Como vocês devem imaginar, o Iced Earth é uma banda rica em histórias interessantes e algumas, no mínimo, curiosas. A banda foi formada em 1985 e até 1988 se chamava Purgatory. Foi somente em 1988 que passou a se chamar Iced Earth e em 1990, gravou seu debut auto intitulado.
Assim como em diversas bandas do cenário mundial, os norte americanos tiveram inúmeras formações diferentes até encontrarem a sonoridade adequada. No início, contaram como vocalista Gene Adam, mas o moço foi substituído por que se negou a praticar aulas de canto. Jon Schaffer achou que ele não seria capaz de cantar as linhas vocais do próximo trabalho e acabou o trocando por John Greely. Este, gravou o ótimo “Night Of The Stormrider”, que trazia o início da sonoridade mais clássica da banda, porém, apesar dos vocais terem agradado a todos, o cara era meio difícil de se lidar e Schaffer acabou sendo pressionado pelos demais membros a demiti-lo.
Para quem acha que os problemas com a Century Media começaram agora, mero engano. Já nesta época, por volta de 1992, Jon Schaffer fez uma espécie de greve se recusando a gravar qualquer música nova até que a gravadora fizesse os pagamentos dos royalties dos dois primeiros trabalhos que não haviam sido pagos até aquele momento. Depois do problema ter sido resolvido, o Iced Earth retorna as atividades com Matt Barlow, cunhado de Jon, nos vocais e a banda grava o sensacional “Burnt Offerings”, em 1995. Inicia-se então a melhor fase do grupo.
Dali em diante, seria uma sequência de excelentes registros. “The Dark Saga”, de 1996, começou a colocar a banda em evidência na mídia, mas foi “Something Wicked This Way Comes”, de 1998, e “Horror Show”, de 2001, que realmente elevaram os estadunidenses ao patamar de potência. É importante mencionar que pouco depois do lançamento de “Burnt Offerings”, Jon Schaffer fez questão de gravar “Days Of Purgatory”, uma espécie de coletânea com faixas dos dois primeiros discos, mas que foram totalmente regravadas contando com desta vez com a potente voz de Barlow. Ainda que os dois primeiros vocalistas não comprometam as obras, fica evidente que Matt foi a escolha mais acertada e faixas que já eram poderosas como “Pure Evil”, “Desert Rain”, “Travel In Stygian” e “When The Night Falls”, parecem ganhar novos contornos com os novos vocais. O álbum é duplo e foi lançado em 1997, pouco depois do sucesso de “The Dark Saga”.
Como já foi mencionado, os trabalhos de 1998 e 2001, fizeram do Iced Earth uma banda em franca ascensão, com as vendas aumentando exponencialmente e os shows cada vez mais lotados. E foi justamente nesta melhor época que o vocalista Matt Barlow resolve deixar a música para realizar o sonho de ser policial. Para seu lugar, Schaffer conta com a sorte e, se o Judas Priest não queria mais Tim “Ripper” Owens, o Iced Earth quis e tudo parecia conspirar para que a banda continuasse em ascensão. Poucos vocalistas poderiam substituir Matt Barlow, mas Tim (com sua voz extremamente potente e versátil) não foi sequer contestado, afinal, o cara havia dado conta de substituir nada menos que Rob Halford e, sejamos justos, o fez com muita competência.
Com Tim, foram gravados “The Glorious Burden”, de 2004, e “Framing Armageddon”, de 2007. O primeiro trazia um tema conceitual inspirado na história dos Estados Unidos e toda aquela questão do nacionalismo norte americano (é bom que se diga que, na época, ninguém sequer reclamou, até por que os fãs não eram chatos e tão pouco pseudo-politizados como hoje). No segundo registro de 2007, temos outro disco conceitual, mas desta vez, inspirado nas 3 faixas finais de “Something Wicked This Way Comes”, que traziam uma história bastante interessante e acabaram virando uma saga com dois discos inteiramente abordando este tema de conspirações, seitas maléficas, sociedades secretas, profecias macabras e a chegada do Anticristo.
O próximo trabalho, “The Crucible Of Man”, traria um breve retorno de Matt Barlow aos vocais da banda, já que Tim Owens não conseguia se dedicar exclusivamente a banda e acabou sendo demitido amigavelmente por Jon Schaffer. Mas ao que parece, apesar da extrema amizade entre Barlow e Schaffer, o cantor não queria permanecer em uma vida de extensas turnês e longe de sua família, sendo assim, a banda foi reformulada novamente após a turnê.
Stu Block foi contratado como novo vocalista e seus timbres se assemelham muito com os de Matt, fazendo com que a sonoridade da banda retorne um pouco às raízes nos trabalhos subsequentes. Com ele, foram gravados “Dystopia”, “Plagues Of Babylon” e “Incorruptible”. A banda novamente começou a se destacar e ganhar notoriedade, até que tudo desmoronasse com os atuais acontecimentos.