipo fantasia, e era exatamente o que eu estava procurando.

Tenho certeza que essa fonte já foi usada por outros antes de mim – qualquer um na face da Terra pode fazer o download de graça – e não estou tentando ser original. Cansei de ser original. Eu só quero fazer aquilo que me agrada, não importa o que o resto do mundo possa ou não possa fazer, e eu não quero um logo. Eu simplesmente usei uma fonte que se encaixa no conceito do álbum. Estou sendo eu mesmo e não o oposto daqueles de quem não gosto.
A propósito, se um dia eu quiser criar um logo para o Burzum eu o farei. Nada está entalhado na rocha: nem logos, nem decisões sobre logos e nem qualquer outra coisa. Nem mesmo o nome Burzum está...
Varg Vikernes
(Dezembro de 2009)
Parte XIV - Para sempre indomado
Antigamente eu era um ser humano feliz. Jovem, ignorante e inocente. Olhos azuis, honesto e totalmente bom. Em outras palavras, eu não havia ainda sido “educado” pela sociedade. Porém, como muitos outros, eu havia nascido em um mundo que não fora criado para mim. Eu havia nascido um ser humano livre, um caçador-coletor da Idade da Pedra de uma linhagem genuinamente européia,selvagem e indomado como um lobo. Eu não parecia nem um pouco com as pessoas já domesticadas que me cercavam. Então eu as observei estupefato: o que estariam elas fazendo e dizendo e por quê? Por que se preocupam com o que os outros pensam das roupas que vestem, da música que escutam, das suas brincadeiras? Eles estavam quase todos desesperados para se “encaixar” nos moldes da sociedade. Eles queriam ser ainda mais domesticados do que já eram. Nas palavras de minha esposa, eles estavam se auto-domesticando. Por quê?
Se você quiser continuar lendo, esperando encontrar uma resposta a essas perguntas, você pode parar agora mesmo; eu ainda não sei a resposta, exceto talvez que sei que agem assim porque são criaturas domesticadas. Domadas. Quebradas. Aleijadas. Sem valor algum...
A vida seria melhor, ou pelo menos muito mais fácil, para mim pessoalmente se eu também tivesse me domesticado mas, como o lobo, eu não posso. Eu sou indomável. Então estou em constante conflito com o mundo em que vivo. Ele é feito pelo homem domesticado e para ele, não para mim. Agora, se você estiver lendo isto existe, é claro, uma chance de que você seja um homem livre, assim como eu; você é indomado e provavelmente indomável. E, obviamente, você é assim pela mesma razão que eu; yo nasceu um ser humano livre de linhagem genuinamente européia. Não somos mestiços e, portanto, somos indomáveis. A última fortaleza de esperança para a humanidade como espécie.
Porém, ao invés de continuar com esse tópico, eu explicarei por que isso é mencionado no contexto do Burzum. Veja bem, o Burzum surgiu não porque eu queria fazer música ou porque procurava fama e fortuna (como se eu tivesse alguma dessas agora...). Não. O Burzum surgiu porque eu não tinha nada melhor pra fazer. Nada me interessava. Por nada valia a pena trabalhar ou lutar. E – caro Deus Pagão – eu certamente não queira passar o resto de minha vida entre pessoas domesticadas. “Pessoas-ovelhas”. Naturalmente eu tinha a esperança de que o mundo seria completamente destruído na III Guerra Mundial para que pudéssemos recomeçar do zero e construir algo melhor sobre as ruínas do velho mundo e, enquanto isso, eu tocava minhas guitarras no meu quarto de menino. Mas, como bem sabemos, essa esperança foi esmagada quando o Muro de Berlin caiu e a União Soviética deixou de existir. Tudo que me restou foi minha velha guitarra e nada mais para fazer.
Mas eu, honestamente, gostaria de ter feito outra coisa. Algo mais particular. Algo que eu não precisasse compartilhar com o mundo para poder tirar o meu sustento. O único problema é que não consigo dizer o que poderia ter sido. Já era muito tarde para me alistar nas Waffen-SS, e aqueles caras usavam uniformes, então eu provavelmente não me encaixaria bem, e era certamente tarde demais para embarcar num navio viking e ensinar aos apoiadores do Judaísmo em toda a Europa que os europeus não devem ajoelhar-se na frente de falsos “deuses” estrangeiros e especialmente não daquele bastardo e criminoso judeu chamado Jesus.
Hoje em dia estou, de certa forma, de volta ao ponto de onde comecei: esperando por este mundo ser destruído, não pela 3ª Guerra Mundial, entre os criminosos da OTAN e do Pacto de Varsóvia, mas pela crescente turbulência, tumultos e guerras civis, que levarão ao colapso total de todas as instituições de nossa sociedade. Eu temo isso, porque não acho que será um período de mudança muito fácil para nenhum de nós, mas sei que precisamos disso, então acredito que será algo bom. Mesmo as “pessoas-ovelhas” precisam disso, caso contrário serão destruídas pelos seus mestres judeus. É claro que os judeus escaparão do naufrágio com todo o ouro que puderem carregar, isso se tiverem algum lugar para ir agora, mas o resto de nós, pessoas-ovelhas e pessoas boas, sofrerão por um longo tempo antes que as coisas melhorem novamente.
Então, caros amigos e inimigos, ainda estou com minha guitarra e sou forçado pelas circunstâncias a permanecer como um mero músico. Não como um guerreiro nórdico defendendo seus semelhantes e sua tribo. Não como um soldado da SS lutando contra os serviçais dos judeus no leste ou oeste. Nada favorável, honrado, divertido ou nobre; somente um mero músico... outro músico qualquer. Como se já não houvesse muitos deles.
Varg Vikernes
Bergen, 11.11.2012

Entrevista com Varg Vikernes




Entrevista com Varg Vikernes

Kristian "Varg" Vikernes (1973-) (ou Count Grishnackh) é o vocalista, guitarrista, baterista, baixista, tecladista fundador da banda de black metal, Burzum. Foi também baixista do Mayhem no álbum “De Mysteriis Dom Sathanas”, lançado pela primeira vez 1994. Seu primeiro álbum com o Burzum, intitulado “Burzum” foi lançado pela Deathlike Silence, em 1992.
Em 1993,Vikernes assassinou Euronymous a facadas. Segundo o laudo oficial, ao todo foram 23, em torno de suas costas e cabeça. Vikernes chegou de madrugada na casa de Euronymous e bateu à porta. Euronymous a abriu e o convidou para entrar, após uma discussão, Euronymous agrediu Varg com um chute no peito, e pegou uma faca, Varg para se defender pegou sua faca de bota e esfaqueou Euronymous.
Após a morte de Euronymous, Varg foi condenado a 21 anos de prisão. Na prisão, dedicou alguns anos ao Burzum, lançando apenas dois álbuns somente com sons de teclado, o "Dauði Baldrs" e o "Hliðskjálf".
Varg deixou a cadeia recentemente após cumprir pena por quase 16 anos.

Øystein Aarseth (22 de março de 1968 – Oslo, 10 de agosto de 1993) mais conhecido pelo nome artístico de Euronymous, foi um guitarrista do grupo norueguês de Black Metal Mayhem. Foi também o fundador da Deathlike Silence, a sua própria editora discográfica dedicada à divulgação de grupos de Black metal.
Ele foi assassinado por Varg Vikernes em 1993, líder da banda Burzum. Após terem sido os dois membros mais influentes no chamado Inner Circle, tiveram divergências ideológicas, dentre elas o fato de Varg não aceitar uma imagem satânica, enquanto Euronymous era extremamente envolvido com Satanismo - sendo considerado por muitos a pessoa mais satânica do cenário Black Metal da Noruega. Varg também por sua vez começava a por em prática suas idéias de Nacional Socialismo. A tensão entre os dois teve seu ápice em 1993 quando Varg, segundo ele, dirigiu-se ao flat de Euronymous para tratar de assuntos sobre a gravadora Deathlike Silence (que também havia gravado discos do Burzum até 1993) onde teve início a briga que só foi terminar com o assassinato de Euronymous a facadas. Varg foi recentemente libertado no dia 24.05.2009.

Fonte: Wikipedia

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Entrevista com “Varg” Virkernes
Fonte: http://whiplash.net

O site Metal-Rules.com conduziu recentemente uma entrevista com o mentor do BURZUM, Varg Vikernes, com perguntas sobre "Belus", o novo álbum da banda, e outros assuntos.

Segue a tradução da entrevista na íntegra, de acordo com o que foi publicado no site whiplash.net

NOTA: Varg é um assassino confesso, defensor da supremacia branca e possivelmente um incendiador de igrejas. As citações foram traduzidas da fonte citada e não expressam a opinião do site Whiplash! (nem do programa de rock) nem de nenhum outro senão a do próprio Varg Vikernes.

Metal-Rules.com: Um bom dia de inverno norueguês para você, Sr. Vikernes! Como vão as coisas por aí, provavelmente há muita neve...

Varg Vikernes: Bom dia para você também. As coisas vão bem na Noruega. Há muita neve, mas é assim que deve ser. Era assim quando eu era uma criança, e eu estou contente de ver o verdadeiro Inverno de volta. Por alguma razão ninguém mais tem falado sobre aquecimento global...

Metal-Rules.com: Depois de 11 anos sem lançar material novo, como você começou a criar as músicas e o conceito geral para o novo álbum, "Belus"? Foi um grande desafio compor grandes melodias e riffs que satisfizessem sua mente?

Varg Vikernes: Na verdade eu estive ativo todo o tempo, até certo ponto pelo menos, então eu nunca precisei retomar qualquer coisa. A música do disco 'Belus' foi feita antes, durante e depois de meu encarceramento.

Metal-Rules.com: Com uma base de fãs internacional, eu estou certo de que haverá alguns fãs que devem estar um pouco desapontados com o fato das letras do álbum serem todas em norueguês. Há um motivo para você não haver escrito nenhuma letra em inglês?

Varg Vikernes: Sim, há uma razão; o imperialismo americano. Os romanos exigiram que todo o mundo falasse latim, e os E.U.A., um país moralmente falido, tenta e quer ser o novo Império Romano, e o seu latim é o idioma americano (“inglês”). Eu sei que tenho uma base de fãs internacional, e é por isso que você pode encontrar traduções das letras do álbum para o francês, russo, italiano e possivelmente outras línguas no website burzum.org.

Metal-Rules.com: Como você acha que o novo álbum será recebido pelos fãs do Burzum, tendo em mente que 11 longos anos se passaram desde que seu álbum anterior, "Hlidskjalf", foi lançado?

Varg Vikernes: Eles parecem gostar [do novo álbum].

Metal-Rules.com: Por que você decidiu não liberar todas as 11 músicas inicialmente planejadas para integrar o álbum "Belus"? As três faixas que ficaram de fora não se ajustavam ao conceito do álbum ou você planeja liberá-las mais tarde em outro lançamento do BURZUM?

Varg Vikernes: O tracklist que você viu não era definitivo. É assim que o processo de fazer álbuns funciona, você faz mudanças o tempo todo até se sentir satisfeito, e então você grava o álbum. Isso é tudo.

Metal-Rules.com: Agora que você tem à sua disposição tecnologias de gravação cujo acesso era sempre limitado ou simplesmente inexistia na prisão, as pessoas podem esperar uma produção para o novo álbum que soe diferente dos álbuns anteriores do Burzum?

Varg Vikernes: A produção está melhor, assim como o som, mas não se diferencia muito dos álbuns de metal lançados anteriormente. Continua soando cru e áspero, exatamente como eu queria que soasse.

Metal-Rules.com: Há algo especial nas letras de "Belus" que você quer que as pessoas percebam e entendam sem provocar suas mentes com metáforas complicadas que você pode ter incluído nos seus textos?

Varg Vikernes: Eu realmente acho que é melhor que as pessoas possam ler as letras e terem suas próprias opiniões a respeito, ou caso não queiram ter uma opinião, que lhes seja permitido ouvir o álbum sem sentir que eu tento forçar goela abaixo um “verdadeiro” significado para as letras. A arte deve ser percebida da forma mais subjetiva possível, se qualquer um quiser ver algo em "Belus" que eu não tinha planejado está tudo bem.

Metal-Rules.com: A arte gráfica dos álbuns do Burzum sempre refletiu sentimentos obscuros, frios, mas também uma beleza que enche os olhos. Qual o processo padrão a partir do qual você escolhe uma arte para a capa e a declara adequada para o BURZUM? Você tem uma certa visão em mente de como a arte de álbum deve ser?

Varg Vikernes: Eu sempre tenho uma certa visão.

Metal-Rules.com: Você ainda é um fã da obra “O Senhor dos Anéis” de J.R.R.Tolkien? Como muitos sabem, seu antigo pseudônimo "Count Grishnackh" provém do Orc Grishnákh. Eu sei que as histórias contadas por Tolkien devem muito às lendas escandinavas, e eu imagino que nisso consiste seu principal interesse, mas como um fã de Tolkien, eu estava um pouco curioso para saber sua opinião e de que forma a obra de Tolkien foi uma inspiração pra você.

Varg Vikernes: Isto pode te desapontar um pouco, mas eu devo confessar que meu interesse por Tolkien decaiu dramaticamente no decorrer dos anos. Suas habilidades lingüísticas são incríveis, suas histórias são ótimas e fascinantes, mas... sua perspectiva era muito Judaico-cristã, e o uso que faz das criaturas míticas é muito... ignorante. Ele até mesmo admitiu isso; quando escreveu o Senhor dos Anéis ele teve que corrigir seu engano de fazer o “hobgoblins” maiores que os “goblins” em seu trabalho anterior. Ele percebeu que na mitologia é o contrário disso que se observa, e assim ele criou os uruk-hai, para ter uma criatura que se assemelhava ao “hobgoblin” de sua obra anterior.

Varg Vikernes: Suas outras criaturas fantásticas, como os anões e os elfos, também são muito, muito diferentes dos anões e elfos da mitologia que ele usou como fonte. Os anões mitológicos (também chamados elfos negros) são habitantes dos túmulos, feios e escuros, enquanto os elfos mitológicos (ou elfos claros, se preferir) são meros espíritos. Os anões são originalmente os corpos dos antepassados mortos, ao passe que os elfos são seus espíritos. É dito que os anões forjaram armas poderosas e outros objetos porque os mortos eram enterrados com os seus pertences, e os vivos entravam em suas tumbas (no Dia das Bruxas) para coletá-los, ou de fato para “tomá-los de volta”, já que eles se viam como os mortos renascidos – e estes objetos lhes pertenciam.

Varg Vikernes: Agora, o mundo de fantasia de Tolkien ainda pode ser fascinante, maravilhoso e bonito, mas não é nada mais que fantasia, e eu prefiro o mundo de fantasia mitológico que o mundo de fantasia moderno de Tolkien. Em linhas gerais é isso.

Varg Vikernes: Ah, e aquele filme hollywoodiano do Senhor dos Anéis foi realmente uma porcaria, uma verdadeira decepção. É o que Hollywood sempre faz, mesmo com as boas histórias...

Metal-Rules.com: Todos os álbuns antigos do BURZUM são tidos como marcos do gênero black metal. Você se sente orgulhoso pelo papel essencial do BURZUM na definição deste gênero do Metal e pela imensa influência do BURZUM sobre bandas mais jovens?
Varg Vikernes: Sim, eu me sinto orgulhoso se o que você diz é verdade.

Metal-Rules.com: Você considerou escrever uma autobiografia para dar sua versão completa da história em suas próprias palavras e acabar de vez com as mentiras e rumores que sempre acompanharam o BURZUM? Entrevistas, seu website, e artigos podem ajudar bastante nisso, mas um livro oficial cobrindo sua vida é algo que os fãs do BURZUM apreciariam bastante!

Varg Vikernes: Talvez, mas nesse momento estou ocupado com outras coisas. Pessoalmente eu gostaria que os artigos publicados no site burzum.org fossem o suficiente... eu gosto de manter algum anonimato e privacidade.

Metal-Rules.com: Após passar tantos anos na prisão, foi estranho estar livre de novo no "lado de fora"? Você se considera um homem verdadeiramente "livre" agora?

Varg Vikernes: Não, na realidade eu não sou livre, nem mesmo no papel. Eu tenho que me apresentar uma vez por mês a um oficial de liberdade condicional, e isto é considerado parte da minha "pena”. Mentalmente e espiritualmente eu fui livre durante todo o tempo, mas agora que as paredes foram trocadas por leis eu ainda continuo sendo fisicamente um prisioneiro. Nós somos todos prisioneiros, e a maioria de nós tem sido desde a introdução da agricultura – em algum ponto na Idade de Pedra...

Metal-Rules.com: Depois de estar afastado da sociedade por 16 anos, avanços modernos como cartões de débito, iPods, mp3s, internet, telefones celular etc te supreenderam? Você sente como se estivesse permanecido em algo como uma urdidura do tempo, tendo “ficado para trás” enquanto a sociedade evoluiu na sua ausência? Houve qualquer outra dificuldade de reintegração?

Varg Vikernes: Estar a 120km por hora numa estrada apenas para descobrir em seguida que a “bem conhecida” estrada à frente foi completamente reconstruída pode ser uma revelação surpreendente, e isto aconteceu algumas vezes. Eu de fato me sinto como um homem de Idade de Pedra em 2010, mas o choque maior para mim é ver como a sociedade se degradou de tantas maneiras. "Liberdade” é atualmente algo ainda mais relativo que antes, e todo o mundo parece estar conformado com isto. Dificilmente há qualquer evolução para se ver em qualquer lugar, eu vejo principalmente degeneração. Reintegração? Então você considera que eu alguma vez fui uma parte integrada desta sociedade? Eu acho que não. Não mais que um urso em um jardim zoológico, tentando dar o fora...

Metal-Rules.com: Em muitas entrevistas você lamentou a atual situação de sociedade/humanidade moderna. O que está fazendo você para mudá-la ou, na sua perspectiva, salvá-la? A sociedade está perdida em a tal ponto que você não sente mais nada pelos humanos comuns e se tornou impiedoso?

Varg Vikernes: Sim, este barco furado está navegando para o abismo, e eu escolhi pular no mar e nadar para a praia em lugar de tentar convencer a tripulação cega a acorrentar o capitão insano. Os outros homens inteligentes também já pularam no mar, e nós estamos melhores fora do que com esses que vão se afogar quando o barco afundar. Isso é a sobrevivência do mais apto...

Metal-Rules.com: Enquanto o Cristianismo tem sido seu alvo primário, o que você pensa a respeito do Islã? É uma das religiões que mais crescem no mundo e que também tem seus extremistas. De acordo com ALGUMAS estimativas, a população de Europa será 40% muçulmana antes de 2020. Diante desse quadro, o Islã causa os mesmos sentimentos de desprezo?

Varg Vikernes: Islã? Eu não preocupo muito na verdade; nós lidamos com grupos estrangeiros destrutivos em nosso meio antes, e provavelmente assim o faremos novamente. O humor está mudando na Europa, eu observo isso diariamente. Salve Ricardo Coração de Leão!

Metal-Rules.com: O que você achou do recente documentário sobre black metal "Until the light takes us"?

Varg Vikernes: Pelo que me disseram é ok, mas não assisti eu mesmo ainda, então eu realmente não posso falar muito a respeito.

ALBUM REVIEW: Karma Collision – Cobra The Impaler







Hot on the heels of a variety of festival performances where they’ve cultivated a swath of new fans and followers, COBRA THE IMPALER are back with a follow-up to their powerful debut Colossal Gods. Karma Collision offers up ten new tracks and a swirling, intoxicating sound as kaleidoscopic as the album cover. With captivating dual guitars and attention-grabbing vocals, the Belgian quintet have crafted a work of heavyweight power and are keen to cement the accolades they’ve already earned and highlight that they’re a force to be reckoned with.



With a commanding blow, Magnetic Hex serves to dispel any thoughts that COBRA THE IMPALER might rest on their laurels, with a powerful full band sound cascading through the riffs and rhythms while the vocals soar clearly in the mix with an engaging melody. As an album opener, it’s a full on rager, delivering all the elements that the band crafted on the debut and offering a sense of refinement and exploration.

Current single Season Of The Savage portrays the sense of growth even further. The qualities that shone so brightly previously are honed to a point, and driving the soaring melodies is an established rhythm section that is inexorable in its delivery. The track has a heavyweight bombast that stands out and when the guitar solo kicks in the atmosphere generated is one that will lead many to hit the replay button.


As mentioned, this album has a swirling, kaleidoscopic feel to it. There’s always another layer to discover and what may at first appear out of place slots together to deliver an expansive sound. This is evident on the title track. With a gentle acoustic prelude in the form of Eye Of The Storm, Karma Collision sits at the midpoint and joins together all the aspects of what the band have created. The previous track blends seamlessly into it, allowing for the full band sound to overtake the gentle acoustic tones like a hurricane replacing a soft breeze. Rather than jarring with what has gone before, it heightens the sense of songwriting and techniques that the band employ, illustrating that they’ve become comfortable with putting in a powerful dynamic shift and have the quality to execute to such a high standard. As a standalone track it carries a lot of presence and will certainly go down a storm in their live setlists.




Like many albums that contain an array of songwriting elements, if the mix doesn’t match that precision and power, a record can fall flat. That’s not the case here. Each rise and fall of dynamic is perfectly accentuated, and the clarity of the melodies allow them to carve through the roaring rhythms. The textual layers are coherent and there is a lucidity to the tracks that complements the musical intensity. Tracks like The Fountain and Assassins Of The Vision benefit hugely from the lush mixing. On any other album, these two songs would stand as the pinnacle, yet here, while they are exemplary of the band, the mix allows them to both stand out yet fit the unity of the album. The result is Karma Collision becomes an immensely engrossing work.

As a sophomore release, Karma Collision fulfils the brief and then some, firmly establishing the techniques and themes from the debut yet offering enough explorative variation so that it is neither a one-dimensional copy nor a collection of tracks that didn’t make the initial cut. It may not quite reach the same electrifying heights as the previous album, but it can certainly hold its own and will definitely allow for the band to grow and reach new audiences.

Rating: 8/10



Karma Collision is set for release on May 31st via Listenable Records.

Alien Ant Farm: Prosperous Futures






“There’s been plenty of times in the past where this thing could have died, and lo and behold, we still have this little ALIEN ANT FARM plant,” says vocalist Dryden Mitchell, who’s busy pacing the corridors of his California home, as he reflects on the arrival of their first album in nine years, ~mAntras~. “This time around we’ve watered it and we’ve given it nutrients; this is the full chance of a flourish and at least from our end, for karma’s sake, I think we’ve put a lot more into this than we have anything in the near past.”



Dryden’s not lying either. From the moment The Wrong Things opens the door to ~mAntras~ and walks through with a grungy, alt-metal stomp, it’s clear the ALIEN ANT FARM you’re getting isn’t the band you grew up moonwalking around your living rooms to – and for the better.



“We learned a lot of lessons over the last few years, but one of the best things we could have done for this record was let ourselves be ourselves,” reflects guitarist Terry Corso, the Kyle Gass to Dryden’s Jack Black. “For this album, it was important to fall back on who we were, and who we are now, and just be ourselves as creators, as musicians. It’s like us, but a very grown-up, wiser version of us.”

For a band whose name is synonymous with their noughties nu-metal cover of MICHAEL JACKSON’s Smooth Criminal, stepping out of that songs shadow is something that’s taken them 23 years to confidently do. Because “a lot of people just go right to Smooth Criminal in their head”, it’s always been hard to steer ALIEN ANT FARM down a different lane, as Terry adds, “we’re well aware of what that song did, and how it helped the future unfold, and it’s always there but I try to push it out.”



~mAntras~ really does pick its paints from a different palette. The likes of Last dAntz and So Cold sail into the proggy arena-rock shores COHEED & CAMRBIA swim in, whilst drummer Mike Cosgrove’s drums and Dryden’s penchant for groove-laden hooks leave Fade and No1 sounding like supernovas in the night sky. Even their version of WHAM!’s Everything She Wants is a seriously fun alt-metal outing that doesn’t get stuck in the mud of a cheesy cover.

You don’t need this writer to tell you it’s their best album, Dryden, Terry, Mike, and bassist Timmy P will be the first to admit it. Self-produced by themselves, after four of the songs came from failed sessions with a producer Dryden just couldn’t gel with, it’s the sound of a band with their shit together, as Dryden explains. “I wish ANThology had some of this sturdiness, because then that would’ve been a knockout; not to say I [don’t] love ANThology, it is what created the sound that we are, but this record just feels buffer and tougher and slicker in so many ways”.



Whilst so much of ~mAntras~ wears its heart on its sleeve, an audible diary documenting Dryden’s journey to sobriety, on no track than the future anthem No1 is it clearer where the ALIEN ANT FARM glow-up got its start, both lyrically and musically.


“It’s pretty apparent it’s about me getting sober, and I wanted to say something that wasn’t cliche or preachy,” discloses Dryden, who’s an open book on his experiences past and present. “I want you to hear my take on how to crawl out of a seemingly pretty terrible situation and make new again and make nice again, and try to show up and be present in people’s lives.”


No1 bears Dryden’s scars for all the world to see, with lines like “last year my world was burning, falling apart, so I made a plan to clean it up, make a brand new start, I can’t recall a single happy day, I guess that’s just the price I pay” leaving a lasting impression long after the next song is served up. It still sticks with Dryden, too. “It’s a trippy one man, because the ‘can’t recall’ is the horror word right there, because there’s a lot of that with my drinking; pretty sad to not remember what a shithead you’ve been, but it’s even sadder to not remember the good things.”



Musically, the track takes its cues from the band’s time making 2003’s truANT with STONE TEMPLE PILOTS’ Robert and Dean DeLeo, and from the song Still Remains off 1994’s Purple. “The riff that Terry gave me for No1 reminded me of little hints of that time period, but I remember specifically wanting to make that one lyrically special in a weird creepy way, like the Scott Weiland thing where he didn’t even stop getting fucked up, there’s a hint to that.”

Sure, Dryden’s sobriety takes up its fair share of the record’s lyrical stock, yet doesn’t outstay its welcome. And there’s plenty of other themes to fill your cup up with and drink from, as Terry elaborates that “the songs were all derived over this period, with all this different stuff happening from pandemics to real life stuff, like people passing away, people being born.” It’s where the album’s easter egg-filled title track gets its name from.

“It was just life stuff that we dealt with and it altered us in ways hopefully positive, you know, and it’s the idea of a mantra, or maybe a meditation, and it’s like a universal kind of feeling – it feels like we made a collection of our own life mantras,” Terry says, before Dryden spells it out. “A mantra is gotta be something that you repeat, and I already did 7,000 takes of these damn songs, so if the repeat ain’t in that than I don’t know what else to call it.”



In ~mAntras~, ALIEN ANT FARM have found 11 mantras they’ve made their own. They could’ve called it quits and no one would’ve cared, instead they’ve delivered their best work in decades, demanding you to stand up and take notice. But at the end of the day, they’re just proud of themselves.

“This one feels really trippy to me, it sounds like a different band and I love that about it,” beams Dryden, before driving it home, “sometimes when I feel like I made it, I don’t dig it as much as if someone else made it, like when you cook your own food or something, it’s good and it tastes great, then someone else makes something and you like it more for some reason.”

“It’s hard to get myself to give me the chills through music, maybe because I’m not that good at it, but every once in a while, we hit those little moments in this record where I’m like ‘oh man’ and it slams down the perfect lyric and it gets me all chilly.”

~mAntras~ is out now via Megaforce Records.

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quarta-feira, 29 de maio de 2024

KERRY KING - FROM HELL I RISE









From Hell I Rise does exactly what it needs to do. Heaps of expectations and perhaps trepidation was saddled on Kerry King’s debut solo album. With 40 years of Slayer in the backdrop, the bearded behemoth doesn’t overthink his writing and does what he does best.

The smartest addition to his solo lineup is the addition of Phil Demmel as his guitar partner-in-crime. King drops in usual chaotic, frenzied madness and Demmel plays off him tremendously with nuanced melodies and eerie lines. He is truly and underrated talent.

Devilish praises also need to be dropped on Mark Osegueda, who provides a menacing presence with his aggressive, violent, angry vocals. While it would have been a plus to hear Mark utilize his melodic voice in certain moments, it is understandable why it was not used. Paul Bostaph is a total pro behind the kit and Sanders is talented as well, but the bass barely registers.






Hell’s fury cranks for 13 tracks at 45 minutes with a fresh production job, the guitars roar with intensity, thankfully missing that muddiness that drained Repentless. The one-two punch of “Trophies Of The Tyrant” and “Crucifixation” is King at his best – mixing mid-paced evil atmosphere with inventive, speeding riffs. “Everything I Hate About You” is the shortest King-penned track at 1:21 at Osegueda owns it vocally. “Idle Hands” being the first single is perplexing as it’s the most standard piece and doesn’t showcase the muscled songwriting highlighted througout. “Two Fists” is also a punk-fueled rant – think Undisputed Attitude, but it does not fit the vibe and is out of place.

The fire still burns. Even the most cynical-minded of folks will find a load of songs that hits the mark. If he’s interested and maintains inspiration, King could end up carving out a sturdy solo career. From Hell he indeed rises, taking his crown and reigning from south of heaven.

UNLEASH THE ARCHERS - NEW ALBUM STORMS THE CHARTS IN US AND CANADA







Canadian modern power metal icons, Unleash The Archers, released their massive sixth studio album, Phantoma, on May 10 via Napalm Records. The album has hit the charts in the US, Canada, UK, Germany and Switzerland.

Napalm Records: "Congratulations to Unleash The Archers on their amazing chart success! Their latest album has stormed the charts, and we couldn't be prouder. Thank you to all the fans for your incredible support."







The band ushered in release week with the epic album closer anthem "Blood Empress". The track tells a bittersweet tale with spine-tingling, grooving choruses before closing with a grandiose blastbeat attack amid a sea of voices.

On the new concept album, listeners join protagonist Phantoma, a Phase 4 / Network Tier 0 unit - model A, on an inspiring yet harrowing journey as she discovers the brutal truths behind the manufactured sheen of social media posturing on a dystopian, near-future planet earth. With the band’s one-of-a-kind blend of power metal, traditional heavy metal, modern prog and pop sensibilities, Phantoma spins a web of sharp musicality, high sci-fi concept and important social commentary.

Brittney Slayes of Unleash The Archers says about “Blood Empress”: "This was the last song that we wrote for the album and we wrote it together in our Airbnb while we were recording. We always like to save one song to write together in the studio to give a kind of snapshot of the headspace we were in while recording, and this one was a ton of fun. We wanted to do a bit more of a radio rock track and have it be something simple that would be a blast to play live and potentially end the set with. The album story ends with Phantoma having destroyed both The Collective and the Human Council that once stood against her, but now she had all of robotkind and humankind looking to her for where to go next. We wanted the song to feel dark but also triumphant, and to hopefully be catchy enough to make the listener want to start the album all over again. The video was filmed once again by RuneGate Studio and they did an awesome job with finding a set that could parry between both the synthetic and the human sides of the story. We all love this track in UTA and hope that you all can bang your heads to it too!"

Watch the official music video for “Blood Empress”:



Intertwining reality with imagination, Unleash The Archers were inspired to utilize elements of AI during the creation of Phantoma, in keeping with its innovative theme. Frontwoman and lyricist Brittney Slayes conjured the album's concept in 2021; before the swarm of pressing commentary surrounding AI began to reach an all-time high.

The band weaved electronic and synthwave elements throughout the album’s 10 colossal anthems, which - in line with its theme - prove much darker and heavier in comparison to the bright positivity of Abyss. Album opener “Human Era” sets the tone with imagery of a bleak, windswept futurescape that crescendos headlong into the breakneck pace of power metal bastion “Ph4/NT0mA” - a masterwork of dueling guitar solos and vocal acrobatics. Trad-metal influenced “Buried In Code” lights the way with pummeling rhythms before the album’s path turns dark on heavy metal hardened “The Collective”, with Brittney Slayes’ warm tones inviting the listener to ‘join or stand aside’! Hair-raising first single “Green & Glass” unveils the truth before the upbeat 80s flavored “Gods In Decay” and the extraordinary balladic anthem “Give It Up Or Give It All” showcase the varied song writing prowess of Unleash The Archers’ modern era. A trifecta of concept closers begins with the moody “Ghosts In The Mist”, leading into the soaring yet menacing “Seeking Vengeance” before closing with the bittersweet tale of “Blood Empress”.

Mixed and mastered by Jacob Hansen, and with lead guitarist Andrew Kingsley at the helm as both principal songwriter and producer, Phantoma is an exciting advancement in Unleash The Archers’ songwriting and storytelling mastery, and a giant leap forward in their towering musical trajectory.



Phantoma will be available in the following formats:

- Earbook Edition with 2CD (2 Bonus Tracks and instrumental version of the album), 7" Single (2 bonus tracks on Black vinyl), 60 pp booklet (Napalm Mail Order only - limited to 1000)
- -2LP Gatefold in Phantoma Cristallo Multicolored Splatter (Napalm Mail Order only - limited to 300) - NEW!
- 2LP Gatefold in Marbled Orange Red with 24 page vinyl booklet and artprint (Napalm Mail Order only - limited to 300) - SOLD OUT!
- 2LP Gatefold in Glow In the Dark (Napalm Mail Order only - limited to 300)
- 2LP Gatefold in Splatter Aquamarine Orange (Napalm International Mail Order only - limited to 300)
- 2LP Gatefold in Transparent Lime Green (Napalm North American Mail Order only - limited to 300)
- 2LP Gatefold in Silver (North American indie retail only - limited to 700)
- 2LP Gatefold in Black
- Cassette Tape Edition in Fluorescent Green with White Print (Napalm Mail Order only - limited to 200)
- Jewel Case CD Edition
- Digital Album

Pre-order here.



Phantoma tracklisting:

"Human Era"
"Ph4/NT0mA"
"Buried In Code"
"The Collective"
"Green & Glass"
"Gods In Decay"
"Give It Up Or Give It All"
"Ghosts In The Mist"
"Seeking Vengeance"
"Blood Empress"

“Seeking Vengeance” video:



“Ghosts In The Mist” video:



"Green & Glass" video:



Unleash The Archers will tour across the globe in 2024, with dates already announced in North America, Europe, the UK, Australia and New Zealand. See below for all currently booked tour dates.

European Festivals:

July
5 - Ballenstedt, Germany - Rock Harz
6 - Knislinge, Sweden - Time To Rock
12 - Visovice, Czech Republic - Masters Of Rock
19 - Laukaa, Finland - John Smith Fest
21 - Baile Figa, RO @ Celtic Transylvania

August
2 - Wacken, Germany - Wacken Open Air
9 - Villena, Spain - Leyendas Del Rock
10 - Walton-On-Trent, UK - Bloodstock

Supporting Powerwolf in North America:

August
29 - Los Angeles, CA - The Hollywood Palladium
31 - Denver, CO - The Ogden Theatre

September
3 - Chicago, IL - The Riviera Theatre
4 - Cleveland, OH - The Agora Theatre
5 - Silver Spring, MD - The Fillmore
7 - Tampa, FL - Jannus Landing
8 - Atlanta, GA - The Masquerade
9 - Charlotte, NC - The Fillmore
12 - Philadelphia, PA - The Fillmore
13 - Worcester, MA - The Palladium
14 - New York City, NY - Brooklyn Paramount
15 - Laval, QC - Place Bell



Unleash The Archers lineup:

Brittney Slayes - Vocals
Scott Buchanan - Drums
Grant Truesdell - Guitar, Vocals
Andrew Kingsley - Guitar, Vocals
Nick Miller - Bass

(Photo - Shimon Karmel)