Falar do Iron Maiden sempre é algo que deve-se tomar cuidado, afinal de contas, trata-se da paixão de milhões de fãs espalhados ao redor do planeta. Contudo, sinto-me bastante confortável ao falar da banda, haja vista que praticamente respiro Iron Maiden boa parte do dia devido ao meu papel de editor do maior site brasileiro referente à banda e um dos maiores do mundo, o Iron Maiden Brasil Notícias. Sem contar os inúmeros contatos que tenho com pessoas próximas da banda, ex membros e meus 30 anos de paixão pelo Iron Maiden, vamos ao texto.
Sempre vejo um tipo de reação bastante comum, principalmente com os fãs mais jovens. O de exaltar a banda de “a maior e melhor de todos os tempos”. Isso é algo até normal. Já passei inclusive por isso. Mas todos nós passamos por um amadurecimento, e devido a isso, devemos usar um princípio básico, principalmente quando trabalhamos no jornalismo musical: jamais deixar a paixão falar mais alto que a razão.
Sem mais delongas, vamos ao ponto direto. Bruce Dickinson. Sim, Mr. Air Raid Siren, o pequeno grande vocalista que em 1981 entrou para o Iron Maiden, mudou os rumos da banda, fez discos essenciais e épicos para a história do Heavy Metal, e que de uma maneira quase que religiosa é idolatrado quase como um deus. Então, diante de tudo isso, vem minha resposta para o questionamento do título da matéria. Bruce Dickinson pode ser considerado o maior vocalista de todos os tempos? Resposta: NÃO!
Vejam bem, não estou falando mal de Bruce. Mesmo hoje, depois desse tempo todo, quando escuto, por exemplo, o “Piece Of Mind”, ou o “Powerslave”, minha emoção é a mesma daquele garoto de 12 anos diante da sua maior descoberta. Bruce Dickinson continua sendo meu vocalista favorito. Mas entre estar diante da realidade e ter suas paixões há um abismo enorme. São coisas distintas que não devemos misturar.
Ao afirmar que alguém é o “maior” de todos os tempos seja em que area for implica dizer que essa pessoa foi perfeita em todos os aspectos de sua obra, e que ninguém mais foi suficientemente competente para, pelo menos, bater de frente. E é aqui que o bicho pega. Poderia citar vários e vários aspectos individuais de Bruce Dickinson, mas o texto ficaria demasiadamente longo e cansativo. Portanto, escolhi apenas três.
Se falarmos de alcance vocal, sim, Bruce sempre teve um alcance excelente, inclusive que o classificam como um respeitado tenor. Mas não esqueçamos de Robert Plant, Ian Gillan, Rob Halford ou Geoff Tate. Se falarmos de carisma, a coisa se torna interessante. Já vi e ouvi inúmeros fãs de Heavy Metal dizendo que não suportam Bruce Dickinson, mas jamais ouvi o mesmo sobre Lemmy Kilmister ou Ronnie James Dio. E se falarmos em vendagens de discos, tanto no Iron Maiden, tanto na carreira solo, são números facilmente batidos por AC/DC, Queen ou Guns n’ Roses.
Mas por outro lado, Bruce Dickinson pode ser considerado o mais influente dos vocalistas de sua geração, tamanho o enorme número de jovens que decidiram seguir a carreira de cantor por sua causa. Também vejo Bruce como o frontman que melhor manipula o público nos shows, além de ser um dos maiores cantores teatrais de sua época. Mas mesmo com tudo isso, acho pouco para dar-lhe o posto de “maior vocalista de todos os tempos”.
No fim das contas, penso que devemos sim, contemplar sua extensa e maravilhosa obra, sem se preocupar onde encaixá-lo no Olimpo dos Deuses do Metal. Se nos deixarmos levar por tais preocupações, o foco em absolver o supra sumo do talento de Bruce pode ser desviado. Então, vamos seguir em frente, e esperar o que esse pequeno gigante do Heavy Metal ainda pode nos entregar.