O músico britânico, ex-baixista e fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters, anunciou uma série de shows no Brasil, como parte de sua nova turnê mundial de despedida, intitulada “This is Not a Drill”, com datas marcadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte, em outubro e novembro. Logo após o anúncio oficial, o Ministério da Justiça recebeu um pedido para que o artista, de 79 anos, seja impedido de entrar no país e fazer seus shows. O motivo apontado para este pedido de cancelamento seria o crime de apologia ao nazismo. O pedido foi endereçado ao Ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Flávio Dino, no último dia 29 de maio e é assinada pelo advogado Ary Bergher, que é vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e presidente do Instituto Memorial do Holocausto, sediado no Rio. O motivo principal está ligado a uma investigação que a polícia de Berlim, Alemanha, abriu, no mesmo mês, sobre o uso de um uniforme de estilo nazista por Waters num show da capital alemã. Uma apresentação em Frankfurt chegou a ser cancelada por esse motivo, mas o músico conseguiu na Justiça o direito de realizá-la. Ele se defende afirmando que o figurino mostra sua oposição ao fascismo e à intolerância. De acordo com Waters, trata-se de má-fé. Em parte, ele declarou:
"Minha atuação recente em Berlim atraiu ataques de má-fé daqueles que querem me difamar e me silenciar porque discordam de minhas opiniões políticas e princípios morais. Os elementos de minha performance que foram questionados são claramente uma declaração em oposição ao fascismo, injustiça e fanatismo em todas as suas formas. As tentativas de retratar esses elementos como algo mais são dissimuladas e politicamente motivadas. Tem sido uma característica dos meus shows desde 'The Wall' do Pink Floyd, em 1980. Passei minha vida inteira falando contra o autoritarismo e a opressão onde quer que os veja. Quando eu era criança depois da guerra, o nome de Anne Frank era frequentemente falado em nossa casa, ela se tornou um lembrete permanente do que acontece quando o fascismo é deixado desmarcado. Meus pais lutaram contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial, com meu pai pagando o preço final. Independentemente das consequências dos ataques contra mim, continuarei a condenar a injustiça e todos aqueles que a cometem.
O ministro Flávio Dino, no dia de ontem (sexta-feira, 9 de junho), garantiu ao Ministro do Supremo Luiz Fux, que se Roger Waters tentar vestir o figurino “para fins de divulgação do nazismo” em qualquer um dos shows a serem realizados no Brasil, será preso pela PF. Após um pedido de representantes da comunidade judaica, Fux entrou em contato com o ministro da Justiça. Alertou Dino sobre o que seria um crime de racismo, segundo sua interpretação. O que Fux fez ao ligar para Dino foi reforçar a oposição de setores da comunidade judaica sobre a realização dos shows de Roger Waters no Brasil. Roger Waters deverá ser acompanhado nos dias de seus shows no Brasil por agentes da PF.