domingo, 10 de setembro de 2023

Boss Heavy Metal HM-2: O som do Death Metal Sueco







⚜𝙒𝙚𝙡𝙘𝙤𝙢𝙚⚜

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🇸🇪𝑆𝑤𝑒𝑑𝑖𝑠ℎ 𝐷𝑒𝑎𝑡ℎ 𝑀𝑒𝑡𝑎𝑙🇸🇪


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Introdução



Olá Muvers, como vocês estão? Eu espero que vocês estejam bem! Quando se fala em equipamentos usados pelos músicos, a primeira coisa que nos vem à mente são as icônicas guitarras, os potentes amplificadores, os poderosos contra baixos, ou aquele kit de bateria fabuloso! No entanto há uma gama de equipamentos que são usados tanto em estúdio como nos palcos, que ficam ali escondidos, quase que discretamente, mas que possuem uma função de suma importância para o timbre que ouvimos nas guitarras e nos baixos. Os pedais! Pequenas caixinhas metálicas! Hoje eu vim falar sobre a história de um pedal de guitarra que marcou o Death Metal sueco. Sem mais delongas, vamos lá!

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Boss Heavy Metal HM-2


O pedal Boss Heavy Metal HM-2 foi desenvolvido no Japão no ano de 1983 e foi fabricado até 1988. Depois foi continuado no Taiwan até 1991. Durante esse meio tempo. O "HM-2" não obteve o sucesso esperado e por 8 anos ficou no ostracismo. Ele foi desenvolvido para servir como emulador de amplificadores Marshall, mas possuía um timbre bem peculiar. O primeiro guitarrista famoso que se teve notícia de usá-lo naquela época, foi o David Gilmour do Pink Floyd! Sim ele mesmo!! Ele explicou em uma entrevista que usou o pedal com um amplificador Mesa Boogie, e uma caixa de fuzz, na qual relata que queria retirar aquele timbre mais sujo e gerar um som de guitarra aveludado, tal como ouvimos em suas músicas! Após isso o pedal viu a luz do sol nascer na Suécia, mais precisamente em Estocolmo.



Death Metal Sueco e a cena de Estocolmo.



Durante aquele período inicial da cena Death Metal da Suécia, algo bastante peculiar fazia com que seu som destoasse da cena da Flórida nos EUA. Um timbre de guitarra bastante denso e massivo que foi apelidado como "𝑇ℎ𝑒 𝑆𝑤𝑒𝑑𝑖𝑠ℎ 𝑐ℎ𝑎𝑖𝑛𝑠𝑎𝑤" "A serra elétrica sueca" por conta do seu som que realmente se assemelhava a isso! No entanto para se obter "O som de Estocolmo" era necessário regular todos os Knobs (controles), no máximo! Confira na imagem abaixo:


A cena de Estocolmo foi marcada por grandes bandas e que tiveram em seu setup o HM-2 vamos falar um pouco sobre elas:



Entombed



Entombed é uma banda de Death Metal sueca que iniciou suas atividades em 1987 sob a alcunha de Nihilist, mas que mudou definitivamente para Entombed em 1989. A banda apresenta um som massivo denso, e fazia uso de afinações extremamente baixas, chegando a 5 semitons abaixo do padrão, isso combinado com o pedal HM-2 gerava um som massivo e cortante, característico do death sueco daquele período. Tendo seu maior destaque nos os Álbuns "Left Hand Path" (1990) "Clandestine"(1991) e "Wolverine Blues" (1993).






Confira aqui: Left Hand Path

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Dismember



Dismember foi uma banda sueca de Death Metal que iniciou suas atividades no ano de 1988. E encerrou em 2011. A banda fez parte da famosa cena de Estocolmo, juntamente com o Entombed e o Unleashed foram pioneiros no estilo em terras escandinavas. Os álbuns "Like An Everflowing Stream (1991) e "Indecent and Obscene" até hoje são cultuados por headbangers ao redor do mundo.




Confira aqui: Indecent and Obscene

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Unleashed



Formado em 1989 em Estocolmo Suécia, o Unleashed nasceu após Johnny Hedlund ter se separado do Nihilist, que veio a se tornar o Entombed. A banda decidiu deixar o Nihilist e formar um novo grupo, a fim de não demiti-lo diretamente. Diferente dos seus antigos colegas do Nihilist/Entombed, Johnny focou na cultura viking nas letras do Unleashed, viendo a se tornar uma das bandas pioneiras na temática. Mas em termos de sonoridade se assemelhava muito. A serra elétrica sueca estava ali presente! "Where No Life Dwells" (1991)e "Shadows In the Deep"(1992) são clássicos que marcaram aquele período inicial da cena Death Metal na Suécia.




Confira aqui: Where No Life Dwells

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At The Gates



At The Gates é uma banda de Death Metal melódico Sueca formada em Gotembugo em 1990 após terem encerrado as atividades com a banda Grotesque que fazia um Thrash metal ríspido. O At The Gates é considerada como uma das bandas mais influentes da segunda onda do Death Metal melódico. Juntamente com In Flames, Soilwork, Hipocrisy e Dark Tranquility. Os caras não fugiram a regra e também fizeram uso do HM-2. O álbum "Slaughter of the Soul" (1995) é considerado um clássico tanto por fãs e críticos.


Confira aqui: Slaughter of the Soul

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Bloodbath



Bloodbath é um super grupo de Death Metal sueco formado em 1998, já passaram pelo projeto integrantes de bandas como Opeth, Hypocrisy, Katatonia, Paradise Lost, Witchery e Nitghtingale. O foco da banda é trazer a tona tudo que representou a cena de Estocolmo, apresentando o som brutal e marca registrada do estilo, usando e abusando do HM-2, a serra elétrica sueca está mais viva do que nunca! A banda veio a fazer a sua primeira apresentação no Wacken Open Air no ano de 2005 e em 2008 lançaram o dvd The Wacken Carnage. Os álbuns "Ressurection Through Carnage" (2002) e "Nightmares Made Flesh" (2004) se tornaram clássicos instantâneos.


Confira aqui: Nightmares Made Flash

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Finalização



Muitas coisas podem influênciar um gênero musical seja na forma de tocar, nas letras ou em experimentalismos, mas raramente um equipamento como o Boss Heavy Metal HM-2 fez tanto barulho (literalmente rsrs.) em uma cena assim como podemos ver! Essas foram as bandas mais influentes da época mas inúmeras outras seguiram a receita do pedalzinho do tinhoso e adicionaram o som da serra elétrica sueca em seus setups! Bem por enquanto isso é tudo, até a próxima pessoal!





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⚜𝙀𝙣𝙙⚜

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Metralion: Banfa antecipa novo álbum com lyric video de ‘Blurred Mirror








A banda carioca Metralion lançou um lyric video para a música “Blurred Mirror”, uma prévia do novo álbum, “The Rest is Silence”, agendado para sair nas plataformas de streaming no dia 11 de setembro. Conhecida por ser uma das pioneiras em utilizar a crítica social no metal nacional, o Metralion explora em seu novo trabalho questões humanas mais profundas. “A faixa ‘Blurred Mirror’ fala da importância do autoconhecimento na abordagem dos desafios cotidianos, representando uma mudança de direção nas letras da banda”, comentou o baterista Roberto Loureiro.

Confira o lyric video de “Blurred Mirror” em


O lyric video foi produzido por Alcides Burn, o mesmo artista responsável pela capa do novo CD, que em breve estará disponível na versão física através da Dies Irae Records. A gravação e mixagem do álbum foram realizadas no estúdio Flames (RJ), sob a supervisão de Victor Barbosa.

A formação atual do Metralion inclui Rica nos vocais, Fernão Carvalho na guitarra, Gustavo Fernandez no baixo e Roberto Loureiro na bateria. “Blurred Mirror” conta com a participação especial de um velho conhecido da banda, Alex Cavalcanti, guitarrista que substituiu Fernão em 1988 e gravou o EP “A Mosh in Brazil” (1989). Alex também é responsável pelo solo de guitarra em diversas faixas do repertório.

Discografia:
Quo Vadis (1988)
A Mosh in Brazil (EP, 1989)
Quo Vadis / A Mosh in Brazil (coletânea, 2019)
Requiem For a Society (2021)
The Rest is Silence (2023)

Mídias sociais:
Instagram: instagram.com/metralion86/
Twitter: https://twitter.com/Metralion

E-mail: metralion.oficial@gmail.com

Nota na ASE Music:https://tinyurl.com/bdd24hkx

SepticFlesh: Clássica banda grega de metal sinfônico, em São Paulo (26/10)








Seis anos após da avassaladora estreia no Brasil, com plateias lotadas e barulhentas, o quinteto grego SepticFlesh volta para show único, dia 26 de outubro, em São Paulo/SP, em meio à turnê do disco Modern Primitive, que também exalta os 32 anos de carreira, na elite do death metal sinfônico. O show será no Fabrique Club e a realização é da IDL Entertainment.

Os ingressos já estão à venda: https://www.clubedoingresso.com/evento/septicflesh-sp

A nova turnê do SepticFlesh pela América Latina, que inclui o show do dia 26/10 em São Paulo, apresenta os gregos no ápice da carreira, com um álbum – o citado Modern Primitive – tão criativo quanto clássicos da extensa discografia, como Mystic Places of Dawn (1994), Sumerian Daemons (2003), The Great Mass (2011), entre outros.

SepticFlesh é mundialmente venerada dentro do metal extremo por ser uma banda de apresentações grandiosas. Em palco, os gregos soam ainda mais pesados e as orquestrações são minuciosamente encaixadas. Uma perfeita mistura entre o épico e o agressivo.

Com Modern Primitive, lançado ano passado e com uma edição brasileira via Shinigami Records, o SepticFlesh estreou na Nuclear Blast com um álbum de número 11.

É um disco chave para se entender a existência e a perseverança doa banda grega no heavy metal, hoje ainda com três membros fundadores: Seth, Christos e Sotiris.

“O título é um impulso para pensar, não é particularmente óbvio”, diz Sotiris Anunnaki V. Com isso, a banda quer encorajar as pessoas a pensar e a olhar mais de perto os motivos abordados pelo SepticFlesh ao longo de mais de três décadas.

“Nós fornecemos aos nossos ouvintes tanto alimento para reflexão musical e temática, diz Sotiris Anunnaki V.

Uma peça importante deste intrincado mosaico é também a capa do álbum, que mostra perfeitamente a brutalidade, bem como a elegância épica dos gregos. Ela mostra um crânio humano desenhado em detalhes, que é quebrado em um fluxo transição por espinhos afiados. A beleza encontra o horror.

Sotiris explica a intenção por trás desta primeira impressão visual do Modern Primitive. “Você tem aqui como fundamento um motivo bem construído e perfeito, a cabeça humana. Em nossa interpretação, porém, ela perde sua forma original primária e se torna outra coisa: ela evolui. A capa, em sua obviedade, significa para refletir esta mesma situação em que a humanidade ainda se encontra hoje.”

SERVIÇO
SepticFlesh em São Paulo
Data: 26 de outubro de 2023
Horário: 20h
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1071 – Barra Funda, São Paulo/SP
Ingresso: 1º lote: R$ 180,00 (meia entrada solidária e meia entrada); R$ 360,00 (inteira) | 2º lote: R$ 200,00 (meia entrada solidária e meia entrada); R$ 400,00 (inteira)
Venda on-line: https://www.clubedoingresso.com/evento/septicflesh-sp

As The Palaces Burn: Em ascenção no metal nacional, banda assina com selo italiano Rockshots Records








A banda em ascensão no metal nacional As The Palaces Burn está orgulhosa de compartilhar o novo álbum ‘Drowning into Shadows’. Para esse lançamento anunciam a parceria com o selo italiano Rockshots Records, que fará a distribuição do novo disco pela Europa e América do Norte, a ser lançado em 31 de outubro.

Para promover o novo trabalho a banda lançou o single “Into Emotions” acompanhado de um videoclipe com produção cinematográfica assinada por Dácio Alexandrino – exibido exclusivamente nas salas de cinema do Criciúma Shopping.

‘Drowning Into Shadows’, o hipnotizante segundo álbum de As The Palaces Burn, é uma odisseia envolvente na exploração do metal de alta qualidade. Com a produção sob a batuta de Adair Daufembach e co-produção do baterista Gilson Naspolini no IMGN Studios (Criciúma/SC), foi habilmente mixado e masterizado por Adair Daufembach no Daufembach Studios em Los Angeles (EUA), o som do álbum é uma mistura intoxicante de poder e precisão.

Sobre o disco, a banda comenta:

“Os destaques são ‘For The Weak’, ‘Into Emotions’ e o último single, ‘Obbey’. O álbum também é agraciado pela cativante faixa ‘Some Of Them Died’, uma homenagem a lendas do metal que deixaram uma marca indelével no gênero. A música é uma homenagem a ícones como Children Of Bodom, Nevermore, Dio, Van Halen, Rush, Pantera, Slayer, Death e Depeche Mode, entrelaçados na essência de As The Palaces Burn”.

O novo trabalho convida todos os entusiastas do metal a imergir em seu instrumental elaborado, melodias envolventes e um espírito incansável que ressoa por cada nota.

Escuta obrigatória para fãs de In Flames, Soilwork e Evergrey, o novo álbum do As The Palaces Burn, ‘Drowning Into Shadows’, está disponível para encomenda através do link: https://bit.ly /AsThePalacesBurnCD e também para pre-save digital no link: https://bfan.link/drowning-into-shadows

Ouça o segundo single “Into Emotions” AQUI!https://bit.ly/AsThePalacesBurnCD

Assista ao vídeo de “Into Emotions” AQUI!


No dinâmico cenário do metal brasileiro, a banda As The Palaces Burn esculpiu seu espaço, numa fusão equilibrada de agressividade e técnica. Inspirados em diversas influências que abrangem o heavy metal tradicional, o thrash metal e nuances sutis de progressivo e metal moderno, a identidade sonora da banda é tão variada quanto poderosa.

Emergindo na cena em 2018, As The Palaces Burn fez sua presença ser sentida com um álbum de estreia intitulado ‘End’evour’, de 2019. Já neste primeiro trabalho, a banda demonstra a habilidade em mesclar diversos subgêneros do metal em um som coeso. No ano seguinte, em 2020, foi lançado o EP ‘All The Evil’, que apresentou duas novas músicas autorais e uma homenagem ao Savatage com interpretação de “Hall of the Mountain King”. Esse período também marcou o reconhecimento crescente da banda, recebendo indicações para os prêmios “Melhores do Ano” da revista Roadie Crew em 2019 e 2020.

Em 2021, o lançamento do single “For The Weak” capturou a essência do que estava por vir. Acompanhada por um lyric video, tendo sua première pela revista brasileira Roadie Crew, essa faixa determinou o caminho das composições posteriores.

Buscando solidificar ainda mais sua presença, em 2022 a banda trouxe o EP ‘Offer To The Gods’. Este lançamento prestou homenagem a lendas do metal brasileiro como Angra (com “Streets Of Tomorrow”), DR. SIN (com “Fire”) e Sepultura (com “Mass Hypnosis”) , exibindo a versatilidade da banda e o respeito por suas raízes.

As The Palaces Burn retorna em 2023 com o single “Into Emotions” acompanhado de um impactante videoclipe. Isso marcou um prelúdio para seu tão aguardado álbum completo, ‘Drowning Into Shadows’, produzido por Adair Daufembach. Previsto para chegar ao público em Outubro, este álbum promete impressionar pela evolução da banda.

Com sua música ressoando nas plataformas digitais, As The Palaces Burn convida fãs de diversos estilos de heavy metal a experimentarem sua fusão única. Conforme continuam a evoluir e deixar sua marca na cena do metal brasileiro, sua história se desenrola com um horizonte promissor à frente.

Formação:

Alyson Garcia – Vocal
André Schneider – Baixo
Diego Bittencourt – Guitarra e vocal
Gilson Naspolini – bateria

AS THE PALACES BURN online:
https://www.facebook.com/asthepalacesburn
https://www.instagram.com/asthepalacesburn
https://open.spotify.com/intl-pt/artist/

As mágoas de Tarja por Tuomas nas músicas de sua carreira solo







Pois então, há pouco mais de 15 anos, Tarja foi demitida da banda e a incógnita ficou em relação ao que ela faria de sua carreira. Iria se tornar uma cantora lírica? Iria integrar outra banda? Iria se focar em sua carreira solo dentro do metal?

Ela optou pela terceira escolha.

Mas e como ela levaria esta sua carreira? Ela nunca havia composto uma melodia que fosse para o Nightwish até aquele momento. Os anos passaram e Tarja obteve um feito que poucos conseguiram no metal que é ter uma carreira solo que a sustentasse e até pagasse mais do que ela recebia quando integrava a banda. Até o momento ela possui cinco discos de metal, dois natalinos e um de ópera. Grande produtividade em tão poucos anos.



Apesar de no início haverem aquelas rixinhas de uns apoiando a banda e outros apoiando a cantora, a verdade é que a imensa maioria dos fãs gostam de ambos. Eu não acompanho tanto Tarja como faço com o Nightwish e acho o primeiro disco dela bem fraco, mas gosto dos seguintes e acho Colours in the Dark [2013] o seu melhor trabalho.

Falando brevemente sobre como a cantora lidou com a situação com o passar dos anos, posso dizer que me surpreendi positivamente. Logo após sua saída, em seu primeiro disco (de heavy metal) lançado, pude notar algumas diferenças grandes de postura da finlandesa. Ela deixou um pouco aquele lado meio “sisudo” que ela demonstrava na banda e passou a agir de maneira muito mais afável tanto com os fãs quanto com os músicos que trabalham com ela e com os produtores de shows. Obviamente, Tarja está muito mais feliz com sua carreira solo. Ao que parece, o ambiente pesado e ruim de isolamento que sentia na banda a deixava mal e não muito contente de lidar com o mundo da música como um todo.





Atualmente, Tarja é considerada uma das cantoras mais simpáticas do metal. Nunca isso era dito nos tempos em que estava na banda. Todo mundo ressalta o quão aberta ela é nas entrevistas, no atendimento aos fãs e mesmo em seus projetos. O clipe de “Railroads” ela montou com imagens de centenas de fãs de todas as partes do mundo cantando ou tocando a música. A meu ver, uma ideia fenomenal.

Mesmo nos shows, ela não renega seu passado com a banda. Ela sempre toca pelo menos uma ou duas músicas do Nightwish para os fãs irem ao delírio. Várias vezes ela escolheu músicas que estão esquecidas há muito tempo ou que mesmo nunca foram tocadas pela banda. Sem contar que ela também dança no palco, faz piadas, brincadeiras, está sempre sorrindo. Enfim, uma artista que faz um show que não há pagante que não saia ainda mais fã da cantora por onde ela passa.

Agora, uma das coisas que mais me impressionou foi que ao longo de seus discos, Tarja começou a soltar umas alfinetadas a Tuomas em suas músicas. Com a influência do próprio tecladista, a finlandesa percebe que falar um tanto mais de si e do que ela viveu são ideias muito boas para se transformarem em música. Ela não fez muitas músicas falando de Tuomas, mas na maioria dos álbuns há sim pelo menos uma ou duas faixas com algumas alfinetadas e deboches em relação a sua vida na banda e sua demissão. Segue então aquilo que eu interpreto como músicas de Tarja falando sobre Tuomas ou coisas relacionadas à banda.

I Walk Alone: está claro que é um recado a Tuomas e a banda que ela seguirá em frente. Uma resposta clara a sua demissão. Nos primeiros versos em que ela coloca “I left a thorn under your bed” seria como se fosse uma espécie de “vingança” ao demonstrar que mesmo que a dispensassem, ela ainda é parte importante da história da banda que nunca se apagará.

Boy and the Ghost: no disco My Winter Storm [2007], Tarja criou também alguns personagens e entre eles está o “Dead Boy” que sabemos que representa Tuomas. Há uma pequena estrofe no disco que faz referência a “Sacrament of Wilderness” do Oceanborn [1998]. E nessa parte, Tarja sentiu-se traída por terem descumprido o “juramento” que eles fizeram nesta música que podemos interpretar que todos os membros fariam do Nightwish uma banda grande (lembrando que a ideia da banda surgiu em um acampamento). A finlandesa aqui relembra o “Dead Boy” do “juramento que fizeram”.

Dark Star: essa música é cheia de veneno. Tarja se refere a Tuomas como uma “estrela negra”, o sujeito que se acha o tal, que se considera o grande líder mas que na verdade é somente um escravo do show business. Também o chama de vazio e insistindo em um amor que nunca terá por parte dela.

Never Enough: interpreto que Tarja aqui questiona que ela deu tudo de si para a banda e Tuomas nunca estava satisfeito com suas performances. E isso de fato ocorreu, principalmente na época de Oceanborn. No próprio livro do Nightwish eles mencionam que eles levaram Tarja ao limite para gravar seus vocais em que chegou um momento em que ela caía em choro por nunca estarem bons. Tanto é que Tarja nunca conseguiu repetir certas performances vocais do álbum nos shows.

Diva: aqui ela tira um sarro da situação quando na carta de demissão a chamaram de diva. Na letra, ela ri da situação, deixa as coisas para lá, dá umas alfinetadas que ela é a “diva” e dá a entender que a verdadeira “diva” da banda é o próprio Tuomas. Exemplos são uma passagem de diálogos perguntando sobre dinheiro, que sem bebida não tem show, que nunca tem certeza de nada, etc. Nos shows, ela também tira um barato colocando uma coroa como uma “diva”. O instrumental meio circense também tira sarro do ambiente interno da banda que se resumia a piadas bestas e bebedeiras. Um verdadeiro “circo”.

No último disco In the Raw [2019], não identifiquei mais nenhuma referência a Tuomas e ao Nightwish. Até acho bom ou seriam provocações baratas já que a banda nunca mais se pronunciou sobre Tarja. As respostas e alfinetadas ficaram no “ponto certo”. Mais do que isso já seria um exagero a meu ver.

Finalizo esta série de artigos sobre Tarja e o Nightwish com esse bônus. O Nightwish sofreu o recente revés com a saída de Marco Hietala. Espero que a banda encontre um novo baixista/vocalista para que entrem nos eixos e torço para que Marco passe bem nos seus projetos futuros. Já em relação a Tarja, ela vai muito bem na sua carreira solo e aproveitou o ano passado para interagir mais com seus fãs através de lives e postagens.

O amor de Tuomas por Tarja nas músicas do Nightwish [Parte III]






E seguindo agora para a parte final, falaremos mais um pouco dos bastidores da banda no período pós Wishmaster até a demissão de Tarja em 2005 e o ponto final deste relacionamento no lançamento de Dark Passion Play.

Em 2001 após o lançamento do EP Over the Hills and Far Away, Tuomas estava simplesmente em frangalhos. Marcelo Cabuli começou a fazer parte do dia-a-dia da banda e problemas com o baixista Sami Vänska começaram a incomodar o líder. Além disso, o clima nos bastidores dos shows estava bem ruim devido ao excesso de trabalho e as poucas folgas disponíveis.

Quanto a Sami, ele basicamente ligou o “foda-se” para a banda. Segundo os integrantes, ele sempre esquecia alguma coisa, se atrasava nas saídas de hotéis e seu desempenho no palco estava cada vez mais desanimado. Junto aos problemas citados anteriormente, Tuomas ali por setembro de 2001 ligou para as gravadoras dizendo que o Nightwish havia acabado. Então, ele convidou o amigo e vocalista do Sonata Arctica, Tony Kakko, para uma escalada nas montanhas e aproveitou o período meio que para desabafar sobre todos os problemas em relação a si e a banda. Kakko convenceu Tuomas de que ele não poderia largar tudo o que construiu e que seria o maior erro de sua vida, que os problemas poderiam ser resolvidos e que as coisas poderiam melhorar em relação a banda.



Assim, o tecladista resolveu demitir Sami. Todavia, como em todas as outras demissões da banda, ele não fez isso pessoalmente. Nesse caso, pediu ao empresário Ewo Pohjola para avisá-lo. Segundo o baixista, ele meio que já esperava que isso fosse acontecer mais cedo ou mais tarde e não esboçou nenhuma reação, pegou suas coisas e partiu. Veio Marco Hietala, que acabou brigando com Kimberly Goss do Sinergy em que ele também tocava baixo, para se unir ao Nightwish visto que na banda ele também teria mais chances de fazer vocais (e, presumivelmente, faturar mais também).

Com Hietala e uma conversa mais franca entre os membros e a equipe, as coisas a princípio deram uma melhorada. Independente disso, essa fase negra que viveu a banda inspirou Holopainen a se dedicar ainda mais a suas letras e expurgar ainda mais sentimentos através delas. Com isso, veio Century Child com uma tonalidade mais pesada e baixo astral em termos de arranjos. Once e seus hits vieram em seguida. Os aparentes sentimentos em relação a Tarja tornaram-se ainda mais evidentes:

Century Child

Ever Dream: tirado da própria biografia do Nightwish, pag. 212-213: “”Ever Dream” também é muito pessoal. Nesta música, eu estou confessando meus sentimentos de desejo por uma certa pessoa. Está tudo nas canções. Os fãs provavelmente interpretarão de maneira diferente e tudo bem. Você pode interpretá-las de muitas maneiras.” A música nada mais é que uma declaração de amor total à mulher que ele amava.

Slaying the Dreamer: segundo novamente o livro, esta música foi inspirada quando ele estava num bar e alguém veio até ele falando um monte de besteiras a respeito de coisas relacionadas à banda. Acho que já dá de se imaginar que era um certo sujeito latino-americano quando na canção há versos como “You bathed in my wine, drank from my cup, mocked my rhyme”. E outras como “As you’re slaying the dreamer” seria o próprio Tuomas o sonhador sendo destroçado por ele.

Forever Yours: aqui seria Tuomas lamentando novamente a sua solidão e o quanto tudo seria diferente caso houvesse reciprocidade. Todavia, os dois versos finais “My time is yet to come, so I’ll be forever yours” indicam que ele ainda possui esperanças de que vai conseguir dobrar o coração da vocalista.

Feel for You: nesse caso, imagino o finlandês naquele desejo ardente de indicar que ele seria o homem perfeito na vida dela, que ele seria o sujeito que a desejaria para sempre e que ela conseguiria sentir o mesmo desde que ela se entregasse a ele. E um recado bem claro: “This one is for you, for you, only for you, just give in to it, never think again, I feel for you”.

Beauty of the Beast: mais uma vez, ele se declarando a Tarja e dessa vez de uma forma mais instigante. Há dois versos marcantes nesse relacionamento “You told I had the eyes of a wolf, search them and find the beauty of the beast” que seria basicamente os olhos de lobo o desejo que ele sente por ela e pediu para que ela visualizasse a beleza naquele ser que a desejava. O outro seria “All of my songs can only be composed of the greatest pains, every single verse can only be born of the greatest wishes”, aqui a declaração que Tarja ainda era a principal inspiração para que ele escrevesse suas músicas.

Once

Romanticide: mais uma lamentação por aquilo que sente e não é correspondido. Uma frustração interna gigante com aquele sentimento explicado no verso “see me ruined by my own creations”. Ou seja, a banda se tornou um fardo pessoal para ele que precisa conviver com o amor de sua vida tão próximo mas ao mesmo tempo tão distante.

Ghost Love Score: esta seria a cartada final de declaração de amor de Tuomas por Tarja. Mais uma declaração romântica em que ele faz um meio que “ou vai ou racha” em relação aos sentimentos dele pela vocalista.

Curiosamente, foi com este último álbum que o Nightwish se tornou um sucesso mundial e que os fez enriquecerem de vez. Seus singles tocaram muito nas rádios principalmente da Europa e América do Sul, embora a princípio, não houve tanto impacto nos Estados Unidos mas para o qual a banda sentia que estava a um passo de conquistar o país.

Tarja e Cabuli estavam completamente isolados enquanto o restante da banda passou a se incomodar com isso. Agora começaram alguns conflitos de versões de fatos entre o lado da banda e o lado do casal.

Segundo a banda, Tarja cedeu ao argentino todas as decisões que ele tomaria em nome dela. Ou seja, o que ele falasse, independente dela saber o que se passava ou não, seria a decisão que a representaria. Então, a cada show que agendavam, o empresário exigia mais dinheiro, mais benefícios, discordava quanto a qual show eles deveriam fazer ou não e várias questões relacionadas aos bastidores da banda. No início da tour, eles fizeram alguns shows nos Estados Unidos pouco antes da banda estourar mundialmente. De acordo com a banda, eles acreditavam que como o mercado americano é muito mais exigente e difícil de atingir, nos Estados Unidos eles tinham que se assumir ainda como uma banda pequena que estava adentrando aos poucos por lá. Ou seja, aceitarem tocar em casas menores por um cachê mais baixo em troca da exposição que teriam. Ainda segundo eles, após a tour europeia e sul-americana, eles deveriam voltar aos Estados Unidos para se estabelecerem e estourarem de vez por lá. Mas a tour norte-americana foi cancelada porque Tarja e Cabuli não aceitavam o dinheiro mais baixo que receberiam por aqueles shows e preferiam permanecer na Europa aguardando as novas tours para outros países. A banda ficou emputecida porque acreditavam que esta era a oportunidade de finalmente conquistarem o mercado americano. Outro problema foi em um vôo em que Tuomas saiu de seu banco para conversar com o casal, discutiram novamente e o qual Tarja teria declarado que “eu não preciso mais do Nightwish, posso declarar que saí amanhã e nem dar satisfação a você e a ninguém mais”. Isso foi meio que a gota d’água para baterem o martelo quanto a demissão dela após o último show da Finlândia, logo no primeiro dia das férias.

Já a versão do casal é diferente: em outubro de 2004, Tarja e Cabuli chamaram Tuomas em seu quarto de hotel. Lá, o argentino foi bem claro que era para o tecladista desistir desse amor por ela, que eles já haviam se casado e que Tarja nunca sentiu e nem sentirá nada por ele. Tuomas apenas ouviu calado e respondeu dando a entender que ele nunca desistiria do seu amor por ela. Após isso, as declarações dele nas entrevistas em relação à banda mudaram. Agora ele se referia ao Nightwish como “minha banda” e que ninguém é insubstituível. Eles reclamavam que nunca eram comunicados ou ouvidos sobre qualquer ação que a banda iria fazer e que muitas vezes mal sabiam quais eram os planos para o Nightwish nos próximos meses. Cabuli também negava qualquer influência negativa dele sobre a banda ou que exigia mais dinheiro e benefícios à vocalista.

Independente do que for a verdade, o fato é que logo após o festival Live n’ Louder aqui no Brasil, no mesmo mês de outubro, Tarja faria a última apresentação da tour de Once sem saber de nada em Helsinque em um show lotado e que geraria o dvd End of an Era. Após o excelente show, Tuomas entregou pessoalmente uma carta fechada à Tarja, disse apenas para abrir e ler no dia seguinte e estas foram as últimas palavras trocadas entre os dois até os dias de hoje*. Um dia depois, o site oficial publicou a carta e eu, um adolescente ainda de 19 anos que acompanhava a banda vorazmente, participando de fóruns e tudo mais, fiquei incrédulo. Não só eu como todo o mundo metálico. Só se falava disso no final de outubro de 2005. Os fóruns da banda bombavam em discussões sem fim entre aqueles que apoiavam a vocalista e os que apoiavam o restante da banda.

De férias, 2006 foi um ano morno para a banda acalmar os ânimos e a tensão ficava em quem substituiria Tarja naquele concurso que eles promoveram para escolherem a nova vocalista. Somente em maio de 2007 foi anunciado a sueca Anette Olzon como nova integrante, divulgaram o single “Eva” para demonstrar a voz dela e o novo disco sairia em setembro do mesmo ano. Ficava novamente a tensão entre os fãs devido Anette ter um estilo vocal totalmente diferente de Tarja, como seria o novo disco e como ela se sairia cantando o material antigo da banda. Eis que veio Dark Passion Play e aqui Tuomas bota um ponto final em relação aos sentimentos por Tarja e por composições que retratavam a si mesmo.

Dark Passion Play

The Poet and the Pendulum: eu considero esta até hoje, a música mais importante da carreira do Nightwish. Foi nesta letra que Tuomas finalmente revela que é ele mesmo o “Dead Boy”, “poet”, “songwriter”, “beast” e todas as outras referências que repetira em vários discos anteriores. “The Poet and the Pendulum” retrata a morte de Tuomas como o eu-lírico de várias de suas músicas. Dividida em partes, a primeira já é declarada que o autor está “morto” e foi para o limbo. A segunda e terceira partes são as reflexões finais do autor perto da morte sobre tudo aquilo que ele vivenciou nesses últimos anos. Seu amor, seus medos, inseguranças, o quanto ele se odiava, suas mágoas e tudo mais. Ao final da terceira, a própria música declara que ele ainda tinha apenas 3 minutos de vida antes da lâmina o cortar. Ao final da quarta parte, exatamente após 3 minutos, ele finalmente morre e um som de batidas de coração parando são ouvidas, além do som de uma lâmina cortando seu corpo. A quinta parte seria Deus falando com ele no limbo sobre os males que passou e que ao final, ele o amava. Tuomas, musicalmente, estava morto em suas letras. O restante do disco continua tratando de questões relacionadas a esta morte.

Bye Bye Beautiful: esta é a única música em que eles declararam que era realmente para Tarja. Nem precisavam declarar, quando saiu os títulos das músicas todo mundo já sabia sobre o que era. Aqui seria banda se despedindo da vocalista e dando umas “dicas finais” sobre o que possivelmente a espera o mundo lá fora.

Master Passion Greed: também claramente dirigida a Marcelo Cabuli. Aqui são várias ofensas e acusações de ganância, falsidade, hipocrisia e ingratidão. Esta música é tão negativa para Tuomas que ele nunca a tocou ao vivo e nem pensa na possibilidade disso um dia acontecer.

Sahara: aqui seria a banda fazendo o velório do corpo de Tuomas.

For the Heart I Once Had: nesta música, a alma de Tuomas elimina todos os sentimentos que haviam nele sobre Tarja e que o tempo, finalmente, irá matar de vez as cicatrizes do “Dead Boy”. Também declara que o resto do que havia de sua inocência finalmente se foi.

The Islander: a banda finalmente seguindo em frente sem todos aqueles problemas do passado e continuando a sua caminhada para novos horizontes.

7 Days to the Wolves: a missa de sétimo dia da “morte” do autor. Os lobos neste caso seriam a imprensa e os críticos que se resfacelaram na alegria de terem visto a banda se partindo por dentro na época da demissão de Tarja. Então, o “cadáver” de Tuomas era um prato cheio para que os “lobos” pudessem se aproveitar da polêmica.

Meadows of Heaven: finalmente, a última música é a alma de Tuomas chegando ao céu. Ele novamente se transformaria em um garoto feliz e inocente como nos tempos de infância e viveria por toda a eternidade da maneira que sempre quis.

Após este disco, Tuomas nunca mais teria a si mesmo como base em nenhuma das músicas que viria compor até então. Dark Passion Play foi o ponto final da história de si próprio abrindo os seus sentimentos para o mundo. Em termos de eu-lírico, o Dead Boy, Beast, poet e outras facetas dele próprio morreram em 2005. Os três próximos álbuns do Nightwish teriam temas mais gerais do mundo. Imaginaerum tratou de fantasia. Endless Forms Most Beautiful tratou de ciência. Este último Human :II: Nature tratou sobre a natureza. E, aparentemente, assim seguirá enquanto a banda existir.

Finalizo aqui esta série vista pelo lado de Tuomas, mas este assunto ainda não acabou. Tarja em sua carreira solo deu o troco em Tuomas em algumas de suas músicas. Por volta de fevereiro, serão as mágoas da vocalista em relação ao tecladista que abordarei. No mais, boas festas de fim de ano!

*Atualização Agosto/2021: Tuomas recentemente disse que, logo após a notícia do falecimento de seu pai, Tarja o enviou um email lamentando o ocorrido e prestando suas condolências. Tuomas a respondeu agradecendo e desde então, nos últimos meses, eles vem trocando emails esporádicos amigáveis. Como ele mesmo disse, ainda há feridas dessa relação mas que agora as coisas estão melhorando graças a estes breves contatos entre eles.

O AMOR DE TUOMAS POR TARJA NA SMUSICAS DO NIGTHWISH [Parte II]









Antes de começar a análise de algumas faixas do disco Oceanborn [1998] e Wishmaster [2000], é importante contextualizar um pouco em como eram os bastidores da banda em suas tours do período visto que em 1998 é o ano em que a banda passa a viajar primeiramente na Europa e depois na América do Sul e em outros países.

Basicamente, as tours nesse período eram compostas pelos cinco integrantes principais da banda (Tarja Turunen nos vocais, Tuomas Holopainen nos teclados, Emppu Vuorinen nas guitarras, Sami Vänska no baixo e Jukka Nevalainen na bateria), o produtor Tero Kinnunen, o empresário Ewo Pohjola, o técnico de luzes e motorista de ônibus Tommi Stolt, o roadie e vocalista de apoio Tapio Wilska e mais alguns músicos de apoio.

Nenhum dos membros da banda ou da equipe era usuário de drogas recreativas. Porém eles bebiam. E muito. Muito mesmo. Aos níveis de um Mötley Crüe da vida. Até hoje bebem demais. E os principais líderes da farra eram o produtor Tero Kinnunen, o técnico Tommi Stolt e o empresário Ewo, com Tuomas e Jukka acompanhando e encorajando. Os dois primeiros principalmente. Eles são daqueles caras que fazem aquelas brincadeiras e piadas nível quinta série para baixo. Kinnunen então era do nível que fazia aquelas apostas bizarras do tipo beber a própria urina se os caras pagassem o seu aluguel atrasado ou andar pelado no meio do hotel para todo mundo ver. Emppu bebia junto e participava das palhaçadas durante o dia mas de noite botava os fones de ouvido para poder dormir no ônibus e não ouvir as gritarias dos outros. O baixista Sami Vänska se isolava completamente do restante, apenas tinha uma amizade com Ewo e Tapio e, as vezes, os convidava para beber e conversar em algum bar. Tarja nunca foi de participar das festas e farras.



Ainda sobre a vocalista, as tours eram um período complicado para ela. Sua personalidade e seus gostos eram completamente diferentes dos demais. Ela foge bastante daquele estereótipo padrão de mulher europeia, que é independente, arranja e se vira em tudo para si. Ela era mais dependente principalmente em relação ao seu vestuário, objetos pessoais, remédios e outras necessidades femininas visto que como ela mesmo dizia, ela não era nada mais do que uma “caipira do interior que mal saiu de Kitee em grande parte de sua vida”. Além disso, ela tem uma personalidade mais afável, gosta de conversar e, digamos assim, preferia “ter conversas de gente adulta” ao invés das palhaçadas infantis e piadas maliciosas que os outros faziam. Como eles só ficavam sóbrios para os shows, então era difícil ter esse tipo de conversa com aquele monte de bêbados.

Mesmo com o pouco contato e as conversas rasas, têm-se a impressão de que Tuomas nutria fortes sentimentos pela cantora. Como ele não se abria de jeito nenhum, o tecladista se expressava através de suas próprias canções. Veremos o que pude tirar destes dois discos:

Oceaborn

Gethsemane: a música inteira seria o compositor lamentando o seu amor não correspondido por Tarja mas sem a coragem de revelar-lhe diretamente. Basicamente ele implora a Deus que o abençoe com o amor que tanto deseja. Novamente, ele se refere a Tarja como “Beauty” e a ele próprio como “Beast”. O lado “Fera” de Tuomas seria a pessoa que ele transparece ao mundo real: um sujeito fechado e cheio de defeitos, mas que aguarda uma “Bela” para lhe ajudar a melhorar. O próprio compositor diz na biografia principal da banda que a última linha desta canção “Without you, the poetry within me is dead” é algo muito pessoal. Percebe-se aí que Tarja seria a principal força inspiradora para ele continuar compondo.

Passion and the Opera: nesta aqui eu não tenho muita certeza, deixo aberto à especulação. A temática é obviamente sexo e erotismo. Seria ele fantasiando sobre Tarja? Tenho minhas dúvidas, mas há esta possibilidade.

Wishmaster

She is my Sin: nesta música, já dá de se perceber algumas referências à vocalista. É uma música de luxúria, de desejo ardente em ir fazer sexo com a mulher amada. Tuomas disse que a música é “sobre os desejos reprimidos que cada um de nós temos, escondidos além da compreensão”. A linha “for the bride too dear for him” parece o medo de revelar isso diretamente visto que ele a ama demais.

Come Cover Me: pode não parecer, mas muitas músicas do Nightwish são sobre sexo. Esta é mais uma delas, porém, numa via mais romântica. O verso “In the war for the love of you” seria o tecladista tendo consciência que não está conseguindo os sentimentos dela, mas está ainda batalhando para isso.

Dead Boy’s Poem: esta é uma das canções favoritas de Tuomas e uma das mais pessoais sobre si. Segundo ele, a ideia da música era “e se eu soubesse que morreria amanhã, qual a mensagem final que eu gostaria de deixar às pessoas?” A música é basicamente um pedido de desculpas aos seus erros e defeitos, lamúrias e toda a vida em torno da banda que ele criou. Tuomas se chama de “Menino Morto” quando quer demonstrar o seu lado triste e melancólico após a sua perda da inocência juvenil. E aqui um recado bem claro à quem ele ama: “And you, I wish I didn’t feel for you anymore”.

Após a tour europeia promovendo Wishmaster, viria a América Latina e uma reviravolta total na vida de Tuomas, Tarja e do restante da banda.

O empresário argentino Marcelo Cabuli e sua empresa foram os principais responsáveis em trazer a banda para todos os shows na América Latina. Começariam pelo México, aí Panamá e depois desceriam para vários shows no Brasil, Argentina e Chile.



Cabuli a princípio era bem visto pela sua reponsabilidade com os shows e cuidados em relação a banda. Organizou tudo corretamente e a banda estava contente em tocar pela primeira vez em outro continente. Porém, Tarja continuava infeliz e se sentindo sozinha nas tours e ficava doente com frequência devido ao stress da situação.

Logo no México, uma situação horrorosa para Tarja ocorreu: em um show lotado, um fã invade o palco e agarra Tarja falando besteiras em seu ouvido em um claro gesto de assédio sexual. Ela fica em choque e sem saber o que fazer enquanto a banda, apesar de terem visto a situação, continuava tocando normalmente. Ao que parecia 15 segundos intermináveis para Tarja, Cabuli invade o palco e arranca o sujeito a chutes de lá. Aí a banda resolveu parar de tocar e se recolheram ao camarim com a cantora aos prantos. Claro que ela não estava em condições de continuar, mas o restante da banda “unanimemente” decide que devem tocar as últimas três músicas planejadas do setlist. Tarja sentiu uma mistura de tristeza e raiva pela desconsideração ao que ocorreu a ela mas retorna e a apresentação é finalizada.

Enquanto o restante da equipe e da banda segue para mais uma de suas farras, o baixista Sami Vänska procura Marcelo Cabuli e pede para que ele acalme e console a moça. Ele o faz e a cantora fica mais uma vez decepcionada com o descaso da banda com ela.

Após a banda seguir para América do Sul, no último show no Brasil, Tarja contrai uma forte gripe. Cabuli estava na Argentina organizando os shows por lá e alguém do Brasil (presumo que seja o empresário chileno Paulo Baron que cuidava da banda por aqui, mas não tenho certeza) liga para ele para que a levasse a um hospital na Argentina porque Tarja mal conseguia andar de tanta febre. Ela viajou doente e no que eles chegaram, o argentino a levou a um hospital e ficou o tempo todo cuidando dela lá. E a partir dessa consideração de Marcelo por Tarja que nasceu o amor entre os dois. Eles começaram a namorar.

Essa foi a grande tragédia até aquele momento na vida de Tuomas e isso quase levou ao fim da banda. Marcelo passou a cuidar de tudo em relação a Tarja e então ela se isolou ainda mais do restante da banda. Emppu era o único que mantinha um diálogo amigável com os dois. Ewo e Marcelo se odiavam pra valer. E assim, o relacionamento da vocalista com relação ao restante da banda virou mesmo apenas negócios.

Depois de tudo isso, você deve estar se perguntando “mas e Tarja nunca reparou que várias das músicas da banda eram sobre ou para ela?”

Claro que sim. Ela tinha plena consciência disso.

“Mas então ela só continuava na banda por dinheiro?”

Aqui vai uma teoria minha: não creio que fosse pelo dinheiro, ao menos inicialmente. Tarja tinha que se dedicar aos seus estudos de canto clássico desde os anos 90 até concluir por volta de 2003. Somente Tuomas como principal compositor ganhava mais dinheiro enquanto todo o restante ganhava bem menos. Os outros só começariam a faturar mais alto mesmo após o sucesso do disco Once [2004]. Logo, não creio que Tarja perderia muito dinheiro se tivesse saído naquele período entre 1997 e 2000. Nem eles mesmos imaginavam naquele período que seriam uma banda de sucesso mundial.

Apesar de Tarja nunca ter amado Tuomas, acredito que ela tinha esperanças de que finalmente ele “crescesse, amadurecesse e mudasse” e tivesse mais consideração por ela e aí, talvez, ela até pudesse desenvolver e retribuir aos sentimentos dele. Mas ele nunca fez isso. Ele nunca mudou. E isso se percebe claramente no dvd End of Innocence [2003] em que a banda se resume a piadas, bebedeiras, farras e trabalho. Após iniciar o seu relacionamento com Cabuli, aí sim creio que as relações se tornaram apenas dinheiro e negócios.

Na próxima parte, comentarei sobre o quase fim da banda e as letras que envolvem os discos Century Child, Once e Dark Passion Play.