Quando conheci o Moonspell no início dos anos 2000, fiquei paralizada com a introdução da língua portuguesa genuína no Metal. Na época, bandas como Nightwish, Lacuna Coil, Type O Negative, etc estavam em alta e vivíamos uma era de Gothic Metal atravessar fora a fora os inferninhos, especialmente o Matriz aqui em Belo Horizonte com uma mistura doida de Dark com música para dançar e ao mesmo tempo “bater a cabeça”.
Não demorou muito e eles vieram à cidade no inicio da década de 2000 e fizeram um show muito bacana com uns amigos nossos tocando na abertura. Percebi que era mesmo o auge de algo que passava pela volta do Dark/Gothic mas agora mais Industrial; precedidos da Era de Matrix, (O filme com Keanu Reeves de 1999) que tinha uma trilha sonora recheada de bandas como Marilyn Manson, Deftones, Ministry, Rammnstein, a extinta Rage Against the Machine e Prodigy; mas com o peso essencial do Heavy e Gothic Metal, vertentes que Moonspell navega. Mas acima de tudo, sua evolução tornou a banda mais brutal, o que os tornou também uma fodástica banda de Death Metal portuguesa.
Não obstante, os discos que demoramos um tempo para conhecer, ouvir e prestigiar eram: “Wolfheart” de 1995, “Irreligious” de 1996, “Sin Pecado” de 1998 e “The Butterfly Effect” de 1999. Mas já tínhamos em mãos o “Darkness and Hope” e “The Antidote”. Posteriormente, não acompanhei mais os discos. Mas fui em mais 2 shows deles em Portugal. Um no “quintal” de onde morava – este foi um show na rua, na praça da Maia, no Porto.
Não tem dúvidas que é maravilhoso cantar o hino do poeta Lusitano Fernando Pessoa em uma de suas músicas:
E a língua portuguesa e Portugal sempre foram muito importantes para mim, pois é pátria da minha filha e por ter morado afetivamente por lá! Além disso tudo, ver o meu estilo de música preferida com a língua brasileira ou portuguesa é algo que me emociona, pois essa de que Metal combina só com inglês, é um baita preconceito imbecil.
Acho de verdade que mais bandas brasileiras, portuguesas e em alto e bom som deviam expandir nosso potencial musical e lirico por todo o planeta!
Voltando ao Moonspell, fiquei felizona de saber que o novo álbum de sua carreira é conceitual (1755), será lançado dia 3 de novembro pela Napalm Records e será a descrição de uma catástrofe (um terremoto) que provocou a destruição de Lisboa em 1755. E o melhor. TODAS AS LETRAS EM PORTUGUÊS!
O cantor Fernando Ribeiro recita na música “Evento” a famosa citação do Marquês de Pombal (Sebastião José Carvalho e Melo) que, juntamente com a população da cidade, reconstruiu-a de suas cinzas e ruínas em apenas um ano: “Enterre os mortos, cuide dos sobreviventes”.
Fernando disse:
“A música Evento é sobre o destino. É um diálogo entre a narrativa deste dia e o sentimento dos habitantes de Lisboa – ‘e o coro todo poderoso me obriga a permanecer calmo e a aceitar a vontade de Deus’. Este conflito e a profanação de Lisboa é um dos aspectos mais interessantes deste dia maldito. Uma luta que ajudou Portugal a sair da Idade Média para uma era nova e brilhante. “
Moonspell continua com toda sua força e capacidade de fazer música de qualidade. Com sua linearidade musical, não deixa de evoluir em seus temas e sua força. E vem com um álbum que infelizmente coincide com um período difícil que o país enfrenta, e que de alguma forma, há sofrimento. Os fogos em Portugal (Estamos a todos a arder) como eles mesmos dizem, faz parte das tragédias que de alguma forma um dia se tornarão críticas, e finalmente lirismo e provavelmente boas canções de Death Metal.