domingo, 19 de dezembro de 2021

RESENHA: CRUCIFIXION BR – “HUMAN DECAY” (2021)

 



Desde quando a gota de orvalho com substâncias da música pesada tocou o solo brasileiro, bandas aos montes foram surgindo, lançando grandes discos e realizando apresentações memoráveis. Já adentrando a segunda metade da década de 90, mais precisamente no ano de 1996, apareceu mais um componente que carregaria a chama do Metal extremo país afora. Indo pelo lado geográfico da coisa, chegamos ao lugar chamado Rio Grande, uma das cidades do famoso estado do Rio Grande do Sul.



Neste lugar que passara a respirar o ar gélido do Metal, surgiu a banda Crucifixion BR, que estava disposta a buscar um lugar ao sol escaldante e infernal. Eles precisaram de 4 anos para conseguirem lançar o primeiro trabalho de forma oficial. Veio então, o ao vivo “Live Possessions” no ano 2000. Podemos entender que em 4 anos, tinha material para ser trabalhado e executado. Aproveitaram a ocasião para tal. Após as demos “Diabolical Profecies” e “In The Shadows Of The Obscurity”, ambas de 2002, mais o EP “War Against Christian Souls” (2011), a banda que carrega consigo a insígnia do chamado Blackened Death Metal lançou seu tão esperado debut “Destroying The Fucking Disciples Of Christ” em 2014.




Sete anos se passaram e em meio a todo alvoroço causado no mundo todo nos últimos tempos, os ‘black n’ deathmetallers’ lançaram a sua segunda obra completa, “Human Decay”, no dia 31 de outubro via Shinigami Records. O álbum novo veio para esclarecer também uma curiosidade sobre o real estilo da banda, já que existe uma diferença boa entre Blackened (que a própria se autointitula) e Black/Death Metal. A conferência auditiva tratará deste assunto para saber se as bases do Metal negro estão intrínsecas ao Metal da morte. Vamos ao desfiladeiro do não-amanhã averiguar o caso. O álbum ainda apresenta gratas surpresas como André Rod (Attomica) na faixa título “Human Decay” e do exímio Dave Ingram (Benediction, ex-Bolt Thrower) em “Bloody Fire Victory”, e que presenteou os adeptos do estilo com um disco espetacular junto ao Benediction. Falo de “Scriptures”, álbum de 2020. Quem assina a arte da capa é Romulo Dias (Shaman, Edu Falaschi, Alírio Netto).


Os primeiros trâmites acontecem em “Opening The Gates, Blasphemy”, faixa que abre o disco de forma convincente, pois de fato abre os portões para o retorno de toda blasfêmia. Gritos, vozes distorcidas, destruição em massa são os motes da intro. “Human Decay” é a faixa-título do álbum dos gaúchos radicados em São Paulo. A jornada começa com a bateria de Juliana Novo ditando o ritmo acelerado, enquanto os instrumentos de corda acompanham a marcha incendiária até encontrar os primeiros versos desferidos como socos na carne santa e pútrida. Os riffs que acompanham os solos soam como torções de membros dos falsos profetas que temem a própria sombra. É o exemplo máximo e claro da decadência humana. “Confirmed Execution 666” é uma pequena trilha de execução confirmada pelos guardas que rodeiam o castelo do governante do submundo. É uma continuação do início do artefato giratório.

A aniquilação leva à glória e “Annihilation And Victory” está diante dos ouvidos ávidos por música sangrenta e violenta. Maxx Guterres e Miller Borges jogam pimenta na sopa de enxofre e faz ferver o mundo inferior inteiro com riff amplamente certeiros e precisos como a mira do Hawkeye (Gavião Arqueiro, de Vingadores). Os solos surgem como luzes natalinas que estouram junto aos passos da criatura bufante. Qual a moral de uma sociedade que acredita em seres inúteis de batina ou terno e gravata com um livro idiota e todo recortado, sem contar as histórias e contos direito? É o que “Chaos Of Morality” vem a tratar para entender que a moral já se foi e o que sobrou é apenas cinzas que servem apenas para manchar os pés do Senhor das Trevas. Beto Factus conduz seu baixo de modo a manter não somente o alicerce equilibrado junto ao kit poderoso de Juliana, mas também elevar o peso e engrossar o caldo das guitarras com teor de sangue. O Metal extremo toma conta das extremidades sonoras, dando um ar ainda maior de agressividade especialmente durante os solos.


Algumas mentiras são jogadas contra a luz para que se propaguem sem serem notadas de imediato e “A Few Lies Of Your Whole Light” está inserida neste caos sonoro magnífico para infernizar todos os anjos de asas impuras. Tal canção possui a introdução mais próxima do Black Metal, assim como em algumas partes, diferentes do Blackened Death mais destacável no disco. Os solos trazem angústia e melancolia na medida certa e casam muito bem com a obra em si e a alternância quanto aos vocais enriquecem ainda mais o trabalho. “Into The Abyss” começa pesada e sinistra como a queda no abismo da mente insana e vã. Os solos dão as caras mais cedo no certame e tornam a canção diferenciada e produtiva. Os riffs mantém o poderio tradicional da banda e o jogo de pratos, pedais e percussão surpreendem bastante durante a audição, sempre elevando o patamar em questões “baterísticas”, cortesia da guerreira Juliana Novo.



Onde está meu salvador? Está sendo massacrado pela condução constante da caixa e pedais somadas ao encordoamento vibrante e agressivo que soa cada vez mais intimidador e eficiente. “My Savior” é a bola da vez e esta possui um videoclipe que evidencia a força que a canção possui. Na metade dela temos dedilhados que acompanham os sussurros e o pano de fundo bem elaborado. “Bloody Fire Victory” chega para trazer a vitória do fogo sangrento a todos os servos de Satan. O ritmo é para bangear no inferno e enfrentar os diabretes em um mosh muito insano. O Death Metal impera de maneira sólida e perspicaz por aqui com várias e excelentes mudanças de andamento. Próximo do fim temos mais um solo fervoroso para enfeitar de modo positivo a canção. O rito de “Passage” encontra-se em meio à devastação, abrindo caminho para…

“Insanidade Bestial”! Como o próprio nome diz, a insanidade sonora começa de forma fulminante e por conta dos harmônicos, lembra os americanos do Immolation. Riffs bestiais e bateria insana é o que se tem a dispor. Qualidade sonora não falta, isso sem contar a manobra que cada solo executa até que mais camadas de acordes excelentes vão sendo despejados aos montes. “The Final Chapter” anuncia em forma trilha o anúncio do fim apôs a vitória e invasão do plano terreno.


Após o término da caminhada em solo pantanoso, podemos concluir que a vertente exibida pela banda está correta. O Blackened Death prevalece ao Black / Death quase que por completo. O fato é que mais uma banda brasileira conseguiu lançar material de primeira mesmo com todos os problemas vividos atualmente. Que o Crucifixion BR de Juliana Novo e seus asseclas possa lançar novos discos adiante e faça a festa dos seus adeptos nos shows!

Nota: 8,9

slayers(kerry king)

SLAYER: KERRY KING CONTA O MOTIVO DE TER ESCOLHIDO NÃO PERMANECER NO MEGADETH


Em 1984, logo após o lançamento do álbum de estreia do Slayer, ‘Show No Mercy’, o Megadeth procurava um segundo guitarrista. Os integrantes do Megadeth haviam ficado fasciandos quando ouviram Kerry King tocando sua guitarra. Então, foi convidado por Dave Mustaine para se unir ao Megadeth. King aceitou o convite e fez cerca de cinco shows com a banda.

Em recente entrevista à Metal Hammer, Kerry King falou sobre seu curto período com o Megadeth e revelou porque ele não quis continuar, dizendo:


“BOM, EU FIZ CINCO SHOWS, E ENTÃO DAVE QUERIA QUE EU FICASSE, MAS EU NÃO TINHA NENHUMA RAZÃO PARA FICAR PORQUE EU TINHA O SLAYER. LEMBRO-ME DE TER UMA CONVERSA COM ELE E DIZER TIPO, ‘SIM, MAS NÓS TEMOS TODAS ESSAS COISAS OBSCURAS’, E MUSTAINE DIZENDO ALGO COMO ‘BEM, NÓS TEMOS ESSA MÚSICA, É BEM SATÂNICA’, E EU ESTAVA TIPO, ‘NO FINAL DO DIA, CARA, NÃO É SOBRE ISSO. EU VIM BRINCAR COM VOCÊS. ACHO QUE FOI ESPETACULARMENTE BEM, MAS É HORA DE VOLTAR PARA MINHA BANDA.'”

Recentemente, Kerry King também declarou que a aposentadoria do Slayer chegou muito cedo para ele, e que ele deseja continuar fazendo música. Atualmente o guitarrista trabalha em um novo projeto e , de acordo com os rumores, ele contará com alguns nomes notáveis ​​como Paul Bostaph, Phil Anselmo e Gary Holt.

ICED EARTH (HISTORIA)

 



Como vocês devem imaginar, o Iced Earth é uma banda rica em histórias interessantes e algumas, no mínimo, curiosas. A banda foi formada em 1985 e até 1988 se chamava Purgatory. Foi somente em 1988 que passou a se chamar Iced Earth e em 1990, gravou seu debut auto intitulado.



Assim como em diversas bandas do cenário mundial, os norte americanos tiveram inúmeras formações diferentes até encontrarem a sonoridade adequada. No início, contaram como vocalista Gene Adam, mas o moço foi substituído por que se negou a praticar aulas de canto. Jon Schaffer achou que ele não seria capaz de cantar as linhas vocais do próximo trabalho e acabou o trocando por John Greely. Este, gravou o ótimo “Night Of The Stormrider”, que trazia o início da sonoridade mais clássica da banda, porém, apesar dos vocais terem agradado a todos, o cara era meio difícil de se lidar e Schaffer acabou sendo pressionado pelos demais membros a demiti-lo.

Para quem acha que os problemas com a Century Media começaram agora, mero engano. Já nesta época, por volta de 1992, Jon Schaffer fez uma espécie de greve se recusando a gravar qualquer música nova até que a gravadora fizesse os pagamentos dos royalties dos dois primeiros trabalhos que não haviam sido pagos até aquele momento. Depois do problema ter sido resolvido, o Iced Earth retorna as atividades com Matt Barlow, cunhado de Jon, nos vocais e a banda grava o sensacional “Burnt Offerings”, em 1995. Inicia-se então a melhor fase do grupo.

Dali em diante, seria uma sequência de excelentes registros. “The Dark Saga”, de 1996, começou a colocar a banda em evidência na mídia, mas foi “Something Wicked This Way Comes”, de 1998, e “Horror Show”, de 2001, que realmente elevaram os estadunidenses ao patamar de potência. É importante mencionar que pouco depois do lançamento de “Burnt Offerings”, Jon Schaffer fez questão de gravar “Days Of Purgatory”, uma espécie de coletânea com faixas dos dois primeiros discos, mas que foram totalmente regravadas contando com desta vez com a potente voz de Barlow. Ainda que os dois primeiros vocalistas não comprometam as obras, fica evidente que Matt foi a escolha mais acertada e faixas que já eram poderosas como “Pure Evil”, “Desert Rain”, “Travel In Stygian” e “When The Night Falls”, parecem ganhar novos contornos com os novos vocais. O álbum é duplo e foi lançado em 1997, pouco depois do sucesso de “The Dark Saga”.



Como já foi mencionado, os trabalhos de 1998 e 2001, fizeram do Iced Earth uma banda em franca ascensão, com as vendas aumentando exponencialmente e os shows cada vez mais lotados. E foi justamente nesta melhor época que o vocalista Matt Barlow resolve deixar a música para realizar o sonho de ser policial. Para seu lugar, Schaffer conta com a sorte e, se o Judas Priest não queria mais Tim “Ripper” Owens, o Iced Earth quis e tudo parecia conspirar para que a banda continuasse em ascensão. Poucos vocalistas poderiam substituir Matt Barlow, mas Tim (com sua voz extremamente potente e versátil) não foi sequer contestado, afinal, o cara havia dado conta de substituir nada menos que Rob Halford e, sejamos justos, o fez com muita competência.

Com Tim, foram gravados “The Glorious Burden”, de 2004, e “Framing Armageddon”, de 2007. O primeiro trazia um tema conceitual inspirado na história dos Estados Unidos e toda aquela questão do nacionalismo norte americano (é bom que se diga que, na época, ninguém sequer reclamou, até por que os fãs não eram chatos e tão pouco pseudo-politizados como hoje). No segundo registro de 2007, temos outro disco conceitual, mas desta vez, inspirado nas 3 faixas finais de “Something Wicked This Way Comes”, que traziam uma história bastante interessante e acabaram virando uma saga com dois discos inteiramente abordando este tema de conspirações, seitas maléficas, sociedades secretas, profecias macabras e a chegada do Anticristo.



O próximo trabalho, “The Crucible Of Man”, traria um breve retorno de Matt Barlow aos vocais da banda, já que Tim Owens não conseguia se dedicar exclusivamente a banda e acabou sendo demitido amigavelmente por Jon Schaffer. Mas ao que parece, apesar da extrema amizade entre Barlow e Schaffer, o cantor não queria permanecer em uma vida de extensas turnês e longe de sua família, sendo assim, a banda foi reformulada novamente após a turnê.

Stu Block foi contratado como novo vocalista e seus timbres se assemelham muito com os de Matt, fazendo com que a sonoridade da banda retorne um pouco às raízes nos trabalhos subsequentes. Com ele, foram gravados “Dystopia”, “Plagues Of Babylon” e “Incorruptible”. A banda novamente começou a se destacar e ganhar notoriedade, até que tudo desmoronasse com os atuais acontecimentos.

Esta foi um breve resumo para você que não conhece a história da banda, mas tinha curiosidade. Conheci a banda ainda na década de 90 e, desde então, acompanho o trabalho dos caras, costumo dizer que existem duas formas bastante impactantes de conhecer a discografia de forma adequada. Uma delas é através do ao vivo “Alive In Athens” (sem exagero, um dos melhores discos ao vivo do Metal) e a outra é através de algum fã que prepare uma coletânea com músicas-chave para você. Como o intuito desta publicação é te fazer conhecer mais a fundo a história e a música da banda, deixaremos dois links, uma para ouvir o ao vivo e outro com uma playlist bastante abrangente que preparamos com as faixas mais importantes de todos os trabalhos do Iced Earth. Esperamos que você curta!

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

KREATOR - PRO-SHOT VIDEO OF "TERRIBLE CERTAINTY" PERFORMANCE AT BLOODSTOCK 2021 STREAMING

 


On August 14, German thrash legends Kreator perfornmed at the Bloodstock Open Air at Catton Hall and Gardens in Walton-on-Trent, England. Pro-shot video of "Terrible Certainty" can be viewed below:




The setlist on the night was as follows:

"Violent Revolution"
"Extreme Aggression"
"Phobia"
"Terrible Certainty"
"Satan Is Real"
"Hordes Of Chaos (A Necrologue for the Elite)"
"Hail To The Hordes"
"666 - World Divided"
"Enemy of God"
"People Of The Lie"
"Endless Pain"
"Phantom Antichrist"
"Fallen Brother"
"Flag Of Hate"
"Betrayer" (with Dani Filth)
"Pleasure To Kill"

Watch the band perform "Extreme Aggression" at Bloodstock:

AMARANTHE LANÇA VIDEOCLIPE PARA O NOVO SINGLE “PVP”

 



Os suecos do Amaranthe lançaram um videoclipe para seu último single “PvP” (abreviação dos gamers para “Player Versus Player”). A faixa, lançada no mês passado, foi o hino oficial da seleção sueca no campeonato mundial internacional de e-sports. O clipe foi dirigido pelo polonês do Grupa13, que já trabalhou com a banda nos vídeos de “Archangel” e “Boom!1”.




Quando “PvP” foi disponibilizado pela primeira vez, o Amaranthe declarou: “Estamos orgulhosos de ter alguns dos principais competidores do esporte eletrônico na Suécia, e escrever uma música para a seleção sueca da Copa do Mundo foi muito divertido! Escrever músicas inspiradoras e enérgicas é uma marca registrada do Amaranthe, e ‘PvP’ certamente não é exceção! Projetada desde o início para ser uma injeção de adrenalina e endorfinas nestes tempos cada vez mais sombrios, esperamos que você goste dela, e claro, desejamos à seleção sueca da Copa do Mundo todo o sucesso que ela merece!”



Iron Maiden: Adrian Smith revela música mais difícil de gravar em ‘Senjutsu’

 



Os guitarristas Dave Murray, Janick Gers e Adrian Smith, trio imparável do Iron Maiden, refletiram sobre o processo criativo de Senjutsu, álbum mais recente da banda, e contaram quais partes foram mais difíceis de gravar no disco durante entrevista à Guitar World.

“Qualquer coisa que pareça difícil… era difícil de tocar!”, resumiu Murray após dar risada da pergunta, mas logo respondeu com mais detalhes. “Esse álbum possui muitos riffs pesados e padrões difíceis. Partes complexas. Muito [da dificuldade] era conseguir o timing: se você está tocando uma linha da melodia, nem sempre você precisa estar bem em cima da nota. Você pode recuar ou subir um pouco para criar uma sensação diferente”.

Para Smith, as partes mais complexas foram aquelas que ele mesmo compôs. “Porque você fica muito investido pessoalmente nessas. Tive muitos problemas com ‘The Writing On The Wall’. Você tem três guitarras tocando o mesmo riff, no mesmo acorde, e a entonação é crucial”, explicou. “É simples, mas tem que ter as três guitarras naquele ré e todo mundo toca um pouquinho diferente. (…) Sou muito sensível à tonalidade. Precisei dar uma pausa e andar ao redor de Paris por algumas horas para esfriar a cabeça (risos)”.



Por fim, Gers pareceu mais tranquilo com relação aos desafios. “Acho que o desafio foi a quantidade de melodias por trás dos vocais, mas isso não é sobre mim. Estou procurando fazer as músicas acontecerem. A partir desse contexto, acho que tudo parece se encaixar e tudo parece bom”, disse.

O metal além das capas de discos e músicas

 

Como é possível aprofundar-se no tema em relação a sociedade, até mesmo no metal extremo



Ao falarmos de rock existem vários assuntos que podem se ramificar a partir do tema, e em muitos casos eles vem de encontro com a sociedade, seja usando ela em seus exemplos ou criando algo que colabore com o estudo da vida em grupos. O black metal, não só como gênero musical, por exemplo, mas como estilo, a história e os pensamentos das pessoas envolvidas, pode ser usado como estudo científico ao abordarmos, em campos que possibilitem e apresentem ferramentas necessárias para análise, todo o mundo que envolve um dos gêneros musicais mais extremos e conhecidos.

Inúmeros registros já tiveram esse olhar ao tentar explicar acontecimentos como os ocorridos na Noruega dos anos 90, onde tivemos o surgimento do True Norwegian Black Metal, como os documentários Until The Light Takes Us e Satan Rir Media (Satan Rides The Media), assim como o livro Lords of Chaos. Destaquei esses três pois foram os objetos de estudo que pude utilizar para montar um artigo para a faculdade, analisando como jornalista, o surgimento do estilo e como a mídia reagiu aos acontecimentos como assassinatos e queimas de igrejas.

Aos que não são familiares com os produtos citados, os documentários abordam a música além das capas e guitarras estridentes, mostrando como a mídia criou uma cena satânica que muitas vezes não existia, e com esse destaque, muitas vezes sensacionalistas, acabou influenciando as pessoas a cometerem crimes relacionados a cena. Há também uma abordagem mais artística do tema, principalmente em Until The Light… que conta a história, a ideologia e a estética do black metal norueguês, sendo um dos únicos a realmente lançar uma luz sobre um movimento que até então foi envolto em trevas e rumores e obscurecido por representações imprecisas e superficiais. Apresentando entrevistas exclusivas com os músicos, uma riqueza de imagens raras dos primeiros dias do Inner Circle, o filme explora todos os aspectos do movimento. Ele utiliza bem os recursos para mostrar a visão das pessoas que fizeram, que vivem e respiram a arte do black metal, mostrando, em um certo momento, uma apresentação um tanto quanto bizarra do músico Kjetil “Frost” Haraldstad, que em um espaço rodeado de velas faz uma performance forte, se cortando e soltando gritos.

Em ambos os filmes, assim como no livro, Varg Vikernes tem um grande destaque, ficando clara a influência que o Conde (Count, como Varg foi chamado em um período de sua vida) teve na cena, não só norueguesa, mas na alemã, na finlandesa, na francesa e até nos Estados Unidos. É notável a grande influência dele em cima de alguns crimes que foram cometidos, alguns erroneamente ligados ao black metal, mas outros de pessoas que realmente estavam ligadas a cena, mesmo bandas que não tinham nenhum registro lançado como a “banda” Necropolis. Eles usavam a imagética black metal, os ensinamentos da cena para cometer os crimes.

Um ponto muito importante para se destacar é a imagem de Varg Vikernes. Mesmo sendo usado como fonte para inúmeros trabalhos, além dos citados nesse artigo, ele ainda é um criminoso que foi condenado pela queima de igrejas (mesmo ele afirmando até hoje sua inocência) e pelo assassinato do líder do Mayhem, Euronymous. Toda a aura de “mestre” que ele tem e as acusações contra ele são bem fundamentadas, e em diversas vezes suas falas são carregadas de preconceitos e seu extremismo político é condenável por muitos,o site The Intercept teve acesso a uma lista que determina as “organizações perigosas” que existem, lista essa que tem Varg e sua banda, o Burzum, junto com a bandas Absurd, Aryan Blood e Legion of Doom inclusos.

Cada meio de comunicação criou uma forma de abordar o tema, focando nas músicas ou nas ações ou na parte sensacionalista, então ao analisar os registros mencionados observamos e reafirmamos como cada um é capaz de criar uma realidade alternativa de acordo com o ponto de vista.

Entender os modos como as produções falaram sobre o tema, assim como a percepção das pessoas envolvidas na cena ajuda também a entender como um movimento pode causar tanto alvoroço e ser lembrado até hoje, buscando levá-lo ao grande público e aos que nunca ouviram nada sobre o True Norwegian Black Metal.